Cientistas do centro multidisciplinar investem na criação de novos negócios

Ex-alunos da Unesp, USP e UFSCar abrem empresas direcionadas à inovação com produtos e serviços de apelo tecnológico

Formar pessoal qualificado, de perfil multidisciplinar e capaz de gerar inovação, conhecimento e novos negócios para a sociedade brasileira. Esta é a proposta do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), mantido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e composto por 120 cientistas de instituições públicas de pesquisa.

A sede, estrutura organizacional e administração estão alojadas no Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec) do Instituto de Química (IQ) da Unesp, campus de Araraquara. Além do IQ, o Centro mantém equipes na USP São Carlos, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).

Investe no desenvolvimento de novos materiais inorgânicos e de novas tecnologias de síntese e processamento. E em spin off, modelo de criação de novas empresas de base tecnológica realizado por ex-alunos de mestrado e doutorado da universidade, com a supervisão e parceria dos antigos mestres. Isso é comum em países europeus e promove o desenvolvimento regional, gera empregos e renda e preserva o vínculo entre o ex-aluno e a universidade.

Perfil tecnológico

Um dos caminhos para inovar, explica o físico José Arana Varela, é atuar sempre nas fronteiras existentes entre as diversas áreas do conhecimento humano. “Esse terreno é bastante fértil para a criatividade. Nele, o cientista consegue ultrapassar as barreiras estabelecidas e anunciar os novos limites da corrida tecnológica”.

Sobre o spin off, destaca a importância da universidade pública repassar o conhecimento produzido para a sociedade brasileira.

“O Brasil deixa de importar tecnologias e passa a ter novo perfil, mais tecnológico e menos industrial. Começa a formar sua sociedade do conhecimento – revolução feita por países como Alemanha e EUA no início do século passado”, esclarece.

Materiais especiais

O Centro Multidisciplinar dispõe de laboratórios especiais para processamento e caracterização de materiais cerâmicos. Pesquisa áreas como catálise, cosméticos, filmes finos, matérias luminescentes, nanotecnologia, pigmentos cerâmicos, química teórica, sensores, varistores, cerâmica artística e refratários.

O químico Élson Longo da Silva, diretor do CMDMC, prevê novos usos para as cerâmicas, como produzir eletricidade, a partir do uso do hidrogênio, em células de alto desempenho. Essa tecnologia poderá suprir condomínios, hospitais, veículos, celulares, notebooks e máquinas fotográficas.

Outra novidade para breve é a cerâmica semicondutora – mercado potencial de U$ 1 milhão em sistemas de proteção e de transmissão de circuitos elétricos.

Desde a fundação, em 1998, o CMDMC possui mais de 70 contratos de prestação de serviço, 12 dos quais em operação. A lista de clientes inclui a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), White Martins, Indústria Brasileira de Artigos Refratários, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração e o Sindicato de Cerâmica Artística de Porto Ferreira. Conseguiu US$ 97 milhões em recursos e obteve o registro de 13 patentes.

Ação localizada

Parceria entre o CMDMC e empresa EMS promete novidades na área farmacêutica. Pesquisa realizada por três cientistas visa a produzir medicamentos capazes de agir somente numa determinada estrutura de tecido como, por exemplo, em músculos estriados cardíacos. A inovação permitirá ao médico prescrever remédios com dosagem mais equilibrada e liberação mais lenta do princípio ativo no organismo.

“O estudo dessas partículas orgânicas terá uso garantido em remédios com diferentes finalidades. O paciente passará a receber menos medicação e doses sob medida, porque a droga encapsulada somente atua no local desejado”, explica Élson.


Novos talentos

No dia 16 de junho, o Centro Multidisciplinar aplicou as provas da 3ª Olimpíada de Matemática, Química e Física. Com abrangência nacional, a iniciativa é dirigida a alunos dos três anos do ensino médio de escolas da rede pública. O intuito é descobrir novos talentos e incentivar jovens a ingressar em carreiras científicas e tecnológicas. Na terceira edição do concurso, o número de inscritos superou os 10 mil, ante 400 na primeira e 1,1 mil na segunda edição.

Na avaliação, o estudante tem a oportunidade de aprender mais e revelar quais são as suas principais carências de aprendizado. O concurso objetiva, também, apresentar a tecnologia como algo presente no cotidiano da sociedade e derrubar estereótipos, como o do cientista maluco. “Em suma, mostrar a inovação e a aplicação da ciência com naturalidade, com conceitos próximos da realidade do estudante”, observa Élson.


Retorno do investimento

Sediada em São Carlos, a empresa Nanox é uma criação de Luiz Gustavo Simões em sociedade com mais dois ex-alunos do Centro Multidisciplinar para o desenvolvimento de Materiais Cerâmicos. Baseada no sistema spin off, é especializada em novos materiais, como um filme especial à base de aço, utilizado para revestir paredes de tubos na indústria petroquímica. A aplicação facilita a limpeza interna das tubulações e reduz de 100 para 40 dias o tempo de interrupção do serviço para manutenção.

Após dois anos de trabalho, período mais crítico para a consolidação de micro e pequenas empresas, o grupo de sócios recuperou o dinheiro investido no negócio. No terceiro ano, a Nanox captou recursos do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas da Fapesp. Hoje emprega 15 pessoas e vende três linhas de produtos. Porém, o vínculo com o CMDMC jamais foi rompido e um grupo de pesquisadores do Centro integra o comitê científico da empresa.

Uma das últimas novidades é um revestimento desenvolvido sob medida para secadores de cabelo. Com ação bactericida, purifica o ar aspirado e expelido pelo bocal do aparelho. “A experiência na universidade somada ao apoio dos pesquisadores explica muito nosso sucesso”, observa Luiz Gustavo.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 09/08/2007. (PDF)

USP, Unicamp e Unesp irão atualizar as informações do Programa Biota-Fapesp

Universidades vão manter o sistema detentor do maior conjunto de dados científicos sobre a biodiversidade do Estado de São Paulo

Convênio firmado entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e as três universidades públicas paulistas repassou à USP, Unesp e Unicamp a tarefa de atualizar os sistemas de informação ambiental do Programa Biota-Fapesp – Instituto Virtual da Biodiversidade.

A solenidade, realizada no dia 2, no auditório da Fundação, na capital, contou com os reitores das universidades, lideranças da agência de fomento e representantes do Ministério de Ciência e Tecnologia e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA).

Iniciado em 1999, o programa dispõe do maior banco de dados sobre a biodiversidade do Estado de São Paulo. Suas tarefas iniciais incluíam inventariar e caracterizar as espécies de plantas e animais, compreender os processos naturais nos biomas e avaliar a conservação, o potencial econômico e o uso sustentável do recurso natural.

Ao longo da pesquisa acadêmica, os cientistas descobriram pelo menos 500 novas espécies e publicaram on-line, com acesso gratuito, todas as informações coletadas sobre a fauna e flora dos ecossistemas paulistas.

Carlos Alfredo Joly, da coordenação do Biota, conta que desde o início do trabalho a verba anual repassada pela Fapesp foi de U$ 2 milhões. Nestes oito anos, a iniciativa acadêmica de catalogação e preservação ambiental originou 75 pesquisas acadêmicas, 150 teses de mestrado e 90 de doutorado.

As publicações incluem 16 livros, dois atlas e 500 artigos científicos distribuídos por 170 periódicos, 90 deles indexados pelo Institute for Scientific Information (ISI). Entre os principais, as revistas Nature e Science.

Preservação e continuidade

Nesta nova etapa do Biota, a da institucionalização, Joly anunciou a expansão das atividades. “A parceria da Fapesp com as universidades públicas paulistas visa a tornar permanente a preservação e a continuidade do conhecimento acumulado. Agora, temos menos pesquisas em andamento, e os novos desafios são atualizar e manter ativos os sistemas de informação, tarefas que exigem pessoal especializado e grande capacidade computacional”, explica.

O Sistema de Informação Ambiental (SinBiota) – com dados de aproximadamente 4 mil espécies de plantas, animais e micro-organismos encontrados no Estado – o Atlas e a revista eletrônica Biota Neotrópica ficarão sob responsabilidade da Unicamp.

A Rede Biota de Bioprospecção e Bioensaios (BIOprospecTA) será dividida entre a Unesp (que cuidará das informações sobre caracterização de moléculas, coleção de extratos e animais, por exemplo) e a USP, que ficará com a parte mais aplicada da bioprospecção, ou seja, com as informações sobre utilização clínica das moléculas conhecidas.


Convidado internacional

Ao término da solenidade com os reitores, Michel Loreau, da Universidade McGill do Canadá, presidente do Comitê Científico Diversitas e vice-presidente do International Mechanism of Scientific Expertise in Biodiversity (Imoseb), ministrou a palestra “Por que precisamos de um Mecanismo Internacional de Conhecimento Científico em Biodiversidade (Imoseb)?”.

O Brasil ainda não é signatário do Imoseb. Este organismo internacional foi criado em janeiro de 2006 e faz a divulgação global de informações ambientais. Em suas ações regulares, alerta a comunidade científica internacional sobre os riscos da diminuição do número de espécies. Dessa forma, pretende nortear a elaboração de políticas públicas sobre o assunto.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/08/2007. (PDF)

Governador e secretário da Fazenda já utilizam sua certificação digital

Tecnologia agiliza serviços públicos, assegura integridade dos dados e confere valor legal para transações on-line

O governador José Serra digitou seus dados e a senha indispensável e recebeu o seu no dia 3 de julho. O secretário da Fazenda, Mauro Costa fez o mesmo, e ganhou o seu ontem, no começo da tarde. Ambos possuem agora o certificado digital que os habilita a autenticar documentos pela internet.

“A palavra chave é segurança”, lembrou o secretário da Fazenda ao concluir sua certificação. “É responsabilidade do Estado preservar o sigilo e a inviolabilidade das informações prestadas pelas pessoas físicas e jurídicas. Assim, decidimos investir em mais segurança para os funcionários.”

Não se tratou, portanto, de privilegiar as mais altas autoridades do governo do Estado. O kit do secretário Mauro Costa integra um lote de outros 2.999 vendidos pela Imprensa Oficial à Secretaria. A transação também prevê a prestação de consultoria pela Imprensa Oficial em serviços de tecnologia da informação, certificação digital e o respectivo credenciamento da Fazenda.

É uma tecnologia segura, protegida por chaves de criptografia e exige, antes da finalização de uma transação, o reconhecimento da identidade digital das partes envolvidas. Esta inovação confere agilidade operacional ao serviço público e atesta o valor legal de arquivos enviados e recebidos on-line. Além disso, dispensa impressão e assinatura em papel e garante o sigilo e a integridade do conteúdo.

CPF e CNPJ digital

No Brasil, a Imprensa Oficial integra um grupo limitado de organizações certificadoras digitais, como a Serasa, a CertSign e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Em maio de 2006 a empresa foi credenciada pelo Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), ligada à Casa Civil da Presidência da República, como Autoridade Certificadora no Estado de São Paulo. Uma vez por ano o ITI audita e verifica a conformidade dos procedimentos realizados pela empresa.

Um mês depois a Receita Federal habilitou a empresa a emitir certificados digitais para pessoas físicas (e-CPF) e jurídicas (e-CNPJ).

Hubert Alqueres, secretário de Comunicação do governo do Estado e presidente da Imprensa Oficial, cargo que ocupa desde 2003, tendo, assim, comandado os trabalhos que tornaram a empresa certificadora digital, destaca a importância do ato então em andamento: “A ferramenta dá legitimidade aos documentos eletrônicos, e as decisões podem ser praticamente instantâneas. Há pouco tempo, isto seria impensável, mesmo que os documentos circulassem em um mesmo prédio”.

Segundo Márcio Moreira, gerente de Tecnologia da Informação da Imprensa Oficial, a certificação previne fraudes e falsificações e confere segurança para um grande volume de serviços eletrônicos.

“A certificação aproxima o contribuinte da Receita Federal. Na eventualidade de ocorrer algum problema, é possível resolvê-lo pelo site da Receita Federal e ainda acessar informações como declarações de imposto de renda de anos anteriores”. E garante: “Uma transação feita pela internet com a certificação digital tem valor legal e carrega consigo a chamada presunção de veracidade – um atestado de autenticidade e confiabilidade”.

Aprimoramento

“A certificação será utilizada por funcionários para acessar sistemas internos tributários e financeiros – aplicações críticas para a Fazenda”, informa Cesarvinicius Rodrigues, diretor do departamento de TI da Pasta. “Esse recurso tecnológico provê acesso remoto, é fundamental em aplicações críticas, tem validade jurídica e assegura a autenticidade de mensagens e documentos eletrônicos”, analisa.

Serviço

O interessado em adquirir o e-CPF ou o e-CNPJ pode conferir no site da Imprensa Oficial a relação de documentos necessários e ler o contrato de utilização. Depois é só preencher formulário de cadastro e seguir as instruções. O certificado vale por três anos.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 27/07/2007. (PDF)