MedioTec qualifica aluno de baixa renda para o trabalho

Seguem abertas até as 15 horas do dia 14 as inscrições gratuitas no programa de dupla formação MedioTec. Dirigido aos jovens de baixa renda, como os inscritos em programas assistenciais, como, por exemplo, o Bolsa-Família, essa iniciativa do Ministério da Educação (MEC) permite ao estudante matriculado na 2ª série do ensino médio na rede pública estadual fazer curso técnico vespertino em Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) do Centro Paula Souza ou em estabelecimento de ensino da Secretaria Estadual da Educação (SEE).

O MedioTec disponibiliza mil vagas nos municípios de Araçatuba, Barueri, Birigui, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Itapeva, Jundiaí, Santos, São José dos Campos, São Paulo e Suzano. Com três semestres de duração, o programa tem vagas em cursos técnicos de administração (210), agenciamento de viagem (40), contabilidade (80), edificações (65), eventos (155), hospedagem (25), informática (70), informática para internet (65), logística (50), marketing (25), mineração (25), multimídia (40), portos (25), redes de computadores (25), secretariado (25) e segurança do trabalho (75).

Empregabilidade

Inscrições e informações detalhadas sobre os cursos e cidades estão disponíveis no site do Centro Paula Souza (ver serviço). De acordo com o assistente técnico-administrativo da área de seleção e classificação de alunos das Etecs, César Eliseu, a proposta principal do MedioTec é ampliar a empregabilidade desses alunos. “Quando terminarem os estudos, eles irão obter os dois diplomas: o do ensino médio e o do curso técnico. Assim, estarão mais aptos a conseguir colocação profissional”, explica.

Segundo a diretora do Departamento de Planejamento e Gestão da Rede Escolar e Matrícula da SEE, Andrea Grecco, foi realizada videoconferência na semana passada, com dirigentes de ensino, supervisores e equipes do Centro Paula Souza. “A finalidade foi ampliar a divulgação do MedioTec para toda a rede pública estadual. Também encaminhamos cartazes do programa para afixação nas escolas”, informa.

Na classificação dos candidatos ao curso são considerados três critérios: ser beneficiário de programas sociais; o rendimento nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática na primeira série do ensino médio no ano passado; e a frequência escolar. A primeira lista de convocados será divulgada entre os dias 10 e 12 de julho no site do Centro Paula Souza. O aprovado será informado pela secretaria em sua escola e receberá bolsa-auxílio de até R$ 200. As aulas do programa têm início previsto para 25 de julho.

Serviço

Programa MedioTec (informações, cidades e cursos)
Inscrição gratuita

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/06/2017. (PDF)

Resíduos de curtumes propiciam pesquisas e negócios na Etec Franca

Matérias-primas de alto potencial poluente recebem tratamento e rendem fertilizantes, biodiesel e pele humana artificial para enxertos ósseos e implantes dentários

Com o propósito de inovar com soluções de negócios e sustentáveis para os resíduos da produção coureiro-calçadista de Franca, a Escola Técnica Estadual (Etec) Professor Carmelino Corrêa Júnior mantém, desde 2010, linhas de pesquisa nessa área com seus alunos e docentes.

Segundo a professora Joana Félix, coordenadora de diversos desses trabalhos, a proposta é prover destinação ambiental adequada para as sete principais matérias-primas descartadas pelas fábricas e curtumes da região, e, ainda, originar novos negócios, a partir de tecnologias desenvolvidas e patenteadas no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

Um dos pontos de partida da integração entre a Etec agrícola com o Arranjo Produtivo Local (APL) de Franca, composto por cerca de 450 empresas, foi o pós-doutoramento de Joana. Formada em Química, com graduação, mestrado e doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ela iniciou em 2002 pós-doutoramento na Universidade de Harvard (Boston, Estados Unidos).

“O desafio proposto por meu orientador foi achar respostas viáveis e de baixo custo para fazer gestão ambiental. Desde então, as pesquisas com a composição e possibilidades de uso dos resíduos não pararam mais”, conta.

Em Franca, os principais descartes são os lodos de cromo, de recurtimento e de cal. Há também a serragem e as aparas do couro wet blue (que sofreu o primeiro processo de transformação no curtume), o pó de lixadeira e os retalhos. Em média, são geradas 218 toneladas diárias desses resíduos na cidade – no Brasil, são 3,5 mil toneladas por dia.

Linha de pesquisa

O trabalho pioneiro foi realizado com fertilizantes em 2012. Teve orientação do professor e agrônomo Cláudio Sandoval, diretor da Etec. Segundo ele, o passo inicial é eliminar, por meio de tratamentos laboratoriais, os contaminantes, por exemplo, cromo e corantes. Depois, cada tipo de resíduo origina um fertilizante diferente. Esse projeto recebeu prêmio em 2015 do Conselho Regional de Química do Estado de São Paulo.

Segundo Sandoval e Joana, além da sustentabilidade, esses fertilizantes têm outros diferenciais, como preço menor e menor tempo de ação no solo. “O quilo deles sai em média por R$ 0,30, enquanto o da ureia, fertilizante convencional bastante utilizado, custa R$ 1,70”, observam.

“Alface cultivada com o insumo tradicional demora cerca de dois meses do plantio até a colheita. Com o fertilizante da Etec, o prazo cai para 45 dias”, informam, destacando o fato de essa tecnologia estar sendo agora transferida a uma empresa da área de fertilizantes.

Integração

Dos 512 alunos matriculados na Etec de Franca, 15 participam ativamente dos projetos com os resíduos e são orientados por Joana, Sandoval e mais cinco professores de diversos cursos. A cada semestre, o grupo ganha novos componentes depois do Vestibulinho das Etecs. De acordo com os docentes, o critério de seleção para ingressar na equipe é ter interesse em dar continuidade à linha de pesquisa.

“Procuramos integrar o corpo acadêmico de todos os cursos nos projetos. Por exemplo, o fertilizante foi testado, a princípio, com mudas de café da estufa do curso de cafeicultura. Como essa planta é perene e ficará muito tempo no viveiro, é interessante a liberação lenta do nitrogênio presente no fertilizante, para evitar o desenvolvimento do vegetal antes do tempo recomendado”, explicam os docentes.

Biocombustível

Os retalhos coloridos de couro são a base da pesquisa com o biodiesel. Nesse processo, a primeira fase é a extração dos corantes de diversas cores, resíduos também com potencial poluente. No mercado, custam cerca de R$ 250 o quilo, e, com tecnologia adequada, podem ser reaproveitados por setores industriais, como o têxtil e o papeleiro. “Extrair o corante custa aproximadamente R$ 2 o quilo. É uma área promissora para novos negócios”, estimam.

No passo seguinte, ocorre a retirada do cromo, outro descarte com potencial poluente apto a ser reaproveitado e, finalmente, ocorre a extração dos óleos de engraxe, a base do biodiesel usado em tratores, ônibus e caminhões. Cada litro do biocombustível, feito com resíduos, sai por R$ 0,20. “Em Franca, são geradas diariamente 110 toneladas de retalhos, volume suficiente para produzir 22 mil litros de biodiesel”, informam.

Peles

Em 2009, um acidente de trabalho com ácido sulfúrico cegou e queimou 95% da pele do corpo de um funcionário de curtume. Sensibilizado com a tragédia, um colega dele questionou Joana sobre a possibilidade de reaproveitar a pele de animais em transplantes humanos. O Brasil possui apenas quatro bancos de pele para atender hospitais do País inteiro – e, em todos, a escassez de matéria-prima é recorrente.

Intrigada com a questão, Joana descobriu na pele suína 78% de biocompatibilidade com a humana, isto é, com métodos adequados seria possível eliminar os 22% restantes de rejeição ao biomaterial. “O diâmetro dos poros da pele suína é maior do que o dos humanos. Assim, fiz o fechamento do volume desses poros com colágeno, matéria-prima abundante nos resíduos e muito valorizada nas indústrias farmacêutica e cosmética”, explica Joana.

Em 2015, a pele humana artificial foi testada com sucesso na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), de Ribeirão Preto. Hoje, 1,5 metro dela custa, em média, R$ 85, enquanto a mesma medida da pele produzida em laboratório pode sair até por R$ 5 mil. Atualmente, uma multinacional farmacêutica negocia com a Etec o direito de produzi-la comercialmente.

Ossos e dentes

Neste ano, a pedido de médicos e dentistas, surgiu a proposta de aproveitar o colágeno usado na pele artificial para fazer reconstituição óssea, necessidade comum em implantes dentários e em pacientes com perda de tecidos. Na pesquisa desenvolvida na Etec Franca, depois de tratado, o resíduo teve seu potencial terapêutico multiplicado com a adição de hidroxiapatita (substância presente na escama do piau, peixe da fauna brasileira).

“Cada 100 gramas de hidroxiapatita sintética importada custa US$ 350. Nos pesque-pague, é possível obter grátis as escamas, considerando o fato de essa matéria-prima representar um custo para os proprietários dos estabelecimentos, por exigir descarte ambiental adequado”, informa Joana. Segundo ela, o método desenvolvido possibilita a extração da matéria-prima natural a partir de outros peixes criados para o consumo humano, como a tilápia e o pirarucu, por exemplo.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/05/2017. (PDF)

Etec de Americana inova com carteira digital de vacinação

Com pedido de patente encaminhado em fevereiro para o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), um programa de computador desenvolvido na Escola Técnica Estadual (Etec) Polivalente, de Americana, promete transformar o registro de imunização da população e a gestão dos postos municipais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Batizada de Vitae – Carteira de Vacinação Digital, a ferramenta foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) dos estudantes Gustavo Benato e Raíssa Faccioli, formados em junho do ano passado em informática.

Ainda inédito, o Vitae é dividido em dois módulos. O primeiro, gerencial, para ser usado nos terminais do posto de saúde com a finalidade de eliminar processos analógicos, como o preenchimento de formulários em papel, e permitir o controle de prontuários de pacientes e de estoque de materiais, entre outras funções.

A segunda parte consiste em um aplicativo para celular para enviar alertas e convocações aos usuários, substituir a carteira de vacinação e agendar as idas das pessoas ao posto, fazendo a distribuição do fluxo de atendimento.

Otimização

O trabalho foi orientado pela professora Gislaine Araújo e co-orientado pelo professor Oscar Meira Júnior. Amigos, Raíssa e Gustavo ingressaram na Etec de Americana no primeiro semestre de 2015. No ano passado, ambos passaram no vestibular em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

“O conceito do Vitae é preservar o histórico do paciente com relação às vacinas obrigatórias do calendário do SUS, além de alertar o cidadão, automaticamente, sobre suas próximas idas ao posto municipal onde é vinculado”, explica Gustavo.

Ele informa que a tecnologia empregada no programa da Etec Polivalente é mais segura e barata do que a utilizada atualmente nos postos e permite, a qualquer tempo, a recuperação dos dados, dispensa anotações manuais e pode ser utilizada em outras unidades de atendimento, como, por exemplo, hemocentros e clínicas particulares de vacinação.

Patente

Os estudantes ainda mantêm contato com seus ex-docentes da instituição vinculada ao Centro Paula Souza. Trata-se, segundo eles, de apoio fundamental para processar os ajustes no Vitae. Gustavo agora estuda em Limeira, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e Raíssa, em Hortolândia, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

Eles pretendem lançar o Vitae tão logo obtenham a patente definitiva, prevista para até o final do ano, além de conseguir sócios para possibilitar a abertura do negócio. No mês de março, a dupla conquistou o 4º lugar na categoria Ciências Exatas da 15ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na capital, em uma tenda montada no estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 18/04/2017. (PDF)