Livro de experiências torna-se novidade na escola e está disponível na internet

Publicação aborda conceitos básicos de física e traz 32 experiências para serem reproduzidas na sala de aula e em casa

Com o objetivo de reforçar o aprendizado dos alunos do ensino fundamental e médio e enriquecer o conteúdo das aulas de física e ciências, o professor Luiz Antônio de Oliveira Nunes, da USP São Carlos, em parceria com a mestranda Alessandra Riposati, lançou o livro Física em Casa. A obra é distribuída gratuitamente online, e traz 32 experiências para serem reproduzidas pelas crianças em casa e na escola.

A publicação tem 68 páginas e é recomendada para ser utilizada como material de apoio aos livros didáticos tradicionais. O texto estimula o debate e a compreensão de tópicos fundamentais no estudo da física, em especial da eletricidade. É dividida em três capítulos, com 13 experiências de eletrostática na primeira parte; 11 de corrente elétrica na segunda; e, na última, oito estudos sobre magnetismo.

Luiz Antônio sugere que a realização das experiências siga a sequência proposta no texto, dessa maneira, o aproveitamento da obra é maior. Com exemplos do cotidiano, a criança começa a compreender o princípio de funcionamento do pára-raios, da bússola, da máquina fotocopiadora e do motor elétrico. O trabalho facilita o entendimento dos fenômenos naturais, e a absorção de conteúdos que antes eram ensinados somente de modo teórico, distante da realidade do aluno.

“Os experimentos utilizam materiais de baixo custo, e que não apresentam riscos à saúde – canudinhos, papel higiênico, vidro de maionese vazio, palitos de fósforo, pedaços de cartolina e garrafas PET. Todos esses itens podem ser encontrados em qualquer supermercado e, reunidos, não passam de R$ 50″, explica o professor.

A narrativa começa quando o líder de um grupo de garotos, chamado Tales, pesquisa na rede virtual a origem de seu nome e descobre, num site, a história do matemático grego Tales de Mileto, um dos precursores do estudo da eletricidade. Pelo computador, aprende uma das primeiras experiências realizadas sobre o assunto na antiguidade. Curioso para saber o desfecho da experiência realizada e seus desdobramentos, Tales começa a se corresponder com o responsável pelo site. Em vez de respostas prontas, recebe novas perguntas, que o induzem a prosseguir nas experiências, compreender os fenômenos e avançar na pesquisa.

Primeira edição

Luiz Antônio é pesquisador do Instituto de Física (IFSC) da USP São Carlos, financiador da primeira edição do livro. A tiragem inicial é de mil exemplares e os volumes estão sendo distribuídos em eventos de capacitação organizados pela Secretaria da Educação. Esses encontros tiveram início no segundo semestre de 2005 e já foram realizados em Araraquara, São Carlos, Pirassununga e Taquaritinga. A capacitação tem duração de um dia e 500 professores de física e de ciências já receberam o livro.

Luiz Antônio está à procura de patrocínio para as próximas edições. Explica que se a obra for bem aceita, a intenção é criar uma coleção de livros de apoio (paradidáticos). “Cada exemplar abordará um tópico específico da física”.


Capacitação em Araraquara

O Sesc de Araraquara foi palco de capacitação ministrada pelo professor Luiz Antônio. Na oportunidade, os professores aprenderam e receberam dicas para as experiências funcionarem e não frustrarem as jovens plateias. “O segredo é treinar bastante antes da concretização em sala de aula”, explica.

A plateia ficou empolgada com a terceira experiência do livro que ensina como a força do atrito mantém um canudo preso à parede depois de eletrizado com um chumaço de papel higiênico. A brincadeira funciona com a maioria dos canudinhos à venda nos supermercados. A sugestão é experimentar vários tipos do produto até obter bom resultado. O interior do canudo deve estar seco e não ter sido utilizado ou assoprado.

Há 20 anos, a professora Maria Isabel Orso leciona para crianças de sete a dez anos e participa do Programa Oficinas Pedagógicas. Comentou que é sempre enriquecedor para o aprendizado quando o professor não fica restrito aos livros didáticos. “Os alunos se motivam quando levo ímãs nas aulas e explico os conceitos de atração de corpos. O objetivo das aulas de ciências é investigar, tentar compreender os fenômenos naturais”, observa.

O professor Antônio Carlos de Paiva Lima, da EE Letice B. Godoy, diz que pretende montar em casa os experimentos para colocá-los em prática em 2006. “Vou incentivar a turma a trazer materiais para a escola e vamos organizar uma feira de ciências”. Suas colegas, Giselda Telarolli, Terezinha Cita de Lima e Cecília Araci Prada planejam trocar informações conforme forem fazendo em suas escolas as experiências, para aprimorar ainda mais a iniciativa.

Serviço

A cópia do livro pode ser feita diretamente neste link, do Laboratório de Lasers e Aplicações da USP São Carlos (LLA/IFSC-USP).

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/10/2005. (PDF)

Pesquisadores da USP São Carlos montam pela 1ª vez no Brasil câmera termográfica

Sistema identifica diferenças de temperatura entre regiões do corpo e imagem digital auxilia diagnóstico de tumores, hanseníase e inflamações

A equipe de pesquisadores do Instituto de Física da USP São Carlos (IFSC), coordenada pelo professor Luiz Antonio de Oliveira Nunes, montou neste ano, pela primeira vez no País, uma câmera termográfica. O equipamento foi desenvolvido no Laboratório de Lasers e Aplicações. Identifica diferentes variações de temperatura entre regiões do corpo do paciente, que são representadas em escala de cores na tela do computador. Antes, havia no Brasil, na área da saúde, somente quatro unidades – todas importadas.

A imagem digital produzida pela câmera termográfica é uma ferramenta auxiliar de diagnóstico para especialidades médicas, como dermatologia, oncologia, reumatologia, fisiatria, ortopedia, neurologia, neurocirurgia e mastologia. Depois de processada a imagem, as áreas de maior temperatura podem indicar tumores, inflamações, hanseníase ou lesões por esforço repetitivo. Os pontos mais frios podem representar problemas circulatórios.

Diferentemente dos aparelhos de raios X, o exame com a câmera não emite radiação. É um procedimento não invasivo, indolor e dura apenas três segundos, com a vantagem de dispensar anestesia e o uso de substâncias como o contraste. Além disso, permite ao médico avaliar de imediato a situação funcional e metabólica de regiões específicas do corpo.

Doação de câmeras

Para obter diagnósticos mais precisos, o profissional de saúde pode utilizar a imagem produzida com a câmera termográfica em conjunto com outras avaliações clínicas: ressonância magnética, tomografia e radiologia. Essa técnica foi bastante desenvolvida em alguns centros de saúde de países estrangeiros como o Japão, que produzem imagens tridimensionais por meio da sobreposição de exames.

O professor Nunes explica que a tendência, agora, é expandir o uso da nova tecnologia e treinar profissionais de centros de saúde para aprender a técnica. Na semana passada, a equipe da USP São Carlos entregou uma câmera para o Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), de Bauru, referência nacional no tratamento e prevenção da hanseníase. Em breve, será também instalada uma unidade no Centro de Referência da Saúde da Mulher – Hospital Pérola Byington, na capital, para detecção, treinamento, pesquisa e assistência contra o câncer de mama.

Para funcionar, o equipamento utiliza um sensor infravermelho importado dos Estados Unidos, que mede as variações de temperatura entre 18º e 40ºC, existentes na superfície do corpo humano. Os demais componentes do conjunto foram desenvolvidos no Brasil, ao custo de R$ 30 mil, sendo que as câmeras importadas têm preço médio de US$ 70 mil. O projeto teve início em 2002 e recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp).

Para difundir ainda mais o uso dessas câmeras, Nunes afirma que precisa do apoio governamental, para instalar maior número de aparelhos e qualificar médicos a utilizá-las. Ele avalia que seis meses de treinamento teórico-prático são suficientes para instruir os profissionais, que também aprenderão a utilizar o programa de computador que comanda a câmera, inovação produzida e patenteada pela equipe de pesquisadores do IFSC.

Parceiro fundamental

Desde o início da pesquisa, o médico Antonio Carlos de Camargo Andrade tem sido um parceiro fundamental na elaboração do projeto. Especialista em medicina de reabilitação (fisiatria) desde o início do ano, fez exames em mais de 200 pacientes no campus da USP com a câmera.

Segundo Andrade, o diagnóstico por imagem é uma ferramenta importante também na prevenção de doenças, especialmente nos estágios iniciais. Permite identificar dores de origem desconhecida, hanseníase, infecções de pele e tumores como o melanoma e outros tipos de cânceres que podem surgir em tecidos moles do corpo.

Novas expectativas

“A diabetes pode causar lesões irreversíveis, que exigem a amputação de dedos, pés, pernas e braços. A câmera termográfica consegue indicar com precisão o local ideal para a incisão, evitando que o cirurgião corte tecidos sadios ou cause lesões em áreas que ainda possam se regenerar”, explica Andrade.

O médico conta que a câmera trouxe novas perspectivas de estudo da hanseníase. Serão necessários de dez a 15 anos de pesquisa para avaliar todas as novas possibilidades de diagnósticos e de tratamentos. Um avanço já obtido foi a possibilidade de dosar melhor a quantidade de medicamentos ministrados para o paciente, o que possibilita acompanhar, de imediato, a reação do organismo à medicação, especialmente em tumores e doenças da pele.

A cirurgia plástica restauradora também pode ser favorecida com o equipamento. A imagem digital indica as áreas da pele com melhor irrigação sanguínea, ideais para a realização de enxertos. Será importante na reabilitação de pessoas que sofreram queimaduras e lesões na pele. Em cirurgias estéticas, auxilia a combater a celulite.

A pesquisa sobre a medição e detecção das ondas de calor teve grande evolução na década de 60, para fins militares. Atualmente, a câmera termográfica é utilizada em satélites na órbita terrestre para monitorar as áreas mais atingidas por queimadas. A única limitação de uso é o alto custo da instalação. A tecnologia vem sendo utilizada na medicina veterinária e em instalações industriais e elétricas para monitorar processos. Além disso, pode ser aplicada em portos e aeroportos para conter a propagação de epidemias como a gripe asiática e o vírus Ebola.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/08/2005. (PDF)

Novo campus da USP desfaz mitos e revoluciona região leste da capital

De 1.020 aprovados no 1º vestibular, 47% cursaram ensino médio em escolas públicas; 42% residem na região; 21% se declararam negros e 39% têm renda familiar inferior a R$ 1,5 mil

Com o objetivo de ampliar a oferta de vagas no ensino público superior no Estado e promover o desenvolvimento da zona leste de São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) inaugurou, no início do ano, seu novo campus na capital: a USP Leste. A unidade está instalada em área de 1,25 milhão de metros quadrados, vizinha ao Parque Ecológico do Tietê, no quilômetro 17 da Rodovia Ayrton Senna (SP-070).

A construção do novo campus foi dividida em três fases. A primeira foi iniciada em março de 2004 e concluída em 11 meses; a segunda etapa começou em dezembro de 2004 e terminará em março de 2006; e a última irá de janeiro de 2006 a dezembro de 2007. Ao todo, 1.020 estudantes frequentam as aulas, em dez cursos de graduação nos períodos matutino, vespertino e noturno.

O estatuto da USP não prevê duplicidade na oferta de cursos numa mesma cidade. Por isso, as carreiras oferecidas na zona leste são exclusivas, concebidas para serem inovadoras e atrair o interesse dos moradores da região.

Os cursos em funcionamento são dez: Sistemas de Informação, Ciências da Natureza, Obstetrícia, Gerontologia, Ciências da Atividade Física, Marketing, Lazer e Turismo, Gestão de Políticas Públicas, Tecnologia Têxtil e Gestão Ambiental. Além disso, outros dois foram aprovados e só necessitam do término das obras para começarem suas atividades no ano que vem.

A previsão da USP Leste é acrescentar progressivamente 1.020 vagas a cada 12 meses e iniciar o ano letivo de 2008 com 4,1 mil alunos matriculados em 16 cursos.

Encontrar soluções

O campus dispõe de 64 docentes contratados, todos com doutorado: oito vieram transferidos da própria USP e 58 foram aprovados em concurso. São 68 funcionários, dos quais 51 provenientes da Cidade Universitária.

A proposta acadêmica é formar profissional diferenciado, capaz de encontrar soluções para os problemas da região e, depois, repassar a experiência adquirida para outras partes do Estado. Uma novidade foi a introdução, no currículo básico de todos os cursos de graduação, da disciplina Resolução de Problemas.

A matéria tem duração anual e consiste em reunir os universitários em grupos de 12 para organizar atividade conjunta de iniciação científica, vinculada à futura área de atuação profissional das equipes.

Os temas dos trabalhos são obrigatoriamente ligados ao desenvolvimento da zona leste, área de maior densidade populacional de São Paulo (4,5 milhões de pessoas) e com poucas opções de ensino superior gratuito. O objetivo é encontrar soluções para questões de transporte, moradia, educação e saneamento básico.

Integração bem-sucedida

O professor Antônio Marcos de Aguirra Massola, docente da Escola Politécnica, é o engenheiro responsável pelo projeto de construção. Massola é coordenador do Espaço Físico da USP e conta que as obras estão sendo realizadas em dois terrenos doados pelo governo do Estado. O maior tem área de 1 milhão de metros quadrados, margeia o Rio Tietê e recebeu o nome de Gleba 2. O menor é vizinho ao Parque Ecológico do Tietê, tem 250 mil metros quadrados de área e foi denominado de Gleba 1.

A construção prossegue, nas duas glebas, e o novo campus tem R$ 62 milhões empenhados para as obras. A área construída ocupa 48 mil metros quadrados. A USP conseguiu economizar recursos a partir de diversas experiências realizadas pelos professores antes dos projetos arquitetônicos. Os prédios seguem modelo ergonômico de um edifício criado no campus da USP de São Carlos, já aprovado pela comunidade acadêmica.

O professor Carlos Reynaldo Pimenta, coordenador-geral adjunto do campus Leste, é docente da Escola de Engenharia da USP de São Carlos e enfatiza que a nova unidade foi também projetada para manter padrões racionais de consumo de água e de eletricidade. As iniciativas incluem reciclagem de lixo (Programa USP Recicla) e o conjunto de reservatórios construídos nos telhados para acumular a água da chuva, a qual é reaproveitada para utilização na limpeza, irrigação de gramados e canteiros, além de constituir reserva obrigatória contra incêndios.

Do total de 1.020 aprovados no primeiro vestibular, 47% cursaram o ensino médio em escolas da rede pública; 42% são moradores da zona leste, 21% se declararam negros (o dobro do porcentual de toda a USP); e 39% têm renda familiar inferior a R$ 1,5 mil.

A direção da universidade avalia que a proposta de integração com a zona leste tem sido bem-sucedida. Acredita que, no final de cada ano, o processo ganhará ainda mais força, com o progressivo aumento da oferta de vagas gratuitas para o ensino superior na região. Segundo Pimenta, os números do primeiro vestibular contribuem para derrubar antigos mitos, como o de que a USP seria uma universidade inacessível a estudantes carentes e afrodescendentes.

Formando cidadãos

O docente Waldir Mantovani é um dos que se transferiu voluntariamente para a USP Leste. Professor do Departamento de Ecologia e coordenador do curso de gestão ambiental, afirma que se mudou atraído pela oportunidade de criar e pôr em prática nova proposta pedagógica. O intuito é promover o resgate de valores humanistas estabelecidos pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, nos primeiros anos da USP, na década de 1930, que eram comuns a todos os cursos. De acordo com Mantovani, esses valores se perderam ao longo do tempo, com a especialização das carreiras acadêmicas.

O objetivo principal dos novos cursos é formar cidadãos, independentemente da graduação que cursaram. A base ampla de conhecimentos transmitidos pretende também reforçar a formação de pesquisadores capazes de propor soluções que atendam a todos os níveis da população, de todas as classes sociais.

O assistente-técnico de infraestrutura Marcos André de Almeida Santos é um dos funcionários mais entusiasmados com o novo campus. Morador de Itaquera, reduziu de duas horas para 20 minutos o tempo gasto no deslocamento entre sua residência e a universidade. Na opinião dele, um dos diferenciais da nova unidade é poder contar com equipe experiente, motivada e disposta a escrever uma nova página na história da principal universidade do País. “Está sendo um grande desafio receber os alunos com o campus ainda em obras e oferecer o mesmo padrão de qualidade de ensino das demais unidades da USP”, explica.

O técnico de laboratório Luiz Cláudio Silva vislumbrou na USP Leste nova oportunidade para sua carreira. Há 24 anos, integra o quadro funcional da instituição e se transferiu voluntariamente do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Cidade Universitária para a nova unidade.


Instalações modernas e adaptadas

A USP Leste dispõe de modernas instalações, especialmente adaptadas às necessidades dos portadores de necessidades especiais. Para isso, o projeto arquitetônico privilegiou o uso de elevadores e rampas nos acessos às salas e auditórios. Há poucas escadas e o piso tátil garante deslocamentos sem riscos para o deficiente visual que, ao bater sua bengala no dispositivo, é “informado” da existência da escada.

Encerrada a primeira fase do projeto, a comunidade acadêmica (estudantes, funcionários e docentes) já dispõe de serviços de vigilância permanente, refeitório, anfiteatros, coleta seletiva de lixo, biblioteca, laboratórios, frota de veículos, ambulância e ônibus circular gratuito, em intervalos de 15 minutos, entre a estação Engenheiro Goulart da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e o campus.

O ônibus circular deve funcionar até junho de 2006, quando será inaugurada a estação USP Leste da CPTM, que integra a Linha F (Brás – Calmon Viana). Uma passarela ligará o campus à estação, na Avenida Dr. Assis Ribeiro. O local será monitorado por uma base fixa da Polícia Militar.


Namoro versus estudo no campus

O casal de namorados Rafael Santana e Tayne Lavinas se conheceu nos primeiros dias de aula. Ela é aluna do curso de Lazer e Turismo e reside com os pais em Guarulhos, município da Grande São Paulo vizinho ao campus. O rapaz é calouro de Sistemas de Informação. Veio de São Sebastião, no litoral paulista, e montou república com dois colegas, próxima à USP Leste.

Satisfeitos e cheios de planos para o futuro, os dois contam que a aprovação na Fuvest foi uma grande felicidade, ampliada pelo fato de saber que serão da primeira turma de formandos da USP a atuar em novas áreas profissionais. Comemoram as instalações adequadas, confortáveis e de recursos de multimídia, como o projetor (datashow) disponível em todas as salas de aula e laboratórios.

“Estudo no primeiro e único curso de Lazer e Turismo do País. É uma formação mais abrangente do que Turismo e habilita o profissional para trabalhar em agência, hotel, feiras e gastronomia. Também o prepara para organizar atividades de recreação na área cultural e de lazer de um município. Consegue, desta maneira, abranger o visitante e o morador da cidade”, explica a estudante de 17 anos.

A disciplina Resolução de Problemas está empolgando a universitária. Seu grupo de estudo tem participado de encontros com a comunidade carente do Jardim Keralux, próximo à USP Leste. Nas reuniões, surgem propostas para aprimorar e estender o Programa Escola da Família para todas as escolas da rede pública da região e também propostas para pôr em funcionamento projetos de educação e de infraestrutura para o lazer dos moradores do bairro: quadras esportivas, bares e lanchonetes.

Rafael é aficionado por computadores e estagiário num dos laboratórios de informática da nova unidade. Nos fins de semana, divide o tempo entre o curso de inglês no campus e os passeios com a namorada.

“A qualidade do serviço tem sido excelente. Na época do cursinho, havia muita especulação e comentários de que o ensino seria inferior ao promovido nas outras unidades da USP. A maioria dos professores se transferiu para o campus já com objetivos definidos, como realizar uma pesquisa específica ou desenvolver trabalhos de extensão universitária com a comunidade”, afirma o universitário.

O estudante é testemunha também das mudanças ocorridas no bairro de Ermelino Matarazzo. Lembra que no início do ano letivo o comércio local não dispunha de variedades e havia poucas ofertas de imóveis para alugar, caixas eletrônicos, supermercados, videolocadoras, lan houses e postos de gasolina.

“Meu expediente no laboratório de informática termina às 23 horas. Na semana em que fiz minha mudança para São Paulo, todas as pizzarias estavam fechadas neste horário. Hoje, há diversos serviços de entrega com horários mais dilatados”, comemora.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/06/2005. (PDF)