Educação vai formar primeira turma de professores indígenas no ano que vem

Escola para nativos é bilíngue, intercultural e preserva tradições e cultura de cinco etnias presentes no território paulista

No mês de abril de 2008, o Estado de São Paulo dará mais um passo na ampliação da educação indígena. Será concluída na Universidade de São Paulo (USP) a formação superior de 81 professores indígenas, grupo que desde 1997 atende às 28 aldeias existentes no território paulista. A iniciativa foi organizada pela Secretaria Estadual da Educação (SEE), que repassa às crianças e aos adultos das tribos os conceitos pedagógicos relativos à primeira e à quarta séries da escola tradicional.

A educação indígena começou em 1997, com a reivindicação na secretaria dos representantes das cinco etnias (guarani, tupi-guarani, krenak, terena e kaingang) presentes em São Paulo desde a época do descobrimento do Brasil. A partir do segundo semestre de 2008, os alunos receberão noções relativas ao período da quinta à oitava séries da escola tradicional.

Diploma equivalente

O diploma emitido pela escola indígena tem o mesmo valor legal que o obtido nos demais estabelecimentos de ensino do Estado. A alfabetização é bilíngue, em português e na língua materna de cada etnia remanescente. A missão de lecionar é exclusiva do índio-professor, um integrante da comunidade indicado pela própria tribo para ser docente. Sua formação pedagógica é complementada no curso superior na USP, bancado pela pasta.

A escola indígena não tem diretor. Seu papel é desempenhado pelo vice-diretor, indicado pela comunidade. Controles administrativos da escola tradicional, como as provas e a frequência nas aulas, foram todos adaptados. O currículo segue três princípios elementares e as ferramentas e tecnologias – o aprendizado dos códigos e da linguagem e das ciências humanas e da natureza. E inclui disciplinas tradicionais: Matemática, História e Geografia.

Do grupo de 81 educadores indígenas, 33 são mulheres e 48, homens. Atuam em 11 Diretorias de Ensino e aplicam programas de educação básica (ensino infantil, fundamental e médio) e de Jovens e Adultos. Durante o processo de formação, cada professor intercala três semanas lecionando na aldeia com uma estudando pedagogia na USP. Neste período, fica hospedado em hotel na capital, com despesas e estadias financiadas pela Educação.

Elo perdido

A professora Deusdith Velloso, coordenadora do Núcleo de Educação Indígena (NEI), explica que a educação indígena foi organizada sob medida e adaptada de acordo com a legislação vigente para as comunidades. Trata-se, segundo ela, do cumprimento dos artigos 231 e 232 da Constituição de 1988, regulamentados em 1996 na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e da Resolução 3 de 1999 do Conselho Nacional de Educação (CNE).

A legislação exige que o professor seja da mesma etnia que seus alunos e concede aos nativos o direito sobre o uso e a ocupação das terras. Prevê que o Estado construa escolas exclusivas para os índios, instaladas dentro das áreas federais de preservação (reservas).

Intercultural

“A proposta da escola indígena é ser intercultural. A merenda contempla os alimentos tradicionais da etnia e os prédios seguem o padrão arquitetônico de cada tribo. É um grande desafio para os professores da Faculdade de Educação da USP (FE-USP)  formar os indígenas, com trabalho inclusive de campo, nas aldeias. E também preparar, de modo adequado, os Atendentes Técnico-Pedagógicos (ATPs) das Diretorias de Ensino para coordenar o trabalho com suas lideranças, observa.

Segundo Deusdith, além da formação superior dos professores indígenas, são efetuadas a transcrição e a codificação das cinco línguas. “Há interação permanente entre a equipe da Educação e os caciques e anciões das tribos, para se resgatar e documentar a cultura original e produzir material a ser utilizado em cartilhas e dicionários. Em suma, facilitar a alfabetização na aldeia com a língua original”, explica.

“A educação indígena é multicultural. Preserva mitos antes transmitidos somente entre as gerações e amplia o conhecimento sobre a cultura nativa, em processo de destruição desde a chegada do colonizador. Resgata tradições: arte plumária, pinturas, artesanato, fabricação de armas e utensílios e técnicas de construção e manipulação de matérias-primas”, informa.

População maior

O antropólogo Rafael Morales, da Coordenadoria de Ensino e Normas Pedagógicas (Cenp), revela outro viés positivo: o crescimento das populações indígenas do Estado, fenômeno que associa ao aumento das escolas nas aldeias. “Em 1997, a população estimada era de três mil, sendo 190 crianças. Dez anos depois, com o advento dos estabelecimentos de ensino, o número saltou para quatro mil pessoas, sendo 1.350 crianças e jovens”, indica.

A professora Lydia Menezello, também participante da educação indígena, mostra o aprendizado da língua como o principal fator de entendimento e integração dos nativos na sociedade. “Antes matriculada numa escola tradicional, uma criança guarani de seis anos não entendia o português. Por isso era discriminada e isolada pelos outros estudantes. Hoje é fluente em leitura e escrita nas duas línguas”, explica.


Balanço do trabalho

No final de julho, a secretaria organizou conferência estadual sobre a educação escolar indígena na Cidade Universitária, na capital. O evento marcou o décimo aniversário da iniciativa no Estado e abordou a formação dos educadores e os novos rumos e desafios para seu aprimoramento, e a questão das minorias no País.

Participaram do encontro caciques, professores e representantes das Diretorias de Ensino e da Fundação Nacional do Índio (Funai). As principais reivindicações foram a necessidade de ampliação e construção de novas escolas, a instalação de salas de informática com acesso à internet e o fortalecimento das discussões na sociedade sobre os direitos e deveres dos indígenas.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/12/2007. (PDF)

Matrícula antecipada no ensino público fundamental encerra-se na sexta-feira

Pai ou responsável deve procurar escola estadual mais próxima, com RG ou certidão de nascimento da criança e comprovante de endereço

O prazo para a matrícula antecipada no ensino fundamental da rede pública termina na sexta-feira, dia 30. O cadastramento está sendo feito nas escolas dos 645 municípios do Estado, para crianças com seis anos completos ou incompletos até o final de 2005, que pretendem ingressar na primeira série e não frequentam o ensino infantil público.

Este é o sexto ano do Programa de Matrícula Antecipada da Secretaria da Educação e visa a assegurar vagas nas escolas para toda a população. O mesmo prazo vale também para a crianças que tenham oito anos completos em 2005 e estejam fora da escola e, ainda, para candidatos à matrícula em qualquer série do ensino fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA) que não tenham estudado em 2005.

Até novembro, a Secretaria da Educação vai estudar os números e iniciará, em parceria com os municípios, a distribuição dos alunos cadastrados para o ensino fundamental. Depois, a matrícula será finalizada. As listas com os nomes dos inscritos serão divulgadas nas escolas públicas a partir do dia 25 de novembro.

Cadastramento

Para manifestar o interesse à vaga, o pai ou responsável pelo aluno deve se dirigir à escola pública na região de sua residência. Exige-se a apresentação do RG ou da certidão de nascimento da criança e também um comprovante de endereço. O registro é feito on-line no Sistema de Cadastro de Alunos do Estado de São Paulo. Após a inclusão dos dados, o responsável recebe um comprovante.

A instalação desse sistema data de 1995. A proposta foi criar base de dados com registro individualizado de todos os alunos da educação básica do Estado, com nome, data de nascimento, identificação dos pais, endereço e registro de nascimento, assim como a escola, o nível de ensino e a classe que frequentam a cada ano letivo.

O cadastro possibilita que, antes do final de cada ano, as redes de ensino municipal e estadual estimem sua demanda para o ano seguinte, com o objetivo de planejar o atendimento. E foi importante para efetivar o sucesso da matrícula antecipada.

Antes do programa, os alunos eram matriculados em mais de uma escola. No início do ano letivo, ao optarem por uma delas, não informavam o nome das outras, das quais haviam desistido. Estas mantinham, portanto, o registro da matrícula, o que, além de restringir a oportunidade de acesso de outros candidatos àquela escola, distorcia o cálculo da demanda real do ensino público.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/09/2005. (PDF)

Cresce acesso de jovens de 18 a 21 anos ao ensino médio no Estado

Pesquisa realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revelou expansão de 40,4% para 73,7% no acesso de jovens com idades entre 18 e 21 anos ao ensino médio em São Paulo. O período avaliado foi de 1993 a 2003 e utilizou dados do Censo Escolar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os anos de 2003 e 2005, o ingresso ampliou ainda mais, por causa da instalação dos cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJAs), com o supletivo do ensino médio. Em 1995, o Estado tinha 30 mil estudantes matriculados nesse curso. Esse ano, alcançou 481 mil inscritos – aumento de 1.500%. Atualmente, cerca de 90% de pessoas com idade entre 18 e 21 anos frequentam ou já concluíram o ensino médio estadual, e no Brasil a média é de 54,6%.

Interessados em retornar às aulas podem ligar para o telefone gratuito 0800 770 00 12, das 8 às 17 horas, ou procurar a escola estadual mais perto de sua residência.

Inclusão social

Um dos destaques, segundo a Fundação Seade, é o crescimento da presença de adolescentes com menor renda na escola. Essa participação evoluiu 185% entre 1993 e 2003.

“Um incentivo a mais para o estudante é a complementação mensal de R$ 60 oferecida pelo Programa Ação Jovem”, lembrou o secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita. São Paulo tem 1,8 milhão de jovens matriculados no ensino médio, mas houve ampliação de 44% em relação a 1995, quando eram 1,25 milhão.

“Estamos fazendo grande esforço, com qualidade, para as pessoas conquistarem seus diplomas e se qualificarem melhor”, afirmou o governador de São Paulo.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/08/2005. (PDF)