São Paulo comemora 464 anos com atrações culturais e históricas

Roteiros de metrô incluem visitas a museus e bibliotecas, como a da Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, no centro

Com 12,1 milhões de habitantes estimados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, São Paulo, a maior cidade da América Latina, completará na quinta-feira, 25, seu 464º aniversário de fundação. Para comemorar a data histórica, há diversas opções de entretenimento gratuito e de baixo custo com viés histórico e cultural na capital paulista.

De acordo com o Ministério do Turismo, a tradicional Terra da Garoa foi escolhida em 2016 como destino por 41,2% dos visitantes do País para negócios, eventos e convenções, e por 9,1% deles para atividades de lazer. Em Sampa, uma das primeiras opções de visita é o Pateo do Collegio, cuja grafia antiga do nome segue preservada pela igreja católica, sua idealizadora.

Situado no alto de uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, o primeiro conjunto de edificações da capital foi construído a partir de 1554, em local escolhido pelos padres jesuítas, para dar início à catequização dos moradores originais da região, os índios. O complexo situado a cerca de 300 metros da estação Sé do metrô, na região central, abriga em seu entorno os prédios da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania e do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), ambos projetados em estilo neoclássico pelo arquiteto paulista Ramos de Azevedo (1851-1928).

Visitas

Para conhecer o Pátio do Colégio e o interior de suas instalações, como os museus Anchieta e de Arte Sacra dos Jesuítas, é necessário fazer agendamento pelo telefone (11) 3105-6899. As visitas são de terça-feira a domingo e as informações sobre preços e horários estão disponíveis no site da instituição (ver link em Serviço). A sede da Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania, por sua vez, também pode ser conferida pelo público – a pedra fundamental de seus dois edifícios gêmeos, situados nos números 148 e 184, foi lançada em 1881, orçada na época em 100 contos de réis, e os prédios foram inaugurados em 1896.

No andar térreo, o público pode consultar a biblioteca jurídica especializada da Secretaria, com cerca de 10 mil volumes. Com escadarias e estantes construídas em madeira de lei, intocadas, envernizadas e livres de cupins, o acervo contém livros e periódicos de Direito Administrativo, Direito Constitucional e Direitos Humanos, entre outros temas, com algumas obras perfazendo mais de cem anos.

Consulta

“Não há empréstimos, mas temos prazer e interesse em atender aos interessados em consultar os títulos, sempre de segunda a sexta-feira, das 9 às 16 horas”, convida a bibliotecária Vanilda Maria da Costa, servidora desde 1994 da Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania. Conhecida carinhosamente como Lila, ela conta ser um grande orgulho e responsabilidade colaborar para a preservação desse patrimônio histórico.

Segundo ela, em média, toda semana cerca de 30 visitantes passam pela sede para consultar as obras entre os títulos disponíveis para consulta, os mais antigos são o Grande Diccionario Portuguez – Thesouro da Lingua Portugueza, de Domingos Vieira, de 1873, e o Codigo Commercial do Brazil, de Salustiano Orlando de Araujo Costa, de 1896.

Serviço

Pateo do Collegio
Secretaria Estadual da Justiça e Defesa da Cidadania
Pátio do Colégio – edifícios 148 e 184 – Centro
São Paulo – SP – CEP 01016-040

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/01/2018. (PDF)

Pecuária leiteira paulista é destaque no Dia do Agricultor

Plano Mais Leite, Mais Renda, ação multissetorial da Secretaria da Agricultura e Abastecimento e parceiros, pretende integrar a cadeia láctea do Estado e incentivar o aumento da qualidade e da produtividade no prazo de dez anos

Como parte das homenagens ao Dia do Agricultor, celebrado hoje, 28, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SAA) e um grupo de parceiros (ver serviço) lançam o Plano Mais Leite, Mais Renda. Dedicada a integrar toda a cadeia produtiva do leite paulista e a aumentar sua produtividade e qualidade, a iniciativa multissetorial será apresentada a partir das 8 horas, no 2º Encontro Regional de Agricultores.

O evento da SAA e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado (Fetaesp) será realizado no Salão dos Vicentinos, Rua Ipiranga, 2.674, no Jardim Jussara, município de Dracena. A programação inclui a apresentação de algumas ações da rede de assistência ao produtor rural da secretaria, entre eles o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), do Instituto Biológico (IB), e também os atendimentos e financiamentos do Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).

Panorâmica

De acordo com o agrônomo da assessoria técnica da SAA, José Luiz Fontes, e o veterinário da Comissão de Bovinocultura da Cati, Carlos Pagani Netto, dois dos autores do Plano Mais Leite, Mais Renda, o lançamento consolida um diagnóstico global da pecuária leiteira paulista.

Iniciada em março do ano passado, essa avaliação incluiu visitas a propriedades rurais para ouvir os produtores e encontros para aproximá-los dessa atividade econômica sustentável, típica da agricultura familiar e presente em todas as regiões paulistas.

“Identificamos potencial de crescimento para os próximos anos. São Paulo é um grande comprador de leite e uma das propostas centrais do grupo gestor da ação é estimular o protagonismo dos integrantes da cadeia leiteira”, destacam.

O rebanho paulista tem 5,5 milhões de cabeças e produz 1,77 bilhão de litros por ano. A meta é crescer 3,5% ao ano e chegar aos 2 bilhões de litros anuais em 2027. “Pretendemos saltar de 1.380 litros de leite produzidos por uma vaca a cada ano (dado apurado em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) para 2 mil litros anuais nos próximos dez anos”, analisam.

Estratégia

A íntegra do Plano Mais Leite, Mais Renda está disponível no site da SAA e também em uma comunidade do Facebook (ver serviço). Sua principal estratégia é ampliar o acesso dos produtores à rede da assistência técnica oferecida pela pasta.

Nesse sentido, destaca o agrônomo e secretário-executivo do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista/Banco do Agronegócio Familiar (Feap/Banagro), Fernando Penteado, uma das ações foi ampliar a relação de bens e serviços contemplados nos financiamentos (ver serviço).

“A proposta é agregar maior valor aos alimentos e derivados da bovinocultura leiteira do Estado. Das 29 opções atuais de crédito do Feap/Banagro, duas são exclusivas para o setor: Pecuária de Leite e Qualidade do Leite. Ambas financiam até R$ 200 mil, têm prazo de cinco anos para pagamento e carência de até um ano. Agora, as possibilidades aumentaram”, informa.

Segundo Penteado, o produtor poderá financiar projetos de irrigação, pastagem, silagem, cercamento, produção de queijo e manteiga, recuperação de áreas degradadas, tratamento de resíduos, melhorias em instalações, meios para proporcionar conforto e bem-estar animal, entre outros.

Retomada

O produtor Rodrigo Cavallo, de 41 anos, de Dracena, se diz muito esperançoso com o lançamento do Plano Mais Leite, Mais Renda. Em outubro de 2015, ele teve aprovado pedido de financiamento de R$ 150 mil pelo Feap, no âmbito do Projeto Integra SP.

Os recursos foram investidos para recuperar áreas degradadas, formar pastagens, construir sala de ordenha e comprar 18 vacas e equipamentos de conservação do leite. Na época, revela, seu desejo era retomar a tradição familiar, de produtor rural, e abandonar a vida de caminhoneiro, depois de dirigir por 17 anos.

“Minha vocação sempre foi trabalhar no campo. Para realizar esse sonho, tive total apoio e orientação da Casa da Agricultura, da Cati, de Dracena, e de todos os profissionais da SAA”, afirma. Em janeiro do ano passado, Rodrigo Cavallo iniciou a produção na propriedade do pai, a Chácara São Pedro. Ele, a esposa e os três filhos, de 4, 7 e 9 anos, residem no local, uma área de 12 hectares. A dívida com o Feap vai começar a ser quitada somente em outubro do ano que vem.

“O negócio está indo muito bem e consigo ter renda”, informa. Hoje ele tem 21 vacas e produz, em média, 260 litros de leite por dia. A produção é vendida para um laticínio de Monte Castelo, cidade vizinha. “Agora, com essas novas possibilidades de financiamento, pretendo produzir queijos e investir em silagens.”

Multidisciplinar

Além da Cati, o Plano Mais Leite, Mais Renda integra no grupo gestor os seguintes órgãos da SAA: Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA).

Ligadas ao Governo paulista, também participam instituições de outras secretarias de Estado, como a Fundação Instituto de Terras do Estado (Itesp), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista (FMVA-Unesp) e Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu (FMVZ-Unesp), além de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa e Sebrae. A lista completa de parceiros está disponível no site da SAA (ver serviço).

Serviço

Plano Mais Leite, Mais Renda (SAA)
Telefone (11) 5067-0063
E-mail saacomunica@sp.gov.br
Facebook

Feap/Banagro

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 28/07/2017. (PDF)

Unicamp inova na área do esporte paralímpico

Pioneiro, departamento da Faculdade de Educação Física formou centenas de profissionais especializados na reabilitação, iniciação na atividade esportiva e no treinamento do esporte de alto rendimento de pessoas com deficiência

Avançar e inovar na área de educação física adaptada e formar profissionais especializados em pesquisa, reabilitação e esporte de alto rendimento de pessoas com deficiência. Essa é a meta dos professores e alunos do Departamento de Estudos de Atividade Física Adaptada da Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Pioneiro no País, o projeto acadêmico com atividades paralímpicas teve início em 1987 com o trabalho dos docentes Edison Duarte e José Luiz Rodrigues, entre outros acadêmicos. No mesmo ano, o atleta José Júlio Gavião de Almeida, recém-retornado de campeonato mundial de tae kwon do, na Coreia do Sul, ingressou no corpo docente da Unicamp e foi desafiado pelo professor Duarte a especializar-se também em educação física adaptada. A parceria prossegue até hoje.

Classificação

“O esporte é um meio saudável para diminuir a desvantagem natural da pessoa com deficiência”, destaca Duarte, mencionando outros benefícios, como o resgate da identidade do indivíduo, muitas vezes perdida por causa da limitação física, sensorial ou intelectual. “Além disso, o aumento da confiança e do condicionamento físico, entre outras questões, amplia as possibilidades de ingresso e de permanência desse atleta nas competições e no mercado de trabalho”, explica.

Atualmente, além das atividades na Unicamp, Duarte atua como classificador brasileiro e internacional da modalidade esgrima em cadeira de rodas. Essa tarefa consiste em identificar, em conjunto com médicos e fisioterapeutas, o nível de deficiência de cada atleta, para garantir a igualdade de disputa nas competições, sendo a função reconhecida pelo Comitê Paralímpico Internacional (International Paralympic Committee – IPC).

Cooperação

As informações obtidas e provenientes dos ex-alunos, a partir da evolução dos esportistas, são imprescindíveis para a universidade manter-se atualizada, informa Gavião de Almeida. Para ele, todo atleta paralímpico, além de representar superação e persistência, é um caso único para a ciência. “Na FEF da Unicamp, procuramos manter contato inclusive com quem não trabalha mais conosco”, observa o professor, que foi o primeiro coordenador da Academia Paralímpica Brasileira, criada em 2010.

Na avaliação do docente, o progresso individual de cada atleta amplia as possibilidades de inovação na área de educação física adaptada e abre mais campos para a pesquisa. Outros desdobramentos são ampliar o debate e os conhecimentos em temas como acessibilidade, materiais esportivos, entre outros assuntos. “O trabalho vai além das atividades regulares de ensino, pesquisa e extensão, que são o tripé estrutural da universidade pública”, observa.

Esportes

Organizadas pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), os jogos paralímpicos são a maior competição mundial para pessoas com deficiência. Nas competições, os participantes são divididos em cinco categorias: paralisados cerebrais, deficientes visuais, atletas em cadeira de rodas, amputados e atletas com outros tipos de deficiências.

A maioria das modalidades é inspirada nos esportes olímpicos tradicionais – atletismo, natação, tênis, judô, tênis de mesa, futebol, basquete, entre outros. Apenas há adaptação das regras e dos modos de disputa. Há ainda modalidades exclusivas como, por exemplo, o golbol. Nesse jogo, disputado numa quadra com dimensões e traçados parecidos com a do vôlei, o objetivo das duas equipes de três jogadores cada uma é rolar a bola com guizos em direção ao gol adversário.

Números

Outro viés do trabalho da Unicamp é oferecer respostas às demandas da sociedade, em especial aquelas direcionadas à inclusão social e à diversidade. Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Estado de São Paulo é estimada em 41,2 milhões – desse total, 23,9%, ou 9,8 milhões de pessoas, têm algum tipo de deficiência.

No panorama nacional, os porcentuais são parecidos: dos 190,7 milhões de habitantes apurados no Censo 2010, 45,5 milhões – quase um a cada quatro brasileiros – integram o grupo, com deficiências adquiridas no nascimento ou ao longo da vida.

Origem

Em cada país, a educação física adaptada teve origem e desenvolvimento distintos. No Canadá, surgiu nos clubes; nos Estados Unidos, no voluntariado e nos clubes; e na Inglaterra, em centros de reabilitação. No Brasil, a principal referência é a universidade pública, desde a iniciação até o esporte de alto rendimento. No entanto, para participar de competições, o atleta deve ser vinculado a um clube.

O trabalho da FEF da Unicamp com educação física adaptada tem repercussão nacional. Nas últimas décadas, a universidade formou centenas de professores, treinadores, fisiologistas e preparadores físicos especializados. Atualmente, muitos ex-alunos ocupam funções diversas no Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e integram o corpo docente de outras instituições e de universidades parceiras, como as federais de Uberlândia e de São Paulo, também referências na área.

Alguns estudos acadêmicos da FEF colaboraram para o desenvolvimento do parabadminton, para tae kwon do, esgrima em cadeira de rodas, golbol, futebol de 5, atletismo, natação e ciclismo. Além disso, o parabadminton e o para tae kwon do estrearão nos Jogos de Tóquio 2020, no Japão.

Potência

A primeira paralimpíada foi disputada em Roma, na Itália, em 1960. O Brasil estreou em 1972, em Heidelberg, na Alemanha, sem trazer medalhas. Em 1976, nos jogos disputados em Toronto (Canadá), a delegação brasileira incluiu atletas mulheres pela primeira vez e conseguiu o primeiro pódio, com uma medalha de prata conquistada pela dupla Robson Almeida e Luiz Carlos Costa, na modalidade lawn bowls, espécie de bocha jogada na grama.

Em 2014, pela primeira vez, o CPB enviou dois atletas para competir nos Jogos Paralímpicos de Inverno, em Sóchi, na Rússia. E nas paralimpíadas de verão, os pioneiros, o País segue melhorando seu desempenho a cada nova edição. “A expectativa para a certame disputado em solo brasileiro é conseguir o 5º posto na classificação geral”, observam os pesquisadores Duarte e Gavião de Almeida.

Em 1996, em Atlanta (Estados Unidos), a delegação brasileira terminou na 37ª colocação geral; em 2000, em Sidney (Austrália), acabou no 24º lugar; em 2004, em Atenas, capital da Grécia e país de origem dos esportes olímpicos, conseguiu o 14º posto; em 2008, em Pequim (China), ficou em 9º; e em 2012, em Londres (Inglaterra), obteve a 7ª colocação no ranking geral.

Neste ano, no Rio de Janeiro, a paralimpíada será disputada de 7 a 18 de setembro nas seguintes modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo de estrada, ciclismo de pista, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, golbol, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo, vela e vôlei sentado.

Segredos

Uma das estratégias da FEF para descobrir e lapidar novos talentos é acompanhar torneios paralímpicos realizados todos os anos nas cinco regiões brasileiras. Outro trunfo é apostar em diversas modalidades, como, por exemplo, oferecer cursos de extensão universitária de rúgbi em cadeira de rodas, esgrima em cadeira de rodas, parabadminton, paraesgrima, paracanoagem, paratae kwon do, atletismo, natação e ciclismo, entre outras.

Além do corpo docente, o trabalho do Departamento de Estudos de Atividade Física Adaptada abrange alunos de graduação e pós-graduação, investindo na diversidade de esportes paralímpicos. A lista inclui os professores João Paulo Borin, fisiologista do exercício especializado em futebol de 5, Marcos Uchida, especialista em força e estudos do paraciclismo, e José Irineu Gorla, especialista em avaliação física.

Variedades

O futebol de 5 é tema do projeto acadêmico do doutorando Luis Felipe Campos. Preparador físico da seleção brasileira desse esporte, ele é também “chamador” nas partidas, isto é, posicionado atrás do gol, passa referências do campo para os atletas com deficiência visual.

O mestrando Maicon Pereira atua como preparador físico de esgrima em cadeira de rodas; seu colega de pós-graduação Luiz Gustavo Santos é preparador físico da Seleção Brasileira de paracanoagem e treina 12 atletas na Raia Olímpica da Universidade de São Paulo (USP), na Cidade Universitária, na capital.

A mestranda Thálita Santos especializa-se na área de lesões em nadadores – e trabalhará como voluntária nas piscinas dos Jogos Paralímpicos do Rio 2016. Sua colega Mariane Ferreira, ciclista de elite (profissional), atua como piloto de atleta com deficiência visual em provas de ciclismo.

Outra ação direcionada à iniciação e inclusão no esporte paralímpico é um convênio da Unicamp com a prefeitura de Campinas. Realizado pela professora Maria Luiza Alves, o trabalho consiste em garantir que crianças com deficiência matriculadas na rede pública municipal tenham autonomia e acesso ao esporte adaptado e na capacitação dos professores para atendê-las adequadamente.


Ninho de campeões

Cursando mestrado, o ex-aluno da Faculdade de Educação Física da Unicamp Diego Gamero é um dos preparadores físicos do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) nos treinos preparatórios da delegação brasileira para os jogos deste ano. Além de orientar, ele auxilia na montagem e disposição de equipamentos, como o banco da prova de arremesso usado por competidores de diversas modalidades de atletismo.

No Centro Paraolímpico Brasileiro (inaugurado no mês passado), localizado na zona sul da capital, Diego acompanha os treinos de Bete Gomes, para-atleta de lançamentos de dardo, peso e disco. Com 51 anos, ela conta ter sido na juventude agente da Guarda Civil de Santos e campeã paulista de vôlei, antes de desenvolver esclerose múltipla, em 1996. A doença não a impediu de ser atleta de basquete em cadeira de rodas até 2010. Com a evolução do quadro da doença, hoje dedica-se ao atletismo.

“O esporte sempre foi primordial na minha reabilitação. Treino cinco horas diárias, de segunda-feira a sábado – e toda a equipe técnica e de apoio evolui junto na preparação”, diz Bete. Ela representou o Brasil na Paralimpíada de Pequim, em 2008, na modalidade basquete; três anos depois, no arremesso de peso, disputou as provas do Pan-Americano de Guadalajara, no México.

Ouro e prata

José Humberto Rodrigues, cadeirante, treina lançamento de dardos. Com 45 anos e para-atleta desde 2009, o mineiro de Uberaba segue treinando forte. Recordista brasileiro da modalidade, disputa com mais 56 atletas as 39 vagas da delegação nacional nessa modalidade dos jogos do Rio 2016.

Pretendo brigar pelo ouro”, conta. No ano passado, no Mundial Paralímpico de Atletismo, disputado em Doha, no Catar, Rodrigues lançou um dardo a 28,33 metros de distância. Essa marca rendeu-lhe a medalha de prata. “Agora, o céu é o limite, literalmente”, acredita.

Internacional

Os fisiologistas do exercício, Thiago Lourenço e Fernando Catanho, ambos doutores pela FEF da Unicamp, contam que sua tarefa é trazer a ciência para as arenas esportivas. A dupla acompanha treinamentos, monitora a evolução dos atletas e municia os treinadores do Comitê Paralímpico Brasileiro com informações apuradas nos treinos e competições, entre outras tarefas. “Com partilhar os progressos obtidos com os colegas da academia é imprescindível. Eles sempre têm considerações valiosas sobre o trabalho e todos evoluímos em conjunto”, contam os especialistas.

Doutor em educação física pela FEF e professor da Unifesp, Ciro Winckler é o atual coordenador técnico de atletismo do CPB. Um dos responsáveis pela gestão do Centro Paraolímpico Brasileiro, ele diz que o complexo criado para treinamento e avaliação de atletas paradesportivos é de referência internacional e será um dos maiores legados da Paralimpíada do Rio 2016.

Com investimento de R$ 308 milhões, o centro ocupa 140 mil metros quadrados de área e tem hotel com 300 leitos adaptados aos para-atletas e treinadores. Instalado no Parque Fontes do Ipiranga, foi projetado para atender 15 modalidades paralímpicas e construído a partir de parceria entre a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Comitê Paralímpico Brasileiro e o Ministério do Esporte.

Atletismo

Claudiney Santos conquistou medalhas de prata nos Jogos de Londres 2012 e no Mundial Paralímpico disputado no Catar, em 2015, no arremesso de disco. Na sua avaliação, o Centro Paraolímpico representa um grande passo para a evolução nacional do esporte paralímpico. “As instalações favorecem a quebra de recordes e me dedico diariamente a superar minha melhor marca pessoal, de 42,09 metros”, pondera o atleta da categoria amputados.

Shirlene Coelho é outra promessa de medalha para o Brasil. Atleta com paralisia cerebral, integra a Seleção Brasileira permanente de atletismo. Ela estreou nos Jogos de Pequim 2008 e conquistou a medalha de prata no lançamento de dardo. Quatro anos depois, em Londres, levou o ouro com direito à quebra de recorde mundial e detém, atualmente, a marca de 37,86 metros, uma das melhores da modalidade.

Entrosamento

Monitorado por uma fotocélula, espécie de cronômetro que apura o desempenho de um corredor em diversos intervalos de uma prova, Felipe Gomes esmera-se nos treinos com seu guia, Jonas Alexandre, para as provas dos 100 metros, 200 metros, 400 metros e revezamento 4×100 metros.

“Ter guia é imprescindível. Ele sincroniza seus passos com os meus, orienta sobre os limites da pista e informa sobre qual ritmo devo adotar em cada etapa da prova”, explica o carioca Felipe, medalha de ouro nos 200 metros na Paralimpíada de Londres 2012 e no Mundial de Doha, no ano passado. “Nossos treinamentos diários ampliam o entrosamento e têm possibilitado aprimorar meus índices”, revela.

Serviço

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/06/2016. (PDF)