Pecuária leiteira paulista é destaque no Dia do Agricultor

Plano Mais Leite, Mais Renda, ação multissetorial da Secretaria da Agricultura e Abastecimento e parceiros, pretende integrar a cadeia láctea do Estado e incentivar o aumento da qualidade e da produtividade no prazo de dez anos

Como parte das homenagens ao Dia do Agricultor, celebrado hoje, 28, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SAA) e um grupo de parceiros (ver serviço) lançam o Plano Mais Leite, Mais Renda. Dedicada a integrar toda a cadeia produtiva do leite paulista e a aumentar sua produtividade e qualidade, a iniciativa multissetorial será apresentada a partir das 8 horas, no 2º Encontro Regional de Agricultores.

O evento da SAA e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Estado (Fetaesp) será realizado no Salão dos Vicentinos, Rua Ipiranga, 2.674, no Jardim Jussara, município de Dracena. A programação inclui a apresentação de algumas ações da rede de assistência ao produtor rural da secretaria, entre eles o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), do Instituto Biológico (IB), e também os atendimentos e financiamentos do Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).

Panorâmica

De acordo com o agrônomo da assessoria técnica da SAA, José Luiz Fontes, e o veterinário da Comissão de Bovinocultura da Cati, Carlos Pagani Netto, dois dos autores do Plano Mais Leite, Mais Renda, o lançamento consolida um diagnóstico global da pecuária leiteira paulista.

Iniciada em março do ano passado, essa avaliação incluiu visitas a propriedades rurais para ouvir os produtores e encontros para aproximá-los dessa atividade econômica sustentável, típica da agricultura familiar e presente em todas as regiões paulistas.

“Identificamos potencial de crescimento para os próximos anos. São Paulo é um grande comprador de leite e uma das propostas centrais do grupo gestor da ação é estimular o protagonismo dos integrantes da cadeia leiteira”, destacam.

O rebanho paulista tem 5,5 milhões de cabeças e produz 1,77 bilhão de litros por ano. A meta é crescer 3,5% ao ano e chegar aos 2 bilhões de litros anuais em 2027. “Pretendemos saltar de 1.380 litros de leite produzidos por uma vaca a cada ano (dado apurado em 2014 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE) para 2 mil litros anuais nos próximos dez anos”, analisam.

Estratégia

A íntegra do Plano Mais Leite, Mais Renda está disponível no site da SAA e também em uma comunidade do Facebook (ver serviço). Sua principal estratégia é ampliar o acesso dos produtores à rede da assistência técnica oferecida pela pasta.

Nesse sentido, destaca o agrônomo e secretário-executivo do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista/Banco do Agronegócio Familiar (Feap/Banagro), Fernando Penteado, uma das ações foi ampliar a relação de bens e serviços contemplados nos financiamentos (ver serviço).

“A proposta é agregar maior valor aos alimentos e derivados da bovinocultura leiteira do Estado. Das 29 opções atuais de crédito do Feap/Banagro, duas são exclusivas para o setor: Pecuária de Leite e Qualidade do Leite. Ambas financiam até R$ 200 mil, têm prazo de cinco anos para pagamento e carência de até um ano. Agora, as possibilidades aumentaram”, informa.

Segundo Penteado, o produtor poderá financiar projetos de irrigação, pastagem, silagem, cercamento, produção de queijo e manteiga, recuperação de áreas degradadas, tratamento de resíduos, melhorias em instalações, meios para proporcionar conforto e bem-estar animal, entre outros.

Retomada

O produtor Rodrigo Cavallo, de 41 anos, de Dracena, se diz muito esperançoso com o lançamento do Plano Mais Leite, Mais Renda. Em outubro de 2015, ele teve aprovado pedido de financiamento de R$ 150 mil pelo Feap, no âmbito do Projeto Integra SP.

Os recursos foram investidos para recuperar áreas degradadas, formar pastagens, construir sala de ordenha e comprar 18 vacas e equipamentos de conservação do leite. Na época, revela, seu desejo era retomar a tradição familiar, de produtor rural, e abandonar a vida de caminhoneiro, depois de dirigir por 17 anos.

“Minha vocação sempre foi trabalhar no campo. Para realizar esse sonho, tive total apoio e orientação da Casa da Agricultura, da Cati, de Dracena, e de todos os profissionais da SAA”, afirma. Em janeiro do ano passado, Rodrigo Cavallo iniciou a produção na propriedade do pai, a Chácara São Pedro. Ele, a esposa e os três filhos, de 4, 7 e 9 anos, residem no local, uma área de 12 hectares. A dívida com o Feap vai começar a ser quitada somente em outubro do ano que vem.

“O negócio está indo muito bem e consigo ter renda”, informa. Hoje ele tem 21 vacas e produz, em média, 260 litros de leite por dia. A produção é vendida para um laticínio de Monte Castelo, cidade vizinha. “Agora, com essas novas possibilidades de financiamento, pretendo produzir queijos e investir em silagens.”

Multidisciplinar

Além da Cati, o Plano Mais Leite, Mais Renda integra no grupo gestor os seguintes órgãos da SAA: Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA).

Ligadas ao Governo paulista, também participam instituições de outras secretarias de Estado, como a Fundação Instituto de Terras do Estado (Itesp), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista (FMVA-Unesp) e Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Botucatu (FMVZ-Unesp), além de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa e Sebrae. A lista completa de parceiros está disponível no site da SAA (ver serviço).

Serviço

Plano Mais Leite, Mais Renda (SAA)
Telefone (11) 5067-0063
E-mail saacomunica@sp.gov.br
Facebook

Feap/Banagro

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 28/07/2017. (PDF)

Centrofauna da Unesp reintroduz animais silvestres na natureza

Objetivo é devolver ao meio ambiente espécies capturadas ilegalmente em residências e propriedades rurais

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aprovou a criação do projeto Centrofauna, parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a iniciativa privada. Trata-se de um centro de triagem, localizado em Botucatu, que faz a reintrodução na natureza de animais silvestres capturados ilegalmente em residências e propriedades rurais.

“Quando o Ibama e a polícia ambiental realizam apreensões, os animais são temporariamente encaminhados para os centros de triagem autorizados pelo órgão”, explica o professor e idealizador do projeto Nabor Veiga, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zoologia (FMVZ – Unesp Botucatu).

Centrofauna é uma referência nacional no serviço. Ao chegar na instituição, o bicho recebe a identificação taxonômica e a denominação científica da espécie. Se não for uma variedade nativa, não poderá ser reintroduzida na natureza. O destino dela é um guardião doméstico reconhecido pelo Ibama ou então o exemplar é remetido para seu país de origem.

Centrofauna na internet

FMVZ está criando um site para divulgação das espécies encontradas. O Centrofauna terá também um estúdio fotográfico para produzir imagens de animais não identificados e divulgá-las na internet. “Só de aves, que representam 92% das apreensões, existem 9.600 espécies no mundo. Contamos com o auxílio de instituições de pesquisas e observadores amadores de aves para identificar as espécies não catalogadas”, afirma. O processo de reconhecimento deverá durar, no máximo, 48 horas.

Anéis nas pernas

Depois da catalogação, o próximo passo é o transporte dos bichos, com pequenos anéis colocados nas pernas para identificação (anilhas) para o setor de manutenção. Nele existem dois tipos de viveiros, para exemplares selvagens e outro para os bastante mansos. A partir daí, eles têm três possíveis destinos: pesquisa científica, reintrodução na natureza ou guardião doméstico.

Reintrodução na natureza

Os exemplares com baixo grau de mansidão serão reintroduzidos na natureza. O setor de avaliação de habitats visita e avalia as propriedades rurais cujos donos manifestaram interesse na soltura. A exigência mínima é que a propriedade esteja inserida numa bacia hidrográfica. “É feita uma análise da água, flora e fauna”. A reintrodução é um processo complexo, que considera a disponibilidade do animal fazer ninho e se alimentar.

“A soltura exige o estudo ambiental. Como o proprietário manifestou interesse em receber esse animal, se não houver condições nós vamos explicar a causa. Caso haja problemas na água ou flora da propriedade, podemos propor que ele participe de projetos, como por exemplo de reflorestamento de matas ciliares que existem na Unesp de Botucatu. Explicaremos que, naquele momento é impossível fazer a introdução do animal mas, se a propriedade for cuidada, dentro de algum tempo será possível.”

Guardião doméstico

Os interessados em ser guardiães domésticos deverão procurar a prefeitura de Botucatu. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente receberá os pedidos e os inscreverá o projeto. Estão aptos os cidadãos que queiram ter em casa um animal silvestre sem condições de retornar à natureza.

Os futuros guardiães serão treinados pelo setor de educação ambiental da FMVZ e os cursos serão ministrados nos fins de semana. “A pessoa que se prontificar a manter o animal receberá informações sobre profilaxia e alimentação.”

Quem quiser receber um animal precisa inicialmente construir um viveiro de acordo com as especificações do Centrofauna. Outra exigência é que o guardião doméstico estará obrigado a permitir inspeções das instalações e, quando o animal morrer, o guardião terá por obrigação devolver o cadáver do animal.

Biodiversidade

A atuação do Centrofauna é um exemplo de união entre instituições em busca de benefícios para a sociedade. Além da Unesp, Ibama, empresa Anidro, polícia ambiental e poder público municipal, o projeto também busca apoio do Poder Judiciário. Como a soltura dos animais só se dá mediante autorização judicial, os responsáveis pelo projeto estão fazendo um trabalho de conscientização junto a dez comarcas.

“Cada dia que o animal passa confinado nos viveiros representa uma situação de desconforto. Sabemos que as comarcas são sobrecarregadas, mas nós temos de sensibilizar promotores, juízes e funcionários, porque se trata de seres vivos”, afirma.

Nabor ressalta que além de zelar pela preservação da fauna nacional, o Centrofauna pode proporcionar novas possibilidades de atuação para os alunos nas áreas de etologia, ornitopatologia e identificação taxonômica. “Esperamos que os demais centros de triagem funcionem nesses moldes. O ganho é de toda a sociedade.”

Crime contra a fauna

As apreensões de animais silvestres são ocorrências policiais comuns. Por meio de denúncias anônimas ou blitz, os agentes chegam nas propriedades que têm animais para o comércio ilegal. Essas operações são mais frequentes do que a população imagina. Em termos de rentabilidade, depois do tráfico de armas e de drogas está o de animais silvestres, em terceiro lugar.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da FMVZ Unesp

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 19/03/2003. (PDF)