Um dia pode salvar você do câncer

Campanha Doe 1 Dia estimula pessoas em boas condições de saúde a checagens periódicas e adoção de hábitos de vida saudáveis

O Instituto do Câncer (Icesp), ligado à Secretaria Estadual da Saúde e à USP, lançou esta semana o movimento “Doe 1 Dia”. Com viés voluntário, a campanha incentiva o cidadão a fazer exames preventivos para detectar a doença, cujo diagnóstico precoce amplia as chances de cura.

A campanha surgiu após a constatação médica de que muitas pessoas deixam de realizar exames por falta de hábito e de tempo. E também por desinformação ou medo do resultado.

O movimento visa a sensibilizar quem está em boas condições de saúde a adotar hábitos de vida saudáveis e passar a checar periodicamente sua saúde. O site traz todas as ações da campanha e informa sobre os principais tipos de câncer e as medidas de prevenção e tratamento.

A iniciativa também celebra o terceiro aniversário de criação do Icesp, fundado no dia 6 de maio de 2009. É uma parceria do Instituto com a agência de publicidade África e o jornal Folha de São Paulo. E tem também apoio da Federação das Associações Comerciais do Estado (Facesp).

Mais notificações

Dados de 2010 do Instituto Nacional do Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde, estimam em 489,3 mil o números de casos confirmados da doença no Brasil. O levantamento também indicou que um terço dos casos ocorre em São Paulo, Estado mais populoso do País, com 42 milhões de habitantes, segundo o Censo IBGE 2010.

Para a médica Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora de Oncologia Clínica do Icesp, fatores como o crescente aumento da população e da expectativa de vida no Brasil têm aumentado o número de notificações. Outras causas são a exposição direta e prolongada ao sol por grande parte da população e o maior acesso da população aos sistemas de saúde.

No mundo, o câncer de pulmão é o de maior incidência e está fortemente associado ao tabagismo. No Brasil, os tumores mais prevalentes nos homens foram os de próstata e de pulmão; nas mulheres, os de mama e de colo do útero. No restante da América Latina, as tendências seguem as nacionais.

O termo câncer designa genericamente mais de 100 doenças, incluindo tumores malignos de diferentes localizações. Na maioria dos casos a moléstia aparece a partir dos 50 anos. Para fazer a detecção precoce, a mulher deve consultar o ginecologista quando iniciar a vida sexual ou atingir 21 anos de idade. Já o homem, deve frequentar o urologista a partir dos 40 anos.


O câncer no Brasil – por região (estimativa dos casos novos)

Região Masculino Feminino Total
Norte 8.930 10.190 19.120
Nordeste 40.530 48.820 89.350
Centro-Oeste 14.960 15.380 30.340
Sul 52.090 50.390 102.480
Sudeste 119.730 128.250 247.980
BRASIL 236.240 253.030 489.270

* Números (1910) arredondados para 10 ou múltiplos de 10
Fonte: Inca


O câncer no Brasil – órgão afetado

Localização primária Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste
Mama feminina 1.350 8.270 2.690 9.310 27.620
Traqueia, brônquio e pulmão 1.080 3.950 1.760 7.230 13.610
Estômago 1.300 4.280 1.270 4.090 10.560
Próstata 1.960 11.570 3.430 9.820 25.570
Colo do útero 1.820 5.050 1.410 3.110 7.040
Cólon e reto 620 3.040 1.580 6.150 16.720
Esôfago 260 1.530 580 3.040 5.220
Leucemias 560 2.070 650 1.790 4.510
Cavidade oral 410 2.810 800 2.510 7.590
Pele melanoma 180 540 250 2.020 2.940
Outras localizações 5.260 14.780 8.090 28.810 80.960
Subtotal 14.800 57.890 22.510 77.880 202.340
Pele não melanoma 4.320 31.460 7.830 24.600 45.640
TOTAL 19.120 89.350 30.340 102.480 247.980

* Números (1910) arredondados para 10 ou múltiplos de 10
Fonte: Inca

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/05/2011. (PDF)

USP vai ganhar o primeiro Laboratório de Astrobiologia do Hemisfério Sul

Instalado em Valinhos, o centro multidisciplinar vai estudar a origem da vida na Terra e em outros planetas

A Universidade de São Paulo (USP) abrigará até o final do ano o primeiro Laboratório de Astrobiologia do Hemisfério Sul. O centro de estudos brasileiro está sendo instalado em Valinhos, no Observatório Abrahão de Moraes, ligado ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. A previsão é que comece a funcionar em 2010.

Orçado em R$ 1 milhão, o laboratório recebeu financiamento federal do recém-criado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Espaço (INEspaço). Será usado pela comunidade científica brasileira e internacional para achar respostas para as três principais questões da Astrobiologia: Como a vida surgiu e evoluiu no nosso planeta? Existe vida fora da Terra? Qual o futuro da vida aqui e nos outros corpos celestes?

De perfil multidisciplinar, a Astrobiologia envolve conceitos de Astronomia, Biologia Molecular, Química, Meteorologia, Geofísica e Geologia. Os estudos são realizados a partir de cálculos teóricos e grande parte dos dados obtidos virá da câmara simuladora de ambientes, o principal equipamento do novo laboratório.

A câmara de simulação planetária do laboratório será revestida de aço inox e é capaz de reproduzir condições e ambientes extraterrestres. O equipamento é projetado para analisar parâmetros de temperatura, pressão, composição gasosa e fluxo de radiação, entre outros. Permite, também, avaliações em tempo real das pesquisas em andamento.

Extraterrestres

Segundo Douglas Galante, pesquisador do IAG, muitos experimentos do laboratório serão feitos com os extremófilos – micro-organismos capazes de sobreviver em condições ambientais extremas, como a ausência de luz solar, exposição a radiação, sal, níveis muito altos e baixos de pressão, temperatura, água e oxigênio.

“Essas características fazem deles bons modelos para pesquisas com organismos extraterrestres”, explica. O pesquisador informa que o laboratório também investigará outros temas, como reações químicas ocorridas em gelos de cometas e a penetração de radiação em diversos tipos de solo.

A instalação do laboratório ocorrerá em duas etapas: na primeira, serão aproveitadas as atuais instalações do observatório. Na seguinte, será erguido o edifício próprio do centro de pesquisa.

O prédio será construído numa área de 625 metros quadrados e o projeto prevê incluir soluções para o consumo sustentável de água e de eletricidade. Quando estiver finalizado, o centro abrigará também laboratórios de apoio de Química e Biologia, ambos com infraestrutura e equipamentos de informática adequados para a pesquisa teórico-experimental.

Para a ciência, vida extraterrestre significa a capacidade de um organismo qualquer, mesmo microscópico, sobreviver em meteoritos, planetas como Marte ou ainda em outros corpos celestes. Essas formas de vida podem ter surgido em processos totalmente independentes dos da Terra, ou ainda possuir origem comum, viajando no espaço e chegando aos planetas, no fenômeno conhecido por panspermia.

Da mesma forma, a vida na Terra pode ser fruto de outro planeta ou pode ter-se originado a partir de precursores formados no ambiente espacial. Moléculas orgânicas como aminoácidos, já encontradas no meio interestelar, em meteoros e cometas, podem ter chegado à Terra, participando do surgimento da vida há bilhões de anos.


Um lugar para ver estrelas

Criado em 1972, em uma área verde e preservada de 450 mil metros quadrados, o Observatório Abrahão de Moraes começou a perder potencial científico duas décadas depois. O motivo foi o crescimento da iluminação e a urbanização de Vinhedo, local por onde se chega ao centro de Valinhos, cidade em que está instalado.

Em 1995, um dos telescópios foi automatizado e pesquisas de alto nível puderam voltar a ser realizadas. Hoje, o observatório possui três equipamentos para observação: o Obelix, o Argus e o Prometeu. A inovação permitiu transformar o local em centro de divulgação científica permanente para grupos de até 40 estudantes do ensino médio e fundamental.

A visita pode ser diurna ou noturna e todas as atividades oferecidas pelo observatório são gratuitas. O agendamento dos grupos é feito pelo telefone (19) 3886-4439. No ano passado, 1,8 mil alunos conheceram o local. Além da visitação, a escola interessada pode também operar pela internet os telescópios e assim propor atividades ligadas à observação astronômica.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/09/2009. (PDF)

Homem Virtual da USP aposta na tecnologia para estimular aprendizado

Kit da Telemedicina da universidade traz DVDs com vídeos; escola interessada deve ligar para 3061-7398 para receber o material grátis

A disciplina de Telemedicina da Universidade de São Paulo (USP) lançou, no final de 2008, a Série Ouro do Projeto Homem Virtual. A nova versão do kit pedagógico usa recursos de computação gráfica para explicar o funcionamento do corpo humano e ensinar noções sobre a prevenção de doenças. O material inclui dois folhetos explicativos, três DVDs e cinco cartazes que podem ser usados em sala de aula, laboratório de informática ou em um ambiente com aparelho de TV e de DVD.

De modo interativo, a série ouro do Projeto Homem Virtual aposta na tecnologia para estimular e facilitar o aluno a aprender conceitos de biologia e medicina. É uma ferramenta multimídia adaptada à formação do público leigo, estudantes do ensino fundamental e médio, universitários, profissionais e agentes da área da saúde.

Os vídeos e animações tridimensionais do kit apresentam células, tecidos, órgãos, ossos e sistemas como o auditivo, o respiratório e o endócrino. De modo simples, a computação gráfica ajuda a explicar as relações existentes em processos biomoleculares, fisiológicos e patológicos. Também mostra o mecanismo de ação de medicamentos no organismo e descreve procedimentos de cirurgia para pacientes.

Família virtual

O Projeto Homem Virtual surgiu em novembro de 2002, a partir de parceria da Telemedicina com a área de fisioterapia da USP. Recebeu, na época, o nome de Comunicação Dinâmica e foi concebido para acelerar a reabilitação de pacientes com os membros inferiores amputados. O propósito era mostrar para cada enfermo quais músculos ele deveria exercitar mais para aprender a andar com a perna artificial (prótese).

O sucesso da experiência inicial na área de reabilitação motivou a extensão do trabalho para outras partes e sistemas do corpo humano. Em 2003, a iniciativa recebeu recursos do Ministério da Saúde e, finalmente, a ideia de unir computação com medicina originou a criação do Homem Virtual, método de aprendizado complementar ao tradicional, em especial nas áreas com acentuada dificuldade de compreensão por parte dos estudantes.

Com o passar dos anos, a equipe multidisciplinar do professor Chao Lung Wen, coordenador da disciplina de Telemedicina e responsável pelo Projeto Homem Virtual, também não parou mais de crescer. A iniciativa tem consultoria de professores de diversas áreas médicas da universidade, como ortopedia, fisioterapia, psicologia, Telemedicina e fisiatria. Ainda emprega profissionais de outras áreas, como jornalistas, programadores, desenhistas, designers e equipes de vídeo.

Foram produzidos mais de cem módulos do Homem Virtual, cada qual compreendendo quatro áreas temáticas de estudo. O Projeto Homem Virtual contabiliza mais de 70 mil horas de trabalho, a maioria de caráter artístico e artesanal. De acordo com o professor Chao, os professores da USP supervisionam todos os passos, desde os primeiros esboços na prancheta dos desenhistas até a digitalização e animação do conteúdo.

Cada novo lançamento da coleção do Homem Virtual é criado sob quatro diretrizes básicas. A primeira prioriza a busca de soluções interativas para favorecer o aprendizado de médicos e profissionais de saúde. A segunda investe no aluno, no sentido de aumentar a eficiência do conteúdo transmitido. A terceira privilegia ações para o treinamento de equipes de saúde da família (Programa Jovem Doutor, que leva universitários da USP para regiões carentes do Brasil) e a última propõe adaptar o uso do material para o público leigo.

O professor Chao destaca que a família virtual também cresceu e hoje é formada pelo homem, mulher e embrião. “Este é um novo modelo de difusão científica, totalmente criado no Brasil, e de caráter simples, capaz de atender aos estudantes de medicina em São Paulo e também às populações ribeirinhas nas margens do Rio Amazonas. É uma ferramenta moderna, que enriquece a formação tradicional”, observa o professor Chao.

Kit doado

No kit Série Ouro do Homem Virtual, os títulos dos DVDs são Espaço Cultural Digital, Jovem Doutor e Hanseníase. O conjunto está disponível para doação às escolas, aos centros de saúde e às universidades. Interessados devem entrar em contato com a equipe de Telemedicina da USP (ver telefone em Serviço). Entidades privadas também podem obter o material, mediante algumas contrapartidas.

Serviço

Projeto Homem Virtual
Telefone (11) 3061-7398

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/02/2009. (PDF)