Para educar (jogos on-line ensinam conceitos de educação, saúde, meio ambiente e cidadania)

Ex-alunos da Unesp, USP e IFSP criam sites de jogos, um novo modelo gerador de novos conhecimentos e negócios, de perfil tecnológico

Aproveitar o potencial de atração dos jogos eletrônicos na sociedade para transmitir, de modo lúdico e interativo, conceitos de educação, saúde, meio ambiente e cidadania. Esta é a proposta do Ludo Educa Jogossite de games gratuitos desenvolvido pela Aptor Software, empresa criada em 2005 por ex-alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Instituto Federal de São Paulo (IFSP).

A Aptor Software é uma spin-off – termo que designa empresa originada na universidade ou centro de pesquisa, público ou privado, e provedora de serviços e produtos tecnológicos. Desde o ano 2000, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) investe nesse modelo gerador de novos conhecimentos e negócios, de perfil tecnológico.

Sediada em São Carlos, a Aptor Software nasceu como parceira do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), um dos 11 Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp. É uma das seis spin-off originadas no CMDMC, e emprega dez profissionais e mais 30 eventuais. Dos contratados, quatro são graduandos com bolsa de iniciação científica. A empresa também mantém vínculo com o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (INCTMN).

Concepção e projeto

O professor Élson Longo, diretor do CMDMC e docente do Instituto de Química (IQ) da Unesp de Araraquara, explica que o enredo e temática dos jogos educacionais são sugeridos e supervisionados pelos pesquisadores do CMDMC. E sempre abordam questões ligadas à cidadania e problemas comuns a muitos municípios brasileiros.

Segundo ele, os games cumprem com uma parte do dever de todo Cepid da Fapesp: desenvolver atividades de extensão universitária. São ferramentais de apoio em atividades educacionais e contribuem com a iniciação científica de alunos e professores do segundo grau. “Outro viés é auxiliar a preparação pré-vestibular, orientar a população sobre como combater a dengue, divulgar mensagens de cunho ambiental e sublinhar eventos ligados à sustentabilidade, entre outros”, analisa.

Vínculo acadêmico

Thiago Jabur, da Aptor Software, cursa doutorado na USP São Carlos e conta que tudo começou na graduação, quando foi bolsista de iniciação científica. Atualmente universitário de Ciências da Computação e fã de videogames desde a infância, identificou na época demanda por serviços para acompanhar eventos vinculados à comunidade acadêmica, como a criação de sites e bancos de dados para simpósios.

Além do serviço extracurricular prestado, Thiago dedicou parte da sua formação acadêmica ao estudo dos jogos educativos, área repleta de oportunidades e carente de profissionais com formação específica. Assim, com outros ex-colegas, fundou a empresa que mantém laços estreitos com as universidades públicas. Hoje, emprega na Aptor alunos com perfil semelhante ao seu. E comenta, sorrindo, que os “perde” para o mercado com frequência.

Rener Baffa da Silva, gerente de jogos da empresa, conta que o Ludo Educa Jogos já teve mais de 2 milhões de acessos desde o seu lançamento, em janeiro de 2010. “Como alguns games exigem cadastro, conseguimos aperfeiçoar sempre os jogos e conhecer a origem do público, formado na maioria por professores e alunos de todo o Brasil”, observa.

Bacharel em análise de sistemas, Rener informa que as melhores pontuações nos jogos dão direito aos campeões ter seus nomes publicados em rankings nacionais de cada jogo. O Ludo Educa Jogos também sorteia prêmios semanais, como pendrive de oito gigabytes (GB), para vencedores de concursos realizados pela página de fãs do serviço no Facebook.

Atacando a dengue

O site Ludo Educa Jogos disponibiliza 22 jogos on-line, com opções para públicos de todas as faixas etárias, a partir de quatro anos. Oferece partidas rápidas e casuais, disputadas com teclado e mouse em qualquer navegador com suporte à tecnologia Flash.

O combate à dengue é tema de cinco títulos. Nos jogos Palavras CruzadasMonta Palavras, a missão é digitar termos ligados à prevenção da doença. Em Proteja a Casa, o cursor do mouse ajuda a pulverizar ambientes e a evitar a proliferação do Aedes aegypti. Em Contra Dengue, passatempo no estilo Super Mario, é preciso dar raquetadas nos mosquitos. E no Jogo dos 7 Erros, ao comparar duas imagens, o jogador visualiza situações explícitas de prevenção, como evitar acumular água parada em vasos de flores e em quaisquer recipientes.

Salvando o planeta

Preservação e educação ambiental são motes de Pesque e Salve, jogo criado para celebrar a Conferência Rio +20. O desafio é despoluir um rio e incentivar a pesca esportiva, com a soltura dos peixes depois de serem fisgados. Já o Basquete Reciclável favorece o descarte ambiental correto de vidro, plástico, papel e metal.

Chemical Sudoku é uma releitura do puzzle japonês de lógica, com elementos químicos da tabela periódica substituindo os números. Sustentabilidade é um jogo de memória tradicional, usando elementos como a reciclagem de lixo. Fechando a lista, Half na Floresta é voltado à preservação de espécies ameaçadas de extinção. Trata-se de uma versão de Pitfall, título clássico dos videogames e precursor do estilo plataforma.

Alfabetização interativa

A educação é tema da série Ludo Educativo, subdividida em quatro níveis. A primeira opção, chamada Ludo Ação, é direcionada para o primeiro ciclo do ensino fundamental. Na sequência, vem o Ludo Radical, destinado ao segundo ciclo do fundamental. Depois, há o Ludo Vestibular, com a proposta de auxiliar o estudante do ensino médio a se preparar para os exames de ingresso na universidade. E, por fim, o Ludo Quântico, criado em 2011 para celebrar o Ano Internacional da Química, que aborda a química quântica de modo descontraído e divertido.

Serviço

Ludo Educa Jogos

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 14/07/2012. (PDF)

Soluções sustentáveis para problemas complexos

Design Thinking foi o tema do InovaDay de junho, encontro promovido na capital pela Rede Paulista de Inovação

O auditório do mezanino do Edifício Cidade I, no centro da capital, foi palco no último dia 29 de mais um InovaDay. Promovido desde 2009 pela Secretaria Estadual de Gestão Pública, o evento mensal traz especialistas para repensar, de forma criativa, governo e sociedade. A iniciativa segue as diretrizes do Decreto nº 53.963 e tem como meta estimular e fortalecer a cultura de inovação na administração pública estadual.

Os encontros e debates do InovaDay têm entrada franca e são transmitidos ao vivo pela internet, nos sites do programa e da Rede Paulista de Inovação em Governo (iGovSP). Depois de cinco dias úteis, os vídeos são editados e ficam disponíveis para consulta on-line a qualquer tempo.

Roberto Agune, coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação da Secretaria de Gestão Pública, abriu os trabalhos do InovaDay. Comentou sobre o desafio de preparar a geração atual de servidores para um presente complexo, com múltiplas dimensões, capaz de motivar uma mudança cultural e lançar as bases do governo do futuro. E também de encontrar caminhos para que os funcionários mais antigos compartilhem na rede seu saber acumulado e que ampliem a troca de experiências com os mais novos.

Na sequência, convidou a plateia a refletir sobre o desafio e em suas palavras e fazer com que o povo coloque ‘a mão na massa’ para estimular a criatividade. Segundo Agune, os encontros mensais do InovaDay estimulam as iniciativas setoriais na cultura da inovação, com objetividade e conteúdo focado em novas formas de melhorar e prestar serviços, de rever processos de trabalho e de contribuir para uma nova mentalidade governamental.

Design Thinking

Neste encontro, o palestrante foi Ricardo Ruffo, professor da unidade paulistana da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e diretor da empresa Design Echos.

O tema da palestra foi Inovação Social e Design Thinking, metodologia que se propõe a vislumbrar soluções empáticas e sustentáveis para problemas complexos. Segundo o palestrante, esta abordagem propõe fazer uso do conhecimento compartilhado, colaborativo e produzido pela internet e redes de interações entre os indivíduos para colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto. A partir da experimentação de novas possibilidades, despertar a cultura da inovação e criar novas estratégias sociais, produtos, serviços e negócios.

“Uma empresa busca inovar processos primordialmente para lucrar mais. Já a sociedade e os governos devem fazer o mesmo, porém voltados para o social. Neste processo, há uma convergência saudável entre ganhar dinheiro e fazer o bem – e surgem novas formas de pensar e agir”, explicou Ruffo.

Poupatempo 2.0

Depois da exposição de Ruffo, uma equipe multidisciplinar de universitários orientada por ele expôs um exemplo prático da aplicação do Design Thinking em um serviço público. O grupo produziu estudo de caso chamado Poupatempo 2.0 – Gerar soluções para a vida das pessoas”. E o trabalho foi apresentado no InovaDay pelas alunas Renata Tonezi, Amnah Asad e Maria Andreia Trujillo.

As estudantes sugeriram propostas simples para aprimorar o Poupatempo, programa mantido pela Secretaria de Gestão Pública, cujo conceito é concentrar diversos serviços públicos em um mesmo local. Em 2010, o atendimento foi avaliado como ótimo e bom por 97% dos usuários do Poupatempo, segundo pesquisa do Ibope. Entretanto, na avaliação delas, é possível aprimorar ainda mais o serviço e favorecer a aproximação entre governo, cidadão e servidores.

Durante uma semana, os estudantes da ESPM-SP se dividiram em turmas para avaliar o atendimento prestado no Poupatempo Sé, posto com mais procura entre os 31 fixos existentes no território paulista. Na agência, ouviram funcionários, público e analisaram instalações, procedimentos, interações e serviços.

O grupo avalia que o tempo e a disponibilidade no atendimento são dois pontos críticos a ser melhorados. Sugeriram opções para reavaliar o tempo gasto por todos os envolvidos no atendimento. A principal conclusão é que todas as esferas de governo precisarão ouvir cada vez mais os cidadãos. E também deverão modernizar processos, mudar atitudes, diminuir redundâncias e unificar bases de dados. Outra sugestão é criar uma moeda social, para valorizar funcionários, identificar problemas com os usuários e valorizar os voluntários que ajudam no funcionamento.


Transparência e acessibilidade

Depois da apresentação, o grupo de Design Thinking debateu com a plateia. Participaram da conversa Edward Gerth e Álvaro Gregório, assessores em inovação vinculados à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional, e Hudson Augusto Lima, funcionário da Secretaria da Administração Penitenciária. Para Álvaro, as palavras colaboração e tecnologia nunca estiveram tão em voga. E devem ser aliadas para permitir ao governo estreitar laços com a sociedade.

Para Hudson, é primordial para o poder público rever processos. Morador de Sorocaba e pós-graduando em tecnologia, trabalha com inclusão digital. Ele analisou de 21 de agosto a 21 de setembro de 2011 os sites das 645 prefeituras paulistas. Neste trabalho, descobriu que 54 municípios ainda não estão na internet. Deste universo, 159 não publicam suas contas e entre as que divulgam, 364 o fazem em formatos não acessíveis, dificultando a compreensão dos conteúdos.

Ele também observou a presença nas redes sociais, se oferecem conexão gratuita com a internet e acessibilidade das páginas das prefeituras. Este cuidado garante que qualquer pessoa, deficiente ou não, seja capaz de usar um site. No momento, somente a prefeitura de Dourado tomou esta precaução. O resultado completo da pesquisa de Hudson está disponível para consulta on-line em documento compartilhado no endereço http://va.mu/HmNm.

Serviço

InovaDay
Rede Paulista de Inovação em Governo (iGovSP)

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/07/2012. (PDF)

Respirando cada vez melhor

Operação da Cetesb constata redução de emissão de fumaça preta. Até setembro, companhia intensifica fiscalização dos veículos a diesel

O trecho Oeste do Rodoanel Mario Covas, na altura do quilômetro 13, em Barueri, foi um dos 21 pontos da Operação Inverno 2012 da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), iniciativa que envolve 500 fiscais e verifica as emissões de poluentes provenientes de veículos rodoviários movidos a diesel nas principais rodovias paulistas.

A Operação Inverno autua proprietário de veículo a diesel que estiver trafegando com motor desregulado ou usando combustível de má qualidade e emitindo fumaça preta acima dos limites previstos pela legislação estadual. A Cetesb fiscaliza o ano inteiro este tipo de veículos no território paulista e intensifica ações de controle da poluição do ar no outono e inverno.

De maio a setembro, as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão de poluentes na atmosfera. Diminuem a umidade do ar e também chuvas e ventos e aumentam os riscos de doenças e mortes causadas pelo fumaça expelida por caminhões, ônibus, vans, picapes e camionetes.

Balanço

No total, 40.121 veículos a diesel passaram pelos pontos de fiscalização. Destes, 1.173 (2,9%) estavam com emissões acima do padrão legal. Ao comparar com a operação realizada em junho de 2011, houve redução nos problemas constatados: naquela ocasião, 1.458 veículos a diesel estavam acima dos padrões legais. Nos primeiros quatro meses de 2012, a fiscalização autuou 4.373 veículos. Em todo o ano de 2011, esse número chegou a 16.204 veículos.

Os veículos a diesel respondem por 28,51% das 63 mil toneladas de material particulado lançadas anualmente na atmosfera na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), área da capital e 38 cidades no seu entorno.

A queima direta ou indireta de combustíveis expele fumaça e partículas mais finas que penetram no organismo por meio da respiração. Também polui o ar com monóxido de carbono, ozônio, dióxido de enxofre, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio. Além de tóxicas, muitas destas substâncias têm potencial cancerígeno.

Vigiar para prevenir

As blitze caça-fumaça são realizadas com o apoio das Polícias Rodoviária, Militar e Ambiental. A fiscalização é feita com o veículo em movimento. Os agentes da Cetesb ficam preferencialmente em aclives – locais onde o motorista precisa acelerar para subir. Para verificar a emissão do escapamento usam a Escala de Ringelmann. Trata-se de um cartão de papel com um pentagrama vazado no meio que permite a identificação visual, por comparação, de cinco níveis de tonalidade da fumaça em tons de cinza.

O técnico fica de costas para o sol e segura o cartão totalmente estendido, a uma distância entre 20 e 50 metros do escapamento. Ele compara a fumaça vista pelo orifício com o padrão colorimétrico e assim determina a tonalidade do poluente. O Decreto Estadual nº 8.468/76 determina que nenhum veículo a diesel poderá emitir fumaça com densidade superior ao padrão 2 da escala, que corresponde a 20%. Os demais níveis, passíveis de punição, são 60%, 80% e 100%.

Depois da constatação visual, o fiscal avisa por rádio os policiais sobre a autuação. O comando fica geralmente 500 metros à frente e o veículo é então parado para conferência de documentos e verificação das demais condições. Neste momento, a fiscalização da Cetesb entrega a notificação de multa ao motorista. Não há apreensão do veículo nem inclusão de pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do condutor.

Desconto na multa

A multa ambiental básica por emissão excessiva de fumaça preta é de 60 Unidades Fiscais do Estado (Ufesps) e corresponde a R$ 1.106,40. Em caso de reincidências (até a quarta vez) o valor cobrado vai sendo dobrado progressivamente, até o máximo de 480 Ufesps, totalizando R$ 16.956.

Para incentivar a conscientização do proprietário – quando não se tratar de reincidência – o valor da multa pode ser reduzido em 70%. Após a autuação, o dono do veículo tem prazo de 20 dias para regular o motor do veículo em qualquer uma das 117 oficinas mecânicas cadastradas no Programa de Melhoria da Manutenção de Veículos a Diesel (PMMVD) da Cetesb.

Para evitar multa e melhorar a qualidade do ar, a Cetesb recomenda a revisão semestral do veículo e atenção especial para os mais velhos, com décadas de uso. A dica é observar sempre se a fumaça que sai do escapamento está visível. Se estiver é indicativo de emissão acima do limite legal.

Na oficina devem ser solicitadas verificação de filtros de ar e de combustível e regulagem do motor e bicos injetores, entre outros serviços. A lista completa de oficinas credenciadas está disponível no site da Cetesb. Estes estabelecimentos são inspecionados periodicamente pela agência ambiental paulista. A avaliação inclui vistoria da calibração dos equipamentos de acordo com a especificação dos fabricantes, treinamento de funcionários e análise de condições de limpeza e ambientais, entre outros quesitos.

Menos infrações

Vanderlei Borsari, gerente da Divisão de Transporte Sustentável e Emissões Veiculares da Cetesb, coordenador das blitze no Rodoanel, comenta que o número de autuações caiu mais de 30% nos últimos anos e segue diminuindo.

Os motivos, segundo ele, incluem maior conscientização dos proprietários de veículos, ações educativas realizadas nas oficinas de manutenção, montadoras e empresas de transportes e progressiva renovação da frota diesel paulista, estimada em 500 mil veículos. “Por agregar tecnologias mais eficientes, o motor do veículo mais novo polui menos, além de gastar menos combustível que os mais antigos”, comenta.

Vanderlei informa que a população também pode ajudar a melhorar a qualidade do ar no Estado. Para isso, basta denunciar veículos suspeitos de emitir fumaça em excesso pelo telefone 0800-113560 e pelo site da Cetesb.

Serviço

Mais informações no site, que traz a relação de oficinas credenciadas.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/06/2012. (PDF)