Adoção do cupom fiscal eletrônico avança no Estado

Tecnologia da Fazenda simplifica operação comercial e tributária; adesão obrigatória começa em 1º de julho e o cronograma de integração dos varejistas vai até 2020

A Secretaria Estadual da Fazenda dá mais um passo para a modernização de ações, combate à sonegação e aumento da transparência das transações comerciais realizadas por cidadãos e empresas. Apresenta como uma das principais medidas o projeto piloto do Sistema Autenticador e Transmissor de Cupons Fiscais Eletrônicos (SAT-CFe), em operação em 41 estabelecimentos comerciais da capital e do interior.

O SAT-CFe substituirá, até o fim de 2020, duas obrigações tributárias presentes no comércio varejista – com vantagens para contribuintes e empresas. Progressivamente, serão abandonados o Registro Eletrônico de Documentos Fiscais (REDF), programa de computador distribuído pela Fazenda, e o Emissor de Cupom Fiscal (ECF), aparelho com custo de R$ 1,7 mil (preço médio) usado para impressão dos comprovantes.

O SAT-CFe é um dispositivo com o software que gera e autentica, por meio de certificado digital próprio, o cupom fiscal eletrônico e o transmite de modo automático e on-line para a Fazenda. Atualmente, dois fabricantes, das marcas Dimep e Sweda, o produzem e fornecem para atacadistas. Além deles, mais cinco empresas seguem com processos de desenvolvimento e de homologação técnica de seus aparelhos nos órgãos certificadores credenciados pela secretaria estadual.

Como comprar

A lista de homologadores inclui o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI), e mais dois institutos credenciados: o Nacional de Telecomunicações (Inatel) e o de Tecnologia do Paraná (Tecpar), além da Fundação de Apoio à Capacitação em Tecnologia da Informação (Facti).

O preço médio do SAT-CFe para o comerciante é de R$ 1,2 mil – mas tende a diminuir, com a massificação. O equipamento somente funciona se estiver integrado a um software de gestão do negócio, que é um aplicativo comercial, disponível no mercado, cuja escolha fica a critério do varejista. Para ativá-lo, o usuário precisa acessar o site da Fazenda e informar o CNPJ e o número de série do equipamento utilizado.

Segurança

O dispositivo elimina a necessidade de cada terminal de venda ter um emissor de cupom acoplado. Isso possibilita ao comerciante montar uma rede local e concentrar todo o movimento do seu empreendimento em um único aparelho.

A tecnologia elimina tarefas manuais e periódicas exigidas atualmente pelo REDF, como, por exemplo, acumular papel e digitar dados de notas fiscais para remessa à Fazenda em arquivo de texto. Desse modo, previne erros, fraudes ou mesmo multas, que podem chegar a cem Unidades Fiscais do Estado (R$ 2,1 mil).

Essa sanção da Fazenda é aplicada quando um consumidor inscrito no programa da Nota Fiscal Paulista (NFP) denuncia o estabelecimento por não registrar no sistema a sua compra, dentro do período legal. No REDF, o prazo para o varejista fazer o registro, considerando o período de retificação, é de até 90 dias; com o SAT-CFe, eletrônico, mesmo que o sistema esteja off-line, a tolerância é de no máximo dez dias.

Adesão obrigatória

No Estado, o SAT-CFe tem adoção compulsória para os varejistas. A medida segue cronograma previsto na portaria CAT-147 da Fazenda, de 12/2012, e só exclui da adesão o Microempreendedor Individual (MEI), com faturamento anual que não supera R$ 60 mil.

O dispositivo é um ambiente virtual seguro, cuja proteção da comunicação é garantida pelas chaves de criptografia do certificado digital (e-CNPJ). Essa tecnologia é gratuita para o varejista e os certificados são expedidos pela Imprensa Oficial, órgão responsável no Estado de São Paulo pela tarefa.

O supervisor fiscal de Documentos Digitais da Fazenda, Marcelo Fernandez, explica que, para se adequar às novas regras tributárias, o varejista paulista tem duas opções para emitir seus cupons: a primeira é usar o SAT-CFe, e que pode ser a única escolha; entretanto, se ele optar pela Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica, deverá ter também um equipamento SAT-CFe como contingência, para operar quando estiver sem comunicação com a secretaria estadual.

“Entretanto, a decisão sobre qual solução ou modelo será adotado fica a critério de cada varejista”, esclarece.

A etapa inicial de adesão ao SAT-CFe começa em 1º de julho. Irão incorporar o sistema novos negócios abertos a partir dessa data, varejistas possuidores de aparelho ECF com mais de cinco anos de uso e mais 10 mil postos de combustíveis registrados no Estado.

Em 2016, a adoção obrigatória abrangerá todo estabelecimento varejista com faturamento de até R$ 100 mil no ano anterior. Em 2017, o limite cairá para R$ 80 mil e, em 2018, será reduzido para R$ 60 mil. Em 2019, só permanecerá fora do SAT-CFe quem tiver ECF até o dia 30 de junho do mesmo ano. Finalmente, em 2020, o cupom fiscal eletrônico estará padronizado em cerca de um milhão de estabelecimentos comerciais paulistas inscritos no ICMS.


Transparência e agilidade

Inaugurado em janeiro, o restaurante Sereia do Mar é um dos primeiros estabelecimentos comerciais no Estado de São Paulo a adotar a tecnologia SAT-CFe. Localizado em São Bernardo do Campo, Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o recém-inaugurado centro gastronômico é uma aposta dos empreendedores Denise Valverde, Cosmo Marciano e Flaviano Andrade.

Marciano diz aprovar o novo sistema de remessa de cupons fiscais e relata ter sido fácil treinar os funcionários que trabalham com pagamentos, e afirma que já o usam com desenvoltura. “O sistema é transparente. Permite ter a certeza de que pagamos impostos corretamente”.

Economia

O equipamento SAT-CFe do restaurante foi produzido pela Dimep – primeira empresa a ser homologada pela Fazenda. O diretor de operações da empresa paulista, Klauber Santos, comenta que o novo equipamento dispensa profissional específico (por exemplo, um contador) para remeter as informações ao Fisco.

“O SAT-CFe processa as informações no formato adequado ao adotado pelos computadores da Fazenda. Avalio que empresas de grande porte poderão economizar até R$ 3 milhões mensais usando essa tecnologia.”

A explicação, segundo Klauber, é o fato de o equipamento ser inviolável, dispensar manutenção e ser projetado para evitar fraudes. “Se alguém tentar abri-lo, ele se autodestrói, queimando chips internos. Além disso, envia mensagem para a Fazenda alertando sobre a tentativa de violação”, finaliza.


O que é a NFC-e?

A Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e) é um documento de validade jurídica garantida por assinatura digital utilizado nas operações comerciais de venda presencial, ou venda para entrega em domicílio. Ela substitui a nota fiscal de venda ao consumidor, modelo 2, e o cupom fiscal emitido por equipamento Emissor de Cupom Fiscal (ECF). As vantagens da NFC-e são a dispensa de homologação de seu software pelo Fisco e a simplificação de obrigações acessórias. Além de permitir a transmissão de dados em tempo real.

Para optar pela NFC-e, o varejista deve estar com a inscrição estadual regular, solicitar credenciamento na Fazenda e ter certificado digital padrão ICP-Brasil. O sistema funciona por meio de software, dispensa o uso de aparelhos e não exige autorização prévia do equipamento a ser utilizado.

Na NFC-e há integração de plataformas de vendas físicas e virtuais. Quando o consumidor faz a compra, o sistema encaminha uma requisição para os computadores da Fazenda, que aprova ou não a transação. O projeto segue em fase piloto no Estado – no dia 12 de fevereiro foi concluída a primeira transmissão de cupom fiscal com a plataforma.

A iniciativa de modernização tributária, de âmbito nacional, foi proposta em conjunto pela Fazenda de outros entes da federação, mas não tem, contudo, prazo e obrigatoriedade de adesão no Estado de São Paulo.


Do papel para o digital

O supervisor fiscal de Documentos Digitais da Secretaria da Fazenda, Marcelo Fernandez, comenta que o SAT-CFe desburocratiza operações rotineiras e atende a objetivos diversos. Um deles é diminuir o uso do papel nas transações, mantendo, porém, aspectos como segurança e privacidade na migração dos processos físicos para os eletrônicos.

A tecnologia funciona integrada com as bases de dados do Estado e permite operação off-line, caso ocorra falha de comunicação com a Fazenda. Ao ser restabelecido o sinal de internet, a sincronização das informações é realizada automaticamente, assim como todas as atualizações do programa no sistema operacional do aparelho.

O desenvolvimento dos documentos digitais eletrônicos na pasta começou em 2005. Desde então, sua adoção vem sendo estimulada em operações envolvendo os setores produtivos – transportadores, industriais, atacadistas e exportadores de bens e serviços para outros Estados e países. “O varejo era o último grupo da cadeia produtiva que faltava ser incorporado no combate à sonegação”, observou Fernandez.

QRCode

Com o SAT-CFe on-line e em operação, tão logo o cliente finaliza uma compra, é possível conferir – usando a câmera fotográfica do celular – a autenticidade do cupom fiscal.

Para possibilitar essa consulta, o consumidor precisa baixar e instalar em seu smartphone, com sistema operacional Apple ou Android, o aplicativo Consulta QRCode CF-e-SAT, distribuído gratuitamente pela Secretaria da Fazenda nas lojas de aplicativos das duas plataformas.

Para funcionar, o aplicativo Consulta QRCode CF-e-SAT exige acesso à internet. A conexão pode ser sem fio (wi-fi) ou 3G. De acordo com a disponibilidade e capacidade de tráfego de dados, a resposta do sistema da Fazenda à consulta será imediata.


Serviço

Sistema Autenticador e Transmissor de Cupons Fiscais Eletrônicos (SAT-CFe)
Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica (NFC-e)
Secretaria Estadual da Fazenda
Nota Fiscal Paulista (NFP)
Telefone 0800 170110 (ligação gratuita)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/03/2015. (PDF)

Serviços públicos e gratuitos na tela do celular

Prodesp reúne 17 aplicativos de diversos segmentos no Estado para usuários de smartphones; conheça os recursos disponíveis

Para ampliar as possibilidades de comunicação entre o poder público e o cidadão, a equipe de Produtos e Inovação da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp) iniciou, em maio de 2012, o conceito do aplicativo SP Serviços.

Quase três anos depois, o app gratuito, lançado em maio de 2014 pelo Governo paulista para celulares de última geração (smartphones), caiu no gosto dos usuários – foi baixado mais de 16 mil vezes.

O cientista da computação Gustavo Alberto, gerente de Produtos e Inovação da Prodesp, destaca que o SP Serviços é um dos cinco pilares do chamado Poupatempo 2ª Geração. A nova versão do programa visa a modernizar a estrutura de atendimento presencial e eletrônico ao cidadão e será lançada até o final deste semestre.

Ícones e categorias

O agregador desenvolvido pela Prodesp oferece 17 opções de aplicativos para serem adicionados no smartphone, com diferentes serviços das secretarias do Governo do Estado. Permite ao usuário instalar somente os que desejar, tocando nos ícones ou, ainda, localizando-os pelas categorias: Agropecuária (1 app), Cidadania (2), Educação (1), Finanças (1), Internacional (1), Moradia (2), Segurança (1), Transportes (4), Turismo (1) e Veículo (3) (relação completa abaixo).

O app da Prodesp está disponível para download em duas plataformas, porém com usos e possibilidades semelhantes. A primeira delas é na loja Google Play, para celulares de diversos fabricantes equipados com o sistema operacional Android, criado e distribuído pelo Google. A segunda é na App Store – central de aplicativos para iPhone, telefone da marca Apple que roda o sistema iOS. Não há, ainda, versão do programa para Windows Phone.

Diversidade

A lista atual do SP Serviços inclui os seguintes apps: Acessa SP; Casa Paulista; CDHU; Consulta GTA; CPTM oficial; DER-SP; Detran.SP; EMTU; EspiaAquiSP; Metrô de São Paulo; PGE-SP – Dívida Ativa; Secretaria Escolar Digital; SIC-SP; SP Global; Simulado Detran.SP; Unidades Consulares; Unidades Policiais de SP.

Até o final do ano, a Prodesp pretende lançar e integrar mais 13 apps, totalizando 30 aplicações. Dos 17 atuais, 15 foram desenvolvidos pela Prodesp e dois (Metrô e EMTU) pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos. Há, ainda, mais programas do Estado disponíveis para download nas lojas virtuais: o Leitor Danfe e o Verifica CFe, ambos da Secretaria da Fazenda, porém, ainda não foram incorporados ao agregador da Prodesp.

Desenvolvimento

O tempo médio de criação de um app na Prodesp é de dois meses. Esse trabalho é comandado pela desenhista industrial Andrea Jin, coordenadora de Inovação e Consultoria – equipe com dez profissionais (oito arquitetos de informação e dois designers) responsáveis por produzir e atualizar as versões das novas aplicações usando as ferramentas nativas de desenvolvimento do Android e do iOS.

Andrea ressalta que a Prodesp segue à disposição das secretarias de Estado interessadas em apps sob medida com seus serviços direcionados ao cidadão. É possível, também, adaptar e incorporar aplicativos já desenvolvidos ao SP Serviços e, inclusive, atender necessidades específicas, como, por exemplo, criar uma versão para iOS de um programa produzido na plataforma Android ou vice-versa.

Além de ampliar a interatividade e o acesso móvel da população a serviços públicos, Andrea destaca outra possibilidade de uso para a ferramenta da Prodesp. Por meio da chamada tecnologia push, os órgãos estaduais podem transmitir mensagens com imagens e texto de modo gratuito e on-line aos usuários que tenham baixado o aplicativo. A opção é uma alternativa às mensagens do tipo Short Message Service (SMS) – serviço cobrado pelas operadoras de telefonia.


Ecossistema de aplicativos

O Simulado Detran.SP foi o primeiro aplicativo a integrar a família de apps do SP Serviços. Foi desenvolvido em seis meses e lançado em agosto de 2013, resultado de projeto conjunto da Prodesp e o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP). Desde então, foram realizados 360 mil downloads do programa.

Jânio Loiola, diretor de atendimento ao cidadão do Detran.SP, conta que a proposta original era reproduzir na tela do smartphone o ambiente virtual do site do Detran.SP, local de origem do serviço, observando, porém, requisitos como utilização, privacidade, segurança, experiência de uso, abrangência de serviços, entre outros.

Bem-sucedida, a parceria entre os órgãos estaduais produziu, depois, um segundo app. Lançado em setembro de 2013, o Detran.SP foi baixado 353 mil vezes.

Avaliação

“O desenvolvimento de uma aplicação é um processo permanente e infinito. Exige atualização constante e inovação, como, por exemplo, oferecer, quando possível, execução offline do conteúdo”, salienta Jânio.

Outro cuidado fundamental, explica o diretor, é jamais deixar sem resposta um comentário ou dúvida registrado nas lojas Android e iOS pelo público. “A meta é obter de todos usuários a nota máxima, ou seja, cinco estrelas na avaliação”, finaliza.


No trem e na estrada

Fã de tecnologia e dono de um celular com sistema Android, o empresário de eventos Paulo Sebastião Camargo, morador do Jaçanã, zona norte da capital, instalou, logo depois do carnaval, o SP Serviços. “Devagar, vou testando todas as opções de aplicativos disponíveis no integrador”, explica.

Passageiro frequente dos ônibus da EMTU e trens do Metrô e CPTM, diz recorrer ao app logo pela manhã para definir os melhores itinerários para visitar clientes. Nos finais de semana, antes de viajar para o interior, também verifica no EspiaAquiSP as situações das rodovias. “É uma mão na roda. Sugeri à minha esposa e cunhada que também instalem nos seus celulares”, diz.


Conheça os aplicativos do SP Serviços

  • Acessa SP: Localize o infocentro mais próximo.
  • Casa Paulista: Informações sobre programas habitacionais com a participação da Pasta da Habitação.
  • Metrô: Endereços, horários, mapas dos arredores das estações e status das linhas.
  • PGE-SP Dívida Ativa: Com o CPF, número da CDA ou Renavam, verifique débitos inscritos.
  • Consulta GTA: Verifique a Guia de Trânsito Animal para transporte de rebanhos.
  • CPTM oficial: Informa em tempo real o status das linhas, mapas da rede ferroviária e horários de trens.
  • Secretaria Escolar Digital: Docentes podem controlar avisos, horários de aulas, frequência, etc.; alunos e pais podem consultar as informações.
  • SIC-SP: App do Sistema integrado de Informações ao Cidadão; traz dados da administração e andamento de pedidos.
  • DER-SP: Com o número do Renavam, consulte o andamento de multas e recursos.
  • Detran.SP: Verifique a pontuação da CNH, multas e restrições em veículos.
  • Simulado Detran.SP: Questões simulam a prova do órgão. Funciona também offline.
  • SP Global: Multilíngue, informa sobre acordos de cooperação e visitas de delegações.
  • EspiaAquiSP: Imagens em tempo real das rodovias do Estado, via DER, Dersa e concessionárias.
  • Unidades Consulares: Localização e envio de mensagens aos consulados e à Delegacia Especializada no Atendimento ao Turista.
  • EMTU: Rotas, tarifas e o tempo de percurso das linhas intermunicipais de ônibus.
  • Unidades Policiais de SP: Informa endereços e o posto mais próximo (Bombeiro, PM, Civil, Rodoviária, Ambiental, IML, IC).
  • CDHU: Serviços ao mutuário, gerar boleto de prestação, obter número do código de barras.

Serviço

Prodesp
E-mail: mobile.prodesp@sp.gov.br
Telefone (11) 2845-6430
Google Play
App Store

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/03/2015. (PDF)

Projetos potencializam inclusão digital e social

Acessa SP mantém rede que estimula iniciativas de cidadania nos infocentros do Estado; 2,2 mil propostas já foram registradas

No passado, inclusão digital. No presente, inclusão digital e social. Esse é o mote do Acessa São Paulo, programa de infocentros e de serviços tecnológicos gratuitos para o cidadão, criado em julho de 2000. No ano em que celebra o seu 15º aniversário, a ação executada pelo Estado, em parceria com as prefeituras, tem 3 milhões de usuários cadastrados e contabiliza 80 milhões de acessos presenciais em 840 postos espalhados no Estado.

Das 645 cidades paulistas, 597 têm postos ativos do Acessa São Paulo e, nas demais, novas unidades seguem em fase de instalação. A meta de seus gestores é finalizar o ano com, ao menos, um infocentro funcionando em cada um dos municípios.

O Acessa São Paulo surgiu como resposta estatal à explosão das lan houses – telecentros distribuídos pelo País com serviços pagos de uso de computadores e de banda larga. Atualmente, a ação paulista de inclusão digital se transformou em modelo, sendo replicada em outros países, como a Costa Rica.

Parcerias

Na capital e nas 38 cidades da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o Acessa é mantido 100% pelo Estado. O programa tem coordenação da Secretaria de Governo paulista e gestão da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp) e dois parceiros principais.

O primeiro é o Laboratório de Inclusão Digital e Educação Comunitária (Lidec) da Escola do Futuro da USP, corresponsável por diversas atividades, como a Rede de Projetos. O segundo, são as prefeituras.

No interior e litoral, a prefeitura cede espaço físico, seleciona e paga os monitores, que, na maioria das vezes, são servidores públicos municipais. O Estado fornece, em contrapartida, equipamentos, banda larga, programas de computador e mobiliário. Também capacita os monitores e acompanha a qualidade do atendimento.

A lista de endereços dos postos fica disponível no site do programa. Para usar os computadores e as redes sem fio (wi-fi), na maioria deles, o cidadão precisa se cadastrar apresentando um documento de identidade original com foto. A inscrição não demora mais do que um minuto.

Valor reconhecido

O Acessa São Paulo oferece mais de 6 mil PCs aos usuários. São 804 postos urbanos e 36 rurais, 30 Acessinhas (para crianças entre 4 e 10 anos) e quatro postos Super Acessas, em Jaboticabal, São Paulo, Vargem Grande do Sul e Votuporanga. Inclui, ainda, a Rede de Projetos (ver abaixo), oito oficinas tecnológicas, 32 minicursos a distância e formação pedagógica continuada, entre outros serviços.

O empenho dos gestores do programa e dos seus 1,1 mil monitores – profissionais responsáveis pelo atendimento ao público – obteve destaque internacional. O resultado foi o prêmio Acesso ao Conhecimento, concedido em outubro de 2013 pela fundação Bill & Melinda Gates, promovido pelo fundador da Microsoft, gigante mundial da indústria de informática.

Multiplicando

Considerado o Nobel da inclusão digital, o Acesso ao Conhecimento foi, na avaliação dos gestores, um reconhecimento à qualidade dos serviços prestados e, também, uma celebração do uso da tecnologia e da inovação em prol da sociedade. Um dos maiores exemplos foi a criação, em maio de 2003, da Rede de Projetos.

Trata-se de um conjunto de iniciativas livres, sociais, culturais, econômicas, pedagógicas, direcionadas à cidadania, executadas nos postos. Com o auxílio do monitor e de modo colaborativo, essas ações originais se aproveitam de todo o aparato à disposição na internet, como blogs, sites de vídeos, redes sociais e demais ferramentas de uso gratuito para ser executadas.

Os 2,2 mil projetos aprovados e demais conteúdos on-line da rede são registrados sob licença Creative Commons. Popular na comunidade do software livre, esse modelo inovador de cessão de direito autoral permite aos autores definir as condições de uso e reprodução de sua propriedade intelectual. Assim, é possível consultar qualquer projeto e se inspirar nele para adaptá-lo livremente ou replicá-lo de acordo com a realidade e demandas de quaisquer comunidades.

Potencializar

Para inscrever uma proposta, basta preencher formulário on-line no site da Rede de Projetos (ver serviço) e enviá-lo à curadoria da Escola do Futuro da USP. A resposta ao autor, com a aprovação ou, ainda, sugestão de adequação às normas, demora no máximo uma semana.

O autor pode ser qualquer cidadão, monitor de posto, representante de grupos de estudo e de projetos culturais, etc. Cada projeto é classificado em uma das 16 áreas temáticas disponíveis.

“Não há limites na Rede de Projetos. O conceito básico é fazer dos postos um ponto de encontro para potencializar pessoas e suas ideias”, comenta Érica Campanha, responsável pelo serviço. “O site da rede funciona como vitrine dos projetos e possibilita interação e aprimoramento permanente deles”, observa Érica, acompanhada de Geová Junior, da equipe de comunicação da rede.

Visibilidade

De acordo com as regras do Acessa São Paulo, as atividades ligadas aos projetos da rede podem ocupar até 30% do horário total de atendimento nos postos. Todo monitor é estimulado a inscrever projetos e, se possível, de impacto social em sua comunidade.

A rede não financia projetos, mas se faltar dinheiro para pôr em prática uma ação, o caminho recomendado são os sites de financiamento coletivo (crowdfunding), como o Catarse e os editais públicos de captação (ver serviço). O site da Rede de Projetos divulga links para diversas oportunidades afins e orienta sobre como pedir o recurso.

Uma das principais opções de financiamento é o Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria Estadual de Cultura. Outra opção recomendada é o programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), da prefeitura da capital.

Prêmio

Segundo Érica, a principal motivação do monitor para inscrever projetos costuma ser sua evolução pessoal e profissional. Outro estímulo, aponta, é a visibilidade e o prestígio conquistado com os pares, com reconhecimento do impacto social validado pela comissão julgadora do Prêmio Acessa São Paulo, cuja quinta edição será no segundo semestre.

No Estado, a repercussão do trabalho executado nos postos segue reconhecida. Dos sete finalistas do Prêmio Mario Covas 2014 na categoria Cidadania em Rede, cinco eram projetos da rede do Acessa. Além disso, todos os anos os monitores participam de concursos internacionais, como o Changemakers, da Ashoka, associação global de empreendedores e transformadores sociais.


Música depois do expediente integra jovens

Sabe o Jaçanã? Sim, o simpático bairro da zona norte da capital, eternizado por Adoniran Barbosa (1910-1982) na memorável Trem das Onze, canção inspirada na rota ferroviária São Paulo-Guarulhos. Se vivo fosse, certamente o pai do samba paulistano se orgulharia do projeto cultural e social montado por Thiago Araújo, monitor desde 2007 do posto do Acessa do CIC Norte (Centro de Integração da Cidadania Jova Rural).

Violonista autodidata, Thiago toca percussão, teclados, guitarra, contrabaixo e violino. Dedicado e criativo, desenvolveu método próprio de aprendizagem e de ensino musical. Sua iniciativa voluntária, iniciada em 2011 e recém-inscrita na Rede de Projetos, surgiu da paixão comum pela música, compartilhada com o talento nato dos garotos do Jaçanã e de Guarulhos, assíduos do posto, localizado na divisa da capital com a cidade vizinha e próximo da Rodovia Fernão Dias (BR-381).

Aprendizado conjunto

“Para tocar uma música, o primeiro passo é ouvi-la à exaustão, e assim aprender as escalas e decodificar batida, melodia e ritmo”, explica Thiago. Durante o horário de atendimento do posto, ele conquistou o respeito e a amizade dos meninos, interessados inicialmente em baixar músicas, cifras e partituras da internet para estudar em casa.

Depois do expediente, Thiago os convidava a permanecer no CIC para cantar e ouvir canções ao violão sugeridas por eles. Desse modo, os incentivava a evoluir, com o conceito de estudar, aprender e trazer mais amigos para compor o grupo musical.

Atualmente, o grupo tem 14 componentes – moradores do Jaçanã, exceto Felipe Oliveira, que é de Guarulhos e trabalha como monitor do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) do CIC.

Repertório eclético

Sem preconceitos musicais, o repertório é variado, com releituras e composições próprias. Todos tocam ou cantam, inclusive em japonês, trilhas sonoras de animes, como Haruka Kanata, tema de Naruto, desenho animado de origem nipônica.

O playlist tem outras inovações com uma versão heavy metal de Morango do Nordeste, canção popular de Lairton e seus Teclados. Há ainda o tema do Yoshi, dinossaurinho amigo do Super Mário, músicas de Beatles, Metallica, Iron Maiden e, finalmente, o Rock das aranhas, megahit de Raul Seixas, um dos maiores roqueiros brasileiros, cuja gravação em vídeo será a aposta do grupo para arrecadar R$ 2 mil por financiamento coletivo (crowdfunding) e comprar mais instrumentos (bateria e baixo acústico) e um amplificador.

Welington Donizete, de 18 anos, foi o primeiro aluno. Trouxe então Igor Santiago, de 19, e depois vieram amigos que trouxeram mais amigos, como Bruno Ataíde, de 24 anos, Isaque Marcílio, de 15, Paulo Simas, de 17, e a lista não parou mais de crescer.

Repercussão

Para participar das aulas, basta conversar com o monitor Thiago. Ele vê a música como um dom espiritual, caminho para o autoconhecimento para evitar más influências, assim como ponte para fazer amizades.

Thiago conta que não teve dificuldade para inscrever seu curso na rede. Redigiu o texto em uma tarde e, na outra, o projeto estava aprovado. Espantado com a repercussão da iniciativa, se diz “grato ao pessoal do CIC e do Acessa São Paulo, que segue apoiando a ação”, conta orgulhoso.


Comunidade presente no Núcleo Jacuí

Moradora de São Miguel Paulista, zona leste da capital, Francisca dos Santos se encantou com os serviços oferecidos pelo Acessa São Paulo do núcleo Vila Jacuí. Pouco familiarizada com a informática, Fran, como é conhecida, trabalhava como ascensorista do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Com afinco e dedicação, conseguiu aprender o bê-á-bá da tecnologia nos computadores do infocentro.

Com o conhecimento adquirido, vislumbrou novas possibilidades, como se tornar monitora do posto que um dia a acolheu. Sua meta era ajudar outros adultos da região nos primeiros passos no mundo digital a repetir a sua trajetória, repleta de avanços profissionais e pessoais.

Apoios e conexões

Uma série de encontros entre o público frequentador do parque e os gestores da área verde permitiu identificar as necessidades dos moradores. Uma das principais era a inclusão digital – sob essa justificativa, Fran deixou de comandar elevadores e passou a ensinar as pessoas da comunidade a digitar textos, criar pastas e diretórios no sistema, enviar e-mails e, finalmente, criar um perfil no Facebook para interagir com amigos e familiares.

Em todos os seus passos, Fran teve o apoio “decisivo” de Edson Depetri, coordenador do Acessa no posto Jacuí. Ele conta que o projeto bem-sucedido de inclusão digital é simples e pode ser replicado em outros postos. “Sigo à disposição para colaborar com quem precisar”, diz.

Ideia engatilhada

Na capacitação obrigatória, que antecede o atendimento ao público, Fran estruturou as bases de seu projeto de inclusão digital. Em abril de 2013, duas semanas após assumir a nova função, formalizou sua ideia na Rede de Projetos. Desde então, o curso com duração de 20 aulas formou cem pessoas em sete turmas.

A capacitação expede certificado e tem festa de formatura para os concluintes. Muitos deles expressam sua gratidão com recortes no mural do infocentro – todos digitados pelos ex-alunos. Os textos relatam as impressões e conquistas obtidas com o curso e são, para Fran, um orgulho para todos da região e prova do sucesso da iniciativa.

Círculo virtuoso

Com o tempo, os progressos dos primeiros formandos atraíram mais público para a capacitação. Maria Eurides dos Santos ficou empolgada com a desenvoltura no teclado e mouse que seu marido, João dos Santos, adquirira na turma anterior. Em sua terceira aula, sente-se mais segura para ligar o computador sem medo de danificá-lo. Novamente incentivado pelas duas filhas, o casal acabou de comprar o primeiro computador da residência.

Alzenira Otávio, de 50 anos, colega de turma de Maria, contou que seu filho ganhou um PC, mas nunca teve tempo para ensiná-la. Disposta a aprender as técnicas para trocar correspondência com primas que moram no Maranhão, se inscreveu no curso. “Depois da caminhada matinal no parque, aproveito para aprender. Está sendo ótimo”, comenta sorridente.

Também matriculado, Dirceu dos Santos, de 37 anos, é porteiro e vigia do Parque Jacuí. Nas horas vagas, mantém um mercadinho, no Jardim Helena, em sociedade com a esposa. “Nunca pude aprender informática. Estou adorando”, conta o microempreendedor, cuja meta é aproveitar os novos conhecimentos no seu negócio.

História e instalações

Com 170 mil metros quadrados, o núcleo Vila Jacuí (Unidade de Lazer Engenheiro Antônio Arnaldo de Queiroz e Silva) é administrado pelo DAEE. Foi o primeiro espaço público de lazer, cultura, recreação e educação ambiental do projeto Parque Várzeas do Tietê, cuja proposta do Estado é construir mais 32 centros com o mesmo perfil na região.

Inaugurado em março de 2010, o parque é uma compensação ambiental pela extensão da Avenida Jacu-Pêssego até o trecho sul do Rodoanel. A área verde tem projeto arquitetônico de Ruy Ohtake.

Localizado na Vila Jacuí, zona leste, fica próximo à estação São Miguel da CPTM. Oferece ao público dois campos de futebol, três quadras poliesportivas, pistas de bicicross e skate, campo para vôlei de praia, áreas para recreação, 12 quiosques com churrasqueiras, salão de festas, vestiários e sanitários, núcleo de educação ambiental, equipamentos de ginástica e centro de atividades para a terceira idade, incluindo pista asfaltada de 1,6 quilômetro para caminhada e corrida.

Serviço

Acessa São Paulo
Rede de Projetos
Telefone (11) 3091-6366
E-mail rededeprojetos@gmail.com
Financiamento on-line de projetos – Catarse

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/02/2015. (PDF)