Programa Selo Energia Verde começa a ganhar apoio em SP

Selo Energia Verde estimula o comércio de eletricidade gerada a partir da cana-de-açúcar; certificação contempla produtores e consumidores de energia limpa

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo apoia o Selo Energia Verde, projeto pioneiro de certificação realizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em parceria com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A iniciativa valoriza o comércio de eletricidade gerado a partir da cana-de-açúcar e distingue os produtores e os consumidores de energia a partir de matriz limpa, renovável e sustentável.

Lançado em janeiro de 2015, o Selo Energia Verde é um dos desdobramentos do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista assinado em 4 de junho de 2007 pelo Estado com o setor sucroenergético.

A certificação foi concedida para cinco compradores de bioeletricidade e para 46 usinas produtoras de energia por meio da cogeração, ou seja, a partir da queima de insumos originários da palha e do bagaço da cana. O site da Unica informa a lista de produtores e consumidores já agraciados (ver serviço).

A Unica, entidade representativa do setor sucroalcooleiro, estima que o total de energia de matriz limpa produzida pelas empresas que já receberam o selo seja suficiente para abastecer 3,5 milhões de residências durante um ano inteiro e também evitar a emissão de 3 milhões de toneladas de gás carbônico (CO₂) no mesmo período.

De acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão vinculado à pasta da Agricultura, em 2014, o açúcar e o álcool representaram R$ 27 bilhões nas exportações do Estado. Em termos nacionais, o território paulista detém 56,2% das plantações de cana, produz 50,6% do etanol, 63,5% do açúcar e gera 50% da bioeletricidade. As regiões de Ribeirão Preto, Orlândia e Barretos são as maiores produtoras.

Efeito estufa

De acordo com os responsáveis pelo selo, a ampliação do projeto objetiva fomentar o consumo de energias renováveis, como a produzida a partir da cana-de-açúcar, que não agravam o efeito estufa. Não é o caso do petróleo, oriundo de material fóssil, impossível de ser reposto, mais poluente e que tem mercado favorável mesmo sendo uma das principais causas do aquecimento global.

O presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri, destacou como benefício trazido pelo selo o direito de escolha do consumidor, que pode optar por uma energia menos agressiva ao planeta. Na mesma linha, o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros, comenta que o selo é um modo de diferenciar a forma de produção e de valorizar as cadeias produtivas abrangidas.

Para a presidente da Unica, Elizabeth Farina, a comercialização de combustíveis fósseis no mundo recebe subsídios por volta de 3 trilhões de dólares anuais, conforme cálculo do Fundo Monetário Internacional (FMI). “Isso é um desafio para o desenvolvimento de energias renováveis, sejam elétricas, sejam combustíveis. É um jogo que está apenas começando”, afirmou.


Regras para obter o Selo Verde

Produtor de bioeletricidade

  • Ser associado da Unica e estar adimplente em relação à CCEE
  • Exportar, no mínimo, 42 kWh por tonelada de cana para a rede elétrica (esse indicador será revisto a cada dois anos, sendo acrescido de, no mínimo, 2% a cada revisão)
  • Usina instalada no território paulista precisa ter aderido ao Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista
  • Usina instalada fora do Estado de São Paulo deve seguir as diretrizes do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista

Consumidor de bioeletricidade

  • O selo poderá ser concedido à unidade consumidora que atue no mercado livre de energia e em qualquer Estado brasileiro
  • O selo tem validade de um ano, podendo ser renovado mediante nova solicitação e atendimento aos requisitos
  • Não estar inadimplente na CCEE
  • O contrato de compra de bioeletricidade adquirido de unidade produtora certificada deverá ter validade mínima de seis meses
  • Ter adquirido energia de unidade produtora certificada, comprovado por contrato de aquisição de energia elétrica registrado na CCEE, sendo 20% da média da energia elétrica consumida nos 12 meses anteriores à solicitação à Unica e no mínimo (0,5) meio MW médio/ano

Agraciados com o Selo Verde

Produtores de bioeletricidade

  1. Açucareira Quatá S.A.
  2. Açucareira Zillo Lorenzetti S.A.
  3. Alta Mogiana
  4. Bioenergética Santa Cruz 1
  5. Bioenergia Barra Ltda. – Raízen Energia S.A.
  6. Biosev S.A. – LDC BIO I0 – 4090
  7. Biosev S.A. – LDC BIO Passa Tempo I5 – 11072
  8. Biosev S.A. – LDC LP 1LF10 – 4012
  9. Cerradinho Bioenergia S.A. – UTE Porto das Águas
  10. Cocal Comércio e Indústria Canaã Açúcar e Álcool Ltda.
  11. Cocal Termoelétrica S.A.
  12. Glencane Bioenergia S.A.
  13. J. Pilon S.A. Açúcar e Álcool
  14. Mogiana Bioenergia
  15. Monteverde Agroenergética S.A.
  16. Nardini Agroindustrial Ltda.
  17. Paranapanema UMOE
  18. Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia S.A.
  19. São Martinho Energia S.A.
  20. São Martinho S.A.
  21. Usina Barra Grande de Lençóis S.A.
  22. Usina Boa Vista S.A.
  23. Usina Iracema
  24. Usina Moema Açúcar e Álcool Ltda.
  25. UTE Amandina
  26. UTE Angélica
  27. UTE Guarani Cruz Alta
  28. UTE Monte Alegre
  29. UTE Noroeste Paulista
  30. UTE Potirendaba
  31. Pitangueiras Açúcar e Álcool Ltda.
  32. Cosan Centroeste Açúcar e Álcool Ltda.
  33. Bioenergia Caarapó Ltda.
  34. Bioenergia Costa Pinto Ltda.
  35. Bioenergia Gasa Ltda.
  36. Bioenergia Rafard Ltda.
  37. Bioenergia Univalem Ltda.
  38. Bioenergia Maracaí Ltda.
  39. BCE – Buritizal Central Energética S.A.
  40. Central Energética Nova Independência S.A.
  41. Central Energética Rio Pardo S.A.
  42. Bioenergia Barra Ltda. – filial Bonfim
  43. Bioenergia Barra Ltda. – filial Ipaussu
  44. Usina Santo Antonio S.A.
  45. Usina São Francisco S.A.
  46. Usina Uberaba S.A.

Consumidores de bioeletricidade

  1. Duratex S.A. – Dura FA
  2. Duratex S.A. – Dura FI
  3. Duratex S.A. – Dura PS
  4. Duratex S.A. – Dura UBE
  5. Unilever Brasil Industrial Ltda.

Fonte: Unica (atualização em 1º-9-2015)

Serviço

Selo Energia Verde (Unica e CCEE)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Assessoria de Imprensa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/01/2016. (PDF)

Elas sabem fazer a diferença

Mesmo trabalhando em setores mais complicados, como segurança pública, elas esbanjam entusiasmo e vitalidade; e garantem que não se arrependem das escolhas

Esqueça a imagem de mulher durona, que usa a cara amarrada para impor respeito. A delegada Elisabete Ferreira Sato, 56 anos, surpreende e impressiona pela marca feminina que imprime ao Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo, desde que assumiu a diretoria em janeiro.

É a primeira mulher à frente do DHPP, nomeação aplaudida pelos colegas que a recepcionaram muito bem, segundo ela própria conta. À frente de uma equipe de 700 policiais, ela tem nas mãos casos de tirar o sono – assassinatos, sequestros, intolerância, pedofilia.

Apaixonada pelo trabalho, está há 36 anos na polícia, onde começou como escriturária. Nessa época cursava Ciências Biológicas e sonhava em ser médica. Mudou de ideia ao conhecer a rotina da polícia. O curso de Direito ganhou prioridade, prestou concurso para delegada e tornou-se a primeira mulher no comando da Divisão de Homicídios ao assumir a chefia da primeira Delegacia da Criança.

Também exerceu a vice-presidência do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, além de ter liderado, em 1998, o grupo de apoio e proteção à escola no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) junto às escolas no combate ao microtráfico.

Nascida no bairro de Cangaíba, zona leste, é casada, e faz questão de viajar pelo menos uma vez por ano ao exterior. Após o expediente no DHPP, seu passatempo preferido é cozinhar e inventar pratos diferentes.

“Não abro mão de preparar o jantar para meu marido todos os dias. Ele acha que minha feijoada ganha do Copacabana Palace”, diz, aos risos. Filha de japonês com mineira, ama a comida de Minas, se arrisca a preparar pamonha, curau e não resiste a um doce em calda de casca da laranja-da-terra, à moda mineira.

Gosto por aprender

Uma apaixonada pelos livros e pela carreira, Norma Sueli Bonaccorso, a nova diretora do Instituto de Criminalística (IC), 54 anos, impressiona pelo currículo acadêmico. Graduada em Ciências Biológicas e em Direito pela USP, ela não parou por aí.

Obteve mestrado e doutorado em Direito Penal pela San Fran (como carinhosamente chama a Faculdade de Direito da USP). No ano passado, voltou aos bancos escolares, não como professora, mas como aluna. Agora, no curso de Filosofia, na Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras da USP.

Ao ingressar na USP, em Biologia, passava pela porta da Acadepol (Academia de Polícia) e pensava: “Um dia eu vou estar aí”. E conseguiu. “Comecei a trabalhar como perita criminal e, nas minhas férias, aproveitei para visitar o IML de Roma e a West Palm Beach, para conhecer todas as técnicas de perícia”.

Em 1997, veio o grande desafio: a criação do Laboratório de DNA do IC, onde realizou mais de 1,3 mil exames que contribuíram para a elucidação de vários crimes e identificação de pessoas. O trabalho, não esconde, tem de ser feito com paixão. Nas horas vagas, além de ler muito, restaura livros e móveis, pratica jardinagem e ainda cuida de três gatinhas.

Durante muito tempo, Maria Aparecida Pires de Ávila, do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem), cansou de ouvir a frase, repetida com ironia: “Só podia ser mulher”. Isso ocorria quando ela puxava a caneta para autuar um motorista de táxi, cujo taxímetro apresentava irregularidades. Era uma atividade de rotina realizada por homens, mas encarada de forma diferente quando partia de uma mulher: “Eu era a chata”.

Mas o trabalho de Cidinha (como é conhecida) vai além: o setor gerenciado por ela fiscaliza cerca de 35 mil táxis, que circulam diariamente na capital. A convocacão é feita, obrigatoriamente, uma vez por ano. Por dia, o Ipem da Regional Leste (Vila Alpina) faz a verificação de 200 carros.

No Ipem há 33 anos, Maria Aparecida atua como especialista em metrologia e qualidade. O início foi tímido, como escriturária concursada. Depois, tornou-se a primeira mulher encarregada a trabalhar com aferição de taxímetro. Aprendeu a gerenciar uma área dominada pelos homens, a lidar com os conflitos entre os próprios colegas e a desviar dos comentários nem sempre elogiosos sobre a situação de mulher.

“É uma conquista diária, uma questão cultural, a mulher tem de mostrar mais capacidade às vezes por uma coisa tão simples”. Na sua seção, é responsável por 13 funcionários: dez dos quais do sexo masculino. “Hoje, temos uma convivência de muito respeito, camaradagem e de troca de ideias”. Solteira, aprecia cinema e documentários sobre ciências. Gosta de viajar nas férias, de preferência em cruzeiro.

O prazer de ensinar

“Faço o que gosto, apesar dos percalços da profissão”, diz Ana Lúcia Negrão Fernandes, professora de Matemática há 40 anos, na EE Horácio Soares, em Ourinhos, interior de São Paulo. Só nessa escola, de mil alunos, está há 25 anos. O começo foi em Salto Grande, a 20 km de Ourinhos, depois passou por Xavantes, sempre em escolas estaduais.

Ana costuma dizer que o magistério corre em suas veias e que não se imagina noutra profissão. Casada, tem dois filhos: um professor (que ela queria que se formasse em Matemática, mas ele seguiu o caminho da Geografia) e uma bióloga. Para ela, formada também em Pedagogia, o segredo de 40 anos de magistério é muito amor e dedicação.

“Já participei de muitas lutas pela melhoria das condições de trabalho e elevação de salário”. Chegou a fazer piquete em porta de escola e acredita que essa luta é a mesma que move as mulheres em outros campos de trabalho.

“A mulher já conquistou muita coisa, mas a estrada é longa. Ela ainda tem de provar sua capacidade, seguir normas, cumprir horários e se desdobrar numa tarefa paralela, que é a de dona de casa, esposa e mãe”.

Seu dia é tomado pelas aulas de manhã e à tarde, para 160 alunos. Mora a um quarteirão da Escola Horácio Soares, onde cursou o ensino médio. “É como estar em casa”. Das alegrias da profissão, a que mais a toca é quando o aluno diz: “Nunca gostei de Matemática, mudei de opinião depois das suas aulas”.

Ou quando recebe e-mails saudosos de ex-alunos, muitos já formados. Fica mais feliz ainda quando um deles diz que está formado em Matemática ou Física. “Sinto que fui recompensada”.


Amor, zelo e competência

Vencendo obstáculos e servindo de exemplo, as mulheres têm muito que comemorar neste dia, o que muitas não farão, pois estarão trabalhando

Em janeiro, Marilza Vieira Cunha Rudge assumiu a vice-reitoria da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), sendo a primeira mulher a ocupar o cargo, nos 37 anos da universidade. Médica formada pela Unicamp é pró-reitora de pós-graduação da Unesp desde 2005.

Sob sua responsabilidade estão 109 programas de pós-graduação em diferentes áreas. Tem vasta experiência de pesquisa na área de Medicina, com ênfase em Saúde da Mulher, atuando em temas como diabete e gravidez, hipertensão e gravidez e substâncias tóxicas persistentes no binômio mãe-feto.

Para Marilza, a nova atividade é prazerosa, mas de uma enorme responsabilidade. “Pesa com suavidade”, diz, ao referir-se à enorme estrutura que dirige: 35 mil alunos de graduação, 12 mil de pós strictu-sensu e mais de 6 mil de lato sensu. “Em nosso corpo docente, 42% são mulheres, 80% estão no corpo administrativo”.

Marilza comenta que as mulheres vêm ocupando espaço pelo próprio esforço, pela garra, competência e pelos estudos. “Quando fiz Medicina, na minha classe de 90 alunos só oito eram mulheres. Hoje, elas são mais de 50%”.

Constata o avanço da mulher no espaço acadêmico e elogia: “Ela faz isso sem deixar de lado o papel de mãe, de esposa e de dona de casa. E continua preocupada com o lar e a educação dos filhos. Por outro lado, teve ganhos importantes, como as creches, auxílio natalidade, e, mais recentemente, a licença gestante ampliada. Na Unesp, por exemplo, temos creche nas quatro unidades”. Mãe de três filhos e avó de duas meninas, gosta de exercer atividade física e o voluntariado numa instituição em Botucatu que abriga cem crianças. “É uma alegria”.

O Instituto de Economia Agrícola (IEA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, tem, desde junho do ano passado uma mulher à frente da diretoria técnica. Trata-se da engenheira-agrônoma e pesquisadora Marli Dias Mascarenhas, cujo início da carreira foi em 1978, como auxiliar de laboratório, concursada, do Instituto Geológico. Foi transferida para o IEA e nomeada pesquisadora, em 1992. Em 70 anos do IEA, é a segunda mulher a ocupar o posto, depois de Valquíria da Silva, que exerceu as funções de março de 2007 até o ano passado.

Mestre em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a nova diretora tem os olhos voltados para a área de administração rural, que envolve sistemas de produção, análise de custo de produção, gerenciamento de sistemas mecanizados, estudos de viabilidade econômica e alternativas tecnológicas, entre outros. É a responsável pela qualidade total do IEA.

Segundo Marli, dirigir um instituto desse porte é um desafio e tanto e, ao mesmo tempo, estimulante. “A direção feminina só vem somar, mesmo porque temos várias mulheres em postos de destaque aqui no instituto: elas estão na diretoria-geral, na assessoria, na diretoria administrativa, na comunicação, nos estudos econômicos e na área de estatísticas”. No IEA dos 129 funcionários, 85 são mulheres. “A convivência é bem pacífica, os homens são muito colaborativos e temos uma parceria complementar”, diz Marli.

Na Torre de Babel

A psicóloga Ivete Barão de Azevedo Halasc gerencia uma verdadeira Torre de Babel. Há sete anos, é diretora da Penitenciária Feminina da Capital, com 620 presas. “Setenta por cento da população carcerária daqui é formada por estrangeiras: africanas, asiáticas, latino-americanas. A maioria presa por tráfico de entorpecentes”.

A atração pelo sistema carcerário começou ainda na universidade. “Meu estágio foi na Casa de Detenção. E o meu orientador dizia que eu estava equivocada e que não iria conseguir a vaga. Consegui e o período de estágio, que era de seis meses, durou quatro anos”.

Os anos passaram e, em 1986, Ivete soube por um amigo que haveria um concurso para psicólogo na Secretaria de Administração Penitenciária. “Prestei o concurso. Fui procurar meu nome na lista e não achei. Quando estava saindo, uma funcionária perguntou qual era o meu nome. Falei e ela disse: Parabéns, você conseguiu o primeiro lugar”.

Ivete foi diretora de vários presídios masculinos, onde incentivou os reeducandos a participarem de oficinas de teatro. “Utilizamos o método do Teatro do Oprimido para ajudá-los na reinserção social. As apresentações fizeram tanto sucesso que o diretor Zé Celso Martinez queria transformar uma simples apresentação numa temporada”. Resultado: a maioria dos reeducandos não voltou ao crime.

Quando começou a trabalhar com reeducandas, viu que tinha outro desafio. “Tenho de gerenciar TPM, choros e outros problemas da psiquê feminina. Mantemos as meninas estudando e trabalhando. O tempo passa rápido e elas realizam diversos cursos: inglês, português (para as estrangeiras), dança, cantoterapia, informática, além de trabalhar em oficinas de hotelaria, padaria, marketing e reciclagem”.

Casada, mãe de três filhos e avó de duas netas, Ivete confessa que é uma apaixonada pela profissão e pelo cargo que exerce. “Não me vejo em outra função ou em outro lugar”.

Conquistar é preciso

A mais reconhecida relações-públicas do País, Margarida Maria Krohling Kunsch assumiu a diretoria da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da USP, em fevereiro, para o quatriênio 2013-2016. É a primeira mulher a ocupar o cargo de direção da Escola em 47 anos. “Realmente foi uma quebra de paradigmas e os desafios são muitos. Mas estou otimista e animada, mesmo porque na minha vida nunca optei pelas coisas mais fáceis. Não será diferente agora”.

Margarida lembra que a ECA é complexa e abrangente e congrega muitas áreas, oito departamentos e uma escola de artes dramáticas, celeiro de potencialidades e de grande capital intelectual, integrado por professores, estudantes e funcionários.

Autora de diversos livros na área de Comunicação Organizacional, foi recentemente homenageada na 7ª edição do Prêmio Relações Públicas do Brasil, com a comenda Waldyr Gutierrez Fortes, honraria concedida apenas uma vez, em cada 10 anos de premiação, a personalidades que atingiram status de referencial pleno na profissão. Para a professora, a mulher tem avançado na conquista de postos mais altos, mas precisa conquistar mais.

“Apesar de termos pela primeira vez na história uma mulher presidente do País, a sua participação na política no Brasil ainda é muito pequena. No Brasil, diferente de países como a Finlândia, quando uma mulher assume cargo de destaque sempre constitui notícia. A explicação, acredito, se deve ao fato de que isso ainda é visto como exceção e não como algo normal. Portanto, as mulheres precisam ocupar mais postos de destaque na política, na ciência e na gestão de todos os setores”.


O vozeirão do Brasil

“Nossa, já até perdi as contas. Mas são cerca de 100 discos, entre compactos, 78 rotações, LPs e CDs”, diz sorrindo, Inezita Barroso. Há 33 anos, ela comanda o Viola, minha Viola, programa que vai ao ar pela TV Cultura.

A cantora e apresentadora, de 88 anos, mantém o vozeirão, segundo ela, sem ‘muito esforço’. “O que faço com afinco é evitar ar-condicionado e qualquer tipo de bebida gelada. Se eu tomo gelado, fico rouca rapidinho. Sempre foi assim”. Mesmo com o ritmo da televisão, ela continua com o trabalho de encontrar grandes talentos na música.

O programa tem plateia cativa, como o seu Santinho, e várias histórias interessantes como a de um bolo de fubá que ficava em um balcãozinho no cenário. “Nos primeiros programas, ele era de verdade. Depois, passou a ser feito de espuma. Mas era tão perfeito que não passava um programa sem que algum artista fosse lá tentar comer um pedaço”.

Maria Lúcia Zanelli e Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I e IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/03/2013. (PDF)

Agricultura paulista diminui a área plantada mas aumenta produtividade

Um dos exemplos é o milho safrinha: com uma área de cultivo 7% menor, a produção terá aumento de quase 40%

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgãos da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, finalizaram os números da safra 2006/2007. Foram analisadas as culturas do algodão, amendoim da seca, amendoim das águas, arroz, cana-de-açúcar, feijão da seca, feijão das águas, feijão de inverno, laranja, milho (de verão), milho safrinha e soja.

Considerando-se todos os grãos (inclusive sorgo e trigo), na comparação com a safra 2005/2006, a área plantada em 2006/07 sofreu redução de 18%. A produtividade média aumentou 11,6% e o resultado foi a queda menos acentuada da produção (8,5%).

A cultura do algodão sofreu a maior redução de produtividade (16,1%), causada por questões climáticas. O destaque foi o milho safrinha. Embora a área plantada tenha sido 7% menor, há aumento previsto de 39,9% na produção.

Entre os motivos, o pesquisador do IEA Alfredo Tsunechiro aponta as condições climáticas favoráveis e a maior produtividade com o uso da tecnologia. “Houve recuperação de 50,5% dessa cultura em relação à safra 2005/2006, que foi afetada por problemas climáticos”, analisa.

Mais cana plantada

A cana-de-açúcar foi uma das poucas culturas a ter a área de plantio ampliada. Cresceu 13,5% e saltou de 4,25 milhões de hectares para 4,83 milhões de hectares. A safra deve crescer 12,2% comparada à safra passada (284 milhões de toneladas), ficando em 319,6 milhões de toneladas.

O estudo mostra que as áreas em produção totalizam 3,86 milhões de hectares e as áreas novas ocupadas pela cana alcançam 971,91 mil hectares, com destaque para região de São José do Rio Preto. Nesse município, foram registrados 97,11 mil hectares ocupados com cana.

O milho sofreu redução de 11,3% na área de plantio e ficou com 678 mil hectares e 3,4 milhões de toneladas produzidas – volume 10% menor que a safra anterior. A soja teve diminuída sua área em 28% e passou de 666 mil hectares, na safra 2005/2006, para 478 mil na finalizada agora. A produção caiu 17% e atingiu 1,2 milhão de toneladas.

As safras de feijão da seca e das águas apresentaram redução. O primeiro ficou em 45 mil hectares (13% menor) e produção em 65 mil toneladas (13% menor). Para o feijão das águas, a área totalizou 70 mil hectares, 4% menor, e a produção praticamente estável em 124 mil toneladas.

A área e a produção do amendoim, tanto da safra da seca quanto a das águas, apresentaram redução. Na primeira, a área ficou em 11 mil hectares (22% menor) e a produção em 20 mil toneladas (25% menor). Na das águas, são 60 mil hectares de área cultivada (redução de 8,5% em relação à safra anterior), com produção em 148 mil toneladas (18% menor).

O algodão teve sua área de plantio reduzida em 41%. Ocupou 32 mil hectares e gerou 67 mil toneladas (em caroço). O café teve área 2% menor em relação à safra passada, perfazendo 229,7 mil hectares. Na produção, devido à bianualidade da cultura, a queda deve ficar em 29%, com 201 mil toneladas a serem colhidas.

A quarta previsão para a safra 2006/2007 de laranja aponta crescimento de 2% na área, alcançando 672,8 mil hectares. A produção deve chegar a 352,1 milhões de caixas, praticamente o mesmo volume da safra anterior, diferença de 1%.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/09/2007. (PDF)