Do banco escolar para o mundo

Programa de Formação Continuada alfabetiza e prepara profissional da limpeza urbana para prestar exames do currículo oficial do MEC

Um mutirão pela inclusão social. Assim pode ser definido o Programa de Educação Continuada, instituído em 2005 pelo Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee). A iniciativa é realizada pelo Metrô em parceria com dois sindicatos ligados à limpeza pública: o das Empresas de Asseio e Conservação do Estado (Seac), patronal, e o dos funcionários, o Siemaco, pertencente aos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana da capital.

O objetivo primordial do programa é estender a formação educacional de acordo com o nível de conhecimento de cada participante. Além de alfabetizar os mais necessitados, o retorno ao banco escolar resgata a autoestima e prepara para prestar as provas do currículo oficial do MEC, nos níveis fundamental I e II e médio. Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para cada ano a mais de estudo na formação, a remuneração do profissional pode aumentar até 15%.

Outro viés da Educação Continuada é fortalecer a preparação acadêmica dos professores e incentivar a formação de novos docentes. Os responsáveis pelas aulas são alunos estagiários, todos matriculados em cursos de Pedagogia, Letras e Matemática. Os universitários são selecionados e supervisionados pelo Ciee. Trabalham em turnos de quatro ou seis horas e podem ficar até dois anos na função em uma empresa, tempo previsto pela legislação atual para o estágio.

Currículo do MEC

Por receberem alunos de perfis variados, as classes da Educação Continuada são seriadas e seguem os parâmetros curriculares fixados pelo MEC. As aulas são oferecidas de segunda a quinta-feira, em turmas com até 25 alunos. Têm duração média de duas horas e meia e são ministradas nos períodos da manhã, tarde e noite.

São 15 classes, localizadas nos pátios das estações Itaquera, Jabaquara e Capão Redondo e em dois edifícios do Metrô, vizinhos das estações Consolação e Marechal Deodoro. Podem participar trabalhador sindicalizado da área da limpeza e seus familiares (cônjuge e filhos), no local mais próximo do seu trabalho ou da sua residência. Para se matricular, a alfabetização requer 15 anos completos e o ensino médio exige mínimo de 18 anos. Mais informações no site do Seac e pelo telefone (11) 3821-6444.

Multiplicando esforços

Na parceria, o Metrô é responsável por ceder espaços para as aulas. O Ciee faz a supervisão pedagógica, contrata os estagiários e monitora as atividades desenvolvidas pelos universitários com os alunos. Os dois sindicatos bancam os custos que, em sete anos de existência, atenderam mais de 2,5 mil alunos. Em média, há sempre 200 estudantes matriculados.

Segundo Cláudia Colerato, assistente pedagógica do Ciee, o ambiente de apoio mútuo favorece o aprendizado. A ideia global é suprir carências na formação educacional e ampliar os horizontes profissionais dos envolvidos. Ela comenta que todo aluno recebe atendimento personalizado, de acordo com a sua necessidade e história de vida. A cada seis meses é analisado seu desempenho. E a avaliação indica se ele tem condições de fazer a prova oficial do MEC.

“O acolhimento aliado ao atendimento personalizado são os diferenciais do programa. Desde 2010, temos seis ex-alunos fazendo faculdade. No fundo, confirmamos que, com esforço e dedicação, é possível realizar sonhos”, comenta Cláudia.

Professores da vida

Em 2009, Emerson dos Santos Pereira trabalhava na área administrativa de uma empresa e cursava Matemática à noite. Insatisfeito com o emprego, deixou-o de lado e ingressou na Educação Continuada como estagiário. Na época, lecionava na Estação Marechal Deodoro. Apaixonado pelo magistério, hoje cursa sua segunda graduação, Pedagogia, e auxilia Cláudia Colerato no comando do programa. “Comecei alfabetizando e hoje muito me alegro de ter duas ex-alunas cursando faculdade. Serei padrinho de formatura delas”, conta orgulhoso o educador.

A professora Elisa Sabino estuda Letras e leciona no posto da Estação Consolação desde o início de 2011. Filha de auxiliar de limpeza, a jovem se sensibilizou com as dificuldades enfrentadas pela mãe, obrigada a interromper os estudos na quinta série. Decidida, realizou seu sonho de infância: o de ser professora. E incentivou a mãe a ingressar em projeto semelhante de formação educacional na cidade em que mora. “Este estágio mudou minha vida”, confessa.

Situação parecida vive Maria Aparecida de Oliveira, de 45 anos, trabalhadora da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. Incentivada pelo filho universitário, decidiu retomar em março as lições escolares paralisadas por 25 anos. “O estudo ajuda a diminuir a invisibilidade que eu e muitos colegas sofremos. Com poucas lições, já não troco mais um R por um L ao escrever”, conta entusiasmada.

Sem limites para sonhar

José Alonso de Farias trabalha no asseio e conservação do Hospital Emílio Ribas. Na infância, as mudanças constantes de cidade prejudicaram seus estudos. Mais tarde, foi obrigado a trabalhar para sustentar sua família e decidiu, em 2012, voltar ao banco escolar após 15 anos. “Falta pouco para conseguir prestar o exame de equivalência do ensino médio. Quero fazer faculdade”, relata.

Isabel Oliveira optou por estudar de manhã, das 10 horas às 12h30, antes de começar o expediente no Hospital das Clínicas da USP. “Parei na sexta série, com 14 anos, porque precisava trabalhar. Depois, tive meu casal de filhos e não quis deixá-los com outras pessoas. Agora, combinei com meu marido um revezamento de horários para cuidar da casa. E depois de 15 anos tenho certeza ser este o momento ideal da minha vida para voltar a aprender. Preciso muito obter o diploma do ensino fundamental”, conclui otimista.


Números da educação continuada (de 2005 a 2012)

  • 2.508 alunos matriculados desde o início
  • 1.645 alunos já fizeram prova de certificação
  • 1.020 certificados e em processos de certificação
  • 6 alunos aprovados em universidades

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/04/2012. (PDF)

Metrô anuncia que a ciclovia da Radial Leste deverá estar concluída em janeiro

Moderna pista para ciclistas está sendo construída entre as estações Tatuapé e Corinthians-Itaquera do Metrô, na Radial Leste

Convênio assinado no mês de agosto entre a Companhia do Metrô e a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de São Paulo definiu a construção de uma ciclovia interligando as estações do Metrô Tatuapé e Corinthians-Itaquera. O investimento é de R$ 9 milhões e a previsão é concluir a obra em janeiro de 2008. O trecho tem 12,2 quilômetros de extensão e traçado paralelo à Linha 3 – Vermelha do Metrô, na Avenida Radial Leste.

A iniciativa integra o Projeto Caminho Verde e pretende aproximar a bicicleta do transporte metropolitano na capital. As obras preveem recuperação do calçamento e instalação de piso intertravado com revestimento colorido. A iluminação ganhará 900 novos postes e a fiação elétrica será subterrânea.

A ciclovia terá, em média, uma árvore plantada a cada 7,5 metros, somando 1,5 mil unidades. O projeto paisagístico inclui gramíneas, arbustos e espécies arbóreas de pequeno, médio e grande portes. O objetivo é embelezar o trajeto e favorecer as reduções nas emissões de gás carbônico na atmosfera.

As bikes poderão ficar estacionadas em bicicletários nas estações Carrão e Corinthians-Itaquera. A segurança de pedestres e ciclistas será reforçada com sinalização cicloviária horizontal e vertical.

Mobilidade e saúde

O professor Paulo Hilário Nascimento Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, coordena o Laboratório de Poluição Atmosférica da universidade. Ele aposta no uso da bicicleta como alternativa viável para melhorar a fluidez do trânsito e a qualidade de vida. Cita como vantagens ser um veículo ecológico (não poluente), estimula a prática do exercício físico, humaniza o trânsito e sociabiliza o condutor.

Médico patologista, o pesquisador acompanha a medição dos níveis de poluentes na atmosfera feitas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) nas seis estações da região metropolitana da capital (RMSP). Em seus estudos, relaciona os dados apurados sobre a qualidade do ar com a expectativa de vida da população.

Poluição e mortalidade

Do ponto de vista energético e ambiental, Saldiva classifica a opção pelo carro como insustentável. “É um desperdício queimar combustível para impulsionar um veículo que pesa, em média, duas toneladas, e trafega, na maior parte das vezes, com um único passageiro”.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estima em 6 milhões de carros o tamanho da frota paulistana. Nos últimos anos, a cidade tem registrado, em média, 70 mil mortes por causas naturais e 10% dos óbitos estão ligados à poluição. “Bastam 10 microgramas de emissões adicionais de poluentes sobre os níveis atuais para diminuir em 1,5 ano a expectativa de vida dos munícipes”, alerta.

Mais ciclovias

Ciclista praticante, o professor Saldiva pedala diariamente 6 quilômetros no trajeto entre sua casa, no Itaim, e o campus universitário, na Avenida Doutor Arnaldo, 455, em Pinheiros. Segundo ele, poucas cidades brasileiras apostam na bicicleta como meio efetivo de transporte. E lamenta persistir no País a ideia de associá-la somente ao lazer e ao esporte.

“Santos é uma exceção. Na cidade litorânea a ciclovia é opção preferencial de deslocamento para a população de baixa renda”, aponta. Outra vantagem é possibilitar velocidade média horária de 15 quilômetros por hora na ciclovia. Na capital, na última década, a velocidade média dos carros nas ruas caiu de 50 quilômetros por hora para 8.5 – número equivalente ao oferecido pelas charretes e cavalos no século 18.

O professor Saldiva sugere a criação de mais ciclovias e bolsões de estacionamento nas áreas centrais e de grande circulação de São Paulo. Enfatiza a necessidade de ampliar e integrar os diversos modais de transporte coletivo – Metrô, ônibus, trens metropolitanos e veículos leves sobre trilhos.

“O custo da implantação da ciclovia é baixo e sua instalação é simples. Além desta, em construção na Radial Leste, outras poderiam ser instaladas nos canteiros das avenidas Rebouças e 9 de Julho e marginais Tietê e Pinheiros. Uma opção é projetar vias elevadas exclusivas para as bicicletas, como as adotadas em Toronto (Canadá)”, analisa.


Exemplos estrangeiros

Em Bogotá (Colômbia), o transporte coletivo foi priorizado: as avenidas foram reduzidas e surgiram parques – caminho oposto ao adotado em São Paulo. Na capital, áreas de lazer e proteção ambiental desapareceram com a construção das marginais Tietê e Pinheiros.

A lista de experiências internacionais inclui a Ilha de Manhattan, área nobre da cidade de Nova York (EUA). “Quem roda na ilha paga caro pelo estacionamento. A iniciativa privada adiantou-se ao poder público e houve consenso na sociedade sobre o rumo tomado: privilegiar o pedestre em vez do motorista”, esclarece.

O professor Saldiva cita soluções mais radicais, como o pedágio urbano. Esse método foi adotado nos 21 quilômetros quadrados do centro de Londres (Inglaterra). Na capital britânica cada veículo possui um chip no seu interior – e há cobrança quando ele ingressa na zona central.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/12/2007. (PDF)

Esquema de segurança de Bento XVI foi equivalente ao do presidente Bush

Mobilização na capital e interior teve esquemas especiais de órgãos ligados a três secretarias de Estado

A Polícia Militar destacou 20 mil homens para fazer a segurança do Papa Bento XVI nos cinco dias da visita do chefe de estado do Vaticano no Brasil. O volume cedido correspondeu a 27% dos 93 mil policiais militares existentes no Estado e o serviço foi reforçado pelo Exército brasileiro e Polícia Federal, responsáveis diretos pela segurança do líder religioso.

O esquema montado para receber o Papa foi semelhante ao criado para a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, que esteve na capital em março. A diferença, segundo o Comando do Exército em São Paulo, é que a presença de Bento XVI despertou o interesse das pessoas nas ruas e em eventos públicos, o que exigiu reforço na segurança. Bush teve apenas encontros fechados.

A comitiva teve à disposição destacamentos de elite da PM paulista como o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e as Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). As equipes foram responsáveis pelo apoio à segurança nos deslocamentos do móvel e na orientação ao público nos eventos.

A estratégia de proteção foi elaborada há três meses pelas equipes do Centro de Operações de Segurança Integrada (Cosi), que integram a cúpula de forças de segurança do País. Ficou estabelecido que somente homens da Guarda Suíça, encarregada da segurança pessoal do pontífice, e policiais federais poderiam ficar próximos do líder religioso. No segundo anel de isolamento, foram mobilizados soldados do Exército.

“A PM foi responsável pela segurança dos fiéis e triagem dos espaços por onde o Papa passou”, esclarece Róbson Cabanas Duque, tenente do setor de operações do Comando de Policiamento da Capital.

Além do efetivo, ele comenta que foram utilizados mais 1,5 mil viaturas, 200 cavalos do Regimento Nove de Julho e 12 aeronaves do governo paulista. Um helicóptero Águia ficou a disposição e na cidade de Aparecida foram destacados 3,5 mil militares e mais 500 veículos, entre motos, caminhões, ônibus e automóveis.

Róbson lembra que uma das funções do helicóptero foi auxiliar policiais em terra em caso de manifestações e acidentes de trânsito. Segundo a PM, outra precaução adotada pela segurança foi fechar o espaço aéreo nas proximidades dos locais visitados por Bento XVI.

“Foi um plano detalhado para mais uma de nossas operações tidas como especiais e felizmente, tudo correu conforme o esperado”, finaliza o tenente Róbson.


Transportes tiveram esquema especial

Durante a visita de Bento XVI, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) alterou o itinerário de 80 linhas e deste total, 60 tinham como destino o Terminal Armênia, na capital.

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) operou ininterruptamente, na madrugada dos dias 10 e 11, com o objetivo de atender os interessados em assistir à missa celebrada na manhã de sexta-feira, no Campo de Marte, zona norte.

A segurança nos trens e estações da CPTM também recebeu reforço, as folgas dos funcionários da área foram canceladas. Mobilizou-se um contingente 20% maior que o habitual, totalizando 260 agentes. A Companhia previu acréscimo de 200 mil usuários adicionais à média diária de 1,5 milhões de passageiros transportados nas seis linhas do sistema, que atendem 22 municípios na Região Metropolitana.

O Metrô teve também esquema especial entre os dias 9 e 11 de maio, durante a estada do Papa. Houve reforço de pessoal nas estações e oferta máxima de trens nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha nos horários que antecederam e sucederam os dois eventos de maior participação popular: o encontro com os jovens, no estádio do Pacaembu, na tarde do dia 10, e a missa no Campo de Marte, realizada na manhã do dia 11. Para melhor atender o público, o Metrô manteve operação ininterrupta entre os dias 10 e 11 nas linhas 1, 2 e 3.


Postos médicos, ambulâncias e hospitais de prontidão

O médico Wladimir Taborda foi designado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) para coordenar os esquemas de recepção e de emergência na capital e interior para atender à comitiva e ao público presente em todos os eventos da programação, que receberam público estimado de quatro milhões de pessoas.

Bento XVI, que tem 80 anos, contou com assistência 24 horas por dia, desde a sua chegada até a partida, incluindo uma ambulância de suporte avançado (UTI móvel) e a reserva do andar da terapia intensiva do Hospital Santa Catarina, que cedeu a ambulância.

“Os atendimentos ficaram dentro do previsto e nenhum dos eventos registrou ocorrências graves. Foram solicitações corriqueiras, de quadros leves, como desmaio, cansaço, hipoglicemia, tontura e queda de pressão”, observou.

Wladimir explica que todos os pronto-socorros foram mobilizados e foram mantidas equipes de médicos, enfermeiros, motoristas, ambulâncias e de helicópteros, além de quatro hospitais: três da capital (Santa Catarina, São José e Incor) e do interior, (Hospital Regional do Vale do Paraíba, de Taubaté).

“O esquema na área da saúde foi cuidadosamente elaborado. A infraestrutura montada permitia ao médico pessoal do Papa entrar em contato comigo via radiocomunicador e ser atendido em menos de cinco minutos. O público também teve cuidado semelhante, inclusive com hospitais de campanha e helicópteros para atender a quaisquer emergências”, finalizou.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/05/2007. (PDF)