Fazenda Ataliba Leonel bate recorde de sementes

Executivo paulista investe R$ 5,5 milhões na revitalização do centro produtor localizado em Manduri; desde 2016, propriedade adota novo modelo gerencial

Depois de um período de estagnação, a Fazenda Ataliba Leonel, a principal produtora de sementes da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), adotou em abril de 2016 novo modelo gerencial – e, desde então, não parou mais de bater recordes. Somente nas safras 2016/2017 e 2017/2017, embalou 70 mil sacas de sementes de milho e 350 toneladas de sementes de cereais de inverno (aveia, trigo e triticale).

Para as safras 2017/2018 e 2018/2018, a expectativa do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), responsável por sua gestão, é totalizar 85 mil pacotes de 20 quilos de sementes de milho variedade tradicional e três mil sacas de sementes de soja convencional.

União

O advogado Ricardo Lorenzini Bastos, diretor do DSMM, indica alguns dos motivos da retomada. Segundo ele, além dos R$ 5,5 milhões investidos pelo Governo estadual no núcleo produtor localizado em Manduri, no Sudoeste paulista, a 300 quilômetros da capital, outro ponto fundamental foi a estruturação do Comitê Gestor Interno, “uma inovação no âmbito da SAA”.

Presidido por Gerson Cazentini Filho, engenheiro agrônomo da Cati há 29 anos, o Comitê é composto por oito representantes – e o grupo passou a decidir coletivamente sobre as questões ligadas às atividades da fazenda, desde a compra de insumos e equipamentos, passando por plantios e logística de distribuição das sementes.

Paradigmas

“O Comitê inovou ao terceirizar os serviços de plantio e de colheita, assim como o de transporte do produto da roça para as unidades de beneficiamento da Cati no Estado – tudo por meio de licitações públicas”, comenta Lorenzini. Segundo ele, outro indicativo da recuperação do núcleo são os hectares plantados: em dezembro de 2015, eram 60, em março de 2018, o volume totalizava mil. Além dele e de Cazentini Filho, também integram o Comitê os agrônomos Fernando Alves dos Santos, José Antônio Piedade, João Paulo Teixeira Whitaker, Maria Paula Domene, Rubens Koudi Iamanaka e a engenheira agrícola Verusa Alvim Castaldim e Souza.

As decisões do grupo resultaram na modernização da Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS), compra de semeadeira, colheitadeira, trator, guincho, adoção de medidas de recuperação do solo, rotação de culturas, entre outras mudanças. Na propriedade de 3,4 mil hectares de extensão, metade da área é de preservação ambiental; e dos 1,7 mil hectares restantes, 1 mil deles são dedicados à produção de sementes de milho variedade e orgânico, soja convencional, cereais de inverno (trigo, triticale e aveia-branca e preta), nabo forrageiro, girassol e painço, entre outras variedades.

Diversificação

Atualmente, a pecuária leiteira e de corte ocupa 200 mil hectares da Ataliba Leonel. Já o Projeto Cana, iniciativa científica e econômica coordenada pela agrônoma Raffaella Rossetto, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta/SAA), perfaz mais 500 mil hectares. Na parte de pesquisa, essa ação tem parceria com a Apta Regional e com o Centro de Cana da Apta, usando mudas pré-brotadas do IAC.

Já na parte de produção, por meio de licitação, foi contratado serviço de recuperação da área, antes imprópria para a produção de sementes. Vencedora da licitação, a Usina Agrícola Favarin Zanata planta cana, obtém remuneração com o cultivo e repassa o excedente para a fazenda. É estimada receita de R$ 1 milhão anual durante cinco anos. “Esse recurso auxiliará na manutenção da Ataliba Leonel, cuja proposta é de gestão baseada em autossuficiência”, observa Lorenzini Bastos.

Mais oferta

A busca por mais eficiência motivou ainda outra parceria, firmada pelo DSMM com o Instituto de Economia Agrícola (IEA). Por meio dela, o IEA consegue estimar o custo de produção das sementes pela Cati. “O objetivo é saber o real custo da produção, informação fundamental na tomada de decisão”, pontua Lorenzini Bastos, “uma estratégia para possibilitar reduzir despesas e continuar oferecendo ao produtor sacas com insumos de qualidade e preço acessível”.

As sementes estão disponíveis para produtores de todos os portes nos Núcleos de Produção de Sementes da Cati e nas Casas da Agricultura espalhadas pelo território paulista. “Agricultor familiar baseado no Estado tem 15% de desconto para comprar semente de milho, sorgo e feijão, além de mudas nativas; basta comprovar seu enquadramento”, salienta. “Outra novidade é a revenda autorizada: o interessado em comercializar os produtos do DSMM deve ligar para (19) 3743-3820”, acrescenta (ver Serviço).

Produção orgânica

Voltada à extensão rural, a Cati é pioneira no País na produção de sementes orgânicas. Em 2014, por meio de cooperadores, iniciou a atividade com o milho orgânico; “em 2017, demos mais um passo importante no sentido de oferecer alimentos ainda mais saudáveis para a população”, comenta o agrônomo Hiromitsu Gervásio Ishikawa, coordenador do Grupo de Trabalho de Sementes Orgânicas do DSMM. Nesta oportunidade, esclarece, a Fazenda Ataliba Leonel foi certificada pelo Instituto de Biodinâmica (IBD).

O selo IBD Orgânico é um reconhecimento legal de alcance nacional e internacional. De acordo com este documento, em 20 hectares específicos da Ataliba Leonel são cumpridas as regras da Lei Federal nº 10.831/2003 (ver Serviço), relativas à produção orgânica. Assim, é possível rastrear a origem de todos os insumos usados em todas as etapas de produção das sementes.

“A proposta é oferecer ao produtor sementes de qualidade, produzidas sem agrotóxicos”, explica Ishikawa. Um dos diferenciais da Cati, comenta, é tratar todas elas com terra diatomácea, uma alternativa aos agrotóxicos desenvolvida internamente na coordenadoria, com o objetivo de protegê-las contra insetos e pragas enquanto estão armazenadas em silos e silagens.


Milho da Cati atende produtor de todos os portes e perfis

Período médio entre a semeadura e a colheita é de 150 dias; insumo é resistente, tem preço acessível e é adaptado para germinar em todo o território paulista

Há 22 anos no quadro profissional da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), o engenheiro agrônomo Rubens Koudi Iamanaka destaca a produtividade e a versatilidade da variedade AL Avaré, indicada para propriedades rurais de todos os portes. “São milhos bastante rústicos, adaptados para plantios em todo o território paulista. Na média, o período entre a semeadura e a colheita requer 150 dias. Na safra 2017, os volumes obtidos superaram a marca de dez toneladas por hectare”, informa.

“O milho da Cati pode ser usado para a obtenção de grãos e também para silagem, isto é, alimentação animal, em cultivos da safra de verão, de maior rendimento, de setembro a novembro, e da ‘safrinha’, entre dezembro e fevereiro”, comenta Iamanaka, diretor do Núcleo de Produção de Sementes de Avaré da Cati. Disponíveis nos Núcleos de Produção de Sementes da coordenadoria e nas Casas da Agricultura de todo Estado, as sementes do Governo paulista são oferecidas em diversos tamanhos e têm etiquetagem padronizada – toda embalagem traz procedência, especificação, pureza, entre outras informações do produto.

Zonas de refúgio

O preço, destaca o diretor, é um dos principais diferenciais da AL Avaré: cada saca com 20 quilos custa R$ 90, ante os R$ 500, valor médio dos produtos híbridos, e permite cultivar um hectare, área correspondente a 10 mil metros quadrados. Outra vantagem, aponta, é criar zonas de refúgio no milharal. Essa estratégia consiste em plantar uma faixa da variedade convencional da Cati, ao lado das plantas transgênicas, de maior custo.

Uma das características do milho transgênico, desenvolvido em laboratório, é não atrair pragas. Assim, em uma lavoura com as duas variedades cultivadas, os predadores naturais acabam atacando a tradicional, mais barata, fator de minimização de prejuízos. Além disso, esta ‘preferência’ da praga também auxilia a retardar o desenvolvimento de populações mais resistentes de lagartas e insetos. Com o passar do tempo e seguidas pulverizações, este problema, análogo ao dos antibióticos, pode se agravar.

“Se não for utilizada de maneira correta, uma tecnologia recente como a transgenia perde a eficiência”, comenta Iamanaka. “Das quatro últimas versões de milho híbrido, resistente às lagartas, três já criaram resistência por mau uso”, pontua. “Nesse sentido, o milho variedade da Cati também contribui para o sucesso das variedades geneticamente modificadas, além de manter teto produtivo razoável na média das propriedades”, observa.

Segurança

Com 780 hectares de extensão e especializada em pecuária de corte e agricultura, a Fazenda Campininha, de Avaré, planta desde 1994 o milho variedade da Cati. De acordo com o agrônomo Adriano Menk Pinheiro, gerente da fazenda, a decisão de optar pelo insumo produzido pelo Governo paulista foi tomada pelos proprietários desde a compra do empreendimento rural, no ano anterior.

“Na época, os recursos eram escassos, assim, apostamos na segurança e na qualidade do milho e da soja da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral”, salienta Pinheiro. Na avaliação dele, depois da safra, o principal ponto considerado para o agricultor é quanto lhe sobra no bolso depois do investimento inicial e demais custos. “No campo, a tomada de decisão é crítica, qualquer erro pode comprometer tudo. A etapa final do processo consiste, sempre, aprender com os bons e maus resultados obtidos em cada temporada”, observa.

Parceria

Satisfeito pelo fato de os insumos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral “responderem dentro dos tetos de produção previamente estabelecidos”, Pinheiro se tornou cliente habitual da Cati. Passou a comprar também sementes de trigo e de feijão na regional de Avaré, assim como começou a recomendar o uso delas para outros agricultores e agrônomos.

Em 1998, Pinheiro foi convidado por Iamanaka para plantar milho, soja, feijão, trigo e cevada na Campininha para produzir sementes para a Cati. Desde então, a parceria do Estado com a fazenda não parou mais. A última aquisição de insumos, realizada pelo produtor, foi no final de 2017. A compra incluiu 2,6 mil quilos de sementes usadas para cultivar 109 hectares.

Inovação

De acordo com o gerente, atualmente a Campininha adota os conceitos da chamada ‘agricultura de precisão’, baseada na produção sustentável a partir do emprego intensivo da tecnologia associado ao uso racional da água e dos demais recursos naturais. Essa metodologia inclui a coleta de dados meteorológicos de satélite na estação local da fazenda, a produção e análise de imagens aéreas produzidas por drones, estratégia para corrigir adubação e outros problemas no solo e mais a mecanização, com diversos equipamentos participando de processos de semeadura, adubação, irrigação, pulverização e colheita, entre outros.

“Hoje, a fazenda tem 400 hectares irrigados, mais 110 hectares de lavoura em área seca e 154 de pastagens no sistema intensivo rotacional. Entretanto, o emprego da tecnologia de ponta na maioria das culturas somente faz sentido com produtos confiáveis, como os da Cati, em uso na Campininha há mais de três décadas”, conclui.

Serviço

DSMM/Cati
Telefone (19) 3743-3820
E-mail dsmm@cati.sp.gov.br

Agricultura:
– Orgânica – Lei Federal nº 10.831/2003
– Familiar – Lei Federal nº 11.326/2006

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I, II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/05/2018. (PDF)

AgriFutura apresenta na capital as novas tecnologias do campo

Evento realizado no Instituto Biológico destaca projetos recentes da agricultura paulista e revela como a inovação pode revolucionar a agropecuária nacional

O AgriFutura, evento promovido pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SAA), realizado no último fim de semana, atraiu mais de 2 mil participantes para o Instituto Biológico (IB), órgão da SAA sediado na Vila Mariana, zona sul da capital.

Formado por produtores rurais, técnicos agrícolas, empresários e universitários, o público visitou estandes de empresas, conheceu os 12 projetos de tecnologia desenvolvidos na competição Hackathon e assistiu às palestras destacando as mais recentes inovações aplicadas no campo.

Tendo como parceiros na organização a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e as agências Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e a Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o AgriFutura teve como cenário duas tendas montadas ao lado dos 2 mil pés de café cultivados no IB.

Projeção

Nos dois dias do evento, as palestras incluíram temas como internet das coisas, uso de drones e informações aeroespaciais, Big Data e telemetria e gerenciamento de dados meteorológicos, uso de probióticos na aquicultura, entre outros.

Na abertura dos trabalhos, Antônio Álvaro Duarte, presidente da Fundepag, apontou o uso da tecnologia como saída para o País obter mais riquezas com sua agricultura e torná-la mais competitiva. “A estratégia nacional é lançar cada vez mais mão desse recurso para agregar maior valor às cadeias produtivas e atender ao mercado interno e de exportação”, informou.

Ranking

Segundo Duarte, no último ranking internacional Global Innovation Índex – levantamento anual realizado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual –, de um universo de 127 participantes, o Brasil ficou no posto de número 69 entre os mais inovadores (ver Serviço). “Embora em posição desfavorável nesse estudo de 2017, vejo que podemos figurar entre os 20 primeiros colocados em 2025”, pontuou.

Também pesquisador do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital/SAA), Duarte sublinha questões favoráveis para o crescimento. Segundo ele, imagens da órbita terrestre produzidas pela Nasa indicaram que a atividade agropecuária ocupa apenas 7,6% do território brasileiro. “É possível crescer em produtividade aumentando a eficiência nas áreas cultivadas, inclusive com sustentabilidade e preservação ambiental”, concluiu.

Parcerias

Seguindo a linha de raciocínio, o agrônomo Orlando de Melo Castro, coordenador da Apta, destacou o fato de muitas inovações apresentadas ao público terem origem nos 14 polos regionais e em seis institutos da Agência, rede formada pelo IB, Ital, Agronômico de Campinas (IAC), Economia Agrícola (IEA), Zootecnia (IZ) e Pesca (IP).

“São tecnologias diversas, voltadas para promover a sanidade animal e vegetal, diminuir o uso de agroquímicos, poupar água e aumentar a produção e a saudabilidade dos alimentos, entre outras propostas”, explicou Castro.

“Hoje, há muito conhecimento disponível, o desafio é conseguir abreviar o tempo necessário para transformá-lo em inovação, isto é, aprimorar processos em todas as etapas das cadeias produtivas.” Para isso, destacou como fundamental o papel dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), presentes em todos os institutos da Apta/SAA.

“Cada NIT estrutura ações de proteção de propriedade intelectual e de compartilhamento do direito de uso das inovações desenvolvidas com empresas”, observa. Em novembro de 2016, foi assinada a primeira cooperação científica, por meio do NIT do IZ. Nela, o parceiro privado apoiou o desenvolvimento da tecnologia e agora investe na produção e comercialização de um carrapaticida à base de extratos naturais.

Resíduo reaproveitado

No AgriFutura, Gisele Anne Camargo, agrônoma do Ital, apresentou pela primeira vez os resultados de uma pesquisa conjunta realizada com o IAC. Com pedido de patente depositado em janeiro, a tecnologia dá às cooperativas e aos pequenos e médios produtores de café robusta opção de destinação mais rentável para os resíduos da casca do grão.

“Em vez de usar como adubo, o conceito é extrair, sem usar solventes, a cafeína e os antioxidantes: existentes na casca”, explica Gisele. Os resultados obtidos são dois ingredientes; um extrato aquoso, para ser usado em bebidas energéticas, saudáveis e sucos; e um, extrato seco para produzir biscoitos e barras de cereais. “Essa inovação possui também usos nas indústrias de cosméticos e de fármacos. Empresa interessada na tecnologia deve consultar o site da Rede NIT-Apta (ver Serviço).

Olho eletrônico

Usando software livre, a agrônoma Juliana Sanches, do IAC, criou um sistema informatizado para identificar frutas e hortaliças saudáveis e confirmar se as mesmas seguem aos padrões exigidos pela indústria, varejo e consumidores. Iniciado em 2005, com o limão taiti, o projeto atende produtores rurais de todos os portes.

Segundo a agrônoma, o ponto inicial foi fotografar e analisar exemplares de maçãs, tomates, pêssegos e gérberas e compará-los com as tabelas de classificação usadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), as referências para classificação de peso e de cor usadas no mercado.

O passo seguinte foi criar parâmetros para o programa, tomando como referência de precisão a medição feita por colorímetros e paquímetros digitais – e assim construir dados confiáveis para servir como base nas comparações.

“Em 2009, a análise do formato do morango rendeu prêmio de iniciação científica a um aluno bolsista do IAC”, recorda. Desde então, vieram análises do pedúnculo do pimentão, verificação de danos mecânicos em maçãs e ameixas e a identificação da coloração e do tamanho de pêssegos e nectarinas – estudo que tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).

O próximo passo agora é desenvolver uma mesa de seleção nacional com a tecnologia, de modo a oferecer aos produtores uma opção aos maquinários importados, inacessíveis para muitos por causa do preço.


Inovação em extensão rural é foco da Cati no AgriFutura

Campeões da competição Hackathon ganharam televisores; na disputa de programação, 12 equipes criaram soluções de tecnologia viáveis para a agropecuária nacional

No estande da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), o visitante do AgriFutura pode saber mais sobre o trabalho de extensão rural realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) em todo o território paulista. De acordo com o agrônomo José Maiorano, diretor regional de Campinas, as ações de orientação e de financiamento são realizadas nas 594 Casas de Agricultura, trabalho complementado pelos 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural e 21 Núcleos de Produção de Sementes e Mudas.

“O foco principal dos atendimentos é auxiliar as cooperativas e os agricultores familiares no processo de tomada de decisão. Inclusive, com relação ao uso e possibilidades das novas tecnologias, considerando a oferta atual delas”, explicou Maiorano, ao lado de seu colega, Victor Branco de Araújo, diretor do Centro de Produção e Mudas do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) da Cati Campinas.

Censo rural

Entre outras inovações, o público conheceu no espaço da Cati o drone utilizado na produção de conteúdos, assim como o computador portátil usado no Censo Rural Paulista realizado nas 324 mil propriedades rurais do Estado. Com GPS e câmera embarcados, o dispositivo desenvolvido por profissionais da Cati e do IEA eliminou o papel no mapeamento das áreas.

O casal Iraci Clemente e Claudinei Pereira se interessou pela terra diatomácea, método de tratamento para sementes de milho variedade desenvolvido na Cati, cujos testes do projeto-piloto foram realizados pelo agrônomo Márcio Mondini, no Núcleo de Paraguaçu Paulista. “Essa tecnologia é uma alternativa mais barata, ecológica e sustentável de controle de insetos e pragas em comparação com o trato tradicional, que tem base em inseticidas e fungicidas”, explicou Maiorano.

Sua origem é o diatomito, tipo de rocha formada por algas mortas depositadas no fundo dos oceanos e rios há milhões de anos. Rica em silício e com diversas aplicações, a terra diatomácea é usada por mineradoras como isolante térmico. Áspera e abrasiva, também limpa metais e azulejos; nos cremes dentais, auxilia na retirada de restos de alimentos dos dentes; e na indústria cervejeira é usada para filtrar as sobras da fermentação alcoólica. “Foi uma grande surpresa descobrir que essa tecnologia também serve para feijão, trigo, milho, sorgo, soja e lentilha”, comentou Iraci.

Programação

A CampoTracker foi a equipe campeã do Hackathon, competição disputada ao longo dos dois dias do AgriFutura. Aberta a estudantes e profissionais das áreas de informática, agronegócio e criatividade, a maratona de programação foi organizada pela empresa Embarcados e teve 62 participantes, divididos em 12 equipes.

No desafio, cada grupo precisou escolher um dos quatro temas propostos: Clima, Doenças e Pragas, Comercialização ou Extensão Rural – e desenvolver e apresentar uma solução de tecnologia viável a partir dele. De acordo com Thiago Lima, diretor da Embarcados, a propriedade intelectual das ideias desenvolvidas no Hackathon segue com os autores.

“A torcida é para que os projetos originem novos negócios ou sejam incorporados em empresas estabelecidas”, informou Lima. No domingo, cada grupo teve três minutos para expor à plateia e aos juízes os trabalhos, e, na avaliação, foram considerados como critérios de julgamento: coerência, originalidade, impacto e execução.

Time campeão

Comercialização foi o tema escolhido pelas três equipes mais bem-colocadas. O projeto campeão é de autoria da especialista em marketing de produtos Samira Penteado, dos agrônomos Daniel Penteado e Felipe Sartori e dos analistas de sistemas Guilherme Uezima e Gustavo Soré. O grupo desenvolveu um sistema integrado de monitoramento de produtos, com o propósito de banir a pirataria e o contrabando da cadeia econômica de agroquímicos.

De acordo com o Fórum Nacional Contra Pirataria (FNCP), realizado em 2016, os produtos falsificados representavam 10% do setor de defensivos agrícolas no Brasil. No ano passado, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) elevou esse índice para um volume próximo de 20% das vendas e estimou os prejuízos em R$ 7 bilhões.

Perigos

Segundo os campeões, quando o produtor compra agrotóxico falsificado põe em risco sua saúde, a propriedade e o meio ambiente, por usar algo sem saber a real composição e procedência. Além disso, há também prejuízos para os fabricantes, por deixarem de vender seus produtos legítimos e ter seus nomes e marcas registradas associados a problemas causados pelos itens falsos.

A solução desenvolvida tem origem no sistema conhecido como Identificação por Radiofrequência (sigla em inglês RFID) e consiste em instalar dois sensores na embalagem de cada produto. O primeiro deles, com informações sobre lote, fabricação, data de validade, etc., permite à indústria rastrear em tempo real onde o mesmo está; o segundo, um lacre, informa se ocorreu alguma violação em qualquer etapa – desde a fabricação até chegar ao produtor.

Entusiasmados com o título do Hackathon, os autores da solução projetada para rodar em iPhones e em celulares Android procuram agora investidores-anjo dispostos a financiar a abertura de uma empresa. O custo total estimado é de R$ 500 mil e inclui o desenvolvimento do negócio, com software e hardware próprios, além do treinamento de recursos humanos.

Serviço

Agrifutura
Hackathon
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
The Global Innovation Índex
Fundepag
Rede NIT-Apta
Embarcados

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/03/2017. (PDF)

Programa da Agricultura vai aproximar homem do campo dos serviços públicos

Prevista para março, ação conjunta com as prefeituras irá criar rotas para ambulâncias e viaturas atenderem mais rapidamente ocorrências em propriedades de todos os portes

Com o intuito de auxiliar as prefeituras a elaborarem um mapa com as rotas das propriedades rurais paulistas de todos os portes, a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) estruturou um grupo de trabalho para executar o Programa de Acessibilidade Rural Cidadania no Campo. Ainda inédita, essa ação governamental pretende aprimorar e integrar sistemas de segurança, saúde, transporte e outros serviços públicos direcionados à população rural.

O Grupo Técnico de Desenvolvimento foi instituído por meio da Resolução n° 61, de 6-12-2017. De acordo com o coordenador do Grupo de Trabalho, Carlos Henrique Paes de Barros, “a meta é lançar o programa em março” e uma das ações em execução consiste em elaborar um manual com instruções para identificar e nomear estradas, com a criação de códigos das Unidades de Produção Agropecuárias (UPAs). “A proposta é passar a atender emergências em sítios, chácaras e fazendas com maior facilidade e rapidez”, explica Barros.

Integração

Um dos temas em debate, informa o coordenador, é repassar às prefeituras os mapas com as rotas, por meio de convênios, em formato acessível para uso nas viaturas das polícias Militar, Civil e Florestal e também nas ambulâncias municipais, como as do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Da Pasta da Agricultura e Abastecimento, o Programa inclui representantes do gabinete da SAA e da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).

Além deles, o grupo é integrado por profissionais do Departamento de Estradas e Rodagem (DER), da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. (Emplasa), responsável por fornecer mapas e também por servidores das secretarias estaduais da Casa Civil, Segurança Pública (SSP), Meio Ambiente (SMA) e Saúde (SES).

Padronização

Segundo Barros, a execução do Programa seguirá normas federais e estaduais de localização e de endereçamento. “O conceito nas estradas e propriedades rurais será adotar o mesmo padrão de nomenclatura usado nas zonas urbanas, de 11 dígitos, utilizado, por exemplo, em sistemas como o do Centro de Operações da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Copom)”, explica Barros, sublinhando o fato de essa metodologia identificar instantaneamente o município, a rodovia codificada por número e o local de uma ocorrência nela a partir do seu início.

“No Programa, a coordenação será da SAA, porém, o trabalho será realizado em parceria com as prefeituras e sua evolução seguirá de acordo com o fornecimento dos dados municipais”, diz o coordenador. Para produzir as rotas, explica, serão compilados e sobrepostos diversos sistemas de informações disponíveis em cada um dos órgãos governamentais participantes.

Nesse sentido, haverá integração dos dados da SSP com os do Cadastro Ambiental Rural (CAR), da SMA, e com os do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária (Lupa) do Estado, em execução na SAA, por meio da Cati e do Instituto de Economia Agrícola (IEA).

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/01/2018. (PDF)