Amendoim com menos colesterol é inovação do IAC

Com até 80% de ácido oleico, o grão lançado em maio na Agrishow propicia alto rendimento ao produtor e permanece mais tempo estocado sem perder o sabor

Lançado em maio na Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow 2017), realizada em Ribeirão Preto, o cultivar de amendoim OL5, desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC), resulta em grãos com 70% a 80% de ácido oleico. Essa concentração da substância é a maior obtida em uma variedade desenvolvida nos laboratórios e campos do órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).

De acordo com o engenheiro agrônomo Ignácio José de Godoy, responsável pelo projeto, há mais de 70 anos o instituto pesquisa a cultura do amendoim. E desde os anos 1980 investe no melhoramento genético dessa cultura. Além dele, esse estudo tem a colaboração de mais pesquisadores do IAC e dos polos regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), também órgão da SAA.

A pesquisa do IAC tem o apoio de um grupo de 11 empresas da cadeia produtiva paulista do amendoim e mantém acordo a respeito administrado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola – Fundag (ver serviço).

Evolução

“O instituto registrou 16 cultivares diferentes de amendoim no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, informa Godoy. Depois da obtenção de um cultivar pelo IAC, esclarece o pesquisador, há ainda um período de até cinco anos para que ele seja validado pelos produtores rurais e suas sementes sejam multiplicadas.

A partir daí, passam a ser vendidas em sacas pelo Núcleo de Sementes do IAC (ver serviço). Essas sementes comerciais vêm de produtores parceiros do Programa IAC de Amendoim. Cada variedade oferecida atende a diferentes ambientes, regiões de cultivo e necessidades dos produtores rurais. Consideram, por exemplo, entre outros fatores, a renovação de canaviais e a adequação ao estresse hídrico.

Para o agrônomo, o melhoramento genético do IAC, produção acadêmica permanente do instituto, é a base das sementes hoje responsáveis por 70% da produção paulista da oleaginosa. Atualmente, o Estado de São Paulo produz 400 mil toneladas anuais de amendoim e detém 90% do volume nacional.

Diferenciais

“A IAC OL 5 e os quatro cultivares de amendoim lançados antes dela – IAC OL 3, IAC OL 4, IAC 505 e IAC 503 – fornecem grãos com até 80% de ácido oleico em sua composição”, destaca Godoy. Segundo ele, nas variedades tradicionais, esse porcentual varia entre 40% e 50%. “Essa substância amplia o tempo de vida útil do alimento, sem afetar o seu sabor. Este é um diferencial delas, pelo fato de 80% da produção ter como destino final a indústria confeiteira”, explica.

Outro benefício, informa, é relacionado à saúde. O ácido oleico ajuda a reduzir a taxa de triglicérides no sangue, além de aumentar a concentração do colesterol ‘bom’ (lipoproteína de alta densidade – HDL), cuja ação no organismo é remover o colesterol ‘ruim’ (lipoproteína de baixa densidade – LDL) dos vasos sanguíneos.

Produtividade

Outro destaque da IAC OL 5, cultivar recentemente lançado, é apresentar resistência moderada contra doenças de folhas e ter alto rendimento, 6 mil quilos por hectare, com casca. Seu ciclo produtivo, do plantio à colheita, é de 130 dias, período considerado mais curto que os demais cultivares e adequado às áreas de renovação da cana-de-açúcar.

Durante seu desenvolvimento, a IAC OL 5 foi exposta ao vira-cabeça-do-tomateiro (doença causada por um complexo de vírus), em testes realizados na região de Tifton, na Geórgia, Estados Unidos. “Lá existe alta incidência dessa doença, fonte de prejuízos ao cultivo de amendoim. O cultivar se revelou moderadamente resistente a ela”, afirma o pesquisador, acrescentando que, na lavoura paulista, a presença dessa moléstia tem sido moderada, mas também causa danos.

Distribuição

Originário da América do Sul, o amendoim é uma planta típica de clima quente, como o que predomina nas regiões meio norte e oeste paulista, e está plenamente adaptada à rotação com a cana nessas localidades. Trata-se de uma cultura autossuficiente em nitrogênio, capaz de enriquecer o solo com esse e outros nutrientes, por meio de sua palhada, favorecendo, assim, a atividade sucroalcooleira. Além disso, por ser tolerante a nematoides, ajuda a reduzir a incidência dessa praga nos plantios subsequentes da cana.

A cultura do amendoim é disseminada em diversas regiões de São Paulo. No Estado, destacam-se os plantios no entorno dos municípios de Ribeirão Preto, Jaboticabal, Taquaritinga, Tupã e Presidente Prudente. No mundo, os maiores cultivos ocorrem na China e Índia. Nesses países, grande parte da colheita é direcionada à produção de óleo. Argentina e Estados Unidos são os principais vendedores no mercado de grãos para exportação.

Indicações

As variedades IAC OL 3 e IAC OL 4 são indicadas para as regiões onde os produtores precisam de cultivares de ciclo mais curto, principalmente nas áreas onde a oleaginosa é plantada nos intervalos de renovação da cana-de-açúcar. Nesses locais, esse período não pode exceder 130 dias para não impedir o próximo plantio da cana. Esses cultivares atingem a maturação entre 125 e 130 dias.

As variedades IAC 503 e a IAC 505 têm ampla aceitação, por sua resistência moderada às doenças foliares e relativa tolerância à seca. Ambas são de ciclo longo, superior a 130 dias, e, portanto, recomendadas para as regiões onde a duração do ciclo não signifique um limitante para o seu cultivo, especialmente áreas com maior propensão para estresse hídrico.

Serviço

IAC Sementes
E-mail sementes@iac.sp.gov.br
Telefone (19) 3202-1658

Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola – Fundag

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/08/2017. (PDF)

Agricultura paulista diminui a área plantada mas aumenta produtividade

Um dos exemplos é o milho safrinha: com uma área de cultivo 7% menor, a produção terá aumento de quase 40%

O Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgãos da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, finalizaram os números da safra 2006/2007. Foram analisadas as culturas do algodão, amendoim da seca, amendoim das águas, arroz, cana-de-açúcar, feijão da seca, feijão das águas, feijão de inverno, laranja, milho (de verão), milho safrinha e soja.

Considerando-se todos os grãos (inclusive sorgo e trigo), na comparação com a safra 2005/2006, a área plantada em 2006/07 sofreu redução de 18%. A produtividade média aumentou 11,6% e o resultado foi a queda menos acentuada da produção (8,5%).

A cultura do algodão sofreu a maior redução de produtividade (16,1%), causada por questões climáticas. O destaque foi o milho safrinha. Embora a área plantada tenha sido 7% menor, há aumento previsto de 39,9% na produção.

Entre os motivos, o pesquisador do IEA Alfredo Tsunechiro aponta as condições climáticas favoráveis e a maior produtividade com o uso da tecnologia. “Houve recuperação de 50,5% dessa cultura em relação à safra 2005/2006, que foi afetada por problemas climáticos”, analisa.

Mais cana plantada

A cana-de-açúcar foi uma das poucas culturas a ter a área de plantio ampliada. Cresceu 13,5% e saltou de 4,25 milhões de hectares para 4,83 milhões de hectares. A safra deve crescer 12,2% comparada à safra passada (284 milhões de toneladas), ficando em 319,6 milhões de toneladas.

O estudo mostra que as áreas em produção totalizam 3,86 milhões de hectares e as áreas novas ocupadas pela cana alcançam 971,91 mil hectares, com destaque para região de São José do Rio Preto. Nesse município, foram registrados 97,11 mil hectares ocupados com cana.

O milho sofreu redução de 11,3% na área de plantio e ficou com 678 mil hectares e 3,4 milhões de toneladas produzidas – volume 10% menor que a safra anterior. A soja teve diminuída sua área em 28% e passou de 666 mil hectares, na safra 2005/2006, para 478 mil na finalizada agora. A produção caiu 17% e atingiu 1,2 milhão de toneladas.

As safras de feijão da seca e das águas apresentaram redução. O primeiro ficou em 45 mil hectares (13% menor) e produção em 65 mil toneladas (13% menor). Para o feijão das águas, a área totalizou 70 mil hectares, 4% menor, e a produção praticamente estável em 124 mil toneladas.

A área e a produção do amendoim, tanto da safra da seca quanto a das águas, apresentaram redução. Na primeira, a área ficou em 11 mil hectares (22% menor) e a produção em 20 mil toneladas (25% menor). Na das águas, são 60 mil hectares de área cultivada (redução de 8,5% em relação à safra anterior), com produção em 148 mil toneladas (18% menor).

O algodão teve sua área de plantio reduzida em 41%. Ocupou 32 mil hectares e gerou 67 mil toneladas (em caroço). O café teve área 2% menor em relação à safra passada, perfazendo 229,7 mil hectares. Na produção, devido à bianualidade da cultura, a queda deve ficar em 29%, com 201 mil toneladas a serem colhidas.

A quarta previsão para a safra 2006/2007 de laranja aponta crescimento de 2% na área, alcançando 672,8 mil hectares. A produção deve chegar a 352,1 milhões de caixas, praticamente o mesmo volume da safra anterior, diferença de 1%.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/09/2007. (PDF)