Evento do governo promove a exportação como propulsora da economia paulista

São Paulo reúne empresários para discutir o futuro das exportações no Estado e anuncia medidas para facilitar a colocação de produtos no mercado internacional

O Espaço São Paulo e o Catálogo do Exportador Paulista são as duas novas ferramentas com que os empresários de São Paulo poderão contar para incrementar as exportações dos seus produtos.

As novidades foram anunciadas durante o II SP ExportAção, realizado no Centro de Convenções Imigrantes, com a participação do governador Geraldo Alckmin, dos ministros Roberto Rodrigues (Agricultura) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), vários secretários de Estado, empresários e representantes do setor de comércio exterior. O evento foi organizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.

O Espaço São Paulo é uma iniciativa da secretaria para comprar espaço em feitas internacionais onde serão exibidos os produtos e serviços paulistas. A proposta inicial é participar de 15 eventos no exterior.

O Catálogo do Exportador vai criar um banco de dados com o nome e os produtos de empresas interessadas em vender no exterior. Além disso, durante o encontro foi assinado também um protocolo de intenções entre a secretaria, a Federação das Associações Comerciais do Estado (Facesp) e a São Paulo Chamber of Commerce para a execução do Programa Exporta São Paulo, que vai buscar parcerias com outras entidades, objetivando criar a cultura do exportador e treinar empreendedores.

Exportar é a solução

O consumo interno não é mais suficiente para gerar os empregos de que o Brasil precisa e a saída é a exportação. A afirmação foi feita pelo secretário estadual da Ciência e Tecnologia, João Carlos Meirelles, durante o painel Novos Caminhos para o Comércio Exterior, o primeiro dos três apresentados no II SP ExportAção.

O painel, comandado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado (FIESP), Horácio Lafer Piva, contou com representantes do Sebrae, Banco do Brasil, Agência de Promoção de Exportações (Apex) e Associação Brasileira das Empresas Comerciais Exportadoras (Abace).

O secretário Meirelles ressaltou que em 2002 São Paulo exportou US$ 20 bilhões. No ano seguinte, US$ 23 bilhões e em 2004 a previsão é aumentar as vendas em 40%, superando os US$ 30 bilhões. Para atingir esse desempenho, o governo estadual, em parceria com a iniciativa privada, investe em missões de empresários paulistas a outros países, participação em feiras e outros eventos internacionais. Meirelles citou as ações governamentais locais, como a Call Center da Exportação, e adiantou que, até o final do ano, estará em funcionamento o Centro de Logística de Exportação.

Lojistas internacionais

O presidente da Apex, Juan Quirós, explicou ao auditório os serviços de assessoria que a agência promove no Exterior, para conquistar novos mercados, ampliar os tradicionais e identificar produtos e serviços brasileiros aptos à exportação.

Até 2005, a Apex pretende introduzir 6,7 mil empresas nacionais no comércio além-fronteiras. A Apex também divulga para grandes redes lojistas da comunidade europeia e de outros continentes os produtos made in Brazil. E promove a participação de empresas brasileiras em eventos internacionais.

Representando a BM&FBovespa, o presidente Renato Junqueira elogiou a parceria de sua entidade com o governo paulista na criação do Call Center da Exportação. Criado há um ano, o serviço já atendeu 1,5 mil proprietários, sócios e gerentes de pequenas e médias empresas paulistas e de outros Estados. As principais dúvidas são como dispor o produto brasileiro no mercado internacional, documentação exigida e tributação.

O diretor-executivo do Sebrae, José Carlos Ricca, explicou que apenas 2,4% do valor das exportações brasileiras provêm das pequenas e médias empresas. Nos países desenvolvidos, o índice é muito maior. Na Itália, citou Ricca, esse setor da economia colabora com quase metade das vendas no exterior. No entanto, assegurou que a situação no Brasil está mudando. Observou que os empresários paulistas contam atualmente com auxílio tecnológico, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), por exemplo, para certificação de produtos dentro das normas exigidas pelo comércio internacional.

Estradas e energia

Na abertura do segundo painel o presidente das associações comerciais do Estado, Guilherme Afif Domingos, que comandou a mesa, e destacou que o exportador brasileiro ainda enfrenta dificuldades para levar bens nacionais à vitrine internacional. Dario Rais Lopes, secretário Estadual dos Transportes, relacionou os principais gargalos existentes na exportação paulista, como rodovias federais carentes de duplicação e necessidade de ampliação dos portos de Santos e de São Sebastião.

Andrea Calabi, titular da pasta estadual de Economia e Planejamento, afirmou que o País necessita expandir a infraestrutura para aumentar o fluxo com o comércio exterior. E ressaltou a importância de redes eficientes de transportes capazes de garantir logística eficiente – rápida conexão entre produtores, fornecedores e clientes.

Portos saturados

De acordo com Calabi, a solução para amenizar a escassez dos recursos públicos são as parcerias público-privadas (PPPs). O trabalho conjunto possibilitará a realização de obras de relevância no Estado, como ampliação do Rodoanel Mário Covas e do Ferroanel.

O secretário de Estado de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, Mauro Arce, destacou a necessidade de investimentos para que a oferta de energia e gás acompanhe o crescimento econômico. Mostrou também slides sobre os esforços de sua pasta nas obras de contenção do Rio Tietê para evitar enchentes na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Na avaliação de Benedito Moreira, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), é preciso criar políticas sustentáveis para a exportação. Defendeu a continuidade do crescimento econômico do agronegócio e melhorias na infraestrutura logística. “O Brasil ainda depende muito do transporte marítimo – 90% do total – e os portos podem não suportar aumentos no volume de mercadorias”.

Força da terra

Na próxima década o Brasil vai produzir 50% a mais de grãos para atender à demanda mundial. A informação partiu do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, baseado numa pesquisa da indústria alimentícia Bunge, durante o encerramento do terceiro painel. Rodrigues informou que o País tem atualmente 62 milhões de hectares plantados e 220 milhões de hectares de pastagem.

Em 15 anos, garantiu, o gado perderá 30 milhões de hectares de área, e esse espaço será ocupado pela agricultura. “Teremos então 50% de aumento na área de plantio”, ressaltou. Ele apresentou números da balança comercial brasileira, com destaque para o desempenho do agronegócio.

A agricultura teve saldo de US$ 31,8 bilhões da década de 80 até hoje e o principal produto é a soja, que responde por 28% do total. Os maiores mercados consumidores foram Comunidade Européia (36%), Ásia (18%) e Estados Unidos, com 14%. “Somos hoje o líder mundial na exportação de soja, carne bovina, de frango, açúcar, café e milho”, acrescentou.


Celex, o Poupatempo da exportação

O Centro de Logística de Exportação (Celex), uma espécie de Poupatempo da exportação, ocupará área de 30 mil metros quadrados e deve entrar em funcionamento até o final do ano. É realizado por meio de parceria entre governo do Estado e a iniciativa privada e fica no km 1,5 da Rodovia dos Imigrantes (SP-160), na saída da capital para a Baixada Santista.

No local, o empresário encontrará cooperativas, consórcios, showroom de produtos, órgãos públicos de apoio à exportação, instituições financeiras públicas e privadas, agentes internacionais, transportadoras, armazéns alfandegados, operadores logísticos, serviço jurídico e contábil, bolsas, corretoras e seguradoras, consulados e câmaras de comércio, associações e confederações da indústria, agricultura e comércio. Haverá também cursos e treinamento. Telefone do Celex: (11) 5058-6824.


Em busca de novos mercados

Dezenas de representantes dos principais arranjos produtivos de São Paulo participaram do II SP ExportAção, com o objetivo de divulgar seus produtos e estreitar relações com possíveis compradores e exportadores.

Marcelo Mesquita, do Sindicato das Indústrias de Produtos Cerâmicos de Louça de Pó de Pedra, Porcelana e da Louça de Barro de Porto Ferreira, disse que o evento superou suas expectativas: “Viemos em busca de contatos com exportadores. Conseguimos mais do que imaginávamos. Eu deveria até ter trazido mais material, porque acabou tudo”.

A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) aproveitou o evento para expor os resultados alcançados na semana passada, quando participou de uma feira direcionada aos países latino-americanos, nos Estados Unidos, e vendeu mais de US$ 2 milhões. Os associados conseguiram aumentar em 42% o volume de suas exportações em dois anos.

“Achamos que o II SP ExportAção seria um evento menor. Tivemos de pedir mais material para distribuição aos participantes. Queremos atrair mais empresas para a nossa associação”, declarou Hely Audrey Maestrello, diretor-executivo da Abimo.

O Arranjo Produtivo Local (APL) de bichos de pelúcia de Tabatinga também participou do evento. “Queremos conseguir um bom contato em os exportadores. Conversamos com muita gente interessada em nossos produtos e acreditamos que vamos fazer ótimos negócios”, declarou Marli Soares, representante da câmara setorial de Tabatinga.

A cachaça paulista foi outro produto que atraiu muitos interessados. “É um evento muito prático porque podemos mostrar que São Paulo é capaz de produzir uma bebida de excelente qualidade”, contou Marcelo Oliveira, gestor da Associação Paulista dos Produtores de Cachaça Certificada de Qualidade, que fez contato com representantes da Rússia, Portugal, Inglaterra, México e Dinamarca.

Christian Santiago, do Sindicato da Indústria do Café, recebeu possíveis importadores do Japão e do Oriente Médio. “Queremos mostrar que podemos exportar o café industrializado. Há 275 anos o Brasil vende apenas café verde; temos de mudar essa cultura”.

José Geraldo Moura, diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC): “Temos visto que o Estado é sensível a esse intercâmbio e precisamos abandonar a ideia de que a exportação depende apenas de um esforço isolado. O governo deve ser visto como um aliado”.

Revisão do Simples

Samir Nakad, presidente do sindicato das indústrias do calçado e vestuário de Birigui aprovou as medidas no II SP ExportAção e entregou ao governador um pedido para que negocie com a União a revisão da base de cálculo do Simples Nacional para exportadores. Esse modelo de tributação é escolhido por muitas pequenas empresas, porém prejudica a exportação, já que repassar os custos do imposto no preço final de produtos e serviços deixa o produto nacional em desvantagem. A adoção dessa medida, acreditam os produtores, tornará as micro e pequenas empresas mais competitivas.

Serviço

Programa Exporta São Paulo
Apex – tel. (61) 3426-0202
Call Center paulista de exportação: tel. (11) 3272-7374.

Regina Amábile, Otávio Nunes e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/09/2004. (PDF)

ParqTec comemora 20 anos com 70 empresas instaladas em São Carlos

Primeira e maior incubadora de empresas tecnológicas da América Latina fixa pesquisadores no Estado e gera emprego e renda

No 20º aniversário da Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec), a entidade comemora o sucesso de 70 empresas que passaram pela incubadora e hoje geram emprego e renda na região central do Estado. Fabricam produtos inovadores e prestam serviços diferenciados, todos desenvolvidos com novidades tecnológicas.

A ParqTec é a maior incubadora de empresas de base tecnológica da América Latina. Pioneira no País, é uma entidade de direito privado, não visa ao lucro e foi criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Recebe apoio da prefeitura local, governo federal e Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.

Sylvio Rosa, professor da USP São Carlos e presidente da fundação, conta que a entidade tem diretoria executiva e conselhos consultivo e deliberativo. Seus representantes são professores de centros de pesquisa locais, como a USP e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e instituições como a Unesp, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), prefeitura e empresários do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp).

O modelo de serviço prestado pelo ParqTec estimulou a criação de incubadoras em mais de 50 cidades paulistas, entre elas Marília, Presidente Prudente e Bebedouro. Também iniciou e orientou o empreendimento em cada uma dos municípios. “A ideia é aproveitar a vocação de cada local e prepará-lo para receber investimentos na área de tecnologia”, explica Sylvio.

Infraestrutura

A ParqTec oferece a infraestrutura necessária para o empreendedor começar e tocar seu negócio enquanto está incubado. Tem salas mobiliadas, de reunião, biblioteca, laboratórios de desenvolvimento de produtos, oficina mecânica, rede local de computadores, internet, telefone, serviço de limpeza, água e luz.

Sylvio conta que a incubadora não estipula período mínimo nem máximo de permanência, porém o valor mensal cobrado é reajustado progressivamente. A meta é que o empresário não fique mais do que três ou quatro anos incubado. A cobrança estimula-o a crescer, ceder o espaço e fixar-se em São Carlos.

O engenheiro Luis Antonio Pereira, gerente da ParqTec, conta que atualmente 14 empresas estão abrigadas no complexo, limite máximo. O centro está atualmente dividindo salas para abrir mais vagas e instalar outros negócios. “É grande a procura para se estabelecer no aqui, e, quando consegue, o empreendedor recebe acompanhamento em tempo integral de seu negócio”, explica.

A ParqTec aproveita a vasta produção acadêmica local, em especial de ciências exatas – engenharias (elétrica, mecânica, materiais e produção), física e ciência da computação. “O convívio diário entre empreendedores e gestores da incubadora é enriquecedor. E a maioria das histórias tem tido final feliz, com a consolidação de empresas sólidas e inovadoras, que geram emprego e renda na região”, relata Pereira.

A incubadora oferece também capacitação técnica e empresarial para interessados em abrir e gerir um negócio. A ParqTec ensina a criar plano completo de negócio, com análise de concorrência, definição do mercado a ser enfrentado, planejamento da produção, investimento em maquinário, treinamento de pessoal e fluxo de caixa. E tem biblioteca especializada em administração e marketing.

Science Park

O Science Park é o projeto mais ambicioso da ParqTec. É um distrito industrial que está sendo construído em terreno cedido pela prefeitura, ao lado da fábrica de motores da Volkswagen em São Carlos. Terá capacidade para 56 firmas e funcionará também como incubadora para formar e receber empresas. A obra está prevista para ser concluída em dezembro de 2005 e tem investimento de R$ 1,5 milhão.

Os atrativos são a logística favorável do complexo, próximo da Rodovia Washington Luiz, redes de informática capazes de receber tráfego de dados em alta quantidade e velocidade, automação, linhas de ônibus, redes de água, eletricidade e uma conexão com o Gasoduto Brasil-Bolívia, que passa pelo local.

“O objetivo é integrar toda a cadeia produtiva, como fazem as montadoras de veículos, que agrupam fornecedores em torno de sua linha de montagem. E também como fizeram os norte-americanos no Vale do Silício, base da indústria de informática local”, comenta Sylvio.

Projetos especiais

O ParqTec mantém sete atividades básicas em funcionamento: incubadora de empresas, escola de administração, núcleo de pesquisa, assessoria e consultoria, programas institucionais, eventos e promoções, São Carlos Science Park e centro de modernização empresarial.

Mantém ainda o núcleo de prototipagem rápida, capaz de projetar, modelar e construir peças e componentes com durabilidade e resistência. Sylvio conta o exemplo de um fabricante local de bebedouros que encomendou uma tampa especial higiênica para seu equipamento, produzido a base de um plástico. “Hoje o consumidor encontra nas lojas o bebedouro, que é de qualidade comprovada”, comenta.

O ParqTec tem também laboratórios que simulam a produção de um forno industrial – aquece, queima e esfria amostras. Faz todos os testes físicos de um produto cerâmico antes de ser fabricado. O forno de rolo determina qual é o melhor processo de queima e o forno a gradiente queima simultaneamente diversas amostras de argila em temperaturas e quantidades diferentes. O objetivo é oferecer parâmetros para produção em escala industrial. E a sequência de testes continua com uma panela de pressão especial, que testa amostras na água e revela como ocorre o processo de absorção de líquido na cerâmica.

Núcleo de design

Marcos Brefe é o chefe do grupo de pesquisa e desenvolvimento em design do ParqTec. O núcleo oferece soluções e projetos sob medida, é composto por oito designers e dois engenheiros de materiais. Atende há dez anos o polo cerâmico de Santa Gertrudes, maior produtor paulista e nacional de cerâmica, com 200 linhas fabris e catálogo de 800 tipos de produto.

O designer relata que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerâmica e exporta por US$ 2,50, o metro quadrado. A Itália, líder mundial do segmento, vende por US$ 10 e a Espanha, a segunda colocada por US$ 8. “O produto nacional já é, do ponto de vista técnico, comparável ao europeu, porém lhe falta marketing e funcionalidades. Este é o desafio para conseguir um maior preço de exportação”, conta.

Os profissionais do núcleo de design escrevem artigos técnico-científicos, participam de palestras e congressos estrangeiros como visitantes e mantêm intercâmbio com os EUA e Europa para se adaptar às novas tendências. “O Brasil tem excelente designers, arrematou 18 prêmios internacionais em 2004, porém lhe falta políticas de valorização e incentivo governamental ao design. O núcleo da ParqTec valoriza a cultura nacional e temos como inspiração uma biblioteca composta por livros de arquitetura, paisagens, cidades, pedras, madeiras, flora e fauna brasileiras”, conta.

Logística sob controle

O paulistano Fabrizio Passari, 28 anos, deixou a capital para estudar na USP em São Carlos e hoje, engenheiro mecatrônico formado com especialização na Alemanha, é sócio fundador da BR Express. Sua empresa é especializada em programas para áreas de logística e transporte de cargas.

Fabrizio tem o típico perfil do empreendedor incubado no ParqTec: jovem, na faixa etária de 30 anos. Seus sócios são um professor que o orientou nos anos de graduação e mais dois empresários locais. Sua empresa está incubada na ParqTec há três anos.

Um dos produtos que a BR Express vende é um sistema de roteirização de entregas para transportadoras. Flexível, se adapta às necessidades de cada cliente e traz mapas detalhados que indicam quarteirões, ruas com sentido obrigatório, contramão e locais para conversão à esquerda e à direita. “A vantagem é poder planejar e distribuir entregas com o máximo de eficiência para 300 caminhões e traçar a rota com o menor custo e tempo possíveis”, explica Fabrizio.

Hoje a BR Express tem 12 empregados e recebe financiamento da Fapesp. “A empresa desenvolve agora outro software, que permite acompanhar em tempo real pedidos on-line. É útil para quem tem loja virtual e para o comprador, pois oferece informação instantânea sobre o andamento da encomenda”, finaliza.

Sebrae, parceiro constante

O Sebrae é parceiro natural do ParqTec. Apoia e prepara microempreendedores interessados em abrir um negócio. Paola Goulart Rosa, 33 anos, gerente, relata que a entidade ministra com exclusividade no País o Empretec, capacitação desenvolvida pela ONU que não requer instrução mínima e reforça e faz aflorar características empreendedoras nos donos de negócios.

Paola explica que a ONU entrevistou empresários de diversas regiões do globo, na faixa etária de 50 anos. Todos tinham origem humilde, deixaram a pobreza para trás e progrediram. Em comum, tinham nove características bem definidas: persistência, capacidade de correr riscos calculados, exigência de qualidade e eficiência, comprometimento, busca de informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de contatos e independência e autoconfiança.

Os incubados da ParqTec são estimulados a cursar o Empretec, atividade de imersão. “No Brasil, um traço cultural predominante é o de só pedir auxílio quando o negócio está próximo de falir”, conta. O objetivo é aproveitar que na ParqTec o negócio ainda está no início e estimular os empresários a também participar dos cursos e consultoria nas áreas de marketing, financeira e jurídica. Os serviços prestados pelo Sebrae são todos gratuitos.

Robô educativo e de entretenimento

Antônio Valério Netto, especialista em computação é um dos 33 pesquisadores com título de doutor e mestre que estudaram em São Carlos e criaram a Cientistas Associados, cooperativa da área de tecnologia incubada na ParqTec. A empresa mantém projetos nas áreas de automação, robótica e produtos tecnológicos e desenvolve aplicações de realidade virtual. Entre seus projetos, o destaque é um robô para educação e entretenimento.

O autômato é movido a bateria e será controlado por joystick. Móvel, terá um sensor para identificar objetos e carregá-los por meio de uma garra mecânica. É programável e a ideia é utilizá-lo como recurso tecnológico capaz de motivar alunos do ensino médio. “É leve, evita quedas, colisões e tem visor para passar instruções”, conta Antônio, entusiasmado.

Informações

ParqTec
Rua Alfredo Lopes, 743-841 – Jardim Macarengo (ver no Google Maps)
CEP 13560-460 – São Carlos (SP)
Tel. (16) 3362-6262

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/08/2004. (PDF)

Banco do Povo Paulista comemora 5 anos investindo no resgate da cidadania

Com agências em 335 cidades e juros de apenas 1% ao mês, é o maior programa governamental de microcrédito do País

No quinto ano de aniversário, o Banco do Povo Paulista já emprestou R$ 200 milhões com juros subsidiados de 1% ao mês para pequenos empreendedores e cooperativas. A instituição financeira governamental empresta em média R$ 8 milhões mensais, tem agência em 335 cidades paulistas e já gerou 84 mil empregos diretos e indiretos.

O Banco do Povo é uma parceria entre a Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert), que responde por 90% dos recursos, e as prefeituras paulistas, que ficam com os 10% restantes. Guaracy Monteiro Filho, diretor executivo do programa conta que ele foi criado como um mecanismo não paternalista de ajuda para o micro-empreendedor com situação regularizada ou informal.

O programa de microcrédito está presente em todas regiões do Estado e as agências ficam localizadas preferencialmente no centro dos municípios grandes e médios. “Falta ainda criar postos nas pequenas cidades, de quatro a cinco mil habitantes, e estamos montando sedes conjuntas para atendê-las”, comenta Guaracy.

Justiça social

A proposta do Banco do Povo é ser parceiro do pequeno empreendedor na expansão de seu negócio e não concorrer com os bancos comerciais. Empresta valores baixos, com parcelas fixas e aceita que seus tomadores de crédito não tenham situação regularizada. Não faz caridade, porém atende a população excluída e clientes com dificuldade para conseguir empréstimo nos demais bancos, como um catador de papelão, que muitas vezes não consegue comprovar renda e preencher todos os requisitos exigidos pelo sistema financeiro tradicional.

Pode tomar empréstimo qualquer tipo de empreendedor, com atividade lícita, como açougue, bicicletaria, carrinho de pipoca, artesanato, costureira, bar, oficina mecânica, chaveiro e produtor rural. “A proposta é fazer com que a pessoa progrida, aumente sua auto-estima e empregue mais gente. Cerca de 73% dos empréstimos concedidos foram pagos. E depois do primeiro financiamento ser quitado, o cliente tende a regularizar sua situação legal para conseguir créditos maiores e por fim, acaba por empregar familiares no negócio”, conta.

Agentes de cidadania

O agente de crédito é o grande motor do Banco do Povo. Ele atende ao empreendedor, faz estudos de viabilidade do negócio e orienta e acompanha o cliente. É quem identifica riscos de inadimplência e define o valor do empréstimo, de modo a não sobrecarregar o tomador de empréstimo.

Esse profissional não tem perfil burocrático, se desloca da agência até a propriedade ou negócio do cliente e faz um estudo de viabilidade. Atualmente o Estado dispõe de 485 agentes de crédito. Cada um recebe treinamento constante e tem noções de matemática financeira, comunicação e assistência. As lições aprendidas são sempre repassadas para os empreendedores.

O agente de crédito está preparado para atender ao público diferenciado. Desde o momento da chegada no balcão, ele explica termos técnicos muitas vezes desconhecidos pelo cliente, como juros e capital. Depois, estuda a situação e identifica possíveis problemas no negócio. O objetivo final é evitar um calote.

Condições para o empréstimo

Para conseguir empréstimo, o interessado deve ter endereço fixo e estar produzindo no município há mais de seis meses, com firma aberta ou não. Precisa também ter nome limpo no Serasa e no Serviço de Proteção ao Crédito e faturar menos que R$ 150 mil por ano.

É necessário também apresentar um avalista que não tenha nome sujo. O fiador pode ser parente de primeiro grau, desde que não more na mesma casa. O dinheiro pode ser cedido para investimento fixo (compra de máquinas, equipamentos e ferramentas) ou para capital de giro (mercadoria, matéria-prima, consertos e ferramentas). Não é permitido usá-lo para comprar insumos para o setor agropecuário (sementes, fertilizantes, animais), pagar dívidas, comprar veículos de passeio e qualquer atividade ilegal.

O prazo de devolução é de até seis meses para produção e de até 18 meses para capital de giro e investimento fixo. Empreendedores pessoa-física podem tomar empréstimo de R$ 200 até R$ 5 mil e cooperativas podem pegar até R$ 25 mil.

Aprovação do crédito

O dinheiro do empréstimo é liberado somente após aprovação do comitê de crédito, composto sempre por, no mínimo, três profissionais: representante da Sert, da comissão municipal de emprego e do Banco Nossa Caixa.

O crédito é cobrado rigorosamente em dia. Guaracy explica que a administração do programa é transparente, foge de paternalismos e relata que o cumprimento do dever de cada uma das partes é essencial para seu sucesso. “Dependemos de gestão técnica séria, comprometimento dos agentes de crédito e disposição dos empreendedores em crescer”, salienta.

O Banco do Povo investe no resgate da cidadania. “Se o governo doar alimentos ou gêneros de primeira necessidade, compulsoriamente decide aquilo que o indivíduo irá comer ou consumir. A proposta é capacitá-lo e transformá-lo em cidadão, para que consiga renda suficiente para se manter e não depender mais da solidariedade alheia”, comenta.

A taxa de inadimplência do Banco do Povo é baixa, 73% dos financiamentos são pagos integralmente e 56% deles são na área de serviços. O valor médio dos empréstimos é de R$ 2,7 mil. Guaracy conta que a instituição está próxima de conseguir o equilíbrio financeiro entre receitas e despesas. “Os aportes financeiros de prefeituras e Estado têm sido cada vez menores e a tendência é de estabilização”, aponta.

Aprendizado constante

José Francisco Bastia, coordenador de desenvolvimento do Banco do Povo conta que o próximo passo é realizar uma pesquisa para descobrir porque alguns empreendedores fracassam. “O objetivo é aprender com os erros, repassar para todos os agentes de crédito as experiências adquiridas e tornar o serviço ainda mais eficiente”, salienta.

“Quando é detectado um problema em mais de uma cidade, como por exemplo a falta de capacitação em alguma atividade profissional, dispomos do auxílio do Sebrae para organizar um curso. A meta é que todos tenham sucesso”, finaliza.

Parcerias

Além das prefeituras, o Banco do Povo mantém parcerias com o Sebrae, Nossa Caixa e com o programa Prolar Banco do Povo Paulista, que financia de R$ 500 a R$ 5 mil para compra de material de construção e permite pagamento em 48 pagamentos sem juros. Esta iniciativa já está presente em 30 cidades. Mantém ainda parcerias com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SAP), com o Projeto Vida Nova, que financia parentes de detentos. E com a Sutaco, programa também da Sert que auxilia na capacitação e formação de cooperativas de artesãos.

Agência Araraquara

A agência Araraquara do Banco do Povo é uma das mais movimentadas do interior. Foi criada em dezembro de 2001, dispõe de três agentes de crédito e já emprestou mais de R$ 800 mil. Paulo Alexandre da Silva, agente, conta que 80% dos pedidos atendidos são para trabalhadores informais e os 20% restantes para os formais.

“A maior motivação é saber que, depois do levantamento econômico para conceder o primeiro empréstimo, passamos para o cliente uma nova visão gerencial de seu próprio negócio que ele antes não tinha, ou não era capaz de enxergar”, conta Paulo.

Celso Paiva, agente de crédito, conta que os vínculos de amizade formados são frequentes. “Muitos empreendedores voltam para trocar ideias e informações e pedir novos empréstimos. Um cliente retornou para receber novas planilhas de custos e pedir cursos”, conta.

Juliana Porto, também agente de crédito, conta a história de um migrante que veio para região colher laranja e ficou desempregado na entressafra. Decidido, começou a percorrer a cidade recolhendo sucata com sacolas e depois transformou uma geladeira velha em carrinho para carregar mais itens. Para expandir ainda mais e coletar o material proveniente de indústrias, solicitou ao Banco do Povo que financiasse uma kombi para transportar o material.

O comitê de crédito fez então o estudo de viabilidade e constatou que o homem não teria como arcar com as despesas do veículo e com a retirada da carteira de habilitação. Foi lhe então sugerido que financiasse uma charrete com uma mula por mil reais. “Foi a solução encontrada, viável e que atendeu à necessidade do cliente sem sobrecarregá-lo”, conta Juliana.

Gráfica em Matão

José Luiz Mendonça e Lúcio Antonio Giannini, proprietários da MG Artes Gráficas, conheceram o Banco do Povo Paulista por meio de um folheto e decidiram procurar a agência local, em Matão, para financiar R$ 5 mil, parte do preço de uma máquina offset. O equipamento permitiu à empresa imprimir 2,5 mil folhetos monocromáticos por hora, no formato ofício, e ampliar a produção.

O investimento teve retorno rápido e a dupla de empreendedores decidiu quitar o empréstimo antes do vencimento das 18 parcelas. O objetivo: comprar outra offset para imprimir no formato duplo-ofício e ampliar a variedade de panfletos para os clientes. “O empréstimo permitiu a expansão do negócio, antes restrito a nós dois e já chegamos a ter doze funcionários”, conta Lúcio satisfeito.

Depoimentos de empreendedores da região de Araraquara

Ana Maria Mauri – dona de confecção: “Ajudou-me na produção, tornando-a mais rápida e a qualidade melhor.”

Andreia Rodrigues – setor de alimentação: “Com o financiamento pude aumentar os itens a serem vendidos dando comodidade para os clientes, aumentando o movimento.”

Antonio Ciniato – afiador de ferramentas: “Ajudou-me na compra de equipamentos para ampliar minha produção e melhorar a qualidade.”

Inara de Freitas – dona de floricultura: “Tive oportunidade de ampliar a floricultura. Com essa mudança aumentaram meus clientes.”

Josefa da Silva – dona de confecção: “O Banco do Povo Paulista me deu condições de ter maior produção e variedades na parte de tecelagem.”

Manoel Gomes – setor de alimentação: “Com o financiamento comprei uma máquina de café expresso. Com isso deixei de pagar aluguel e aumentei a minha clientela.”

Maria Cristina Ruivo – artesã: “Proporcionou um impulso mais rápido para viabilizar negócios maiores.”

Roberto Zacarias – oficina mecânica: “Consegui melhorar diagnósticos e com maior rapidez, depois que comprei novos equipamentos com o financiamento.”

Imagem do Banco do Povo Paulista junto aos empreendedores
Fonte: Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa
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Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/08/2004. (PDF)