Campus da Unesp de Araraquara realiza 7ª Feira de Profissões

A Faculdade de Ciências e Letras (FCL) da Unesp, campus de Araraquara, realizará entre os dias 27 e 29 a 7ª Feira das Profissões. O evento é promovido pelo Centro de Pesquisas da Infância e da Adolescência Dante Moreira Leite (Cenpe) e visa a mostrar ao estudante do segundo grau possibilidades de formação superior oferecidas pelas instituições de ensino.

Segundo a pedagoga Maria Beatriz Loureiro de Oliveira, coordenadora da Feira, é importante o aluno compreender que, mesmo depois de selecionar a carreira, não deve ficar restrito a ela. “Há muitas possibilidades no mercado, surgidas na esteira da globalização da economia mundial, e muitas profissões hoje têm caráter interdisciplinar”, explica.

Novos cursos

A região de Araraquara é um pólo universitário e está servida por campus da Unesp, USP, Unicamp e por diversos centros privados de ensino. A Feira das Profissões atrai expositores e estudantes de Caçapava, Presidente Prudente, Barretos, Piracicaba, Bauru e da região do interior de Minas Gerais.

O destaque serão os os novos cursos apresentados: Midialogia da Unicamp; Tecnologia Fluvial da Fatec; Tecnologia Oftálmica da Unifesp; Ciências Físicas e Moleculares da USP; e Engenharia Industrial Madeireira da Unesp, campus de Itapeva. O visitante pode assistir a palestras sobre carreiras com especialistas da Unicamp, Fatec, Universidade Federal de Viçosa e com pesquisadores do ITA e da Embraer, patrocinadora do evento. Em 2004, mais de 10 mil estudantes visitaram a feira.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/07/2005. (PDF)

Pesquisa da Unesp leva a vidro capaz de receber gravações tridimensionais

Inovação abre novas perspectivas para a produção de memórias de alta capacidade para CDs, DVDs e computadores

Descoberta da equipe de pesquisadores do Laboratório de Materiais Fotônicos do Instituto de Química (IQ) da Unesp, campus de Araraquara, abre novas perspectivas para a indústria de componentes optoeletrônicos: a possibilidade de gravação tridimensional de informações no interior do vidro.

O grupo de estudos é coordenado pelo pesquisador dr. Younes Messaddeq e o vidro especial é parte do trabalho de pós-doutorado de Gaël Poirier, aluno francês especialista em química dos materiais. Há dois anos, ele estuda um vidro especial, composto a partir de uma mistura de óxido de tungstênio, polifosfato de sódio e fluoreto de bário.

Em um dos testes no laboratório, Gaël percebeu que quando irradiava o vidro com raio laser azul ficavam gravadas manchas escuras na altura, largura e no comprimento do pedaço de vidro. Além disso, o pesquisador confirmou que o efeito fotossensível podia ser “apagado”, ou seja, por meio de tratamentos térmicos apropriados, as manchas desapareciam, evidenciando que o efeito é reversível, o que possibilita fazer novas gravações sobre o mesmo material.

“Atualmente, muitas pesquisas em andamento em todo o mundo visam à gravação tridimensional, contudo, a novidade foi conseguir atingir este objetivo utilizando um vidro à base de tungstênio como matéria-prima. O segredo do composto aqui desenvolvido está nos elementos químicos adicionados em pequenas quantidades”, explica Gaël.

O vidro especial tem coloração amarela e, quando irradiado com o laser, muda de cor. O composto é fotossensível, altera suas propriedades quando exposto a luzes especiais. Gaël ressalta, entretanto, que a mancha produzida na experiência não é uma informação digital e somente ilustra, na prática, a possibilidade da gravação tridimensional.

Albert Einstein

Parceria entre o Laboratório de Materiais Fotônicos do IQ e o Instituto de Estudos Avançados do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos permitiu nova demonstração da experiência. A pedido da equipe do IQ-Unesp, os profissionais do CTA gravaram de modo tridimensional a face do físico Albert Einstein numa amostra de vidro de um centímetro de largura por três de altura.

A variedade especial de vidro abre, também, perspectivas para a pesquisa de novos componentes miniaturizados, capazes de substituir CDs regraváveis, DVDs e cartões de memória utilizados, por exemplo, em câmeras fotográficas digitais e celulares.

“Um dos próximos passos será preparar uma película fina de alguns mícrons (a milionésima parte do metro) desse material e verificar se o efeito é o mesmo observado no vidro. Esta película fina seria capaz de substituir a que atualmente é utilizada em CDs e DVDs”, aponta Gaël.

Outro modo de armazenar informações em três dimensões emprega o uso de técnica especial: a holografia, que permite ampliar ainda mais a capacidade de armazenamento de dados por centímetro cúbico de material.

O aluno de pós-doutorado dr. Marcelo Nalin, que desenvolve sua pesquisa no Instituto de Física da Unicamp em Campinas, sob a orientação da cientista Lucila Cescato, trabalha em parceria com os doutores Gaël e Younes. São os únicos pesquisadores, no Brasil, a estudar o fenômeno de fotossensibilidade em vidros de tungstênio, usando a técnica holográfica.

Produção e investimento

Gaël não recebeu investimento específico para a pesquisa, somente sua bolsa de pós-doutorado, que é mantida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp). Nas experiências, utilizou a infra-estrutura de equipamentos do IQ e contou com o auxílio financeiro da Fapesp para a compra de reagentes de partida e cadinhos de óxido de alumínio e platina, usados para a fusão das substâncias.

A temperatura de fusão no cadinho depende da composição inicial do material e varia entre mil e 1.600°C. Depois da síntese do vidro, a amostra é submetida a um recozimento que demora quatro horas. Em seguida, resfriada gradualmente até chegar à temperatura ambiente.

A fase final do processo de fabricação é o polimento nas superfícies, passo importante para assegurar a qualidade óptica do material. Para confirmar o estado vítreo da amostra, o material é submetido a técnicas de caracterização: difração de raios X, análise térmica e observação visual.

Patente solicitada

O vidro fotossensível de Gaël já tem pedido de patente encaminhado ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e será estendido, no ano que vem, para os Estados Unidos, Japão, Inglaterra, França, Alemanha, Suécia, Itália, Austrália e China. Depois da obtenção da patente definitiva, o novo material sintetizado será apresentado em congressos científicos. Até o momento, a única apresentação no exterior ocorreu durante workshop sobre materiais avançados, realizado em junho do ano passado, na Universidade de Münster, na Alemanha.

Agora, o desafio da equipe do IQ é aperfeiçoar ainda mais o material e encontrar parceiro comercial. Ele precisará investir na tecnologia, adaptar o vidro para ser capaz de receber e processar informações digitais e, também, dispor de um gravador capaz de escrever e apagar os dados nas três dimensões.

O volume de informações que pode ser gravada por centímetro cúbico do vidro ainda não foi estimado. Porém, a equipe do Laboratório de Materiais Fotônicos prevê que a capacidade de armazenamento seja superior à dos CDs e DVDs atuais. “O limite teórico é de 1,6 terabytes, que corresponde a 1,6 mil gigabytes de dados. Um DVD suporta 4,7 gigabytes”, explica Gaël.

Outra vantagem do vidro fotossensível é ser uma matéria-prima limpa, barata e reciclável. A variedade obtida por Gaël é mais cara que os vidros tradicionais, produzidos à base de silicato (areia). Entretanto, seu custo é inferior ao utilizado atualmente nos CDs regraváveis, produzidos com calcogenetos, elementos tóxicos e com preços mais altos de produção.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/07/2005. (PDF)

Museu de Zoologia viaja 200 milhões de anos para explicar evolução do voo

A exposição A Evolução do Voo apresenta o processo de evolução dos animais voadores, desde os insetos até os grandes pterossauros

O acervo permanente do Museu de Zoologia da USP inaugurou a exposição A Evolução do Voo. Dividida em cinco estágios, apresenta o processo de evolução dos animais voadores. O público vai conferir réplicas fiéis de dinossauros que antecederam as aves, como o esqueleto de um velociraptor com quatro metros de altura.

A exposição explica as origens do voo e como esta possibilidade surgiu, de forma independente, quatro vezes na história da evolução biológica. Os insetos foram os primeiros, há cerca de 200 milhões de anos. Depois, no período cretáceo – entre 70 e 120 milhões de anos atrás – vieram os dinossauros, seguidos pelas aves e, bem mais recentemente, pelos mamíferos (morcegos).

Os répteis em exposição viveram na América do Sul. No hall de entrada, o visitante observa um esqueleto de carnotauro, em tamanho natural (4 metros de altura por 7 metros de comprimento). A réplica, construída a partir de fóssil original, foi adquirida do Museu de História Natural Bernardino Rivadavia, de Buenos Aires, Argentina. Ao lado do velociraptor e do arqueopterix, o carnotauro integra a linhagem de dinossauros que deu origem às aves.

Exagero cinematográfico

No cenário seguinte foi reconstituído o habitat do titanossauro, espécie herbívora de pescoço muito longo e que podia chegar a 20 metros de altura. No teto do Museu, dois esqueletos de pterossauros parecem alçar vôo. Depois dos insetos, esta foi a primeira espécie capaz de levantar voo. As reproduções foram construídas a partir de fósseis encontrados na Bacia do Araripe (nos Estados do Ceará, Pernambuco e Piauí), maior área do mundo em concentração de fósseis de pterossauros.

O temível velociraptor, retratado no filme Jurassic Park – Parque dos Dinossauros, apresenta-se numa versão real e científica, com a metade do tamanho em que aparece na tela. Tem quase todo o corpo coberto de penas, tal qual o mais recente fóssil localizado. “O cineasta Steven Spielberg dobrou o tamanho do animal por questões dramáticas”, explica Carlos Roberto Brandão, diretor do museu.

A exposição é finalizada com a reconstituição do arqueopterix, primeiro dinossauro a ter penas, asas e características comuns dos répteis e aves. Dos répteis, herdou a longa cauda, dentes, membros anteriores com dedos terminados em garras e vértebras não-fundidas. Das aves, penas no corpo todo e a fúrcula (osso em forma de ferradura).

Primatas e megafauna

Além dos dinossauros, o Museu apresenta exemplares de espécies extintas que serão acrescentadas ao acervo permanente, como o tigre-dente-de-sabre e a preguiça- gigante. Ambas são integrantes da megafauna, grupo constituído pelos grandes mamíferos que começaram a aparecer há mais de um milhão de anos e foram extintos há mais ou menos 10 mil anos, no final da última glaciação.

O acervo permanente tem vitrine de esqueletos originais de primatas (chimpanzé, gorila, orangotango e humano), adquiridos em comodato do Museu de Arqueologia e Etimologia (MAE) da USP.

Referência mundial

O museu é referência mundial em zoologia e detentor do mais completo acervo da fauna neotropical do planeta – com cerca de 8 milhões de exemplares de animais. O edifício que abriga as instalações – inaugurado em 1941 – foi o primeiro projetado para receber um espaço do gênero na cidade de São Paulo. O projeto é do arquiteto Christiano Stockler das Neves, responsável também pela Estação Júlio Prestes, na qual foi instalada a Sala São Paulo.


Seres humanos e outros animais

Até o dia 28 de agosto, o público pode conferir mostra paralela de crânios de mamíferos que têm cornos e chifres. A curadoria é do mastozoólogo (estudioso de mamíferos) Mario de Vivo.

A coleção apresenta múltiplas visões, científicas ou mitológicas, sobre a relação entre seres humanos e outros animais. São 20 exemplares de crânios de espécies e procedências distintas. O visitante poderá compreender a diferença entre cornos e chifres, o papel dessas estruturas em combates e os canais de comunicação entre os animais da mesma espécie.

“Um predador enxerga nos chifres e cornos o potencial de ameaça que uma possível presa pode representar, enquanto animais de uma mesma espécie percebem sinais de maturidade e saúde nos chifres e cornos de acordo com o desenvolvimento e aparência da estrutura”, explica Mario de Vivo.

Nas espécies herbívoras que têm cornos e chifres, ao contrário do imaginário popular, os animais são considerados pacíficos apenas pelo fato de não atacarem outros grupos em busca de alimento. A presença de cornos ou chifres pode representar sinal de grande força em situações de luta por fêmeas ou territórios.

Serviço

O Museu de Zoologia funciona de terça-feira a domingo, das 10 às 17 horas, na Avenida Nazaré, 481 – Ipiranga – São Paulo – SP. O ingresso custa R$ 2. Para escolas públicas – mediante agendamento pelo tel. (11) 6165-8100 – é grátis. Menores de seis anos e acima de 60 não pagam. Estudantes têm direito à meia-entrada apresentando a carteirinha. Mais informações pelo site.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/06/2005. (PDF)