CIC leva o poder público a comunidades carentes

O Centro de Integração da Cidadania (CIC) é um programa que o Governo de São Paulo vem desenvolvendo com a finalidade de tornar acessíveis para a população de baixa renda os serviços públicos e benefícios sociais a que todo cidadão tem direito.

O CIC começou a ser idealizado em 1994, como parte do plano de governo da gestão Mário Covas. Desenvolvido por juristas e desembargadores, seu projeto baseava-se na proposta de levar os serviços do Poder Judiciário às populações carentes. Por essa razão, previa a instalação de unidades em áreas periféricas da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

No transcorrer dos trabalhos de planejamento, a proposta inicial evoluiu para uma forma de atendimento bem mais ampla, passando a englobar também serviços como emissão de documentos, orientação e assistência social e cadastramento de trabalhadores em busca de emprego.

Coordenado pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, o CIC tornou-se, assim, um programa que envolve vários outros parceiros, além do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP), do Ministério Público Estadual e do Ministério da Justiça. Dele participam as secretarias da Casa Civil, da Assistência e Desenvolvimento Social, do Emprego e Relações do Trabalho, da Segurança Pública (SSP) e do Esporte e Lazer e órgãos da administração estadual, como a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU).

Serviços integrados

O primeiro CIC foi inaugurado na zona leste da capital, em setembro de 1996, com a proposta de integrar diversos serviços da administração pública estadual em um só lugar. Hoje já são cinco unidades, diretamente vinculadas ao gabinete do secretário estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania. Nelas, as pessoas da comunidade recebem assistência jurídica e social, com atendimento personalizado e gratuito, em postos de serviços de entidades como Procon, Juizado Especial Cível (JEC), Programa de Auxílio ao Trabalhador (PAT), CDHU, Polícia Militar e Ministério Público Estadual.

“Nossa proposta de trabalho é oferecer serviços integrados. Ao conversar conosco sobre seus problemas e necessidades, o cidadão que procura uma das unidades do CIC por causa, por exemplo, de brigas familiares, pode estar precisando de documentos, de emprego, de assistência social ou jurídica. Essa é a grande diferença do nosso trabalho em relação a de outros serviços”, explica a coordenadora-geral do CIC, Tatiana Bello Djrdjrjan.

Boas notícias

Nas quatro unidades da capital foram atendidos 511.159 cidadãos em 2002, cifra que se torna ainda mais expressiva se comparada às 170.893 pessoas atendidas no ano anterior. Os serviços mais procurados foram os da CDHU (49.225 pessoas), da Secretaria do Trabalho (44.417 pessoas), do programa Acessa SP (43.516 pessoas) e da promotoria do Ministério Público (30.413 pessoas).

Além do atendimento nas unidades, no ano passado, 50.020 pessoas receberam assistência do CIC, em 20 jornadas itinerantes realizadas na região da Grande São Paulo. Para este ano, estão previstas outras jornadas semelhantes, como parte do programa “Cidadania para Todos”. A primeira delas já aconteceu em fevereiro, em Osasco, durante uma semana. As próximas serão realizadas em localidades como Guaianases, Vila Maria, Vila Dalila, Ermelindo Matarazzo e Vila Nova Cachoeirinha – uma por mês e com três dias de duração em cada uma dessas localidades.

Além da prestação de serviços, as unidades do CIC vêm desempenhando outro importante papel social: o de funcionarem como pólos de articulação e promoção cultural para as comunidades das regiões onde estão localizadas. Isso resulta, em grande parte, do fato de, nos finais de semana, suas instalações ficarem à disposição de líderes comunitários para a realização de palestras, encontros musicais, espetáculos teatrais e outras atividades.

Uma nova unidade do CIC, na qual foram investidos aproximadamente R$ 2,4 milhões, acaba de ser inaugurada no município de Francisco Morato, vizinho à capital. Instalada em um prédio com uma área de 2,3 mil metros quadrados, ela oferece um serviço ainda não disponível nos outros CICs: uma Delegacia da Mulher, com capacidade para emitir Boletins de Ocorrência. Na primeira semana de funcionamento, ela atendeu 1.245 pessoas da comunidade local e dos municípios de Franco da Rocha e Caieiras.

Ao avaliar o desempenho do CIC, o secretário da Justiça e Defesa da Cidadania, Alexandre Moraes, afirma que “o crescente número de atendimentos comprova que os objetivos estão sendo alcançados. Sem dúvida, esse programa vem funcionando como uma forma eficiente de aproximar o poder público das comunidades carentes, que têm encontrado no atendimento prestado pelo CIC soluções para muitos dos problemas que as afligem”.

Atendimento diferenciado

Tanto os postos do Poupatempo como os CICs reúnem serviços de diversas secretarias e órgãos da administração estadual. Mas não existe concorrência entre esses dois programas, pois é diferente o tipo de atendimento dado à população.

Nos postos do Poupatempo, as pessoas encontram soluções rápidas para questões como emissão de documentos pessoais e renovação de carteira de motorista. Para isso, porém, elas precisam ter em mãos toda a documentação necessária.

“Nos CICs, os serviços são prestados com outro enfoque. Recebemos cidadãos carentes, muitas vezes migrantes de outros Estados, que perderam seus documentos, foram assaltados ou buscam orientação para resolver conflitos familiares”, explica a diretora do CIC Oeste, Maria Clara Sollero Lang. E, para dar uma ideia de como é feito esse atendimento, ela lembra o que aconteceu com um senhor de 80 anos, que solicitou a correção de um dado na certidão de nascimento de sua filha.

A moça tinha conseguido um emprego, mas corria o risco de perdê-lo porque o erro na certidão impedia a emissão da carteira de identidade e de outros documentos exigidos pela empresa que ia contratá-la. O problema foi resolvido, e a diretora do CIC aconselhou o velhinho a solicitar o documento de identidade em um posto do Poupatempo, onde seria expedido com maior rapidez. E ouviu dele a seguinte resposta: “Lá eles poupam o tempo; aqui, vocês poupam a gente.”

É também comum que, ao buscarem solução para um problema específico, muitas pessoas acabem sendo beneficiadas por outros serviços disponíveis nas unidades do CIC. Como exemplo, a diretora do CIC Norte, Rosângela Escudelli, conta o caso de uma senhora que teve todos os seus documentos inutilizados quando uma enchente alagou a favela onde ela morava. Depois de conseguir as segundas vias dos documentos, ela aproveitou a passagem pelo CIC para preencher um currículo no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT). E o cruzamento dessas informações com as do cadastro do banco de dados da Fundação Seade terminou possibilitando que ela conseguisse o emprego tão desejado.

Parcerias com a comunidade

Todas as unidades do CIC trabalham em parceria com líderes comunitários, que utilizam as suas dependências para realizar diferentes tipos de atividades. No CIC Norte, a população se uniu e montou um cursinho pré-vestibular para afrodescendentes. O CIC Sul promove oficinas que oferecem cursos gratuitos para a população. A participação nesses cursos é livre, e os professores são profissionais da própria comunidade. Os temas são variados, abrangendo desde a confecção de velas e sabonetes até grafitagem, teatro, dança e prevenção contra Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).

O sucesso dessas oficinas culturais foi reconhecido com o prêmio “Jovem Brasileiro 2003”, concedido ao cantor de rap Douglas Mariano, o “Dodô”, de 19 anos, líder do grupo “Soldados do Baixo Escalão”, formado na comunidade. Esses músicos difundem a cultura de rua entre os jovens, que tomam contato com os quatro pilares básicos do hip hop: os passos do break, as práticas de grafite, as técnicas dos DJs e a empostação de voz dos cantores de rap, os “Mestres de Cerimônias”.

A assistente social Anadyr de Carvalho Cunha, diretora do CIC Sul, conta que a turma do hip hop atua no centro desde a sua fundação. “Quando esta unidade foi inaugurada, eles me pediram um espaço para ensaios e apresentações. Concordei, e o resultado tem sido bastante positivo. Eles começaram a trazer outros jovens para participar dessas atividades e, desde então, todo mês fazem uma exibição para a comunidade”.

Para Dodô, as oficinas culturais representam uma oportunidade de conscientizar os jovens da periferia. “São uma forma, alegre e descontraída, de chamar a atenção da rapaziada para valores positivos, antes que caiam na marginalidade.” Nas aulas, os músicos reforçam a auto-estima dos participantes, passam noções de cidadania e discutem os direitos e deveres de cada um.

Também no CIC Sul, o líder comunitário José Nilton Bastos de Oliveira, o “Mestre Paradinha”, de 26 anos, dá concorridas aulas de capoeira duas vezes por semana. A única exigência para frequentá-las é estar matriculado e estudando em uma escola. “Aqui, a garotada não aprende apenas a praticar capoeira e tocar berimbau, mas também a respeitar o próximo”, diz Mestre Paradinha, que percorre os bairros da Zona Sul em busca de patrocínios de empresários para comprar os uniformes e os instrumentos dos seus pupilos.


Jovens espalham amor aos livros e gosto pela leitura

Além de morarem na zona leste de São Paulo, Leandro Ramos da Silva, 12 anos, e Tadeu de Oliveira Orejani, de 15, tinham em comum a paixão pelos livros. Foi isso que os levou a enfrentar juntos um grande desafio: montar uma biblioteca comunitária no CIC Leste, que ambos frequentavam. Dificuldades e problemas não faltaram, mas os garotos sempre contaram com o apoio da comunidade e da administração do centro. Com muita determinação, eles conseguiram reunir cerca de duzentos livros, doados por moradores da região; e depois, o espaço e os equipamentos necessários para instalar uma pequena, mas bem organizada biblioteca.

Orgulhosos, eles mostram as estantes arrumadas, as avaliações que fazem com os leitores a respeito da qualidade dos livros, os formulários de inscrição dos 58 associados e as fichas de empréstimo e devolução, operação que controlam com o maior rigor.

“Cada sócio pode levar para casa até dois volumes, pelo período de 15 dias. Quando demoram, nós ligamos e pedimos para devolver”, explica Leandro, assegurando que até hoje nenhum livro foi perdido. Ele mora e estuda na zona leste, e quer ser professor. Tadeu pretende ser advogado, que é a profissão do seu pai.

A mesma paixão pelos livros

Uma história muito parecida com a desses meninos se repete, em outra região da cidade, também com uma dupla de adolescentes: Erik Ribeiro, de 14 anos, e Luciano Silva, de 16. Foi com a mesma paixão pelos livros e o mesmo espírito de solidariedade que eles se empenharam na criação de uma biblioteca comunitária no CIC Norte, montada com livros doados pela população local.

O trabalho voluntário de atendimento, catalogação e preparação dos livros para serem emprestados é feito à tarde, depois da escola. “Nossa intenção é transformar a biblioteca em um ponto de encontro para a comunidade da zona norte”, conta Luciano, entusiasmado.

Serviço

A população pode utilizar os serviços do CIC, de segunda a sexta-feira, no horário das 9h às 17h, nos seguintes endereços:

  • Coordenação Geral – Pátio do Colégio, 148, Centro (Prédio da Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania). Tel. (11) 3291-2636. No local, funciona apenas a parte administrativa do CIC. Não há prestação de serviços.
  • Zona Leste – Rua Padre Virgílio Campello, 150, Conjunto Habitacional do CDHU Encosta Norte, Itaim Paulista. Tel. (11)  6562-2440.
  • Zona Oeste – Estrada de Taipas, 990, Jardim Pan-americano, Jaraguá. Fone: 3942-5228/5898.
  • Zona Sul – Avenida Um, 100, Jardim São Luís, Santo Amaro. Tel. (11) 5514-0182.
  • Zona Norte – Rua Ari da Rocha Miranda, 36, Jova Rural, Jaçanã. Tel. (11) 5514-0182.
  • Francisco Morato – Avenida Tabatinguera, 45. Tel. (11) 4489-3133.

Otávio Nunes e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 10/06/2003. (PDF)

Governo recupera Rio Tietê e quer fazer ligação Penha-Lapa por barco

Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos pesquisa alternativas para começar navegação num trecho de 35 km, em 2004

O governo paulista vai finalizar em julho de 2004 o processo de ampliação da calha do leito do Rio Tietê na região metropolitana da capital. Até o término das obras, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos terá decidido qual sistema de transporte de passageiros e de cargas irá adotar na nascente hidrovia.

O ponto inicial será a Barragem da Penha, na zona leste, e o ponto final será na Barragem Móvel do Cebolão, próximo ao município de Osasco, na região oeste. Os barcos percorrerão o trajeto de 35 km nos dois sentidos. Com a ampliação, a distância entre as margens do Tietê passará de 20 a 25 m em média, para 41 a 46 m. A profundidade média também será aumentada em 2,5m na extensão navegável do Tietê.

Um dos objetivos da hidrovia é melhorar o transporte na região metropolitana. A utilização do leito do rio permite a transferência do tráfego de cargas e passageiros para um sistema mais eficiente e barato. A navegação fluvial economiza gastos com tempo, combustível e reduz a emissão de poluentes na atmosfera.

Estudo das opções

A empresa Básico Engenharia e Construção elaborou para a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos estudo de viabilidade da hidrovia. A análise mostra alternativas para questões de fiscalização do sistema, concessão de linhas e criação de terminais multimodais. Prevê também determinar qual sistema de transporte fluvial é mais adequado, de acordo com a dimensão dos barcos e estrutura das pontes.

Segundo Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, o estudo chamou a atenção de empresas interessadas em explorar o transporte fluvial. “Podemos optar entre barcos de menor velocidade capazes de transportar tripulações de até 600 passageiros ou embarcações menores e mais rápidas, como as voadeiras, que atingem velocidades de até 40km/h,” explica o secretário.

A exploração e construção da hidrovia serão realizadas por meio de parceria entre a administração estadual e iniciativa privada. Uma das questões pendentes é definir o porcentual de recursos a serem aplicados pelos empresários e quanto o governo paulista necessitará captar em órgãos como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco Mundial.

Demandas da sociedade

“Serão analisadas ao longo do trajeto as necessidades de transporte da população paulistana. Desde 1967, o Metrô-SP pesquisa os trajetos de origem e destino da comunidade da região metropolitana para se deslocar de suas residências. A partir destes dados, serão projetados os terminais de embarque de carga e passageiros, passarelas de pedestres e viadutos.”

O secretário ressalta que a construção será realizada de acordo com o dinheiro disponível. “Vamos aproveitar os recursos de engenharia disponíveis. Na Europa existem pontes que servem para o trânsito de pedestres e que também são utilizadas como embarcadouro. A meta é repassar à Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) o gerenciamento desses terminais.”

Um desafio futuro, segundo Fernandes, será manter a navegação fluvial atraente para a iniciativa privada e ao mesmo tempo cobrar pelo serviço tarifa que a sociedade possa pagar. A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos pretende atrair a atenção das pessoas da região metropolitana por meio de passeios turísticos com roteiros culturais nos finais de semana. “A população vai perceber que o rio não é mais depósito de lixo e de pneus e não oferece riscos à saúde das pessoas. Os barcos novos contêm filtros para não despejar óleo e fumaça na atmosfera.”

As embarcações também vão contribuir para ressuscitar a vida no Tietê. O movimento das hélices revolve o fundo do rio e auxilia a oxigenação da água. A aeração melhora o ciclo de vida e reprodução de peixes e fauna fluvial. A água não será potável, porém limpa.

Fim das enchentes

A finalização das obras de rebaixamento da calha do rio, em julho de 2004, vai solucionar para os próximos cem anos os problemas causados pelas enchentes na Marginal Tietê. “A ampliação da calha não é uma simples retirada de terra das margens. O Projeto Pomar do governo do Estado está investindo na plantação de árvores nas margens do rio para evitar o assoreamento e enxurradas. Além disso, a prevenção contra os alagamentos será garantida com a construção de muros de concreto construídos em diagonal (taludes) nas duas margens.”

Não há perigo de recontaminação do Tietê depois de limpo. O conjunto de obras inclui a canalização paralela dos afluentes que deságuam no Tietê. O sistema de drenagem de esgotos será direcionado para tubulação própria, sendo encaminhado para tratamento.

“O aspecto ruim da paisagem vem sendo modificado. A idéia é transportar os dejetos existentes por meio de barcaças. Se terminada a obra, o Tietê for novamente esquecido em termos de utilização, perde o sentido a iniciativa. O objetivo é transformar o rio que banha a região metropolitana num pedaço da existência dela”, finaliza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/06/2003. (PDF)

Hidrovia Tietê-Paraná oferece mais opções com o canal de Promissão

Obra que criou o corredor aquático amplia capacidade de navegação de barcaças, que podem carregar até 12 mil toneladas

A Secretaria de Estado dos Transportes inaugurou sábado um canal de navegação artificial no Rio Tietê, na cidade de Promissão. O novo corredor aquático tem 1,14 mil metros de extensão, 48,4m de largura e 3m de profundidade. Foi construído na margem esquerda do rio e amplia a capacidade de transporte de cargas: soja, ferro e madeira na Hidrovia Tietê-Paraná.

O canal integra um conjunto de obras de engenharia que soluciona antigos problemas de navegabilidade da região. Antes, por causa do traçado original do rio, os barcos empurradores, que transportam comboios de barcaças eram obrigados a desviar do local. Faziam uma curva em “S”, que atrasava a navegação e trazia riscos de acidentes na passagem próxima às margens do Tietê.

O antigo traçado do rio também impedia a navegação de grandes comboios de carga debaixo da ponte. O limite era de quatro barcaças por empurrador. Para facilitar a passagem, a Secretaria de Estado dos Transportes alargou a ponte em 102 metros na BR-153, permitindo que grupos de seis ou oito barcaças atravessem o trecho.

A estrutura da ponte, localizada na interseção da eclusa de Promissão com a rodovia, foi também readaptada. Novo vão foi construído entre as pilastras de sustentação em cima do canal artificial com traçado em linha reta.

O conjunto das obras faz parte do Programa de Ampliação de Capacidade Operacional e de Segurança de Navegação da Secretaria. Consumiu R$ 6 milhões, de um total de R$ 70 milhões previstos para operações do mesmo tipo em outras dez pontes que cruzam a hidrovia.

Aumento da capacidade

Antes da construção do canal, havia o risco de encalhe das barcaças por causa do peso das embarcações e da pouca profundidade do trecho. Estas estruturas de navegação são capazes de transportar até 3 mil toneladas de carga, volume equivalente a 120 caminhões carregados. Em termos de volume, um caminhão carregado por completo é capaz de transportar até 25 toneladas.

O canal artificial é 10 cm mais profundo que o original, de 2,90 m. Hoje a distância entre o fundo das embarcações e o leito do rio é de 40 cm. A maior distância entre o leito do rio e a superfície da água permite às embarcações transportarem 250 toneladas a mais por comboio.

Transporte intermodal

A construção do novo canal faz parte do Plano Diretor de Desenvolvimento de Transportes (PDDT) da secretaria, que privilegia a intermodalidade. Trata-se da capacidade de integrar os mais diferentes tipos possíveis de transporte: ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e aéreo.

Hoje, a movimentação global de cargas no Estado está assim distribuída: meio rodoviário – 93,2%, ferroviário – 5,3%. Os modos aeroviário, hidroviário e dutoviário – 2,5%. Segundo o engenheiro aeronáutico Dario Reis Lopes, secretário de Estado dos Transportes, “a intermodalidade é uma tendência do mundo moderno de, no médio e longo prazo, minimizar estas distorções e aproveitar as vantagens competitivas de cada sistema”.

“Para o Estado conseguir captar mais investimentos é preciso facilitar os processos logísticos da produção. Uma infra-estrutura acessível à cadeia produtiva é um atrativo para novos investimentos, por ser capaz de melhorar sistemas de distribuição, armazenagem e produção. Na ponta final do processo, o objetivo é o crescimento econômico de São Paulo e a geração de novos empregos”, explica.

O secretário ressalta também que as hidrovias e ferrovias são ideais para o transporte de produtos de baixo valor agregado: grãos, minérios e madeira. “Além de serem mais econômicas, carregam grandes quantidades. Os produtos que nelas transitam têm baixo valor agregado e as perdas no carregamento e estocagem não são representativas.”

Como funciona a Secretaria de Estado dos Transportes

A Secretaria de Estado dos Transportes foi criada em 1963, época em que cresciam as exigências por novas rodovias em São Paulo. Sua função principal é coordenar os meios de transportes sob a responsabilidade do Estado.

Promove também operações e o reaparelhamento de órgãos ou sistemas de transportes estatais; analisa, propõe e fiscaliza as alterações tarifárias dos vários meios de transportes; aprova, controla e executa planos técnico-econômicos, financeiros e administrativos correspondentes aos diversos sistemas de transportes.

Estão vinculados à Secretaria de Estado dos Transportes os seguintes órgãos:

– Departamento de Estradas de Rodagem (DER)
– Departamento Aeroviário do Estado (Daesp)
– Departamento Hidroviário (DH)
– Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa)
– Agência Reguladora de Transporte no Estado de São Paulo (Artesp)

Serviço
Secretaria de Estado dos Transportes
Correio eletrônico – transportes@ouvidoria.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/05/2003. (PDF)