Dia Nacional do Café tem colheita de grãos e plantio de sakuras no IB

Aberto à população e com representantes de toda a cadeia produtiva, evento realizado no Instituto Biológico, na capital, marca o início da safra 2018

O Instituto Biológico (IB), órgão da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), abriu na manhã de ontem as portas de sua sede, na Vila Mariana, zona sul da capital, para a 13ª edição do Sabor da Colheita. Além de celebrar o início da safra 2018 em todo o território paulista, esse evento gratuito e alusivo ao Dia Nacional do Café (24 de maio), possibilitou aos visitantes colherem grãos maduros da fruta em um dos maiores cafezais plantados em área urbana do País. São 2 mil pés da variedade arábica.

Um dos destaques do encontro promovido pela cadeia produtiva do café, IB, Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) e Câmara Setorial do Café, órgãos da SAA, foi o plantio de três cerejeiras sakura, em comemoração aos 110 anos da imigração japonesa no Brasil. Foi homenageado no evento Naoki Nakano, vice-cônsul do Departamento de Economia, do Consulado Geral do Japão em São Paulo, como agradecimento pela doação, ao Centro de Memória do IB, de um exemplar manuscrito de tese acadêmica produzida em 1951 por Kiyoshi Yamamoto na Universidade de Tóquio.

Intitulado Controle biológico da broca do café, através da liberação da Vespa de Uganda, Prorops nasuta, em cafeeiros no Estado de São Paulo, esse trabalho acadêmico destaca o uso de uma espécie predadora no combate a essa praga, que foi uma das motivações de criação do Instituto Paulista, há 90 anos. Seu autor dá nome ao prêmio anual concedido pela Comissão Kiyoshi Yamamoto da Associação Brasileira de Estudos Técnicos da Agricultura (Abeta). “Esse trabalho foi importante contribuição para o controle biológico da broca nos cafezais paulistas”, destaca Antônio Batista Filho, diretor-geral do IB.

Promissora

“Do ponto de vista da quantidade, a expectativa dos produtores brasileiros é colher (entre maio e agosto) a maior safra de café da história”, comenta o engenheiro agrônomo Sérgio Parreiras Pereira, do Centro de Café Alcides Carvalho do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta). Com relação à qualidade da colheita, o pesquisador cita existirem diversas variáveis envolvidas, como clima e processamento. “Assim fica difícil prever, mas a expectativa é boa, uma vez que temos maturação bem uniforme dos frutos neste ano”.

Segundo ele, o café é uma cultura perene e de ciclo bienal, cuja característica é alternar seu desempenho ano a ano: um favorável; outro fraco. Para acompanhar a evolução dos números, a referência adotada são as estimativas anuais de safra elaboradas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura. Os comparativos são publicados on-line, no site da instituição (ver link em Serviço).

“Por questões climáticas, nos últimos dois anos o volume colhido foi baixo; mas agora as condições mudaram completamente. Os produtores investiram no manejo e trato fitossanitário”, explica. Outros fatores de otimismo para os próximos anos, aponta Pereira, são as três novas cultivares de café desenvolvidas pelo Instituto Agronômico: IAC Catuaí SH3, IAC Obatã 4739 e IAC 125 RN. Em fase de adoção no campo, as três são tolerantes à ferrugem e oferecem ganhos de produtividade de 35% a 70% superiores às das cultivares Mundo Novo, Catuaí Vermelho e Amarelo, presentes em cerca de 90% dos cafezais brasileiros.

Doação

As mudas do cafezal orgânico do IB foram desenvolvidas pelo IAC e parte dos grãos colhidos pelo público será beneficiada, torrada e encaminhada ao Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp), para repasse a entidades assistenciais. Em 2017, na edição anterior, as doações totalizaram 214 quilos de pó de café. Ontem, uma das caravanas mais animadas no cafezal era a do Centro de Referência do Idoso (CRI), de Diadema.

Participando do encontro pela terceira vez, Míriam de Vasconcelos, assistente social, Iraci Gonçalves da Silva, agricultora, e Albertina Aragão Botentuitte, costureira, contam reservar todo ano a data na agenda. Para Míriam, “bate um grande saudosismo, pois seu avô veio de Alagoas para São Paulo para colher café e toda a família acabou se estabelecendo na capital”. Para Iraci, colocar um chapéu de palha e jogar grãos no balaio também desperta memórias afetivas. “Nasci na roça, trabalhei 53 anos no campo, não tem lugar melhor”. E, para Albertina, “esse programa é maravilhoso, ‘desestressa’ totalmente”.

Atração internacional

Perto dali, a francesa Noemi Miegeville era uma das visitantes mais encantadas com a possibilidade de colher e experimentar o sabor do grão de café em pleno centro da capital. Ela integrava o grupo de 17 pessoas comandado pela guia de turismo Josy Varlet, de uma associação cuja proposta é atender falantes da língua francesa recém-chegados em São Paulo. “Para eles, essa experiência pode ser comparada a dos turistas quando conhecem os parreirais preservados de Paris, cujos vinhos são excelentes”, comenta Josy, há mais de 40 anos residente no Brasil. “No ano passado, trouxe pela primeira vez um grupo e a repercussão foi boa. O evento já está incorporado na nossa programação”, revelou.

Serviço

Instituto Biológico
Conab
Sao Paulo Accueil

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2018. (PDF)

Tecnologia com sustentabilidade no controle biológico de pragas

Programa do IB da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento orienta produtor rural de todos os portes do País e presta consultoria sob medida

Desde o início da década de 1970, o Instituto Biológico (IB), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SAA), pesquisa e desenvolve técnicas de controle biológico de pragas para diminuir o uso de agrotóxicos nas lavouras. De acordo com o engenheiro agrônomo Antonio Batista Filho, diretor-geral do IB, essa tecnologia atende à crescente demanda da sociedade por alimentos cada vez mais saudáveis, como os orgânicos e os certificados, e também oferece alternativa mais segura para trabalhadores rurais e consumidores.

“As propostas principais do Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico (Probio) do IB são gerar novos conhecimentos, desenvolver projetos sustentáveis e atender propriedades rurais de todos os portes do País”, informa Batista Filho. Segundo ele, essa atividade com viés de preservação ambiental remonta à fundação do centro de pesquisa paulista fundado há 90 anos. Na época, uma comissão científica, liderada por Arthur Neiva, teve com missão se unir para debelar uma infestação de broca-do-café (Hypothenemus hampei) no Estado.

Sanidade vegetal

O combate ao besouro daninho no século passado combinou ações em silos e sacarias com a inspeção de 50 milhões de pés de café em 1,3 mil propriedades paulistas. Bem-sucedida, essa operação do IB no campo paulista prosseguiu com estudos de taxonomia, isto é, com a descrição, identificação e classificação das pragas, entre outras pesquisas e serviços na área de entomologia, seção da biologia dedicada ao estudo dos insetos e de suas relações com os humanos, outras espécies e o meio ambiente.

“Ao longo das décadas, os resultados foram a criação da Sociedade Brasileira de Entomologia e a formação da coleção de insetos do instituto, uma das maiores da América Latina, entre outros desdobramentos”, explica o especialista, integrante do quadro funcional do IB desde 1983 e doutor em em entomologia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP). Hoje, destaca o diretor-geral, o atendimento ao produtor na área de controle biológico é realizado com materiais didáticos, orientação técnica gratuita nos canais de atendimento do Probio (ver Serviço na pág. II) e consultoria sob medida.

Essa ação especializada segue a necessidade de cada solicitante. Inclui orientação sobre como produzir organismos como fungos, bactérias e vermes nematoides, os principais agentes usados no controle biológico. Além de fornecê-los e revelar em qual momento do cultivo devem ser liberados, indica como construir biofábricas para produzi-los, capacitar pessoal para o manejo deles e elaborar laudos de confirmação de parasitoides, organismos capazes de se alojarem no corpo de uma outra espécie e causarem a morte da praga, entre outras possibilidades.

Predador natural

Um dos agentes biológicos mais requisitados do IB são os ácaros desenvolvidos pelo pesquisador Mário Eidi Sato, do Centro Experimental de Campinas. “Não há risco de eles se tornarem novas pragas nas lavouras”, comenta. “Além disso, o controle biológico também preserva os polinizadores, fundamentais para a produção agrícola, como, por exemplo, as abelhas, assim como evitam o acúmulo de resíduos em alimentos, no meio ambiente, e nos aplicadores dos defensivos”, destaca.

Segundo Sato, os ácaros predadores já são usados regularmente em plantios de morango, framboesa, tomate, citros e de café e podem ser empregados em cem culturas. “Para um produtor instalar uma biofábrica e passar a produzi-los em sua propriedade, o investimento parte de R$ 1 mil”, esclarece.

Plantas viçosas

Um caso de sucesso é a biofábrica da Associação dos Floricultores da Região da Via Dutra (Aflord), inaugurada em agosto de 2016. Dois anos antes, o grupo de produtores de plantas ornamentais de Arujá solicitou palestra sobre controle biológico, por meio do Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf) do IB. Sato foi então à sede da entidade capacitar o grupo de 64 associados sobre como enfrentar o ácaro-rajado (Tetranychus urticae) – ao longo dos anos, essa praga desenvolveu elevada resistência aos pesticidas, um problema comum causado pelos agroquímicos.

Segundo Sandra Shinoda, agrônoma da Aflord, “alguns floricultores chegavam a aplicar, sem sucesso, três agrotóxicos diferentes, duas vezes por semana, com eficiência de 20%, ou seja, 80% das pragas seguiam vivas e se reproduzindo. Com o controle biológico, a eficiência na eliminação saltou para 95%. Hoje, 30 deles a adotam. Carlos Kibe, de Arujá, é um deles.

Treinado pelo Prosaf em 2016, ele passou a usar os ácaros predadores nos quatro hectares de sua propriedade. “Produzo flores há mais de 50 anos e os agroquímicos não davam mais conta do ácaro-rajado. Com os programas do IB, reduzi 70% dos gastos com defensivos e a praga está controlada”, comenta o produtor de 150 mil vasos de orquídeas, comercializados em Campinas, São Paulo e Holambra.

Portfólio

Especialista na produção de vermes nematoides para controlar insetos de solo, como o bicudo (Sphenophorus levis), infestação típica dos canaviais, o agrônomo Luís Garrigós Leite, também do Centro Experimental de Campinas, destaca o fato de muitos projetos “combinarem uma ou mais espécies de agentes para predarem, parasitarem ou infectarem a população da praga”, observa.

Como exemplo, cita o trabalho de seu colega Valmir Antonio Costa, um dos entomologistas responsáveis pela identificação de parasitoides e pela coleção do IB, hoje base de consulta científica para 120 institutos de pesquisa brasileiros e estrangeiros e também especialista no estudo e identificação da vespa Cotesia flavipes.

Essa espécie é usada para debelar a broca-dos-canaviais (Diatraea saccharalis), mariposa com impactos severos no rendimento industrial da produção. Atualmente, 55 empresas recebem assessoria do IB para produzir e comercializar bioinseticidas naturais usados em 12 Estado brasileiros – e, em 2018, quatro novos contratos foram assinados.

Serviço

Probio
Telefone (11) 5579-4234
E-mail batistaf@biologico.sp.gov.br


Fungo elimina até 70% das cigarrinhas-da-raiz nos canaviais

Cepa do Metarhizium anisopliae combate a praga em 400 mil hectares de plantações no Estado; Usina São João, em Araras, emprega o controle biológico do IB desde o ano 2000

Sediada em Araras, a Usina São João (USJ) foi um dos primeiros empreendimentos rurais a adotar as inovações em controle biológico desenvolvidas pelo IB. Iniciada no ano 2000, essa parceria é coordenada pelo agrônomo José Eduardo Marcondes de Almeida e consiste em aplicar uma cepa especial do fungo Metarhizium anisopliae nos plantios de cana-de-açúcar da empresa. A medida reduz em até 70% as populações de cigarrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata), uma das pragas de maior impacto para o setor sucroenergético. Atualmente, as linhagens do micro-organismo a combatem em 400 mil hectares de canaviais paulistas.

No Brasil, o controle biológico das cigarrinhas começou no final da década de 1960, com os pesquisadores Maria de Lourdes Aquino e Pietro Guagliomi, do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), ligado ao Governo federal. Em trabalho de campo realizado no município de Campos (RJ), a dupla identificou exemplares da cigarrinha-das-folhas (Mahanarva posticata) infectados pelo Metarhizium, um parasitoide da praga – e levaram amostras para o IPA, a fim de estudá-las e desenvolver um bioinseticida a partir deles.

Prova de campo

O primeiro teste dos pesquisadores com o Metarhizium foi realizado em canaviais de Pernambuco. Os resultados satisfatórios obtidos motivaram novas avaliações no Estado vizinho de Alagoas e, finalmente, a experiência foi estendida, também com sucesso, em campos de todo o País. Em São Paulo, recorda Almeida, o estudo do Metarhizium foi aprofundado a partir dos anos 2000, e sua multiplicação para a pesquisa é realizada em cultivos de arroz.

No território paulista, a promulgação do Decreto Estadual nº 42.056/1997 (ver Serviço) determinou o fim das queimadas e acelerou a mecanização das colheitas, entretanto, mudou também o panorama agroecológico nos canaviais. Antes exterminada pelo fogo, a cigarrinha-da-raiz, espécie ‘parente’ da cigarrinha-das-folhas, passou a se reproduzir sem controle, trazendo prejuízos significativos. “Para resolver o problema, produtores, governos e a ciência nacional se uniram para combatê-la, inclusive tendo recebido apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e da Esalq/USP”, conta Almeida.

Parceria

De acordo com o agrônomo Ricardo Bueno, coordenador de processos agrícolas da Usina São João (USJ), a empresa busca sempre a sustentabilidade em seus processos. Como exemplo, cita o emprego desde 1976 da vespa Cotesia flavipes para debelar a broca-dos-canaviais. A partir de 1998, recorda, todo o setor sucroalcooleiro nacional foi impactado pela cigarrinha-da-raiz. A usina montou em sua sede, em Araras, um laboratório para produzir o fungo Metarhizium anisopliae, e assim combater a cigarrinha em suas lavouras.

Fernando Palma, gerente agrícola e colega de Ricardo, conta terem sido usadas como matrizes no laboratório amostras de cigarrinhas contaminadas pelo fungo encontradas na própria região. “Não tivemos o retorno esperado, havia muitas dificuldades técnicas a serem superadas”, revela o também agrônomo da USJ. “Recorremos então ao pesquisador Almeida, do IB. Ele nos orientou a gerar na biofábrica da usina uma cepa mais agressiva e voraz do Metarhizium”, revelou Palma.

Inovação

“Passamos a usar matrizes do fungo vindas da coleção entomológica do Instituto Biológico. O processo então deslanchou e esse apoio tecnológico do IB segue até hoje”, explica. Hoje, o fungo produzido em Araras é aplicado como bioinseticida em 20 mil hectares plantados pela USJ. “Este insumo é primordial para a empresa produtora de açúcar, etanol e energia, cujo parque industrial processa anualmente 3,8 milhões de toneladas de cana”, salienta Palma. Na avaliação de Ricardo e Fernando, o apoio do setor público é “fundamental” para todas as cadeias agropecuárias brasileiras, por reverter em mais conhecimento, renda e empregos para toda a sociedade.

Com relação ao setor canavieiro, dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), na safra brasileira 2016/2017, o Estado de São Paulo liderou o ranking nacional de moagem de cana e produção de açúcar e etanol (anidro e hidratado), com 56,14% do volume total, sendo seguido por Goiás, com 10,37% e Minas Gerais, com 9,74% (ver tabela). “Assim, medidas como o controle biológico, capazes de proteger essa riqueza e de preservar o meio ambiente, são importantes e devem ser ampliadas”, concluem os agrônomos da USJ.

Moagem de cana-de-açúcar e produção de açúcar e etanol – safra 2016/2017

Estado Cana-de-açúcar (mil toneladas) Açúcar (mil toneladas) Etanol anidro (mil m³) Etanol hidratado (mil m³) Etanol total (mil m³)
São Paulo 365.990 24.248 6.151 7.046 13.197
Goiás 67.630 2.102 1.313 3.072 4.384
Minas Gerais 63.516 3.993 1.193 1.448 2.641
Mato Grosso do Sul 50.292 1.735 807 1.902 2.709
Paraná 40.417 3.060 616 739 1.355
Mato Grosso 16.343 398 524 696 1.221
Outros Estados 50.623 3.201 987 761 1.747
Brasil 651.841 38.734 11.589 15.665 27.254

Fonte: Unica

Serviço

Grupo Usina São João (USJ)
Decreto Estadual nº 42.056/1997 (fim das queimadas)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente nas páginas I, II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 23/05/2018. (PDF)

Agricultura apresenta balanço do setor no Estado nos últimos anos

Evento na capital reuniu representantes dos setores público e privado e apresentou inovações, como o controle informatizado do uso de agrotóxicos

Na tarde de ontem (19), mais de mil participantes lotaram as galerias do Auditório Ulysses Guimarães, no Palácio dos Bandeirantes, na capital, para conferir o evento Ato pela agricultura: Alimento, renda e trabalho!, realizado pela Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA). O encontro apresentou balanço das ações realizadas pela pasta em prol do segmento agropecuário nos últimos anos e promoveu a assinatura de convênios da SAA com os municípios paulistas.

O público participante na sede do Governo reuniu lideranças do agronegócio, representantes de prefeituras, entidades, cooperativas e associações, empresas de máquinas e insumos agrícolas, produtores rurais, técnicos e pesquisadores ligados à SAA.

Na abertura dos trabalhos, representando uma das 267 cooperativas atendidas pelo Projeto Microbacias II – Acesso ao Mercado, da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati/SAA), a produtora rural Solange Nobre, coordenadora da Associação de Produtores e Olericultores de Lins (Apol), destacou os bens obtidos por seu grupo, composto por 180 agricultores familiares.

“Por meio do financiamento obtido, conseguimos comprar caminhão- baú refrigerado, computadores, balanças e todo o material necessário para processar hortifrútis orgânicos e convencionais, inclusive montamos uma loja”, revelou.

Regional

Na sequência, foi apresentada a Cartilha de regularização fundiária em terras devolutas estaduais nas regiões administrativas de Registro e de Itapeva, publicação elaborada pela Fundação Instituto de Terras do Estado (Itesp), órgão da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, distribuída em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesp). Em breve disponível no site do Itesp, o documento aborda a Lei estadual nº 16.475/2017 e visa a trazer segurança jurídica para pequenos e médios produtores rurais ao determinar as regras de posse em terras devolutas estaduais.

A recuperação da Fazenda Ataliba Leonel, pertencente ao Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) da Cati, foi outro destaque. Localizada em Manduri, no Sudoeste paulista, e pioneira na produção de sementes de milho orgânico no Brasil, desde 2016 recebeu investimento de R$ 6,6 milhões e retomou sua produção. Entre as melhorias, inovou em processos de terceirização de mão de obra para semeadura e colheita, modernizou a Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) e irá produzir, até o final do ano, 120 mil sacos de 20 quilos de sementes de milho, variedade tradicional, produto disponível para venda nas Casas da Agricultura de todo o Estado.

A conservação de nascentes de rios nas cidades de Holambra, Pardinho e Botucatu foi outro tema destacado. Essa medida integra o Programa Nascentes, ação coordenada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente com o apoio de mais 11 pastas. Na oportunidade, foram destacados também o tratamento de esgoto nas propriedades rurais e mais medidas de preservação ambiental e de contenção da água das chuvas, de modo a evitar a erosão.

Multiplicação

Divulgado no evento, o Balanço Social da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta/SAA) revelou que para cada real investido na agência é gerado retorno de R$ 12,20 para a sociedade. Esse resultado foi obtido a partir da análise dos impactos econômicos, sociais e ambientais de 48 tecnologias desenvolvidas nos seis institutos e 14 polos regionais da Apta no biênio 2016/2017.

A publicação está disponível no site do Apta (ver serviço). “Esses dados mostram a importância do investimento nos institutos de pesquisa do Estado. O retorno segue direto para a sociedade, por meio de empregos, renda para o produtor e empresas e alimentos saudáveis”, destacou Orlando de Melo Castro, coordenador da Apta.


Controle de agrotóxicos informatizado

Para ampliar a segurança no uso de agroquímicos, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA/SAA) anunciou, ontem, a informatização de todos os processos envolvendo o uso de agrotóxicos no território paulista. Pioneira no País e alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – Lei federal nº 12.305/2010, a metodologia empregada segue o princípio da logística reversa, isto é, responsabiliza o fabricante de um produto pelo descarte ambiental de todos os seus componentes.

De acordo com o agrônomo Rafael de Melo Pereira, diretor do Centro de Fiscalização de Insumos e Conservação do Solo, a informatização do controle dos defensivos foi finalizada no Sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave), da SAA, no dia 18 de março. “Todos os processos manuais e em papel foram eliminados e agora todos os processos estão integrados no Gedave. O cadastro no sistema é gratuito e uma das funcionalidades incorporadas é alertar o produtor rural sobre quando deverá devolver, obrigatoriamente, as embalagens vazias para os fabricantes após o uso”, esclarece Pereira (ver serviço).

Autorização

A informatização possibilita à CDA monitorar em tempo real o fluxo de utilização dos agrotóxicos no Estado. “O Gedave permite às 40 regionais da CDA planejar e executar ações mais eficazes de fiscalização de uso dos defensivos, uma arma importante para combater pragas da citricultura, como o greening e o cancro cítrico, além de outras presentes em canaviais, cafeeiros e diversos outros plantios”, comenta Pereira.

A ferramenta inclui receituário agronômico e sistemas de relatórios e de auditoria de atividades. Com poucos cliques, o produtor faz diversas consultas e consegue verificar, por exemplo, se um agroquímico tem registro para uma determinada cultura e, ainda, se a loja ou a empresa aplicadora está regular com o Estado. Outra inovação é resolver on-line demandas que antes exigiam pelo menos quatro meses, como a solicitação de recolhimento de produtos vencidos, por exemplo.

Serviço

Sistema Gedave
Apta Balanço Social

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 20/03/2018. (PDF)