Depois das chamas, o restauro

IPT avalia danos causados na estrutura do Auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina, incendiado em 2013

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e Inovação prossegue com a avaliação dos danos causados na estrutura do Auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina. O edifício foi o único atingido no incêndio ocorrido em 29 de novembro de 2013. Três meses depois, a equipe de cientistas do IPT está em fase de conclusão do estudo técnico que orientará a recuperação do edifício.

A avaliação está prevista para terminar no final deste mês. Ela vai balizar as etapas seguintes do restauro do prédio, que incluem o orçamento e a execução do serviço. As obras serão executadas até o fim do ano pela Companhia Paulista de Obras e Serviços. A expectativa da direção do Memorial é de ter o auditório, de 1,6 mil lugares, novamente disponível para eventos e atrações a partir de 2015.

O trabalho do IPT é coordenado pelo engenheiro Daniel Guirardi, responsável pela Seção de Engenharia de Estruturas e tem a participação de 15 pesquisadores das áreas de Geotecnia e do Laboratório de Materiais de Construção Civil. O conjunto de ensaios técnicos envolve, entre outras análises, a retirada de amostras para avaliar a uniformidade do concreto do prédio.

O centro cultural é administrado pela Fundação Memorial da América Latina, ligada à Secretaria Estadual da Cultura. E mesmo com a recuperação do Auditório Simón Bolívar em andamento, o Memorial segue aberto à visitação e com as demais atividades em funcionamento.

Patrimônio histórico

O pesquisador Vicente Galli, da Seção de Geotecnia e integrante do grupo, explica que uma das tecnologias usadas no serviço é a do GPR, sigla em inglês que identifica o radar de penetração de solo (Ground Penetrating Radar). Pela primeira vez, o equipamento está sendo usado em um prédio considerado obra de arte – todo o complexo do Memorial é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat).

O GPR usa ondas eletromagnéticas de alta frequência para gerar imagens tridimensionais e em alta resolução da estrutura interna do concreto. Permite coleta rápida de dados sobre as propriedades do concreto sem precisar, contudo, destruí-lo para retirar amostras.

Chamas da destruição

O incêndio não deixou vítimas fatais, mas para combater as labaredas foram necessárias 80 viaturas e 245 homens do Corpo de Bombeiros. No final, 25 bombeiros tiveram lesões de diferentes graus e, quatro deles, sofreram ferimentos graves – eles foram homenageados no dia 30 de janeiro, em solenidade realizada com representantes da corporação no Memorial.

O incêndio destruiu a peça de tapeçaria produzida pela artista plástica Tomie Ohtake, que decorava o interior do prédio. E ainda avariou outras duas, que estão sendo restauradas: o painel de telas Agora, do artista cuiabano Victor Arruda, que fica próximo à entrada do Auditório Simón Bolívar; e a escultura A pomba, de Alfredo Ceschiatti, que rodeia a rampa de acesso às cadeiras das duas plateias do Auditório Simón Bolívar.

Integração continental

Desenhado com muitas curvas pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), o Memorial da América Latina teve seu projeto idealizado pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Foi inaugurado em 18 de março de 1989 e ocupa 84,5 mil metros quadrados no bairro da Barra Funda, zona oeste da capital.

O Memorial foi concebido para ser um espaço de integração e de informação dos países latino-americanos, de suas raízes e culturas, e abriga, também, a sede do Parlamento Latino-Americano (Parlatino). Seu Pavilhão de Exposições concentra produções artísticas e também oferece diversas mostras permanentes e sazonais, além de uma biblioteca onde, além dos livros, há jornais, revistas, vídeos, filmes e gravações sonoras sobre a história da América Latina.

Serviço

Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 Barra Funda – São Paulo (SP)
Telefone (11) 3823-4600

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/03/2014. (PDF)

Novos rumos na inclusão digital

Encontro Regional do Acessa SP premia experiências bem-sucedidas do programa, presente em 535 municípios paulistas

Os monitores Elizângela de Souza, Junior Eduardo e Muriel Brefori venceram o II Prêmio Acessa SP, realizado ontem no Memorial da América Latina, na capital. O trio apresentou os projetos de inclusão digital mais bem sucedidos e inovadores do ano de 2011. Foram 53 trabalhos inscritos e os 12 finalistas receberam como prêmio uma câmera fotográfica digital. Os três primeiros também levaram notebooks.

Além disso, Elizângela também conquistou o prêmio Grande Destaque. A conquista valeu um datashow para o posto do Acessa SP de Marabá Paulista, por ensinar aos professores como usar em classe o recurso tecnológico. “Um professor, antes leigo em informática, agora adota o recurso na alfabetização no ensino fundamental”, conta orgulhosa.

Junior Eduardo, de São Lourenço da Serra, é bicampeão. Desta vez, disseminou o Google Docs e ensinou ao usuário a usar o pacote de programas gratuitos e guardar os arquivos criados no ambiente virtual. “Percebi a dificuldade das pessoas em trabalhar com arquivos incompatíveis. E a solução também dispensa pen-drive e mídias de armazenamento”.

Monitor de Pirangi, Muriel Brefori conquistou o prêmio na categoria Projetistas. Seu projeto, Conhecendo Minha História, alfabetiza e ensina informática para idosos. A experiência foi narrada em postagens do blog que leva o mesmo nome e revela cenas das vida dos participantes. “Dedico a vitória aos alunos, eles é que venceram”.

Aprendizado colaborativo

A seleção dos projetos ficou a cargo de júri de especialistas em políticas públicas, internet e projetos comunitários. Os critérios foram inovação, criatividade, relevância e parcerias. “Nesta edição, sobressaíram a diversidade de temas e a valorização da cidadania de todos os envolvidos”, conta Gilmar Gimenes, da Prodesp.

Drica Guzzi, da Escola do Futuro da USP, destacou a oportunidade do monitor explorar a potencialidade da internet para construir uma sociedade diferente. A instituição dá suporte técnico, capacita monitores e os ajuda a elaborar projetos.

Cada posto foi pensado a partir da realidade da cidade e das necessidades da população. A ideia é cada vez mais oferecer, com rapidez e qualidade, o que as pessoas precisam. Segundo Daniela Matielo, da Escola do Futuro da USP, a meta é aproveitar novas tecnologias. E incentivar o monitor a elaborar projeto de acordo com a necessidade da comunidade, compartilhando os conteúdos em outros postos.

André Sobreiro, jornalista da Escola do Futuro responsável pelo acompanhamento das redes sociais do Acessa SP, destaca que a receptividade às redes sociais aumentou em relação à primeira edição. Seu trabalho tem sido monitorar as postagens e auxiliar na produção de foto, vídeo e texto. “É uma cobertura colaborativa. Dou o suporte necessário, mas são eles que produzem o conteúdo”.​

Encontro Regional

A premiação integrou o 4º Encontro Regional, realizado nos dias 5 e 6 de julho. Teve a participação dos responsáveis pelo Acessa SP e de 80 monitores vindos de mais de 50 cidades. Os participantes trocaram ideias e experiências e debateram caminhos para melhorar a infraestrutura do programa e da rede de postos, ampliar a autonomia do usuário e capacitar monitores.

Akira Shigemori, gestor do Acessa SP, anunciou que até o fim do ano 300 novas máquinas substituirão PCs do programa com mais de quatro anos de uso. Comentou também a proposta de desenvolvimento de novos projetos sugeridos por monitores, usuários e trabalhos voluntários. “A meta é oferecer o que o usuário precisa, aprimorar o atendimento e manter a ocupação de 60% nos telecentros”, salientou.

Como fazer projeto viável nos postos? Possíveis respostas foram mostradas em oficinas de mapeamento social, parcerias e registros dos projetos. Na identificação, o monitor foi orientado a explorar o potencial do entorno do posto e a realidade da região.

Em São João da Boa Vista, a monitora do Acessa SP estreitou laços com o Projeto Girassol, iniciativa local de apoio à criança deficiente. Antes a maioria dos atendidos não distinguia televisor de computador. Ela contou que agora sabem a diferença e aprenderam a escrever o nome utilizando o teclado.

Em Jacupiranga, em projeto parecido, a ação conjunta é com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Os dois casos ilustram possibilidades de parceria, que servem para divulgar o Acessa SP e contribuir com apoio voluntário e financeiro.

A orientação do gestor do Acessa SP é divulgar cada trabalho no Portal da Rede, para que os demais o conheçam. Para pôr em prática técnicas de comunicação, os monitores fotografaram as instalações do Memorial da América Latina. Depois, analisaram as imagens para perceber se elas eram o melhor retrato do local. Na oportunidade, foi ensinado como postar imagem, texto, vídeo.

Os monitores ouviram o depoimento do colega de São Luis do Paraitinga sobre a atuação do posto após a trágica enchente em janeiro de 2010. Destacaram que o posto teve papel fundamental no contato com parentes e na emissão de segunda via de documentos. Foram informados pelo parceiro comunidade LibreOffice sobre os diferenciais do software livre em contraponto com que os requer pagamento de licença de uso e pelo Sebrae a respeito das vantagens de se tornar empreendedor individual.

Claudeci Martins e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/07/2011. (PDF)