USP São Carlos cria equipamento com tecnologia inclusiva para cegos

Protótipo baseado em ondas de ultrassom complementa o uso da bengala tátil e alerta o deficiente visual sobre objetos situados a uma distância de até 4 metros no ambiente

Inovar na área de tecnologia inclusiva, aproveitando o conhecimento científico disponível para criar aplicações e sistemas inéditos. Com esse propósito, um grupo de pesquisadores liderados pelo engenheiro elétrico da Universidade de São Paulo (USP), câmpus de São Carlos, Francisco Monaco, criou um protótipo para auxiliar pessoas com deficiência visual.

O conjunto recebeu o nome de SoundSee e a tecnologia, da área de sistemas adaptativos, segue em desenvolvimento desde o primeiro semestre de 2013 no Departamento de Sistemas de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP.

Portátil, o equipamento é composto pela unidade central de comando, um par de fones de ouvido e três sensores. O primeiro deles, o dianteiro, funciona afixado na altura do peito do usuário, podendo ficar no bolso da camisa; os outros dois, laterais, são acoplados nas alças de uma mochila ou nas mangas da roupa (camisa, camiseta, vestido, etc.).

Alertas

Segundo o professor Monaco, as ondas de ultrassom emitidas pelos sensores criam uma espécie de funil de detecção do ambiente. Em um raio de 60 graus, o sistema retorna, em tempo real, informações sobre objetos no ambiente com até 4 metros de altura. Conforme a pessoa cega caminha e aproxima-se de anteparos, passa a receber alertas sonoros que aumentam de intensidade.

“O SoundSee foi projetado para complementar a bengala tátil usada pelo cego. Por meio da bengala, ele consegue saber o que há no chão à sua frente; com a tecnologia, a pessoa consegue saber, sem tocar, o que está ao seu redor acima da sua linha de cintura”, detalha.

Localização

“O funcionamento é semelhante ao dos sensores de ré instalados nos para-choques e para-lamas de alguns veículos”, explica Monaco. “Entretanto, o SoundSee, além de apitar com a aproximação, indica a localização tridimensional do objeto”, acrescenta. Essa percepção espacial, explica o professor, é uma funcionalidade decorrente de um algoritmo sofisticado empregado nessa tecnologia.

O professor Monaco comenta que, na visão humana, a informação obtida em cada um dos olhos ajuda a formar as imagens e dá as noções de tridimensionalidade e de profundidade. Com a audição, esse processamento é semelhante, sendo possível identificar a origem de um som pelo fato de sua recepção ocorrer de modo diferente e complementar em cada um dos ouvidos.

Ajustes

Morador de São Carlos, o engenheiro civil Inácio Medeiros é cego e foi uma espécie de piloto de testes do SoundSee. Segundo o professor, ele segue como importante colaborador do protótipo, por informar a equipe de desenvolvimento, sobre como um deficiente visual se orienta, localiza e percebe o ambiente ao seu redor, além de auxiliar nos ajustes do sistema sonoro.

Sem financiamento externo, o primeiro protótipo do SoundSee foi produzido com recursos internos da USP. É o resultado do trabalho conjunto de sete cientistas, em um grupo formado por alunos de graduação, de pós-graduação e pesquisadores do ICMC e de outros centros de pesquisa.

A produção da tecnologia foi detalhada em um artigo, que foi encaminhado para aprovação e publicação em duas revistas científicas. A maior parte da programação foi realizada em código aberto (Open Source), de uso livre, e a documentação do protótipo segue à disposição para consulta no site do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Software Livre (NAPSoL), cuja sede física fica no ICMC-USP.

O NAPSoL auxilia projetos de software livre desenvolvidos na USP, e, particularmente, os do Centro de Competência em Software Livre (CCSL). O núcleo apoia igualmente trabalhos cujos temas sejam relacionados à qualidade e ao processo de desenvolvimento de programas de código aberto, visando ao seu uso nos setores público e privado.

Serviço

ICMC-USP
E-mail – monaco@icmc.usp.br
Telefone (16) 3373-9666

NAPSoL
Reportagem (em vídeo) sobre o SoundSee

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/07/2016. (PDF)

Projetos potencializam inclusão digital e social

Acessa SP mantém rede que estimula iniciativas de cidadania nos infocentros do Estado; 2,2 mil propostas já foram registradas

No passado, inclusão digital. No presente, inclusão digital e social. Esse é o mote do Acessa São Paulo, programa de infocentros e de serviços tecnológicos gratuitos para o cidadão, criado em julho de 2000. No ano em que celebra o seu 15º aniversário, a ação executada pelo Estado, em parceria com as prefeituras, tem 3 milhões de usuários cadastrados e contabiliza 80 milhões de acessos presenciais em 840 postos espalhados no Estado.

Das 645 cidades paulistas, 597 têm postos ativos do Acessa São Paulo e, nas demais, novas unidades seguem em fase de instalação. A meta de seus gestores é finalizar o ano com, ao menos, um infocentro funcionando em cada um dos municípios.

O Acessa São Paulo surgiu como resposta estatal à explosão das lan houses – telecentros distribuídos pelo País com serviços pagos de uso de computadores e de banda larga. Atualmente, a ação paulista de inclusão digital se transformou em modelo, sendo replicada em outros países, como a Costa Rica.

Parcerias

Na capital e nas 38 cidades da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o Acessa é mantido 100% pelo Estado. O programa tem coordenação da Secretaria de Governo paulista e gestão da Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp) e dois parceiros principais.

O primeiro é o Laboratório de Inclusão Digital e Educação Comunitária (Lidec) da Escola do Futuro da USP, corresponsável por diversas atividades, como a Rede de Projetos. O segundo, são as prefeituras.

No interior e litoral, a prefeitura cede espaço físico, seleciona e paga os monitores, que, na maioria das vezes, são servidores públicos municipais. O Estado fornece, em contrapartida, equipamentos, banda larga, programas de computador e mobiliário. Também capacita os monitores e acompanha a qualidade do atendimento.

A lista de endereços dos postos fica disponível no site do programa. Para usar os computadores e as redes sem fio (wi-fi), na maioria deles, o cidadão precisa se cadastrar apresentando um documento de identidade original com foto. A inscrição não demora mais do que um minuto.

Valor reconhecido

O Acessa São Paulo oferece mais de 6 mil PCs aos usuários. São 804 postos urbanos e 36 rurais, 30 Acessinhas (para crianças entre 4 e 10 anos) e quatro postos Super Acessas, em Jaboticabal, São Paulo, Vargem Grande do Sul e Votuporanga. Inclui, ainda, a Rede de Projetos (ver abaixo), oito oficinas tecnológicas, 32 minicursos a distância e formação pedagógica continuada, entre outros serviços.

O empenho dos gestores do programa e dos seus 1,1 mil monitores – profissionais responsáveis pelo atendimento ao público – obteve destaque internacional. O resultado foi o prêmio Acesso ao Conhecimento, concedido em outubro de 2013 pela fundação Bill & Melinda Gates, promovido pelo fundador da Microsoft, gigante mundial da indústria de informática.

Multiplicando

Considerado o Nobel da inclusão digital, o Acesso ao Conhecimento foi, na avaliação dos gestores, um reconhecimento à qualidade dos serviços prestados e, também, uma celebração do uso da tecnologia e da inovação em prol da sociedade. Um dos maiores exemplos foi a criação, em maio de 2003, da Rede de Projetos.

Trata-se de um conjunto de iniciativas livres, sociais, culturais, econômicas, pedagógicas, direcionadas à cidadania, executadas nos postos. Com o auxílio do monitor e de modo colaborativo, essas ações originais se aproveitam de todo o aparato à disposição na internet, como blogs, sites de vídeos, redes sociais e demais ferramentas de uso gratuito para ser executadas.

Os 2,2 mil projetos aprovados e demais conteúdos on-line da rede são registrados sob licença Creative Commons. Popular na comunidade do software livre, esse modelo inovador de cessão de direito autoral permite aos autores definir as condições de uso e reprodução de sua propriedade intelectual. Assim, é possível consultar qualquer projeto e se inspirar nele para adaptá-lo livremente ou replicá-lo de acordo com a realidade e demandas de quaisquer comunidades.

Potencializar

Para inscrever uma proposta, basta preencher formulário on-line no site da Rede de Projetos (ver serviço) e enviá-lo à curadoria da Escola do Futuro da USP. A resposta ao autor, com a aprovação ou, ainda, sugestão de adequação às normas, demora no máximo uma semana.

O autor pode ser qualquer cidadão, monitor de posto, representante de grupos de estudo e de projetos culturais, etc. Cada projeto é classificado em uma das 16 áreas temáticas disponíveis.

“Não há limites na Rede de Projetos. O conceito básico é fazer dos postos um ponto de encontro para potencializar pessoas e suas ideias”, comenta Érica Campanha, responsável pelo serviço. “O site da rede funciona como vitrine dos projetos e possibilita interação e aprimoramento permanente deles”, observa Érica, acompanhada de Geová Junior, da equipe de comunicação da rede.

Visibilidade

De acordo com as regras do Acessa São Paulo, as atividades ligadas aos projetos da rede podem ocupar até 30% do horário total de atendimento nos postos. Todo monitor é estimulado a inscrever projetos e, se possível, de impacto social em sua comunidade.

A rede não financia projetos, mas se faltar dinheiro para pôr em prática uma ação, o caminho recomendado são os sites de financiamento coletivo (crowdfunding), como o Catarse e os editais públicos de captação (ver serviço). O site da Rede de Projetos divulga links para diversas oportunidades afins e orienta sobre como pedir o recurso.

Uma das principais opções de financiamento é o Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria Estadual de Cultura. Outra opção recomendada é o programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), da prefeitura da capital.

Prêmio

Segundo Érica, a principal motivação do monitor para inscrever projetos costuma ser sua evolução pessoal e profissional. Outro estímulo, aponta, é a visibilidade e o prestígio conquistado com os pares, com reconhecimento do impacto social validado pela comissão julgadora do Prêmio Acessa São Paulo, cuja quinta edição será no segundo semestre.

No Estado, a repercussão do trabalho executado nos postos segue reconhecida. Dos sete finalistas do Prêmio Mario Covas 2014 na categoria Cidadania em Rede, cinco eram projetos da rede do Acessa. Além disso, todos os anos os monitores participam de concursos internacionais, como o Changemakers, da Ashoka, associação global de empreendedores e transformadores sociais.


Música depois do expediente integra jovens

Sabe o Jaçanã? Sim, o simpático bairro da zona norte da capital, eternizado por Adoniran Barbosa (1910-1982) na memorável Trem das Onze, canção inspirada na rota ferroviária São Paulo-Guarulhos. Se vivo fosse, certamente o pai do samba paulistano se orgulharia do projeto cultural e social montado por Thiago Araújo, monitor desde 2007 do posto do Acessa do CIC Norte (Centro de Integração da Cidadania Jova Rural).

Violonista autodidata, Thiago toca percussão, teclados, guitarra, contrabaixo e violino. Dedicado e criativo, desenvolveu método próprio de aprendizagem e de ensino musical. Sua iniciativa voluntária, iniciada em 2011 e recém-inscrita na Rede de Projetos, surgiu da paixão comum pela música, compartilhada com o talento nato dos garotos do Jaçanã e de Guarulhos, assíduos do posto, localizado na divisa da capital com a cidade vizinha e próximo da Rodovia Fernão Dias (BR-381).

Aprendizado conjunto

“Para tocar uma música, o primeiro passo é ouvi-la à exaustão, e assim aprender as escalas e decodificar batida, melodia e ritmo”, explica Thiago. Durante o horário de atendimento do posto, ele conquistou o respeito e a amizade dos meninos, interessados inicialmente em baixar músicas, cifras e partituras da internet para estudar em casa.

Depois do expediente, Thiago os convidava a permanecer no CIC para cantar e ouvir canções ao violão sugeridas por eles. Desse modo, os incentivava a evoluir, com o conceito de estudar, aprender e trazer mais amigos para compor o grupo musical.

Atualmente, o grupo tem 14 componentes – moradores do Jaçanã, exceto Felipe Oliveira, que é de Guarulhos e trabalha como monitor do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) do CIC.

Repertório eclético

Sem preconceitos musicais, o repertório é variado, com releituras e composições próprias. Todos tocam ou cantam, inclusive em japonês, trilhas sonoras de animes, como Haruka Kanata, tema de Naruto, desenho animado de origem nipônica.

O playlist tem outras inovações com uma versão heavy metal de Morango do Nordeste, canção popular de Lairton e seus Teclados. Há ainda o tema do Yoshi, dinossaurinho amigo do Super Mário, músicas de Beatles, Metallica, Iron Maiden e, finalmente, o Rock das aranhas, megahit de Raul Seixas, um dos maiores roqueiros brasileiros, cuja gravação em vídeo será a aposta do grupo para arrecadar R$ 2 mil por financiamento coletivo (crowdfunding) e comprar mais instrumentos (bateria e baixo acústico) e um amplificador.

Welington Donizete, de 18 anos, foi o primeiro aluno. Trouxe então Igor Santiago, de 19, e depois vieram amigos que trouxeram mais amigos, como Bruno Ataíde, de 24 anos, Isaque Marcílio, de 15, Paulo Simas, de 17, e a lista não parou mais de crescer.

Repercussão

Para participar das aulas, basta conversar com o monitor Thiago. Ele vê a música como um dom espiritual, caminho para o autoconhecimento para evitar más influências, assim como ponte para fazer amizades.

Thiago conta que não teve dificuldade para inscrever seu curso na rede. Redigiu o texto em uma tarde e, na outra, o projeto estava aprovado. Espantado com a repercussão da iniciativa, se diz “grato ao pessoal do CIC e do Acessa São Paulo, que segue apoiando a ação”, conta orgulhoso.


Comunidade presente no Núcleo Jacuí

Moradora de São Miguel Paulista, zona leste da capital, Francisca dos Santos se encantou com os serviços oferecidos pelo Acessa São Paulo do núcleo Vila Jacuí. Pouco familiarizada com a informática, Fran, como é conhecida, trabalhava como ascensorista do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). Com afinco e dedicação, conseguiu aprender o bê-á-bá da tecnologia nos computadores do infocentro.

Com o conhecimento adquirido, vislumbrou novas possibilidades, como se tornar monitora do posto que um dia a acolheu. Sua meta era ajudar outros adultos da região nos primeiros passos no mundo digital a repetir a sua trajetória, repleta de avanços profissionais e pessoais.

Apoios e conexões

Uma série de encontros entre o público frequentador do parque e os gestores da área verde permitiu identificar as necessidades dos moradores. Uma das principais era a inclusão digital – sob essa justificativa, Fran deixou de comandar elevadores e passou a ensinar as pessoas da comunidade a digitar textos, criar pastas e diretórios no sistema, enviar e-mails e, finalmente, criar um perfil no Facebook para interagir com amigos e familiares.

Em todos os seus passos, Fran teve o apoio “decisivo” de Edson Depetri, coordenador do Acessa no posto Jacuí. Ele conta que o projeto bem-sucedido de inclusão digital é simples e pode ser replicado em outros postos. “Sigo à disposição para colaborar com quem precisar”, diz.

Ideia engatilhada

Na capacitação obrigatória, que antecede o atendimento ao público, Fran estruturou as bases de seu projeto de inclusão digital. Em abril de 2013, duas semanas após assumir a nova função, formalizou sua ideia na Rede de Projetos. Desde então, o curso com duração de 20 aulas formou cem pessoas em sete turmas.

A capacitação expede certificado e tem festa de formatura para os concluintes. Muitos deles expressam sua gratidão com recortes no mural do infocentro – todos digitados pelos ex-alunos. Os textos relatam as impressões e conquistas obtidas com o curso e são, para Fran, um orgulho para todos da região e prova do sucesso da iniciativa.

Círculo virtuoso

Com o tempo, os progressos dos primeiros formandos atraíram mais público para a capacitação. Maria Eurides dos Santos ficou empolgada com a desenvoltura no teclado e mouse que seu marido, João dos Santos, adquirira na turma anterior. Em sua terceira aula, sente-se mais segura para ligar o computador sem medo de danificá-lo. Novamente incentivado pelas duas filhas, o casal acabou de comprar o primeiro computador da residência.

Alzenira Otávio, de 50 anos, colega de turma de Maria, contou que seu filho ganhou um PC, mas nunca teve tempo para ensiná-la. Disposta a aprender as técnicas para trocar correspondência com primas que moram no Maranhão, se inscreveu no curso. “Depois da caminhada matinal no parque, aproveito para aprender. Está sendo ótimo”, comenta sorridente.

Também matriculado, Dirceu dos Santos, de 37 anos, é porteiro e vigia do Parque Jacuí. Nas horas vagas, mantém um mercadinho, no Jardim Helena, em sociedade com a esposa. “Nunca pude aprender informática. Estou adorando”, conta o microempreendedor, cuja meta é aproveitar os novos conhecimentos no seu negócio.

História e instalações

Com 170 mil metros quadrados, o núcleo Vila Jacuí (Unidade de Lazer Engenheiro Antônio Arnaldo de Queiroz e Silva) é administrado pelo DAEE. Foi o primeiro espaço público de lazer, cultura, recreação e educação ambiental do projeto Parque Várzeas do Tietê, cuja proposta do Estado é construir mais 32 centros com o mesmo perfil na região.

Inaugurado em março de 2010, o parque é uma compensação ambiental pela extensão da Avenida Jacu-Pêssego até o trecho sul do Rodoanel. A área verde tem projeto arquitetônico de Ruy Ohtake.

Localizado na Vila Jacuí, zona leste, fica próximo à estação São Miguel da CPTM. Oferece ao público dois campos de futebol, três quadras poliesportivas, pistas de bicicross e skate, campo para vôlei de praia, áreas para recreação, 12 quiosques com churrasqueiras, salão de festas, vestiários e sanitários, núcleo de educação ambiental, equipamentos de ginástica e centro de atividades para a terceira idade, incluindo pista asfaltada de 1,6 quilômetro para caminhada e corrida.

Serviço

Acessa São Paulo
Rede de Projetos
Telefone (11) 3091-6366
E-mail rededeprojetos@gmail.com
Financiamento on-line de projetos – Catarse

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/02/2015. (PDF)

O trânsito na tela do celular

 Aplicativo que informa as condições do trânsito, criado por alunos do ICMC (USP de São Carlos), deve ser lançado até o fim de maio

Um aplicativo para informar, em tempo real, as condições de trânsito e a velocidade média de deslocamento nas vias da capital. Esse é o principal objetivo do tranSPlot, programa gratuito para computadores e celulares desenvolvido por um trio de alunos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP São Carlos.

O aplicativo é uma criação dos universitários Giovanni Marques, Fabio Dela Antonio e José Eduardo Colabardini, além do técnico em informática Danilo Carolino. Em fase de finalização, seus criadores pretendem oferecê-lo para cópia gratuita (download), até o fim de maio, nas lojas Apple Store (para iPhone) e Google Play (para Android).

O tranSPlot opera combinando dados coletados em tempo real dos celulares dos próprios usuários com informações obtidas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que cuida do trânsito na capital, a partir de câmeras de monitoramento espalhadas pela cidade.

Maratona hacker

Batizada de Bad Request, a equipe da USP São Carlos disputou com outras 40 o título da 1ª Hackatona e conquistou o 3º lugar e um prêmio de R$ 5 mil com o projeto. Promovida pela CET, a competição de 28 horas ininterruptas de duração desafiou, nos dias 22 e 23, programadores e interessados na criação de softwares a desenvolver um app para auxiliar a mobilidade urbana.

Projetado para quem anda a pé, de transporte público, de carro ou de moto, em São Paulo, o aplicativo calcula a velocidade média nas vias em três plataformas. A primeira delas, para computador, informa por meio de um site da internet sobre o trânsito para quem não tem celular de última geração (smartphone).

As outras duas são para smartphones das linhas Apple (a partir do iPhone 4) e Android (diversos modelos e marcas), desde a versão 2.3 do sistema operacional distribuído pelo Google. Esses aparelhos têm como característica receber e enviar dados em tempo real pelas redes móveis de telefonia, o popular serviço de 3G vendido pelas operadoras de telefonia.

Mais gente, mais qualidade

Giovanni Marques, integrante do trio premiado do ICMC-USP, explica que o conceito do tranSPlot é coletar por meio dos celulares e processar em tempo real as informações de tráfego em ruas que não dispõem das câmeras de monitoramento da CET. A ideia é ampliar, com os dados vindos pela rede 3G, as informações dos mapas de trânsito e permitir uma visão mais geral da situação das vias da cidade. O sistema pinta de vermelho as ruas onde a fluidez do trânsito está mais lenta e, de verde, onde está mais rápida.

“O tranSPlot é um software livre e usa uma base de dados aberta, que pode ser consultada na Web por qualquer pessoa ou programador. Assim, o código-fonte pode ser melhorado ou, então, adaptado para quaisquer outras grandes cidades ou capitais”, explica Giovanni. Além disso, quanto mais pessoas utilizarem o aplicativo, melhor será a qualidade da informação fornecida e mais pessoas se interessarão pela ferramenta.

Serviço

Equipe Bad Request

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/04/2014. (PDF)