Cestas de esperança

Torneio de basquete da Fundação Casa revela talentos, promove a inserção social do adolescente e ajuda na disseminação do esporte

Foi um dia inesquecível para os adolescentes da Fundação Casa. Meninos e meninas provenientes de sete centros da entidade disputaram no Ginásio do Pacaembu, na capital, as finais do 4º Torneio Estadual de Basquete.

“Assim como nos anos anteriores, a resposta dos participantes é sempre muito positiva. Muitos adolescentes deram na Fundação Casa os primeiros arremessos da vida. A prática esportiva contribui com o desenvolvimento físico e mental e favorece a inclusão e o processo socioeducativo”, diz Carlos Alberto Robles, gerente da área de Educação Física e Esporte da Fundação Casa. Para ele, o torneio interno de basquete dá visibilidade à modalidade no País, onde a preferência declarada é pelo futebol.

O torneio integra o calendário esportivo anual da Fundação Casa. A montagem dos times neste campeonato servirá para auxiliar a formação das equipes de basquete que disputarão a Olimpíada interna da instituição, em novembro. Nos jogos, os adolescentes poderão também praticar outras modalidades, como tênis de mesa, xadrez, futsal, futebol de campo, handebol, atletismo e mais três de cultura urbana: basquete street, grafite e hip hop.

Resultados

No masculino, participaram da disputa 800 jovens de 75 unidades, em três fases. A primeira etapa, regional, ocorreu em julho. Na segunda, realizada em agosto, as partidas abrangeram três regiões do Estado. Por fim, na fase final, realizada na capital, sagrou-se como campeã a unidade de Itaquera, que venceu o centro Novo Tempo, de Franco da Rocha, pelo placar de 41 a 12 sets.

Destaque para o camisa 10, com três cestas de três pontos e quatro lances livres convertidos. “Tenho 18 anos e em dezembro terminará minha medida socioeducativa. Se tudo der certo, pretendo voltar para minha equipe em fevereiro”, disse o jovem.

O professor Robson Fioretti, técnico da equipe campeã, exalta a dedicação dos meninos, que treinaram diariamente de duas a três horas, inclusive nos finais de semana e feriados. A meta era estabelecer um padrão de jogo para a equipe. “Tínhamos a pretensão de vencer. Progredimos no decorrer do campeonato e o placar final premiou nosso trabalho”, ressaltou.

O torneio feminino teve a participação de 40 adolescentes. Na final, a unidade Cerqueira César, do interior, venceu a unidade Chiquinha Gonzaga, da capital (18 a 6). Destaque para a camisa 7 da equipe campeã, cestinha da partida, com 16 pontos.

“Para mim, o basquete é uma forma de ser alguém na vida. Já integrei o time da minha cidade, jogando na posição de ala. Tenho 16 anos e pretendo seguir carreira nas quadras, de preferência com minha irmã gêmea, já profissionalizada”, disse a menina.

De acordo com o regulamento do torneio, os jogos masculinos foram disputados em dois tempos de 20 minutos corridos, com cronometragem nas saídas de bola apenas no minuto final de cada tempo. Para as meninas foi aplicada a mesma regra, mas as partidas foram jogadas em duas etapas de 15 minutos.


Modelo terapêutico de educação

Robles, gerente da área de Educação Física e Esporte, explica que o funcionamento da Fundação Casa segue as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Quando um juiz decide pelo cumprimento de medida socioeducativa, o jovem fica sob os cuidados de uma equipe multidisciplinar, formada por profissionais das áreas pedagógica (professores, profissionais de Educação Física, agente educacional), de saúde (psicólogo, médico, assistente social) e de segurança.

O atendimento socioeducativo é adaptado à realidade de cada unidade. Antes da internação, o adolescente passa por avaliação multidimensional e tem plano individualizado. Este modelo terapêutico da instituição foi desenvolvido em parceria com a associação Day Top, dos Estados Unidos. Visa a garantir que adolescente e família tenham suas demandas atendidas de modo satisfatório e que, de forma gradativa, seja possível ampliar a inserção social do interno, de acordo com a sua evolução.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/09/2011. (PDF)

Mister Sheik emprega 114 garotos da Febem com carteiras assinadas

Menores terão jornada diária de oito horas de trabalho, salário de R$ 480, vale-transporte, refeição e plano de carreira

A rede de lojas de alimentação Mister Sheik é a mais nova aliada do governo paulista na reintegração social de menores. A empresa decidiu contratar 114 adolescentes da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) para trabalhar na produção de esfihas nos 38 estabelecimentos comerciais que a rede de fast food mantém na capital.

No Mister Sheik, a primeira atividade dos novos profissionais será participar de um treinamento de 400 horas nas lojas da rede, onde receberão salário de R$ 240 e serão contratados pelo regime CLT. Ao término do período, serão efetivados com jornada diária de oito horas de trabalho e receberão vale-transporte, refeição, uniforme e plano de carreira. O salário será reajustado para R$ 480.

Os escolhidos para trabalhar no Mister Sheik serão indicados pela Febem. Os critérios de seleção foram ter idade acima de 16 anos, bom aproveitamento escolar e garantia de que a família acompanhará o desenvolvimento do garoto. Os selecionados irão trabalhar na capital, nas lojas do Shopping Guarulhos, Shopping Metrô Tatuapé, Shopping Metrô Santa Cruz, Terminal Rodoviário do Tietê e na zona norte, na loja do bairro de Santana.

O presidente da instituição, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, conta que são observadas as habilidades e aptidão que cada adolescente possui, e eles então são direcionados para os cursos profissionalizantes e oficinas culturais mantidas nas unidades, como a de panificação. “As opções são diversificadas e incluem atividades com artes visuais, cênicas, musicais, fotografia, danças e capoeira, explica.

João e Tiago, internos da Unidade do Brás, fizeram curso de informática patrocinado pela Fundação Bradesco. “Depois de nove meses, estamos prontos para readquirir nossa dignidade, conseguir um emprego e assumir uma vida nova, junto com nossas famílias”, contam.

Visita no Brás

Na quarta-feira, dia 19, a diretoria executiva do Mister Sheik conheceu as instalações e a oficina de panificação do Complexo da do Brás, que possui sete unidades da Febem e atende 1,5 mil reeducandos na capital.

A visita começou pela oficina de panificação, onde Renata Nogueira Gomes, diretora executiva do Mister Sheik conheceu e degustou esfihas, salgadinhos, pão-de-mel e doces. Ela conta que os funcionários da rede estão sendo preparados para o cotidiano com os meninos. “O objetivo é recebê-los sem nenhum preconceito, como colegas, e oferecer uma nova perspectiva de vida para eles”, conta emocionada.

Empresário Amigo da Febem

A parceria entre Estado e o Mister Sheik será assinada no dia 25 de novembro. O projeto assumido pela rede alimentícia inaugura uma série de novas parcerias que serão anunciadas à razão de uma por semana, a partir de agora. São várias empresas interessadas em colaborar com a reinserção social dos jovens da Febem. O programa está sendo chamado de Empresário Amigo da Febem.

Gabriel Chalita, secretário estadual da Educação, explica que a idéia é reunir empresas interessadas em colaborar com a recuperação e resgate da auto-estima dos garotos, principalmente pela via da empregabilidade. “É um grande passo na busca pela diminuição da violência, que elimina sua principal causa, a desigualdade social”, explica.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 26/11/2003. (PDF)