Governador assina atos destinando R$ 45 milhões para a região de Campinas

Ações do governo vão se concentrar principalmente na área da habitação, que receberá quase R$ 40 milhões para casas populares

O governo do Estado está autorizando a aplicação de aproximadamente R$ 40 milhões em programas habitacionais destinados a moradias populares na Região Administrativa de Campinas. Os recursos serão aplicados, prioritariamente, em políticas de eliminação de favelas e regiões de risco. Recursos da ordem de R$ 5 milhões contemplam outras áreas da administração, totalizando investimentos de R$ 45 milhões. As decisões fazem parte dos atos assinados pelo governador Geraldo Alckmin, durante o Fórum São Paulo: Governo Presente, realizado ontem no Hotel Royal Palm Plaza, em Campinas. Foi a 9ª edição do encontro, que reuniu a cúpula do governo paulista, prefeitos, vereadores e políticos da região.

Atos assinados pelo governador:

Agricultura e Abastecimento

  • Inclusão de Campinas, Atibaia, Morungaba e Bragança Paulista no Circuito das Frutas.

Casa Militar

  • Convênio com a prefeitura de Campinas para a construção e recuperação de pontes, no valor total de R$ 1,76 milhão.

Cultura

  • Instalação de pólo de capacitação do Projeto Guri, em Mococa, sob patrocínio da Gelita do Brasil.
  • Proposta de criação de um pólo do Projeto Guri, em Campinas, patrocinado pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).

Educação

  • Parceria com o Sindicato dos Mantenedores das Universidades Privadas do Estado para criação do Programa de Alfabetização e Inclusão (PAI).
  • Concessão de bolsa de mestrado para 90 educadores, no valor de R$ 450 mil.
  • Instalação de pólos de capacitação nas delegacias de ensino de Americana, Bragança Paulista, Campinas, Capivari, Jundiaí, Limeira, Mogi-Mirim, Piracicaba, Pirassununga, São João da Boa Vista e Sumaré. Investimento: R$ 1,98 milhão.

Emprego e Relações do Trabalho

  • Criação de agência do Banco do Povo Paulista, em Hortolândia, com investimento de R$ 450 mil do Estado e R$ 50 mil da prefeitura.

Energia, Recursos Hídricos e Saneamento

  • Protocolo de intenções entre o governo paulista, Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí para uso dos mananciais de abastecimento público das bacias hidrográficas do Alto Tietê e dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no valor de R$ 660 mil.

Habitação

  • Desapropriação por interesse social da área do Jardim Campineiro, em Campinas, para a construção de 100 unidades habitacionais pelo Programa Mutirão (CDHU).
  • Construção de 36 unidades habitacionais (área de risco), em Indaiatuba, com investimento de R$ 311 mil.
  • Construção de 450 unidades habitacionais (desfavelamento), em Jundiaí, no valor de R$ 3,89 milhões.
  • Construção de 614 unidades habitacionais (área de risco), em Campinas, com investimento de R$ 5,31 milhões.
  • Construção de 141 unidades habitacionais por empreitada integral, em Rio Claro, no valor de R$ 3,74 milhões.
  • Construção de 320 unidades habitacionais por empreitada integral, em Jundiaí, no valor de R$ 9,84 milhões.
  • Construção de 64 unidades habitacionais por empreitada global, em Lindóia, no valor de R$ 1,25 milhão.
  • Construção de equipamento comunitário, em Aguaí, com investimento de R$ 92 mil.
  • Construção de 130 unidades habitacionais por empreitada global, em Itapira, no valor de R$ 2,02 milhões.
  • Construção de 319 unidades habitacionais por empreitada integral, em Campinas, no valor de R$ 9,56 milhões.
  • Construção de 368 unidades habitacionais na modalidade Pró-Lar, em Bragança Paulista, com investimento de R$ 3,18 milhões.

Justiça e Defesa da Cidadania

  • Protocolo de intenções do Itesp com a prefeitura de Sumaré para obras de infra-estrutura no assentamento Sumaré II, no valor de R$ 55 mil.
  • Protocolo de intenções do Itesp para finalizar projeto ambiental de recuperação de áreas degradadas e produção de 15 mil mudas florestais nativas nos assentamentos Sumaré I e II.

Saúde

  • Convênio com o município de Jundiaí para a instalação de ambulatório do Iamspe.

Transportes

  •  Termo de cooperação entre o Daesp e a prefeitura de Bragança Paulista para a criação do Serviço de Salvamento e Contra Incêndio no aeroporto de Bragança Paulista pelo prazo de quatro anos.

Transportes Metropolitanos

  • Sanção da Lei Complementar que cria a Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp).
  • Elaboração de projeto básico para a instalação de terminal de ônibus metropolitano em Americana e Valinhos.
  • Elaboração de projeto básico para a criação de terminal de ônibus metropolitano regional, em Campinas.
  • Termo de cooperação com o governo espanhol, a fundo perdido, com vistas a um estudo que viabilize a instalação do trem rápido no trecho Campinas-São Paulo.

Bons indicadores sociais convivem com bolsões de pobreza

O secretário estadual da Ciência e Tecnologia, João Carlos de Souza Meirelles, abriu a 9ª edição do Fórum São Paulo Governo Presente, realizado ontem, em Campinas, destacando a importância econômica dessa região administrativa para o Brasil. Lembrou que as 90 cidades detêm os melhores índices de desenvolvimento humano do País, porém apresentam bolsões de exclusão social que precisam ser eliminados.

Como solução, informou que a administração estadual está acelerando a criação do Parque Tecnológico de Campinas. “A idéia é aproveitar a produção acadêmica das universidades da região para criar novas empresas. Elas irão diminuir os fluxos migratórios, gerar trabalho e renda e ampliar a qualidade de vida dos moradores.”

O pólo tecnológico aproveitará a logística favorável da região. A malha viária é servida pelas rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Dom Pedro I, Adhemar Pereira de Barros (Campinas-Mogi Mirim) e Santos Dumont. As exportações encontram saída por meio do Aeroporto de Viracopos e da Hidrovia Tietê-Paraná, com conexão em Piracicaba. Os atuais entroncamentos ferroviários se estendem ao Porto de Santos e Mato Grosso do Sul. A região é servida, ainda, pelo Gasoduto Brasil-Bolívia.

Responsabilidade social

Maria Helena Guimarães de Castro, secretária estadual da Assistência e Desenvolvimento Social, apontou o comprometimento coletivo como saída para a inclusão dos menos favorecidos. “As ações governamentais se consolidam quando os cidadãos oferecem as mesmas chances a todos”, disse, lembrando as ações da rede social que estão sendo desenvolvidas nas regiões metropolitanas de Campinas, São Paulo e Santos, e nos municípios de baixo dinamismo econômico do Vale do Ribeira, norte do Vale do Paraíba e Pontal do Paranapanema.

Reivindicações

Os prefeitos José Carlos Pejon, de Limeira, e Miguel Hadad, de Jundiaí, foram os porta-vozes para apresentar as reivindicações da região. Pejon ressaltou a necessidade de promover melhor atendimento à população de rua, idosos e portadores de deficiência. Requisitou a construção de hospitais regionais, recursos para combate a enchentes e ampliação dos Programas Dose Certa e Renda Cidadã da administração estadual.

Miguel Hadad centrou as solicitações na área da segurança pública. “É preciso reequipar, aumentar o efetivo e promover maior integração entre as polícias civil, militar e guardas municipais. É necessário também ampliar o número de Centros de Detenção Provisória (CDPs) e, onde houver necessidade, criar um sistema de vigilância civil rural.”


Projetos habitacionais e de infraestrutura são prioridades

Ao abrir o segundo bloco de discussões – Governo Empreendedor e Educador – o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, ressaltou que o objetivo do painel é planejar a execução de obras que favoreçam o desenvolvimento dos 90 municípios da região, trazendo melhoria da qualidade de vida para a população.

“Temos de oferecer bases e criar infraestrutura para que os administradores públicos e empreendedores tenham possibilidades de promover a melhoria de suas cidades.”O titular da pasta também afirmou que é necessário pensar na sustentabilidade social e ambiental e em temas como o controle do uso do solo.

O secretário da Habitação e presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Barjas Negri, anunciou que os municípios de Campinas, Jundiaí e Indaiatuba serão beneficiados com a assinatura de convênios para a construção de 1,1 mil moradias. As instalações destinam-se à população de baixa renda, que vive em favelas e em áreas de risco dessas cidades. “No Estado, há canteiro de obras com 60 mil unidades. Ao longo de quatro anos, pretendemos chegar a 165 mil.”

Respondendo à pergunta sobre o Projeto Guri (pólos de capacitação para ensino de orquestra a crianças moradoras em áreas de risco), a secretária da Cultura, Cláudia Costin, anunciou a criação de pólos em Atibaia, Piracaia, São José do Rio Pardo e Serra Negra. Afirmou que, em outubro, o programa será inaugurado em Mococa e, em fevereiro de 2004, chegará a Campinas.

Criação de pólos

O prefeito de Vinhedo, Mílton Serafim, representou as 90 cidades da Região Administrativa de Campinas para reivindicar prioridades na área de educação e cultura. Ressaltou que quase 90% do transporte escolar (fretado, próprio e público) é custeado pelos próprios municípios e pediu que esse quadro seja revertido. Solicitou, também, a criação de um sistema de monitoramento por câmera de vídeo como forma de conter a violência na rede escolar. E complementou pedindo a construção, reforma e ampliação de estabelecimentos de ensino da região, além da criação de cursos técnicos em turismo rural e ecológico.

Na área de educação, o secretário adjunto, Fábio Saba, apresentou pesquisa indicando que 99,8% dos jovens de sete a 14 anos da região de Campinas frequentam as escolas. Explicou o funcionamento da Escola da Família, que garante 25 mil bolsas de estudo para universitários no Estado de São Paulo e anunciou que o governo irá criar 11 pólos de capacitação na região, com um custo de R$ 80 mil cada e destinação de recursos de R$ 450 mil para bolsa-mestrado.


Alckmin critica reforma tributária aprovada na Câmara

O governador Geraldo Alckmin fez dura crítica à reforma tributária que acaba de ser aprovada na Câmara Federal, afirmando que o texto não representa os interesses dos Estados nem contribui para o desenvolvimento do País: “A melhor coisa para o Brasil neste momento é que não tivesse havido essa reforma”, disse.

O governador deixou claro que não é contra a reforma, mas afirmou ter esperança de que o Senado consiga refazer o texto. “Se São Paulo, hoje, está com as contas equilibradas foi com o sacrifício dos paulistas, com os impostos pagos pelos paulistas”, ressaltou, lembrando que o Estado nada vai perder com a mudança.

“Quando se fala em reforma tributária, fala-se basicamente em mudança do ICMS, que passa a ser cobrado no ponto de consumo e não no de origem. Como São Paulo é um Estado exportador (embora seja também grande consumidor), vai acabar perdendo receita.”

Segundo o governador, o Estado vai perder R$ 1,4 bilhão quando se completar a transição de 11 anos prevista para ajuste das alíquotas. “Mas não é apenas São Paulo que estará perdendo. Outros estados vão perder também.”

Investimentos na região

Alckmin anunciou que Campinas, Atibaia, Bragança Paulista e Morungaba entram no Circuito das Frutas para incentivar o agricultor e o turismo regionais.

Como a vocação da região é para o desenvolvimento tecnológico, enumerou três convênios que estão sendo firmados com o governo federal, Ministério de Ciência e Tecnologia para a criação de três parques tecnológicos no Estado de São Paulo. Um deles funcionará em Campinas, “cidade que possui potencial superior ao de muitos países da América Latina”. O trabalho é fruto de parceria com a Unicamp, a PUC Campinas, os institutos de pesquisa, o governo do Estado, a prefeitura e o setor de produção. “Unimos o setor produtivo, as novas empresas de alta tecnologia, com o conhecimento, a pesquisa e a inovação tecnológica para darmos um salto de qualidade no desenvolvimento da região.”

O governador disse que o Estado dará apoio à modernização do Aeroporto de Viracopos, com o objetivo de facilitar as exportações. O aeroporto já é o maior terminal internacional de cargas do País e grande plataforma exportadora, mas as obras, que estão sendo realizadas pela Infraero, podem deslocar famílias que moram no seu entorno. “O aeroporto não é do Estado, mas quero reafirmar o compromisso de ajudar na questão das famílias que estão ocupando as áreas que deverão ser desapropriadas.”

Na área de segurança pública, afirmou que a polícia está enfrentando a violência. “Não tem bandido com nome conhecido em São Paulo que não esteja atrás das grades.” Anunciou que a Polícia Militar ganhará reforço de 877 vagas a mais até o final do ano, sendo 317 delas em Campinas, 119 viaturas para a Ronda Escolar com policial capacitado para o trabalho, nos municípios que tenham mais de 15 mil habitantes e dois novos centros de ressocialização, um em Mogi Mirim e outro em Rio Claro.

Rogério Mascia Silveira e Viviane dos Santos
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 19/09/2003. (PDF)

Governador exalta o crescimento e anuncia investimentos em Rio Preto

Na 8ª edição do Fórum São Paulo: Governo Presente, Alckmin informa abertura de Fatec na cidade, duplicação de rodovias e obras no aeroporto

O governador Geraldo Alckmin destacou, ontem, em São José do Rio Preto, que a melhor forma de superar os momentos difíceis por que passa o País é retomar o crescimento. “Época de crise é época de criatividade. Proponho um mutirão pela expansão econômica.” Para a cidade e região, ele destacou a importância de utilizar o potencial exportador, referindo-se à agroindústria e a outras atividades locais.

Anunciou investimentos no aeroporto de Rio Preto, duplicação de rodovias, instalação de faculdades de tecnologia (Fatecs), aumento de efetivo nas polícias militar e civil, abertura das escolas nos fins de semana e bolsas para estudantes universitários em faculdades privadas.

“Um dos caminhos para superar a crise atual é procurar o mercado externo”, ressaltou e informou que o Aeroporto de Rio Preto atuará em breve como internacional de carga. “Vamos construir armazéns alfandegários para exportar o que a região produz.” Referiu-se também à necessidade de uma reforma tributária que não onere o setor produtivo que procura o mercado estrangeiro para vender. “Precisamos de crédito tributário ao exportador.”

Bolsas e Fatec

Na área da educação, Alckmin anunciou a chegada da Fatec em Rio Preto. A escola vai privilegiar cursos técnicos para formar profissionais nas atividades industriais da região, como as tradicionais fábricas de móveis de Mirassol e Votuporanga e confecções em Rio Preto. Para o superior, três novos cursos na Unesp local: pedagogia, física biológica e química ambiental. Disse, ainda, que o ICMS para confecções será reduzido.

Ressaltou o número de estudantes da região que serão beneficiados com bolsas para cursos superiores em faculdades particulares. “Das 25 mil bolsas do Estado, 1,3 mil destinam-se a estudantes de Rio Preto e adjacências.”

Pelo programa, o governo estadual banca R$ 256,00 e o restante fica por conta da escola. Em contrapartida, o beneficiado presta serviço como monitor em escolas da rede pública estadual nos fins de semana, quando os estabelecimentos serão abertos a alunos, pais e comunidade. O Estado irá investir R$ 60 milhões no projeto, que tem como parceiro a Fundação Ayrton Senna.

Segurança e estradas

Em segurança, o governador informou que a Polícia Militar, após reestruturação, abrirá 108 vagas no Estado, além de empregar temporariamente 400 pessoas, rapazes e moças, em serviços burocráticos na corporação e 300 guardas de muralhas. Haverá, também, concurso público para a Polícia Civil.

Duas importantes rodovias da área de Rio Preto terão trechos duplicados, a Euclides da Cunha (SP-320) e a Assis Chateaubriand (SP-425). Para as vicinais, propôs à Associação dos Municípios da Araraquarense (AMA) a formação de consórcios para realização de obras de recapeamento, construção de novas estradas e trabalhos de recuperação em asfaltos da área urbana. “O governo entra com máquinas e equipamentos, o DER fornecerá a massa asfáltica, os consórcios e a mão-de-obra.”

Atualmente, informou, existem no Estado de São Paulo 70 consórcios de municípios trabalhando em parceria com o governo, e cada um é composto por sete cidades. “Por intermédio desse esforço, o custo do asfalto caiu sensivelmente e a obra é de boa qualidade. Referiu-se a trabalhos do tipo que ele, quando prefeito de Pindamonhangaba, realizou há mais de vinte anos e até hoje o asfalto apresenta boas condições. “Usamos a nossa própria usina de asfaltamento.”

Habitação e financiamentos

O programa Pró-Lar Rural vai atender a moradores de área de risco que desejam ter casa própria. “É só arrumar o terreninho e procurar a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).” Haverá, também, o Pró-Lar Rural para pequenos agricultores. “A CDHU está se tornando a ‘CDHUR’, pois irá atender também à área rural, além da urbana”, brincou.

Para a região de Rio Preto, o governador anunciou 11 agências do Banco do Povo Paulista (BPP). Pela instituição, pequenos empreendedores podem conseguir financiamentos para qualquer ramo de negócio, com 1% de juros ao mês. Até o momento, 40 mil pessoas foram atendidas pelo programa.

Esta foi a oitava edição do Fórum São Paulo: Governo Presente. O evento percorreu, pela ordem, as cidades de Presidente Prudente, São José dos Campos, Registro, Araçatuba, Bauru, Ribeirão Preto e Sorocaba. No total, estão previstos 20 encontros no Estado, dos quais quatro na região da Grande São Paulo, outro na Baixada Santista e também em Campinas e região.


Associação dos Municípios traz reivindicações e estudo da região

A Associação dos Municípios da Araraquarense (AMA) aproveitou a realização do evento para entregar ao governador do Estado pauta de reivindicações para a região. A AMA congrega 120 cidades, entre as quais estão as 96 da área administrativa de São José do Rio Preto. “Acreditamos que o Executivo estadual será receptivo às nossas necessidades”, prevê o presidente da associação e prefeito de Onda Verde, João Batista Alves.

Entre as prioridades que a associação levantou com os prefeitos, Alves cita a estadualização da BR-153, a Transbrasiliana, que une o Norte ao Sul do Brasil. “É uma rodovia de extremo movimento e seria interessante que passasse à administração paulista, por causa da sua importância para o escoamento da produção local.”

Ainda na área de transporte, os prefeitos solicitam mudanças nos trevos de acesso da região de Rio Preto. Alves cita o da cidade de Sales, por exemplo, onde ocorrem acidentes periodicamente. “Os veículos fazem manobras, de entrada ou saída, em trevos sem rebaixamento, passando por cruzamentos no mesmo nível, o que é bastante perigoso.” Outro que ele exemplifica é o de Rio Preto, no bairro do Talhado, na BR-153.

Na área da saúde, o presidente da AMA reivindica recursos e equipamentos para hospitais e postos de saúde. Alves informa que o melhor para o setor é capacitar hospitais de forma a que os pacientes não precisem se deslocar para lugares distantes em busca do atendimento que não tem em sua cidade de origem.

Outro documento de relevância feito pela associação é o do extenso levantamento de números da região, realizado em 90 dias, especialmente para o Governo Presente. O estudo engloba todas as atividades econômicas e sociais dos 96 municípios, atualizadas. “A partir de agora, o governador terá informações importantes e detalhadas para orientar e distribuir ao seu secretariado.”

Outras reivindicações da AMA

– Aumento da cota de medicamentos da Furp aos municípios.
– Doação de ambulâncias e microônibus para transporte de doentes.
– Aumentar o número de atendidos pelo Renda-Cidadã.
– Aumento de efetivos nas polícias civil e militar e mais veículos.
– Apoio a empresas exportadoras.
– Microusinas de compostagem.
– Extensão da rede de energia elétrica e iluminação pública.
– Habitação popular.
– Instalação de Fatec na região.
– Pólo de turismo.
– Frentes de trabalho.
– Recapeamentos e terceira faixa nas SP-310, 322, 304 e 425.
– Relatório dos repasses do IPVA e ICMS.
– Torres para telefonia celular em regiões carentes do serviço.
– Veículos para transporte escolar e apoio à merenda.


Riolândia quer vencer o isolamento e entrar no mapa

De acordo com os dados levantados em 2000 pela Fundação Seade, a cidade de Riolândia tem 8,6 mil habitantes. Desses, pouco mais de mil estão confinados na Penitenciária “João Batista Santana”. Mas, em função da localização geográfica, as outras 7,5 mil pessoas também estão condenadas ao confinamento. Distante 620 quilômetros de São Paulo, no extremo norte do Estado, Riolândia sabe que depende de seus próprios recursos e idéias para a solução dos seus problemas.

É o que o prefeito Maurílio Viana da Silva, que os riolandenses chamam apenas por Lila, está tentando fazer. Mineiro de Januária, 46 anos, dono de um pequeno supermercado, estreou na política há três anos, elegendo-se pelo PSB.

Administra orçamento de R$ 5 milhões, 90% dos quais são provenientes do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e royalties da Represa de Água Vermelha, além do ICMS. “Só a folha de pagamento da penitenciária representa o dobro do orçamento do município”, diz ele.

Nessas condições, entende-se que Riolândia ocupe os últimos lugares no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) na região (93º) e no Estado (592º). A taxa de mortalidade infantil – que, em 20 anos, caiu de 59,32% para 30,93% – ainda é dramática (mais que o dobro do índice do Estado). A de analfabetismo passa de 16%, o que também coloca Riolândia num dos últimos postos da região.

Com uma unidade de Santa Casa (36 leitos) e um Centro de Saúde, quatro ambulâncias e sete médicos, são precárias as condições de atendimento à população no município. “Os casos mais graves são encaminhados para Votuporanga ou para o Hospital de Base de Rio Preto. Por isso, os nossos equipamentos de saúde mais importantes são as ambulâncias”, observa. Não há na cidade uma única indústria e toda a atividade econômica está concentrada no setor agrícola, o que explica a renda per capita do município ser de R$ 236,08.

Só o emprego salva

Acompanhado do vice Sávio Nogueira Franco Neto, o prefeito chegou a São José do Rio Preto trazendo no bolso uma lista de reivindicações para sua cidade, incluindo obras de asfalto, reforma da Praça da Matriz, construção do Clube da Terceira Idade e melhorias na praia artificial de Riolândia.

“Mas o nosso problema básico é o desemprego. Se o governo estadual puder fazer alguma coisa por nós deveria atuar nesse setor”, diz, lembrando que a prefeitura está procurando fazer a sua parte. Com verba federal de R$ 96 mil, a prefeitura construiu cinco módulos geradores de emprego e procura parceiros para utilização da mão-de-obra ociosa existente na penitenciária.

Mais recentemente, Riolândia descobriu que tem também vocação turística. “Estamos situados na confluência dos rios Turvo e Grande, que oferecem condições privilegiadas para pesca e lazer. Vamos investir nisso, criando condições para atrair os turistas e gerar empregos.” Assim, a prefeitura pretende vencer o isolamento e colocar a cidade no mapa. Conforme diz o vice-prefeito Sávio Nogueira: “Ninguém passa por Riolândia; a Riolândia você tem de ir”.


Defesa Civil aposta em prevenção para combater acidentes naturais

O coronel PM Roberto Alegretti, secretário-chefe da Casa Militar e coordenador estadual da Defesa Civil do Estado, destacou durante o fórum de São José do Rio Preto, a importância da prevenção e do trabalho integrado nos municípios para combater deslizamentos de terra provocados pela erosão e enchentes.

Dos 645 municípios, 524 integram o plano estadual de administração de emergências. A meta da Defesa Civil é incluir os 121 restantes. Na região administrativa de São José do Rio Preto, das 96 prefeituras, apenas oito não estão integradas. “Desde 1995, mais de 1,3 mil obras de prevenção foram realizadas com recursos que somam R$ 9 milhões. São galerias fluviais, muros de contenção e atividades de combate à erosão. O mais importante, porém, é a educação ambiental”, explica.

Alegretti ressalta que o ideal é sempre discutir as necessidades locais com a população e autoridades municipais de cada região do Estado. “Ninguém melhor que a própria comunidade para identificar os problemas da sua cidade. Muitas delas são de interesse comum a duas ou mais cidades, como, por exemplo, obras de reparo em uma ponte. O ferramental utilizado numa localidade, devido à similaridade dos relevos, também pode ser aplicado em outras prefeituras.”

“A integração ao sistema não implica custos adicionais para as prefeituras. Além disso, a eficácia do plano emergencial depende da participação efetiva de todos os municípios. A essência do trabalho é preventiva e os voluntários envolvidos não precisam ser profissionais da defesa civil, como bombeiros e policiais. O plano é sempre realizado em ciclo fechado, de quatro fases: prevenção, socorro, assistência e recuperação”, completou.

A Casa Civil realiza levantamentos periódicos para determinar o grau de risco de acidentes em cada cidade. As áreas de perigo potencial são mapeadas e então é definida a melhor estratégia a ser adotada em cada município para eventual situação crítica. Este ano, a Defesa Civil das cidades de Barueri, Campinas, Fernandópolis, Guaratinguetá, Jaú, Peruíbe, Presidente Prudente e São Carlos fez os cursos de administração de emergências para municípios.

Evolução dos cursos de administração de emergências para municípios
Ano
Cursos
Participantes
Módulos
2001
6
486
116
2002
8
648
164
2003
8
1.071
141

Calendário de cursos para o segundo semestre
Municípios
Datas
Boituva
10 e 11 de setembro
Franca
24 e 25 de setembro
Registro
7 e 8 de outubro
Ribeirão Preto
21 e 22 de outubro
Barretos
29 e 30 de outubro
Marília
5 e 6 de novembro
Andradina
12 e 13 de novembro

Incentivar o ensino técnico é a saída para o desenvolvimento

Governo transforma a antiga cadeia pública de Rio Preto em unidade da Fatec

O secretário estadual da Ciência e Tecnologia, José Carlos de Souza Meirelles, abriu ontem a oitava edição do Fórum São Paulo: Governo Presente, no Sesc de São José do Rio Preto, enfatizando a necessidade da administração estadual e prefeituras em somar forças.

Segundo ele, o objetivo é gerar renda e promover a inclusão social, saída possível para a ampliação da qualidade de vida para a população da região. O encontro, realizado durante todo o dia, reuniu o governador Geraldo Alckmin, secretários de Estado, prefeitos e representantes de 96 municípios.

Ao inaugurar o primeiro painel, denominado Governo Solidário e Prestador de Serviço, o secretário informou que uma das propostas é incentivar o ensino técnico na região como alternativa de crescimento.

“As microempresas têm forte atuação na região, são o maior empregador brasileiro e necessitam de profissionais com este perfil. Assim, vamos visitar amanhã a antiga cadeia pública de Rio Preto que será transformada em Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec). Este novo perfil de mão-de-obra permitirá ao País exportar não apenas matérias-primas – açúcar e soja –, mas produtos acabados, de maior valor agregado e preço”, concluiu.

Participação dos prefeitos

Os prefeitos foram representados no primeiro painel por Antônio Carlos Candil, de Marinópolis; e João Batista Alves, de Onda Verde. Antônio reivindicou recursos para investir na modernização dos equipamentos de segurança e defesa civil, criação de varas distritais, doação de ambulâncias e microônibus para transporte de doentes, reformas e ampliações de núcleos sociais e centros comunitários e construção de conjuntos poliesportivos.

João Batista Alves solicitou a criação e reformas dos velórios municipais, recapeamento em estradas vicinais e ruas e instalação de antenas retransmissoras para a telefonia celular.

O primeiro painel reuniu, além de Meirelles, os secretários Lars Grael (Juventude, Esporte e Lazer), Andréa Calabi (Economia e Planejamento), Alexandre de Moraes (Justiça), Coronel PM Roberto Alegretti (Secretário-Chefe da Casa Militar e Coordenador Estadual da Defesa Civil), Eduardo Guardia (Fazenda), Luiz Roberto Barradas Barata (Saúde), Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária) e Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança Pública), entre outros.


Secretários anunciam investimentos em educação e cultura

“É difícil ser empreendedor sem ao mesmo tempo ser educador, solidário e oferecer um serviço público de qualidade”, declarou Mauro Arce, Secretário de Estado da Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, na abertura do painel Governo Empreendedor e Governo Educador, em São José do Rio Preto.

Joaquim Pires da Silva, prefeito de Urânia, falou sobre a importância do governo empreendedor, listando as prioridades da região: criação de escolas técnico-agrícolas, organização do pólo de turismo, construção e reforma de centros de lazer para o trabalhador, construção de galpões de agronegócios, ampliação de frentes de trabalho, melhoria nas condições das rodovias e aceleração das obras de duplicação da Rodovia SP-320, utilizada para o transporte agrícola de toda a região.

Prioridades para a educação

As prioridades para a educação foram anunciadas por Jamil Seron, prefeito de Tabapuã. Além da ampliação da frota escolar e colocação de ar condicionado nas salas de aula, solicitou mais projetos culturais e incentivos a eventos locais.

Em resposta, Cláudia Costin, secretária da Cultura, anunciou o investimento de R$ 600 mil na região, para várias cidades. O Projeto Guri, por exemplo, tem pólo instalado na região e atende a mais de 1,6 mil crianças. A secretaria busca patrocínio para inaugurar mais 13 pólos do projeto.

Para ampliar o programa São Paulo: Um Estado de Leitores, a secretária pediu que a população faça a doação de livros para as 208 bibliotecas da região. A Delegacia Regional de Cultura ficará responsável pela arrecadação.

Investimentos

O professor Fábio Kalil Fares Saba, secretário-adjunto da Educação, disse que mais de R$ 30 milhões foram investidos na região de São José do Rio Preto, que tem 236 escolas e aproximadamente 170 mil alunos. Desde 1998, foram entregues 145 veículos destinados ao transporte escolar.

Barjas Negri, secretário da Habitação e presidente da CDHU, anunciou a parceria de 32 municípios e 12 distritos da zona rural com a CDHU para a construção de mais de 3,5 mil unidades de moradia.

Por fim, a secretária-adjunta do Meio Ambiente, Suani Teixeira Coelho, comemorou os resultados do último inventário da Cetesb destacando que 90% dos aterros da região estão em condições adequadas e anunciou mais investimentos para a melhoria do tratamento de esgotos.


Estado libera recursos de sete secretarias para a região de São José do Rio Preto

Entre os atos, autorização para a construção de 336 unidades habitacionais com investimento de quase R$ 6 milhões

No encerramento do 8º Fórum São Paulo: Governo Presente, o governador Geraldo Alckmin assinou autorizações para novos programas em vários dos municípios que compõem a região administrativa de São José do Rio Preto. Os atos contemplam ações de sete secretarias, num total de quase R$ 11 milhões:

Secretaria da Agricultura e Abastecimento

– Instalação de uma unidade do restaurante popular Bom Prato em Rio Preto, com recursos de R$ 193.720.

Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico

– Cessão do imóvel da antiga cadeia pública de Rio Preto para a instalação da Faculdade de Tecnologia (Fatec), que abrigará os cursos de Produção em Agronegócios e de Informática com Ênfase em Gestão de Negócios (ambos com 80 vagas cada). O investimento é de R$ 2,5 milhões nas obras de adaptação e de reconstrução do prédio.

Secretaria da Educação

– Criação de pólos de capacitação de educadores nas Diretorias de Ensino de Rio Preto, Catanduva, Fernandópolis, Jales, José Bonifácio e Votuporanga, com investimento total de R$ 1,08 milhão.

– Concessão de 30 bolsas de mestrado para educadores da região administrativa de Rio Preto, com recursos de R$ 150 mil.

– Lançamento do Programa Escola da Família com a abertura de 236 unidades escolares, nos finais de semana.

– Realização de parceria com o Sindicato dos Mantenedores das Universidades Privadas do Estado para a criação do Programa de Alfabetização e Inclusão (PAI).

Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho

– Instalação de unidades do Banco do Povo Paulista em Dolcinópolis, Guarani D’Oeste, Indiaporã, Jaci, Mesópolis, Monte Aprazível, Neves Paulista, Ouroeste, Paranapuã, Populina e Turmalina, com recurso total de R$ 396 mil.

– Introdução do programa Pró-Lar do Banco do Povo Paulista em Jales, José Bonifácio, Santa Fé do Sul e Votuporanga.

– Criação de Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) nas cidades de Cardoso e Monte Aprazível.

Secretaria da Habitação

– Início da construção dos conjuntos habitacionais São José do Rio Preto J e K, com 336 unidades, com investimento de R$ 5.847.197,12.

– Início das obras de construção dos conjuntos habitacionais Nipoã C e D, com 74 unidades, com investimento de R$ 550.886,48.

Secretaria de Energia, Recursos Hídricos, Saneamento e Obras

– Obras de controle e erosão e de assoreamento de mananciais, adequação de estradas, conservação de solo, construção de galerias de águas pluviais e aterro sanitário em valas nos municípios de Nova Canaã Paulista, Onda Verde, Paulo de Faria, Santa Fé do Sul e Três Fronteiras com recursos de R$ 300 mil.

Secretaria dos Transportes

– Início do processo de habilitação do aeroporto de Rio Preto para tráfego de carga aérea internacional e posterior licitação para instalação pela iniciativa privada de Terminal de Carga Aérea Internacional.

– Desenvolvimento de projeto-piloto do Plano de Investimento Urbano e recuperação de estradas vicinais na região administrativa de Rio Preto, com valor estimado de R$ 500 mil.

Textos de Otávio Nunes, Rogério Mascia Silveira, Tim Teixeira e Regina Amábile
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas III, III e IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 09/08/2003.

CIC leva o poder público a comunidades carentes

O Centro de Integração da Cidadania (CIC) é um programa que o Governo de São Paulo vem desenvolvendo com a finalidade de tornar acessíveis para a população de baixa renda os serviços públicos e benefícios sociais a que todo cidadão tem direito.

O CIC começou a ser idealizado em 1994, como parte do plano de governo da gestão Mário Covas. Desenvolvido por juristas e desembargadores, seu projeto baseava-se na proposta de levar os serviços do Poder Judiciário às populações carentes. Por essa razão, previa a instalação de unidades em áreas periféricas da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

No transcorrer dos trabalhos de planejamento, a proposta inicial evoluiu para uma forma de atendimento bem mais ampla, passando a englobar também serviços como emissão de documentos, orientação e assistência social e cadastramento de trabalhadores em busca de emprego.

Coordenado pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, o CIC tornou-se, assim, um programa que envolve vários outros parceiros, além do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP), do Ministério Público Estadual e do Ministério da Justiça. Dele participam as secretarias da Casa Civil, da Assistência e Desenvolvimento Social, do Emprego e Relações do Trabalho, da Segurança Pública (SSP) e do Esporte e Lazer e órgãos da administração estadual, como a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).

Serviços integrados

O primeiro CIC foi inaugurado na zona leste da capital, em setembro de 1996, com a proposta de integrar diversos serviços da administração pública estadual em um só lugar. Hoje já são cinco unidades, diretamente vinculadas ao gabinete do secretário estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania. Nelas, as pessoas da comunidade recebem assistência jurídica e social, com atendimento personalizado e gratuito, em postos de serviços de entidades como Procon, Juizado Especial Cível (JEC), Programa de Auxílio ao Trabalhador (PAT), CDHU, Polícia Militar e Ministério Público Estadual.

“Nossa proposta de trabalho é oferecer serviços integrados. Ao conversar conosco sobre seus problemas e necessidades, o cidadão que procura uma das unidades do CIC por causa, por exemplo, de brigas familiares, pode estar precisando de documentos, de emprego, de assistência social ou jurídica. Essa é a grande diferença do nosso trabalho em relação a de outros serviços”, explica a coordenadora-geral do CIC, Tatiana Bello Djrdjrjan.

Boas notícias

Nas quatro unidades da capital foram atendidos 511.159 cidadãos em 2002, cifra que se torna ainda mais expressiva se comparada às 170.893 pessoas atendidas no ano anterior. Os serviços mais procurados foram os da CDHU (49.225 pessoas), da Secretaria do Trabalho (44.417 pessoas), do programa Acessa SP (43.516 pessoas) e da promotoria do Ministério Público (30.413 pessoas).

Além do atendimento nas unidades, no ano passado, 50.020 pessoas receberam assistência do CIC, em 20 jornadas itinerantes realizadas na região da Grande São Paulo. Para este ano, estão previstas outras jornadas semelhantes, como parte do programa “Cidadania para Todos”. A primeira delas já aconteceu em fevereiro, em Osasco, durante uma semana. As próximas serão realizadas em localidades como Guaianases, Vila Maria, Vila Dalila, Ermelindo Matarazzo e Vila Nova Cachoeirinha – uma por mês e com três dias de duração em cada uma dessas localidades.

Além da prestação de serviços, as unidades do CIC vêm desempenhando outro importante papel social: o de funcionarem como pólos de articulação e promoção cultural para as comunidades das regiões onde estão localizadas. Isso resulta, em grande parte, do fato de, nos finais de semana, suas instalações ficarem à disposição de líderes comunitários para a realização de palestras, encontros musicais, espetáculos teatrais e outras atividades.

Uma nova unidade do CIC, na qual foram investidos aproximadamente R$ 2,4 milhões, acaba de ser inaugurada no município de Francisco Morato, vizinho à capital. Instalada em um prédio com uma área de 2,3 mil metros quadrados, ela oferece um serviço ainda não disponível nos outros CICs: uma Delegacia da Mulher, com capacidade para emitir Boletins de Ocorrência. Na primeira semana de funcionamento, ela atendeu 1.245 pessoas da comunidade local e dos municípios de Franco da Rocha e Caieiras.

Ao avaliar o desempenho do CIC, o secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, Alexandre Moraes, afirma que “o crescente número de atendimentos comprova que os objetivos estão sendo alcançados. Sem dúvida, esse programa vem funcionando como uma forma eficiente de aproximar o poder público das comunidades carentes, que têm encontrado no atendimento prestado pelo CIC soluções para muitos dos problemas que as afligem”.

Atendimento diferenciado

Tanto os postos do Poupatempo como os CICs reúnem serviços de diversas secretarias e órgãos da administração estadual. Mas não existe concorrência entre esses dois programas, pois é diferente o tipo de atendimento dado à população.

Nos postos do Poupatempo, as pessoas encontram soluções rápidas para questões como emissão de documentos pessoais e renovação de carteira de motorista. Para isso, porém, elas precisam ter em mãos toda a documentação necessária.

“Nos CICs, os serviços são prestados com outro enfoque. Recebemos cidadãos carentes, muitas vezes migrantes de outros Estados, que perderam seus documentos, foram assaltados ou buscam orientação para resolver conflitos familiares”, explica a diretora do CIC Oeste, Maria Clara Sollero Lang. E, para dar uma ideia de como é feito esse atendimento, ela lembra o que aconteceu com um senhor de 80 anos, que solicitou a correção de um dado na certidão de nascimento de sua filha.

A moça tinha conseguido um emprego, mas corria o risco de perdê-lo porque o erro na certidão impedia a emissão da carteira de identidade e de outros documentos exigidos pela empresa que ia contratá-la. O problema foi resolvido, e a diretora do CIC aconselhou o velhinho a solicitar o documento de identidade em um posto do Poupatempo, onde seria expedido com maior rapidez. E ouviu dele a seguinte resposta: “Lá eles poupam o tempo; aqui, vocês poupam a gente.”

É também comum que, ao buscarem solução para um problema específico, muitas pessoas acabem sendo beneficiadas por outros serviços disponíveis nas unidades do CIC. Como exemplo, a diretora do CIC Norte, Rosângela Escudelli, conta o caso de uma senhora que teve todos os seus documentos inutilizados quando uma enchente alagou a favela onde ela morava. Depois de conseguir as segundas vias dos documentos, ela aproveitou a passagem pelo CIC para preencher um currículo no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT). E o cruzamento dessas informações com as do cadastro do banco de dados da Fundação Seade terminou possibilitando que ela conseguisse o emprego tão desejado.

Parcerias com a comunidade

Todas as unidades do CIC trabalham em parceria com líderes comunitários, que utilizam as suas dependências para realizar diferentes tipos de atividades. No CIC Norte, a população se uniu e montou um cursinho pré-vestibular para afrodescendentes. O CIC Sul promove oficinas que oferecem cursos gratuitos para a população. A participação nesses cursos é livre, e os professores são profissionais da própria comunidade. Os temas são variados, abrangendo desde a confecção de velas e sabonetes até grafitagem, teatro, dança e prevenção contra Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

O sucesso dessas oficinas culturais foi reconhecido com o prêmio “Jovem Brasileiro 2003”, concedido ao cantor de rap Douglas Mariano, o “Dodô”, de 19 anos, líder do grupo “Soldados do Baixo Escalão”, formado na comunidade. Esses músicos difundem a cultura de rua entre os jovens, que tomam contato com os quatro pilares básicos do hip hop: os passos do break, as práticas de grafite, as técnicas dos DJs e a empostação de voz dos cantores de rap, os “Mestres de Cerimônias”.

A assistente social Anadyr de Carvalho Cunha, diretora do CIC Sul, conta que a turma do hip hop atua no centro desde a sua fundação. “Quando esta unidade foi inaugurada, eles me pediram um espaço para ensaios e apresentações. Concordei, e o resultado tem sido bastante positivo. Eles começaram a trazer outros jovens para participar dessas atividades e, desde então, todo mês fazem uma exibição para a comunidade”.

Para Dodô, as oficinas culturais representam uma oportunidade de conscientizar os jovens da periferia. “São uma forma, alegre e descontraída, de chamar a atenção da rapaziada para valores positivos, antes que caiam na marginalidade.” Nas aulas, os músicos reforçam a auto-estima dos participantes, passam noções de cidadania e discutem os direitos e deveres de cada um.

Também no CIC Sul, o líder comunitário José Nilton Bastos de Oliveira, o “Mestre Paradinha”, de 26 anos, dá concorridas aulas de capoeira duas vezes por semana. A única exigência para frequentá-las é estar matriculado e estudando em uma escola. “Aqui, a garotada não aprende apenas a praticar capoeira e tocar berimbau, mas também a respeitar o próximo”, diz Mestre Paradinha, que percorre os bairros da Zona Sul em busca de patrocínios de empresários para comprar os uniformes e os instrumentos dos seus pupilos.


Jovens espalham amor aos livros e gosto pela leitura

Além de morarem na zona leste de São Paulo, Leandro Ramos da Silva, 12 anos, e Tadeu de Oliveira Orejani, de 15, tinham em comum a paixão pelos livros. Foi isso que os levou a enfrentar juntos um grande desafio: montar uma biblioteca comunitária no CIC Leste, que ambos frequentavam. Dificuldades e problemas não faltaram, mas os garotos sempre contaram com o apoio da comunidade e da administração do centro. Com muita determinação, eles conseguiram reunir cerca de duzentos livros, doados por moradores da região; e depois, o espaço e os equipamentos necessários para instalar uma pequena, mas bem organizada biblioteca.

Orgulhosos, eles mostram as estantes arrumadas, as avaliações que fazem com os leitores a respeito da qualidade dos livros, os formulários de inscrição dos 58 associados e as fichas de empréstimo e devolução, operação que controlam com o maior rigor.

“Cada sócio pode levar para casa até dois volumes, pelo período de 15 dias. Quando demoram, nós ligamos e pedimos para devolver”, explica Leandro, assegurando que até hoje nenhum livro foi perdido. Ele mora e estuda na zona leste, e quer ser professor. Tadeu pretende ser advogado, que é a profissão do seu pai.

A mesma paixão pelos livros

Uma história muito parecida com a desses meninos se repete, em outra região da cidade, também com uma dupla de adolescentes: Erik Ribeiro, de 14 anos, e Luciano Silva, de 16. Foi com a mesma paixão pelos livros e o mesmo espírito de solidariedade que eles se empenharam na criação de uma biblioteca comunitária no CIC Norte, montada com livros doados pela população local.

O trabalho voluntário de atendimento, catalogação e preparação dos livros para serem emprestados é feito à tarde, depois da escola. “Nossa intenção é transformar a biblioteca em um ponto de encontro para a comunidade da zona norte”, conta Luciano, entusiasmado.

Serviço

A população pode utilizar os serviços do CIC, de segunda a sexta-feira, no horário das 9h às 17h, nos seguintes endereços:

  • Coordenação Geral – Pátio do Colégio, 148, Centro (Prédio da Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania). Tel. (11) 3291-2636. No local, funciona apenas a parte administrativa do CIC. Não há prestação de serviços.
  • Zona Leste – Rua Padre Virgílio Campello, 150, Conjunto Habitacional do CDHU Encosta Norte, Itaim Paulista. Tel. (11)  6562-2440.
  • Zona Oeste – Estrada de Taipas, 990, Jardim Pan-americano, Jaraguá. Fone: 3942-5228/5898.
  • Zona Sul – Avenida Um, 100, Jardim São Luís, Santo Amaro. Tel. (11) 5514-0182.
  • Zona Norte – Rua Ari da Rocha Miranda, 36, Jova Rural, Jaçanã. Tel. (11) 5514-0182.
  • Francisco Morato – Avenida Tabatinguera, 45. Tel. (11) 4489-3133.

Otávio Nunes e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 10/06/2003. (PDF)