Um portal de negócios – Agência de Fomento Paulista lança Canal do Empresário

Objetivo do novo site é incentivar o desenvolvimento de empresas e negócios a juros subsidiados

A Agência de Fomento Paulista/Nossa Caixa Desenvolvimento, instituição financeira do Governo paulista, acaba de lançar o site Canal do Empresário. Produzido pela agência de publicidade A2 Comunicação, o portal pretende facilitar a vida do empreendedor com simulações de empréstimos e dicas para auxiliar no planejamento e gestão dos negócios.

Simular o valor de empréstimos e das parcelas é um dos destaques do site. Se quiser, o usuário pode salvar a tabela gerada pelo sistema com os pagamentos previstos no formato PDF, enviar por e-mail, imprimir ou exportá-la com os valores e prazos de pagamento para uma planilha eletrônica. Também pode solicitar on-line o financiamento. Depois de aprovado, o tempo médio de liberação do dinheiro é de 90 dias.

Um dos atrativos do empréstimo é o juro, subsidiado pelo Estado e inferior ao praticado pelos bancos privados. São muitas as linhas de financiamento e o valor mínimo é de R$ 20 mil reais, e o máximo de R$ 30 milhões. A dívida pode ser quitada em até dez anos (120 meses). A menor taxa cobrada é de 0,49% ao mês com correção do IPC-Fipe (sigla que identifica o Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

O Canal do Empresário também reproduz o conteúdo produzido por parceiros da Agência de Fomento Paulista. São notícias, pesquisas, legislação tributária estadual e federal, cartilhas, casos de sucesso e eventos (seminários, fóruns e cursos). O material é fornecido por associações comerciais municipais, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), a filial paulista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio) e o Instituto Empreender Endeavor Brasil, entre outros.

Longo prazo

A proposta principal é incentivar o empresário a investir no longo prazo e a planejar o crescimento do negócio de modo sustentável. E assim gerar trabalho e renda na sociedade. Todos os setores da economia estão contemplados com os empréstimos, incluindo indústria, comércio, serviços e agronegócio. A ideia é que o dinheiro não seja usado apenas como capital de giro, mas financie novos empreendimentos, reforma, ampliação e modernização de instalações, compra de máquinas, etc.

As linhas de crédito da Agência de Fomento Paulista são direcionadas para uma faixa de renda acima das feitas pelo Banco do Povo Paulista. Esta iniciativa ‘irmã’ da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho é voltada para microempreendedor, cujo teto do empréstimo vai de R$ 200 a R$ 10 mil (pessoa física) e de R$ 200 a R$ 15 mil (empresas).​

Há linha especial para empresa disposta a ser parceira da Petrobras na exploração das jazidas de pré-sal, petróleo e gás natural na Baixada Santista. O recurso atende a projetos de até 120 meses em diversas áreas, como prospecção, distribuição, produção de bens de capital e prestação de serviços técnicos especializados. Podem solicitá-la empresa paulista e de outros Estados.

Já para máquinas e equipamentos, há financiamento para aquisição isolada e de bens novos fabricados no Brasil e no exterior (caso não haja similar nacional). O prazo máximo desta operação financeira é de 60 meses, incluindo a carência. Este é o mesmo tempo oferecido para franquias, porém o prazo mínimo para começar a pagar é de 18 meses, enquanto para as de máquinas e equipamentos é de 12 meses.

Economia Verde

Há também opções de empréstimos exclusivos para projetos de investimento. Um deles é a Linha Economia Verde com o objetivo de reduzir a emissão de gases de efeito estufa e permitir às empresas se adaptar à Política Estadual de Mudanças Climáticas, instituída pela Lei nº 13.798, de novembro de 2009.

A Linha Economia Verde contempla a substituição de combustíveis por opções menos poluentes, renovação de frotas, adoção de fontes de energia renovável, redução de perdas no processo de geração e transmissão de eletricidade, criação de áreas de reflorestamento, recomposição de matas ciliares, compensações ambientais e edificações com padrões de construção sustentável, entre outros.


Agência de Fomento Paulista

Criada em março de 2009, a Agência de Fomento Paulista é vinculada à Secretaria Estadual da Fazenda e funciona como um banco de desenvolvimento. Já concedeu dois mil empréstimos para 400 empresas instaladas em 165 municípios paulistas. No total foram R$ 461 milhões e ainda dispõe de R$ 1 bilhão para novos financiamentos, provenientes na maioria de recursos próprios e de uma menor parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Caso não tenha acesso à internet, o empresário pode obter informações e conseguir empréstimo na sede da Agência de Fomento Paulista, que não oferece atendimento bancário e fica na Rua da Consolação, 371, no centro da capital.

Outra opção é se dirigir a qualquer uma das 50 entidades empresariais parceiras, como o Sebrae, Fiesp, Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entre outras.

O site da Agência de Fomento Paulista informa a lista completa de parceiros. Outra opção para o empresário é procurar a entidade de classe à qual é associado e dar início ao processo de tomada de crédito.

Serviço

Canal do Empresário
Agência de Fomento Paulista

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/12/2011. (PDF)

Nossa Caixa: o terceiro maior banco público do País completa 90 anos

Presente nos 645 municípios paulistas, o agente financeiro do Estado de São Paulo abriu 800 mil novas contas no ano passado

O Banco Nossa Caixa, agente financeiro do Estado de São Paulo, completa 90 anos de fundação no dia 22. Às vésperas da comemoração, a instituição contabiliza os investimentos feitos em pessoal, infraestrutura, tecnologia, marketing e em novos produtos, que permitiram a abertura de 800 mil novas contas em 2006 e a obtenção de lucro líquido de R$ 453,4 milhões.

Presente nos 645 municípios paulistas, a Nossa Caixa é hoje o terceiro maior banco público do País e o nono na área de varejo. A instituição encerrou o ano passado com 5,4 milhões de clientes – evolução de 17,3% em comparação com 2005. Ocupa a décima-primeira posição no sistema financeiro nacional, a quinta em depósitos de poupança e a nona posição em depósitos totais.

No Estado, a Nossa Caixa é responsável por efetuar o pagamento dos trabalhadores das empresas estatais e funcionários públicos, administrar o Tesouro paulista e aplicar recursos nas áreas agrícola e pecuária. Na área social, investe em projetos direcionados à população carente, como o Renda Cidadã, da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, que paga R$ 60 mensais a famílias em situação de extrema pobreza; o Frentes de Trabalho, da Secretaria do Emprego e Relações de Trabalho, que paga bolsas por até 11 meses e ofereceu treinamento profissional a 182 mil pessoas; e o Banco do Povo Paulista (BPP), da mesma secretaria, que emprestou mais de R$ 100 milhões em microcrédito a cerca de 41 mil pequenas empresas.

Em 2006, o quadro de funcionários recebeu 2,5 mil novos contratados por meio de concurso público. O reforço de pessoal visou a ampliar a capacidade de atendimento e também a estimular a abertura de contas correntes dos servidores públicos estaduais, que ainda não eram clientes do banco e passaram a receber seus salários pela instituição a partir de janeiro – são cerca de 600 mil novos clientes.

Desde então, 1,2 milhão de servidores ativos e aposentados do Estado recebem exclusivamente pelo banco. Além da expansão física e de recursos humanos, houve investimentos em tecnologia da informação, com o objetivo de adequar os sistemas de pagamentos, ampliar a capacidade de armazenamento de dados e criar canais seguros de atendimento na Internet.

Operações de crédito

No ano passado o Banco Nossa Caixa associou-se a parceiros como Mapfre, Porto Seguro e Sul América. Juntos lançaram seguros para veículo, rural, residencial e empresarial. Assinou também acordo operacional com a Rodobens para comercializar cotas de consórcios imobiliários. Comercializou 93,4 mil planos de previdência complementar – expansão de 88,1% em comparação com 2005.

As operações de crédito comercial (excluídos o financiamento imobiliário e rural, além das operações de câmbio) somaram R$ 6,3 bilhões em dezembro passado – crescimento de 20,1% ante o resultado de dezembro de 2005. O avanço foi impulsionado pela concessão de crédito a pessoas físicas, segmento em que os negócios evoluíram de R$ 3,8 bilhões para R$ 4,6 bilhões (aumento de 23%).

O crédito consignado teve importante participação nessa carteira, ao subir de R$ 1,8 bilhão para R$ 2,5 bilhões (37% de elevação). A inadimplência foi mantida sob controle e a Nossa Caixa tem exclusividade nesse tipo de empréstimo para todos os servidores estaduais.

Nova geração

Um dos mais novos funcionários da Nossa Caixa, o publicitário paulistano Gabriel Santamaria, 21 anos, ingressou em agosto de 2006 no cargo de auxiliar administrativo. Representante de uma nova geração de funcionários, possui fortes raízes familiares e afetivas com a instituição: seu pai é funcionário do Departamento Rural do banco há mais de 20 anos.

Santamaria trabalha na assessoria de imprensa da instituição e participou de treinamento para desenvolver sua comunicação interpessoal. “Na infância, tive poupança e conta corrente na Nossa Caixa. Hoje, como funcionário, sou mais integrado à instituição e disposto a crescer com o banco, que está em pleno desenvolvimento”, avalia.

Já os irmãos gêmeos Luiz e Carlos Roberto Bittar, de 54 anos, os funcionários mais antigos do banco em atividade. Integrantes do quadro funcional desde 1970, ingressaram por concurso público na antiga função de escriturários e foram inicialmente encaminhados para trabalhar no centro da capital, na agência Clóvis Bevilácqua, que funciona no interior do Fórum João Mendes Júnior, no Largo 7 de Setembro, próximo à Praça da Sé.

A agência Clóvis é a segunda maior do banco em volume de operações e a primeira em número de funcionários. Apenas a matriz, na Rua 15 de Novembro, ao lado do Pátio do Colégio, tem mais servidores.

Carlos relembra antigos costumes e deveres, como o uso obrigatório de terno preto e gravata para os homens e traje social para as mulheres, que na época eram maioria entre os empregados da agência. Conta também que as máquinas registradoras Burroughs utilizadas pelos caixas funcionavam à base de manivela quando faltava energia elétrica.

Na rotina diária de atualização dos saldos das contas correntes e de poupança dos clientes, Carlos e a equipe trabalhavam com as máquinas alemãs de conferência Ascota, equipamento parecido com uma máquina de escrever.

Após o período de atendimento ao público na agência, a Ascota funcionava com a digitação de todos os lançamentos do dia no registro de cada cliente. O processo era manual e, ao término da tarefa, as fichas de papel eram repassadas para a equipe do controle de qualidade, para checagem e verificação dos totais, que deveriam ser idênticos.

Carlos lembra que a diretoria do banco criou, em 1978, o Economus, fundo de pensão dos servidores. Ele classifica essa iniciativa como muito importante para os funcionários e seus familiares. “Na época, quem aderiu passou a ter direito à aposentadoria complementar e também acesso ao plano de saúde, administrado pelo fundo”, observa.

Ao longo dos 37 anos vividos no banco, Carlos testemunhou a evolução tecnológica dos serviços. Sente saudades do início, quando a sociedade, em sua opinião, era mais ingênua e menos individualista. Destaca, porém, o grande crescimento da instituição em serviços, identidade visual, marketing, funcionários e, principalmente, o grande aprendizado que adquiriu no banco.

“Há 16 anos sou também biomédico e professor de Química do ensino médio numa escola pública da Vila Prudente, bairro da capital paulista. Ensino para meus alunos os valores e o respeito que sempre tive na Nossa Caixa”, diz.

Aprovação

A professora Nilza Aparecida Carvalho de Camargo, do ensino fundamental de Araraquara, tem 66 anos e aposentou-se em 1998. Na época, encerrou sua conta no Banespa e foi obrigada a abrir uma nova na Caixa para receber seus rendimentos. Três anos depois, teve a opção de retornar ao Banespa, mas recusou a oferta.

“Aprovo os serviços e sou tratada com dignidade e discrição”, explica. Seu aniversário é em fevereiro e no mês passado precisou fazer o recadastramento. “Quando entrei na agência, a fila estava grande. Perguntei ao gerente se era preciso pegar fila para essa finalidade. Gentilmente ele indicou uma funcionária disponível atrás das mesas de atendimento”, lembra satisfeita.


Trajetória vinculada à poupança popular

O café, principal produto de exportação de São Paulo, sofrera acentuada queda nas vendas durante o período da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). O conflito europeu trouxe instabilidade econômica, social e política para o Estado e a população paulista sentiu-se estimulada a reduzir despesas e a investir em pecúlios, uma reserva financeira guardada para eventualidade futura.

Em 30 de dezembro de 1916, o então presidente (cargo equivalente hoje a governador) do Estado de São Paulo, Altino Arantes, promulgou a Lei nº 1.544, do Legislativo, criando as Caixas Econômicas na capital, Santos, Campinas e Ribeirão Preto. Elas foram destinadas a receber pequenos depósitos e a estimular a formação de pecúlios populares. O Decreto nº 2.765, de 19 de janeiro de 1917, regulamentou a lei.

No dia 22 de março de 1917, a Caixa Econômica do Estado, sediada na capital, iniciava suas atividades com um depósito no valor de um conto de réis, efetuado pelo estudante Paulo Francisco de Andrade Arantes, de 15 anos, filho de Altino Arantes.

As caixas econômicas funcionavam como estabelecimentos autônomos, subordinados diretamente à Secretaria da Fazenda. Em agosto de 1951, essas instituições foram reunidas numa única entidade autárquica, denominada Caixa Econômica do Estado de São Paulo. A sede da Caixa funcionava no prédio antes ocupado pela Secretaria da Fazenda, tendo na vizinhança o Pátio do Colégio.

Em dezembro de 1971, a Caixa foi transformada em sociedade anônima. Essa mudança objetivou trazer mais agilidade operacional e poder de competição à instituição, fatores essenciais ao cumprimento de suas metas. Visou também a ampliar a oferta de produtos e serviços para melhor atender aos clientes. Assim, passou a atuar nas carteiras comercial e de crédito imobiliário.

Banco oficial do Estado

Nos anos 90, o Estado decidiu ampliar a atuação da instituição e a transformou em banco múltiplo, conhecido como Nossa Caixa-Nosso Banco. Foi então incluída no Sistema Financeiro Nacional e se equiparou às demais empresas bancárias, apresentando uma variedade de produtos: caderneta de poupança, depósitos a prazo, open e over, créditos pessoal, rural e habitacional, descontos de duplicatas, serviço de cobrança, seguros e loteria instantânea, entre outros.

Em novembro de 2000, com a privatização do Banespa, a instituição assumiu a posição de banco oficial do Estado e sua razão social foi alterada para Banco Nossa Caixa S.A. Com a mudança, passou a receber os depósitos judiciais e centralizou as contas do Estado e de várias empresas estatais, sociedades de economia mista e autarquias.

Em julho de 2001, a Lei Estadual nº 10.853 alterou a forma societária do Banco Nossa Caixa para sociedade de economia mista e autorizou o Estado de São Paulo a vender até 49% de suas ações e a obter o registro de companhia aberta. Em 2005, o banco abriu seu capital e foi a primeira instituição a fazer parte do novo mercado da Bovespa, segmento que exige compromisso com regras claras de transparência e respeito aos direitos dos acionistas minoritários.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/03/2007. (PDF)

Em 7 anos, Banco do Povo destinou R$ 269 milhões a microempreendedores

Créditos de R$ 200 a R$ 5 mil auxiliam na expansão de pequenos negócios de clientes com dificuldades de comprovar renda e preencher requisitos exigidos pelo sistema financeiro tradicional

Há pouco mais de quatro anos, Paulo Sérgio do Nascimento montou informalmente uma quitandinha numa garagem de 40 metros quadrados, em Botujuru, bairro da periferia de São Bernardo do Campo. Junto com o irmão vendia legumes. Nascimento queria ampliar o negócio, mas não tinha dinheiro. Ao participar de cursos de empreendedorismo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi informado de que, mesmo não tendo firma aberta, poderia obter empréstimo do Banco do Povo Paulista (BPP).

Nascimento não hesitou. Em setembro de 2001, fez seu primeiro microcrédito, de R$ 2 mil. “O Banco cobra só 1% de juros ao mês. Diversifiquei as mercadorias com bebidas e gêneros alimentícios, que antes não comercializava. Comecei a adquirir os produtos nos atacadistas à vista, com lucros de 30% a 40%. Desse jeito, fica fácil pagar a dívida”, explica.

Daí em diante, investiu o lucro na ampliação de seu negócio. Obteve equipamentos de caixa, duas balanças eletrônicas e quatro freezers. Nos anos seguintes, solicitou outros empréstimos, num total de mais de R$ 30 mil. Nascimento frisa que sempre pagou as parcelas em dia e até quitava antes do prazo.

As conquistas não pararam por aí. A área da quitanda foi aumentada e se transformou em mercadinho, conhecido como Sacolão e Minimercado Thaynara. Oferece aos clientes um pouco de tudo: desde artigos de papelaria, utilidades domésticas até uma pequena variedade de calçados (chinelos). No andar superior, instalou bar com mesa de sinuca e bebidas. Como também é pedreiro, assumiu o trabalho de construção e economizou um bom dinheiro.

O dono do mercadinho conta que a experiência de empreendedorismo, aliada ao constante aprimoramento, só lhe rende bons resultados. “Duas vezes por semana vou ao Poupatempo São Bernardo do Campo orientar-me com os consultores do Sebrae. Se não buscar informações, como vou desenvolver meu negócio? Sem o Banco do Povo, não teria saído do lugar”, avalia.

Até o carnaval de 2006, pretende pedir outros empréstimos e criar um mini-açougue e uma mini-padaria. Quando concretizar esse objetivo, diz que sairá da informalidade. O pequeno comércio inicial de 40 metros quadrados ganhou mais 80 metros quadrados de área construída.

Geração de empregos

O Banco do Povo Paulista, considerado o maior programa de microcrédito do País, é uma iniciativa do governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert). Criado em setembro de 1998, mantém parceria com 347 municípios paulistas. Até o mês passado, o total de contratos assinados pela instituição ultrapassou 100 mil, com a destinação de R$ 269 milhões para pequenos empreendedores, na informalidade ou não.

Nos dias 12 e 13, foram instaladas agências do Banco do Povo nas cidades de Canitar, na região de Ourinhos, e Ituverava, cidade próxima a São Joaquim da Barra. Amanhã, será inaugurada nova unidade em Barretos.

A finalidade da instituição financeira é gerar ocupação e renda aos beneficiários. As parcelas são pequenas e calculadas para não sobrecarregar o tomador de empréstimo. Com juros de 1% ao mês, a inadimplência é de apenas 2%. Em quase sete anos de atividade, a iniciativa gerou 61,9 mil empregos diretos, 12,8 mil indiretos e 44,5 mil colocações profissionais de efeito renda (emprego obtido a partir da transformação da renda dos trabalhadores em consumo).

Menos burocracia

O agente financeiro da operação é o Banco Nossa Caixa e o empréstimo é concedido em qualquer uma das 347 agências no Estado. O banco empresta, em média, R$ 8 milhões mensais. O dinheiro está disponível para pequenos negócios, em especial para clientes como catadores de papelão, que têm dificuldades de comprovar renda e preencher os requisitos exigidos pelo sistema financeiro tradicional. Pode fazer o empréstimo qualquer tipo de empreendedor com atividade lícita: açougue, bicicletaria, carrinho de pipoca, artesanato, oficina de costura, mecânica, bar, chaveiro e produção rural.

O agente de crédito é o grande motor do Banco do Povo. Esse profissional atende ao empreendedor, estuda a viabilidade do negócio, orienta e acompanha o cliente. É ele quem identifica riscos de inadimplência e define o valor do empréstimo. Para isso, desloca-se da agência bancária até a propriedade ou negócio do interessado e faz estudo de viabilidade. Um dos objetivos da ida ao local de trabalho do empreendedor é evitar a possibilidade de calote.

Comitê de crédito

O Estado tem 485 agentes de crédito. Cada um recebe treinamento constante como noções de matemática financeira, comunicação e assistência As lições aprendidas são sempre repassadas aos empreendedores. Além das prefeituras, o Banco do Povo mantém parcerias com o Sebrae e Pró-lar (programa do governo estadual que oferece moradia e melhores condições de habitação a famílias de baixa renda).

Outros projetos da Sert também utilizam o microcrédito estadual: Programa de Auto Emprego (PAE) e a Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades (Sutaco), que investe na capacitação e formação de cooperativas de artesãos. Recentemente, a instituição governamental firmou convênio com o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo (Fussesp) para oferecer empréstimo a empreendedores artesanais.

O Banco do Povo responde por 90% dos recursos direcionados aos clientes, e as prefeituras paulistas desembolsam os outros 10%. Cerca de 73% dos financiamentos concedidos retornaram aos fundos para novo empréstimo. O cliente solicita o crédito e o seu negócio tende a progredir. Quitando a dívida, a tendência é que regularize a situação (antes informal) para conseguir créditos maiores. O dinheiro é liberado somente após aprovação do comitê de crédito, formado por representantes de quatro entidades: Sert, comissão municipal de emprego, Banco Nossa Caixa e prefeitura.

Como obter o crédito

Para conseguir empréstimo, o interessado deve ter endereço fixo e produzir no município há mais de seis meses, com firma aberta ou não. Ter nome limpo na Serasa, no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e faturar menos de R$ 150 mil por ano. É necessário apresentar um avalista. Esse fiador pode ser parente de primeiro grau, desde que não more na mesma casa.

O dinheiro é cedido tanto para investimento fixo (compra de máquinas, equipamentos e ferramentas) como para capital de giro (mercadoria, matéria-prima, consertos e ferramentas). Não é permitido usar os recursos para aquisição de insumos do setor agropecuário (sementes, fertilizantes, animais) e pagamento de dívidas. É proibido fazer uso do crédito para compra de veículos de passeio e para qualquer atividade ilegal. A verba deve ser empregada na produção e em atividades de empreendedorismo.

Outras instituições oferecem linhas de financiamentos especiais na área de agropecuária. O valor mínimo do empréstimo é de R$ 200 e o máximo, R$ 5 mil. O prazo de pagamento é de até seis meses para capital de giro e no máximo 18 para investimento fixo. Se o solicitante for uma cooperativa legalizada, o valor pode alcançar até R$ 25 mil.


Segredo do sucesso: capacitação e responsabilidade

Izabel de Souza Sampaio tinha um pequeno salão de cabeleireiro em sociedade com outra pessoa, em São Bernardo do Campo. Quando a parceira resolver desfazer o negócio, a cabeleireira passou por dificuldades financeiras. No início de 2001, ao participar de curso de empreendedorismo do Sebrae, foi indicada a conhecer o Programa de Microcrédito do governo paulista.

De início, fez um empréstimo de R$ 2,7 mil, que lhe possibilitaram comprar novo lavatório, cadeira e maca. Resultado: aumento de 30% da clientela. Meses depois, Izabel percebeu a necessidade de mais espaço. Em novembro do mesmo ano, alugou uma casa numa rua bem localizada, em Rudge Ramos, bairro comercial da cidade. Nesse local, mora com a família e mantém o salão de beleza, agora, mais amplo.

A profissional contratou uma esteticista e mais uma cabeleireira. Em abril, pediu mais R$ 3 mil ao Banco do Povo. Ampliou o salão ainda mais e deu novo visual ao ambiente. Adquiriu novas bancadas, duas cadeiras e admitiu outra funcionária.

“Quanto ao acerto da dívida, não tenho problemas. Pago 18 parcelas de R$ 182. Se fosse num banco comum, os juros seriam bem maiores”, ressalta a moça, completando: “Compro os equipamentos à vista e obtenho entre 4% e 5% de desconto. Com isso, os juros de 12% ao ano (do Banco do Povo) caem para 7% ou 8%”, celebra.

“Se parcelasse os produtos nas lojas, as prestações seriam bem mais altas”, calcula. Izabel relata que sempre pagou os débitos com o banco em dia, por isso tem credibilidade para novos recursos. A dona do Lis Cabeleireiras dá uma dica a quem quer progredir no empreendedorismo: “Seja um profissional responsável. Estude bastante e capacite-se para a função”.


Soluções encontradas na agência Araraquara

A agência Araraquara do Banco do Povo é uma das mais movimentadas do interior. Criada em dezembro de 2001, dispõe de três agentes de crédito e emprestou mais de R$ 1,1 milhão.

O agente Paulo Alexandre da Silva conta que 80% dos pedidos atendidos são de trabalhadores informais e os 20% restantes para os formais. “A maior motivação é saber que, depois do levantamento econômico para conceder o primeiro crédito, passamos para o cliente nova visão gerencial de seu próprio negócio, que ele não era capaz de enxergar”, diz.

Seu colega Celso Paiva afirma que os vínculos de amizade formados são frequentes: “Muitos empreendedores voltam para trocar ideias, informações e pedir novos empréstimos”.

Juliana Porto, também agente de crédito, lembra da história de um migrante que veio para a região colher laranja e ficou desempregado na entressafra. Decidido, começou a percorrer a cidade recolhendo sucata com sacolas. Logo, transformou uma geladeira velha em carrinho para carregar mais itens. Para expandir a atividade e coletar o material proveniente de indústrias, solicitou ao Banco do Povo o financiamento de uma kombi.

O comitê de crédito estudou a viabilidade e constatou que o homem não teria como arcar com as despesas do veículo e da carteira de habilitação. Foi sugerido, então, que financiasse uma charrete com mula, por R$ 1 mil. “Foi a solução encontrada, viável e que atendeu à necessidade do cliente sem sobrecarregá-lo”, diz Juliana.


Depoimentos de empreendedores da região de Araraquara

“Ajudou-me na produção, tornando-a mais rápida e com melhor qualidade”. Ana Maria Mauri – dona de confecção

“Com o financiamento ampliei os itens vendidos, oferecendo comodidade aos clientes e aumentando o movimento”. Andréia Rodrigues – setor de alimentação

“Auxiliou-me na compra de equipamentos para expandir a produção e aperfeiçoar a qualidade”. Antônio Ciniato – afiador de ferramentas

“Tive oportunidade de ampliar minha floricultura. E o número de consumidores aumentou”. Inara de Freitas – dona de floricultura

“O Banco do Povo Paulista me deu condições de maior produção e variedades na parte de tecelagem”. Josefa da Silva – proprietária de confecção

“Com o financiamento, comprei uma máquina de café expresso. E aumentei a minha clientela”. Manoel Gomes – setor de alimentação

“Promoveu impulso mais rápido para viabilizar negócios maiores”. Maria Cristina Ruivo – artesã

“Consegui melhorar diagnósticos com mais rapidez, depois que comprei equipamentos com o financiamento”. Roberto Zacarias – oficina mecânica


Números do Banco do Povo desde 1998

– Total de contratos formalizados: 100.699;
– Valor emprestado: R$ 269.045.895;
– Geração de 61,9 mil empregos diretos e 12,85 mil indiretos, com efeito renda de 44,5 mil.

Viviane Gomes e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 19/08/2005. (PDF)