Pesquisa mapeia perfil do usuário do AcessaSP

Disponível on-line, levantamento anual também sinaliza caminhos para aprimoramento do serviço paulista de inclusão digital

O AcessaSP, programa paulista de inclusão digital, divulgou em seu site os números da 13ª pesquisa on-line (Ponline). O levantamento anual identifica o perfil dos usuários dos 840 postos ativos do serviço no Estado de São Paulo e apresenta a avaliação do público sobre o serviço prestado. O estudo foi realizado em dezembro com 3,2 mil usuários de 80% dos postos.

A análise das informações está registrada em um documento de 109 páginas apresentado no formato PDF (ver serviço). A pesquisa foi realizada pela Escola do Futuro, uma das parceiras da Secretaria de Governo do Estado no AcessaSP, sendo responsável pela comunicação do programa com os usuários e pela Rede de Projetos (ver serviço).

Com mais de 2,2 mil trabalhos inscritos, a Rede é um conjunto de iniciativas idealizadas por monitores do AcessaSP e cidadãos. Esses projetos podem ocupar até 30% do horário de atendimento nos postos. O conceito que orienta a Rede de Projetos é o de aproveitar a infraestrutura física e on-line (computadores e acesso à internet) dos postos para desenvolver atividades de cidadania nas mais diversas áreas.

A coordenadora de Pesquisa e Projetos da Escola do Futuro, Drica Guzzi, diz que as informações da Ponline são também usadas para a formulação de políticas públicas com o objetivo de aperfeiçoar o programa. Ela destaca que as séries históricas do estudo tendem a refletir as tendências da internet no Brasil.

A Ponline indicou que 27% dos usuários têm acesso à internet somente nos postos do AcessaSP – e os 78% restantes também se conectam em casa e em outros locais, por rede sem fio (wi-fi). Sublinhou, também, o fato de a maioria dos frequentadores dos postos ter baixa escolaridade, renda familiar de até dois salários mínimos e usar o serviço para procurar emprego (mais de 50% deles) e atividades profissionais e educacionais.

Mobilidade

Drica relata que muitos usam o AcessaSP para criar uma conta de e-mail, hoje uma necessidade comum à maioria dos cidadãos. Para isso, explica, o engajamento dos monitores no atendimento é fundamental. “O mundo está cada vez mais conectado e, quanto mais novo é o usuário, maior é a probabilidade de ele ter familiaridade com a informática e uma postura de independência no posto”, observou.

De acordo com o levantamento, 20% dos entrevistados têm entre 15 e 19 anos de idade; 19% (30 e 39); 14% (40 e 49); 13% (20 e 24); 12% (11 e 14); 11% (mais de 50 anos); 10% (25 e 29); e 1% (crianças com até 10 anos de idade).

Wi-fi

Dos entrevistados, 80% têm celular – 67% na modalidade pré-pago e 13% pós-pago. O grupo usa o aparelho para fazer ligações, fotografar, navegar, acessar aplicativos e redes sociais – 88% deles têm Facebook; 85%, WhatsApp; e 62% assistem a vídeos no Youtube.

“Muitos usuários acessaram a internet pela primeira vez no celular”, revela Drica. “Porém, a maioria não tem recursos para pagar planos de dados móveis cobrados pelas operadoras, cada vez mais caros e restritos. Assim, o acesso sem fio (wi-fi) do programa passou a ser opção”, explica.

Inovações

Cibele Franzese, assessora da Subsecretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão, da Secretaria de Governo, informa que, desde julho de 2000, data de criação do programa, o conceito de inclusão digital cresceu muito, embora metade da população brasileira ainda não tenha acesso doméstico à internet. Assim, uma das respostas recentes a esse desafio foi a ampliação do acesso wi-fi nos postos.

Hoje, das 840 unidades do AcessaSP existentes no Estado, 174 têm wi-fi. Para aumentar esse número, em 31 de maio foi encerrado um edital com o objetivo de oferecer a conexão sem fio para mais unidades e municípios, a partir da seleção de projetos enviados em uma espécie de concurso. “Os critérios de escolha adotados foram a relevância e o impacto social de cada projeto municipal do posto solicitante vinculado à inscrição”, revela Cibele. “O nome dos selecionados será anunciado até 31 de julho no site do Acessa”, assegura.

Trilhas

Outra inovação, conta Cibele, é a criação do programa Trilhas do Conhecimento (ver serviço). Gratuito, como todos os serviços do AcessaSP, foi concebido para atender três públicos: o interessado disposto a abrir uma microempresa; o profissional em busca de emprego; e o jovem formado no ensino médio que precisa decidir sobre qual carreira seguir.

As chamadas trilhas foram pensadas para todos os perfis de usuários. Cada uma reúne conteúdos selecionados. Quem busca emprego, por exemplo, tem à disposição sites com ofertas e recebe instruções sobre como preencher currículos e se comportar nas redes sociais para não se prejudicar com os empregadores.

Infraestrutura

Na capital e nas 38 cidades da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o AcessaSP é mantido 100% pelo Estado. Todo o programa é coordenado pela Subsecretaria de Tecnologia e Serviços ao Cidadão, da Secretaria de Governo. A gestão é feita pela Companhia de Processamento de Dados do Estado (Prodesp) e, além da Escola do Futuro, os municípios paulistas também são parceiros da iniciativa.

No interior e litoral, a prefeitura cede espaço físico, faz a seleção e o pagamento dos monitores – a maioria servidores públicos municipais. Em contrapartida, o Estado fornece equipamentos, banda larga, programas de computador e mobiliário, além de capacitar os monitores e acompanhar a qualidade do atendimento.

Para usar os computadores e as redes wi-fi, na maioria dos postos, o cidadão precisa se cadastrar com um documento de identidade original com foto.

Serviço

AcessaSP
13ª pesquisa on-line
Rede de Projetos
Trilhas do Conhecimento

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/06/2016. (PDF)

Contagem regressiva para cumprir a meta

Até o fim do ano, Acessa SP terá ao menos um posto urbano ou rural em cada uma das 645 cidades do Estado; só faltam 12

A coordenação do Acessa São Paulo, programa de inclusão digital do Governo paulista, acelera os passos para inaugurar postos nas últimas 12 cidades do Estado ainda sem unidade urbana ou rural ativa em seu território. A meta da Secretaria Estadual da Gestão Pública, em parceria com a Prodesp, é colocá-las em funcionamento até o fim de 2014.

Os municípios são Alumínio, Arujá, Jandira, Macedônia, Motuca, Paraíso, Pariquera-Açu, Paulínia, Praia Grande, Ribeirão do Sul, Valentim Gentil e Vista Alegre do Sul. A iniciativa representa mais uma etapa do ciclo iniciado em julho de 2000, com a criação do primeiro infocentro, instalado no Jardim São Luís, capital, com vistas a oferecer acesso gratuito à internet para a população.

Hoje, o Acessa SP tem cadastrados 3 milhões de usuários, que usam estações de trabalho e redes sem fio (wi-fi) de 783 postos em 633 cidades e mais 189 em fase de instalação. São 1,2 mil monitores, 6,5 mil computadores, 784 servidores de rede e 778 impressoras. A lista completa de endereços dos postos está disponível no site do programa (ver serviço)

Acesso universal

Para usar os serviços do Acessa SP é necessário fazer cadastro, na hora, com apresentação do RG. Idoso, gestante e pessoa com deficiência têm atendimento preferencial. Menor de 18 anos precisa de autorização de um responsável; menores de 8 anos só podem usar os serviços com a presença do responsável. Cada usuário tem direito a 30 minutos por sessão, porém, para utilizar o computador novamente é preciso voltar para o fim da fila de espera.

As possibilidades de uso incluem criar conta de e-mail e trocar mensagens, redigir currículo, fazer trabalho escolar ou curso a distância, abrir e gerenciar negócio próprio, procurar vaga de emprego, participar de redes sociais, agendar serviços eletrônicos do e-Poupatempo (RG, CNH, entre outros), cadastrar e fazer consultas no site da Nota Fiscal Paulista, obter atestado de antecedentes criminais, preencher Boletim de Ocorrência (BO), fazer agendamentos do Detran e obter informações sobre IPVA, multas e pontuação na CNH, entre outras.

Funcionamento

Com exceção da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), onde o programa é mantido 100% pelo Estado, o Acessa SP funciona por meio de parceria entre o Governo e as cidades.

As prefeituras cedem o prédio para a instalação do posto e recrutam e pagam os monitores. O Estado fornece equipamentos, conexão de internet (banda larga), programas de computador e mobiliário, além de treinar os monitores antes do início do atendimento.

A capacitação inicial é realizada na capital pela Escola do Futuro da USP, em um dos três postos denominados “Super Acessa”, instalado na Etec Parque da Juventude, na zona norte. Os outros dois ficam em Jaboticabal e Votuporanga, considerados as bases operacionais do programa: têm salas de estudo; servem como polo de formação e de recapacitação de monitores; e oferecem diversas opções de cursos, minicursos e oficinas livres de idiomas, informática, reciclagem de materiais e de diversos temas.

Antes da inauguração

O treinamento presencial é de 32 horas, sendo ministrado de terça a sexta-feira, oito horas por dia, para turmas de até 25 monitores. A capacitação apresenta o conteúdo institucional do programa e divulga as múltiplas possibilidades de uso da Rede de Projetos do Acessa SP. Na sexta-feira, último dia da formação, parte do treinamento é dedicado aos parceiros do Acessa SP e seus conteúdos, muito procurados pelos usuários dos postos. A lista inclui Banco do Povo Paulista (Secretaria Estadual de Emprego e Relações do Trabalho), Poupatempo (Gestão Pública), Receita Federal e Sebrae.

“Mostramos quais serviços públicos podem ser feitos ou agendados pela internet e instruímos o monitor sobre como orientar o público para conseguir o que precisa com rapidez.”, explica Zuleika Fernandes, supervisora do e-Poupatempo.

Conhecimentos atualizados

A etapa final de capacitação são sete cursos on-line de formação continuada, com tempo médio de conclusão de três horas cada. Drica Guzzi, responsável pelos treinamentos da Escola do Futuro, comenta que os monitores são informados quando ocorre mudança ou algum módulo novo é incorporado ao programa.

“A capacitação permite ao monitor conhecer colegas e trocar experiências, além de divulgar as ações da Rede de Projetos que pretendem executar ou já realizam em suas cidades”, destaca. Para ela, as principais características dos postos são ser ponto de encontro das pessoas e, principalmente, “potencializar as possibilidades” de comunidades inteiras.

A Rede de Projetos tem reservado 30% do tempo de uso dos postos e consiste em permitir aos usuários, monitores do Acessa SP, ONGs, empresas, grupos de estudo, de projetos culturais, entre outros, utilizar os serviços para desenvolver atividades livres, de acordo com seus interesses. O trabalho tem auxílio dos monitores e deve ser cadastrado no site (ver serviço) – a partir daí é possível reunir amigos, vizinhos e, de modo colaborativo, publicar on-line o projeto no site da rede.

Inspiração alheia

Robson Manco, monitor do distrito de São Roque da Fortuna, de 1,5 mil habitantes, pertencente à cidade de Águas da Prata, concluiu sua segunda capacitação na primeira semana de junho. Ele atua em um posto rural com oito computadores, nos quais são realizados, em média, mil atendimentos mensais. O serviço mais procurado é o atestado de antecedentes criminais. “Do contato com os colegas no treinamento, surgiu a inspiração para replicar um projeto de inclusão digital de idosos”, revelou.

Acessinhas para os pequenos

Outro destaque do programa são os cinco Acessinhas, postos dirigidos a crianças de 4 a 10 anos. Estão disponíveis na capital, na Etec Parque da Juventude, operando de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas. No interior (Jaboticabal, Vargem Grande do Sul e Itatinga) funcionam das 8 às 12 e das 13 às 17 horas, nos mesmos dias. A unidade de Mogi-Mirim aguarda a capacitação de monitores.

O ambiente nos Acessinhas é lúdico, concebido para as crianças. Oferece livros, brinquedos, cinco netbooks, quatro tablets e videogame Xbox. Equipes formadas por duas monitoras e uma educadora acompanham os pequenos em sessões de 45 minutos (com uma única prorrogação). Para usar o serviço, o pai ou responsável usuário do posto deve preencher termo de responsabilidade disponível no local.

Serviço

Acessa São Paulo
Rede de Projetos

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/06/2014. (PDF)

Novos rumos na inclusão digital

Encontro Regional do Acessa SP premia experiências bem-sucedidas do programa, presente em 535 municípios paulistas

Os monitores Elizângela de Souza, Junior Eduardo e Muriel Brefori venceram o II Prêmio Acessa SP, realizado ontem no Memorial da América Latina, na capital. O trio apresentou os projetos de inclusão digital mais bem sucedidos e inovadores do ano de 2011. Foram 53 trabalhos inscritos e os 12 finalistas receberam como prêmio uma câmera fotográfica digital. Os três primeiros também levaram notebooks.

Além disso, Elizângela também conquistou o prêmio Grande Destaque. A conquista valeu um datashow para o posto do Acessa SP de Marabá Paulista, por ensinar aos professores como usar em classe o recurso tecnológico. “Um professor, antes leigo em informática, agora adota o recurso na alfabetização no ensino fundamental”, conta orgulhosa.

Junior Eduardo, de São Lourenço da Serra, é bicampeão. Desta vez, disseminou o Google Docs e ensinou ao usuário a usar o pacote de programas gratuitos e guardar os arquivos criados no ambiente virtual. “Percebi a dificuldade das pessoas em trabalhar com arquivos incompatíveis. E a solução também dispensa pen-drive e mídias de armazenamento”.

Monitor de Pirangi, Muriel Brefori conquistou o prêmio na categoria Projetistas. Seu projeto, Conhecendo Minha História, alfabetiza e ensina informática para idosos. A experiência foi narrada em postagens do blog que leva o mesmo nome e revela cenas das vida dos participantes. “Dedico a vitória aos alunos, eles é que venceram”.

Aprendizado colaborativo

A seleção dos projetos ficou a cargo de júri de especialistas em políticas públicas, internet e projetos comunitários. Os critérios foram inovação, criatividade, relevância e parcerias. “Nesta edição, sobressaíram a diversidade de temas e a valorização da cidadania de todos os envolvidos”, conta Gilmar Gimenes, da Prodesp.

Drica Guzzi, da Escola do Futuro da USP, destacou a oportunidade do monitor explorar a potencialidade da internet para construir uma sociedade diferente. A instituição dá suporte técnico, capacita monitores e os ajuda a elaborar projetos.

Cada posto foi pensado a partir da realidade da cidade e das necessidades da população. A ideia é cada vez mais oferecer, com rapidez e qualidade, o que as pessoas precisam. Segundo Daniela Matielo, da Escola do Futuro da USP, a meta é aproveitar novas tecnologias. E incentivar o monitor a elaborar projeto de acordo com a necessidade da comunidade, compartilhando os conteúdos em outros postos.

André Sobreiro, jornalista da Escola do Futuro responsável pelo acompanhamento das redes sociais do Acessa SP, destaca que a receptividade às redes sociais aumentou em relação à primeira edição. Seu trabalho tem sido monitorar as postagens e auxiliar na produção de foto, vídeo e texto. “É uma cobertura colaborativa. Dou o suporte necessário, mas são eles que produzem o conteúdo”.​

Encontro Regional

A premiação integrou o 4º Encontro Regional, realizado nos dias 5 e 6 de julho. Teve a participação dos responsáveis pelo Acessa SP e de 80 monitores vindos de mais de 50 cidades. Os participantes trocaram ideias e experiências e debateram caminhos para melhorar a infraestrutura do programa e da rede de postos, ampliar a autonomia do usuário e capacitar monitores.

Akira Shigemori, gestor do Acessa SP, anunciou que até o fim do ano 300 novas máquinas substituirão PCs do programa com mais de quatro anos de uso. Comentou também a proposta de desenvolvimento de novos projetos sugeridos por monitores, usuários e trabalhos voluntários. “A meta é oferecer o que o usuário precisa, aprimorar o atendimento e manter a ocupação de 60% nos telecentros”, salientou.

Como fazer projeto viável nos postos? Possíveis respostas foram mostradas em oficinas de mapeamento social, parcerias e registros dos projetos. Na identificação, o monitor foi orientado a explorar o potencial do entorno do posto e a realidade da região.

Em São João da Boa Vista, a monitora do Acessa SP estreitou laços com o Projeto Girassol, iniciativa local de apoio à criança deficiente. Antes a maioria dos atendidos não distinguia televisor de computador. Ela contou que agora sabem a diferença e aprenderam a escrever o nome utilizando o teclado.

Em Jacupiranga, em projeto parecido, a ação conjunta é com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Os dois casos ilustram possibilidades de parceria, que servem para divulgar o Acessa SP e contribuir com apoio voluntário e financeiro.

A orientação do gestor do Acessa SP é divulgar cada trabalho no Portal da Rede, para que os demais o conheçam. Para pôr em prática técnicas de comunicação, os monitores fotografaram as instalações do Memorial da América Latina. Depois, analisaram as imagens para perceber se elas eram o melhor retrato do local. Na oportunidade, foi ensinado como postar imagem, texto, vídeo.

Os monitores ouviram o depoimento do colega de São Luis do Paraitinga sobre a atuação do posto após a trágica enchente em janeiro de 2010. Destacaram que o posto teve papel fundamental no contato com parentes e na emissão de segunda via de documentos. Foram informados pelo parceiro comunidade LibreOffice sobre os diferenciais do software livre em contraponto com que os requer pagamento de licença de uso e pelo Sebrae a respeito das vantagens de se tornar empreendedor individual.

Claudeci Martins e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/07/2011. (PDF)