Operação Corta-Fogo previne e combate incêndios

Realizada no período seco do ano, iniciativa integrada do Estado com prefeituras visa a poupar vidas e evitar prejuízos ambientais e materiais decorrentes de queimadas

Com o objetivo de evitar incêndios florestais, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado (SMA) e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil anteciparam para esta semana a Operação Corta-Fogo 2016. Tradicionalmente iniciada em junho e executada até o fim de outubro, a iniciativa é uma resposta do poder público ao aumento das ocorrências nas últimas semanas – uma delas, a queda de um balão no dia 24 de abril, cujas chamas devastaram três hectares do Parque Estadual do Jaraguá, localizado na zona oeste da capital.

Realizada desde 1988, com o nome original de Operação Mata-Fogo, a iniciativa tem por objetivo poupar vidas e evitar prejuízos ambientais e materiais decorrentes de queimadas, integrando ações de prevenção, monitoramento, controle e combate aos focos de incêndios. Além da SMA e da Defesa Civil, também participam do trabalho as prefeituras paulistas, Casa Militar, Companhia Ambiental do Estado (Cetesb), Corpo de Bombeiros, Fundação Florestal (FF), Instituto Florestal (IF) e Polícia Militar Ambiental.

“A vigilância aumenta no período de estiagem, quando a vegetação fica mais seca e queima com mais facilidade”, explica o diretor da Defesa Civil e um dos responsáveis pela Operação Corta-Fogo, o tenente-coronel PM Walter Nyakas Júnior. O planejamento preventivo, ele esclarece, considera a análise de boletins meteorológicos, cujas previsões indicam para este ano um período seco maior do que o registrado no ano passado – e esse foi o segundo motivo para a antecipação da Operação Corta-Fogo.

Kit estiagem

Além do monitoramento, a operação também promove oficinas de capacitação para agentes das prefeituras de municípios com mais ocorrências nos últimos 12 meses. O treinamento é ministrado em dois dias: no primeiro, são transmitidas noções teóricas pelas equipes da Defesa Civil, Polícia Militar Ambiental, Cetesb e Corpo de Bombeiros; no segundo, bombeiros ensinam, com exercícios práticos, como apagar o fogo com segurança e descrevem as ocorrências mais comuns na região.

Um dos destaques das oficinas é a distribuição do kit estiagem para cada prefeitura atendida. A lista de equipamentos de combate a incêndios fornecidos às brigadas municipais contém: abafadores (5), pares de luvas (5), facões com bainha (5), cantis (5), óculos de proteção (5), enxadões (2), bombas costais flexíveis (2) e lanternas (2).

Regional

Uma novidade deste ano, conta o oficial, foi a introdução de palestra com agentes da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. O objetivo é ampliar o combate e a conscientização da população sobre os riscos da proliferação do Aedes aegypti, mosquito causador da dengue, chikungunya e zika.

Neste ano, o cronograma de oficinas contemplou 14 localidades – uma a mais do que no ano passado – e começou no dia 29 de março. Desde então, contemplou cidades das regiões administrativas de Araraquara, Campinas, Região Metropolitana de São Paulo, Ribeirão Preto, Franca, Sorocaba, Presidente Prudente, Araçatuba, São José dos Campos, Marília, Bauru, Barretos e São José do Rio Preto. Agora, esta semana, está sendo ministrada a última capacitação, no sul do Estado, na região administrativa de Registro.

Causas

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os focos de incêndio no Estado vêm caindo. No primeiro semestre de 2014, foram registrados 4.604 e, no mesmo período de 2015, somaram 1.918. Em território nacional, a tendência é oposta. O Brasil teve 156.585 focos de incêndio nos seis primeiros meses de 2014 e, no mesmo período de 2015, o total subiu para 190.995.

“A displicência é uma das principais causas dos incêndios”, garante o tenente-coronel. A lista de cuidados inclui não arremessar bitucas de cigarro aceso nas margens das rodovias, não atear fogo em terrenos baldios, não soltar balões (crime ambiental previsto no Artigo 42 da Lei nº 9.605/1998) e não fazer fogueiras nem queimadas sem controle, especialmente em dias de ventos fortes e em locais próximos a matas e rede elétrica.

Educação

“Quando avistar fogo ou fumaça, a recomendação à população é acionar rapidamente o Corpo de Bombeiros pelo número 193 e informar a natureza da ocorrência”, ressalta o diretor da Defesa Civil. Segundo ele, essa é a medida mais importante, “porque nos ajuda a orientar o cidadão sobre as ocorrências, o que pode evitar incêndio de proporções maiores”.

Para se informar sobre quais cuidados devem ser adotados nas emergências, a população também pode copiar, gratuitamente, no site da Secretaria do Meio Ambiente, diversas cartilhas e folhetos com materiais educativos sobre como prevenir de modo adequado incêndios (ver serviço).

“Esse material de educação ambiental também é utilizado pelas prefeituras nas oficinas. Um deles em especial, o Gibi da Operação Corta-Fogo, pode ser discutido em sala de aula como material pedagógico”, observa. “Assim, as crianças também transmitem os cuidados preventivos para seus pais, amigos e vizinhos e se tornam multiplicadores”, acredita o oficial. “Elas são os nossos melhores divulgadores”, completa.

Serviço

Defesa Civil Estadual
Telefone de emergências 193 (24 horas)

Operação Corta-Fogo
Material informativo (download)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2016. (PDF)

Depois das chamas, o restauro

IPT avalia danos causados na estrutura do Auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina, incendiado em 2013

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e Inovação prossegue com a avaliação dos danos causados na estrutura do Auditório Simón Bolívar, do Memorial da América Latina. O edifício foi o único atingido no incêndio ocorrido em 29 de novembro de 2013. Três meses depois, a equipe de cientistas do IPT está em fase de conclusão do estudo técnico que orientará a recuperação do edifício.

A avaliação está prevista para terminar no final deste mês. Ela vai balizar as etapas seguintes do restauro do prédio, que incluem o orçamento e a execução do serviço. As obras serão executadas até o fim do ano pela Companhia Paulista de Obras e Serviços. A expectativa da direção do Memorial é de ter o auditório, de 1,6 mil lugares, novamente disponível para eventos e atrações a partir de 2015.

O trabalho do IPT é coordenado pelo engenheiro Daniel Guirardi, responsável pela Seção de Engenharia de Estruturas e tem a participação de 15 pesquisadores das áreas de Geotecnia e do Laboratório de Materiais de Construção Civil. O conjunto de ensaios técnicos envolve, entre outras análises, a retirada de amostras para avaliar a uniformidade do concreto do prédio.

O centro cultural é administrado pela Fundação Memorial da América Latina, ligada à Secretaria Estadual da Cultura. E mesmo com a recuperação do Auditório Simón Bolívar em andamento, o Memorial segue aberto à visitação e com as demais atividades em funcionamento.

Patrimônio histórico

O pesquisador Vicente Galli, da Seção de Geotecnia e integrante do grupo, explica que uma das tecnologias usadas no serviço é a do GPR, sigla em inglês que identifica o radar de penetração de solo (Ground Penetrating Radar). Pela primeira vez, o equipamento está sendo usado em um prédio considerado obra de arte – todo o complexo do Memorial é tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat).

O GPR usa ondas eletromagnéticas de alta frequência para gerar imagens tridimensionais e em alta resolução da estrutura interna do concreto. Permite coleta rápida de dados sobre as propriedades do concreto sem precisar, contudo, destruí-lo para retirar amostras.

Chamas da destruição

O incêndio não deixou vítimas fatais, mas para combater as labaredas foram necessárias 80 viaturas e 245 homens do Corpo de Bombeiros. No final, 25 bombeiros tiveram lesões de diferentes graus e, quatro deles, sofreram ferimentos graves – eles foram homenageados no dia 30 de janeiro, em solenidade realizada com representantes da corporação no Memorial.

O incêndio destruiu a peça de tapeçaria produzida pela artista plástica Tomie Ohtake, que decorava o interior do prédio. E ainda avariou outras duas, que estão sendo restauradas: o painel de telas Agora, do artista cuiabano Victor Arruda, que fica próximo à entrada do Auditório Simón Bolívar; e a escultura A pomba, de Alfredo Ceschiatti, que rodeia a rampa de acesso às cadeiras das duas plateias do Auditório Simón Bolívar.

Integração continental

Desenhado com muitas curvas pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), o Memorial da América Latina teve seu projeto idealizado pelo antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997). Foi inaugurado em 18 de março de 1989 e ocupa 84,5 mil metros quadrados no bairro da Barra Funda, zona oeste da capital.

O Memorial foi concebido para ser um espaço de integração e de informação dos países latino-americanos, de suas raízes e culturas, e abriga, também, a sede do Parlamento Latino-Americano (Parlatino). Seu Pavilhão de Exposições concentra produções artísticas e também oferece diversas mostras permanentes e sazonais, além de uma biblioteca onde, além dos livros, há jornais, revistas, vídeos, filmes e gravações sonoras sobre a história da América Latina.

Serviço

Memorial da América Latina
Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 Barra Funda – São Paulo (SP)
Telefone (11) 3823-4600

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/03/2014. (PDF)