Centro Paula Souza e Funap oferecem cursos profissionalizantes para 2,6 mil presos

O Centro Paula Souza e a Fundação Estadual de Amparo ao Preso (Funap) estão ministrando cursos profissionalizantes para 2,6 mil presos de 32 penitenciárias estaduais. As atividades, realizadas em 23 cidades paulistas, abrangem as áreas de construção civil, imagem pessoal, informática, saúde, gestão e desenvolvimento de habilidades básicas.

Os cursos começaram no início deste mês e se encerram no dia 17 de dezembro. “A ideia é garantir emprego e renda para egressos do sistema prisional. O curso forma assentador de tijolos, azulejista, pedreiro, barbeiro e outras profissões. Além disso, evita a reincidência, problema que atinge 70% dos ex-prisioneiros”, explica Adílson Fernandes e Souza, diretor-adjunto de atendimento e promoção humana da Funap e um dos responsáveis pelo programa.

Na seleção dos detentos para participar das atividades, foram privilegiados os que estão cumprindo pena em regime semi-aberto (12 horas de liberdade e 12 horas de encarceramento diárias). Além disso, foi também favorecido o preso que está próximo de finalizar o cumprimento de sua punição (no máximo com 18 meses ainda a cumprir).

Parceria

A parceria entre o Centro Paula Souza e a Funap foi firmada em dezembro de 2003, quando começaram estudos para a criação do programa de qualificação profissional de presidiários.

Segundo Antônio Augusto Covello, do setor de convênios do Centro Paula Souza, foram realizados diversos contatos e consultas com as Escolas Técnicas Estaduais (ETEs) para definir as datas, locais e equipamentos necessários para a instalação dos cursos. A organização curricular e a elaboração do material didático ficaram a cargo da Coordenadoria de Ensino Profissional Básico do Centro Paula Souza.

“Escolhemos o Centro Paula Souza para esta parceria por dois motivos básicos: o renome da instituição e a presença das escolas técnicas em todas as regiões do Estado”, diz Souza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/11/2004. (PDF)

Alunos de escola estadual representam País em desafio científico internacional

Equipes acompanharam, em tempo real, desempenho de estudantes da França, Colômbia, Marrocos, Chile, Espanha, Canadá e Sérvia

Um grupo de dez alunos da Escola Estadual Professor Paulo Trajano da Silveira Santos, da Freguesia do Ó – capital, representou o Brasil na 3ª edição do Desafio Internacional – World Space Week. A competição anual, de caráter científico, foi organizada pela European Space Agency (ESA) e envolveu equipes de oito países.

A missão foi lançar um ovo de uma altura de dois metros do solo, direcionar a trajetória para a queda em um local determinado e evitar avarias e trincas na casca. A Estação Ciência da USP foi o cenário brasileiro da disputa, realizada simultaneamente, dia 4, em oito países.

As equipes participantes puderam acompanhar em tempo real, por meio de videoconferência, o desempenho de estudantes franceses, colombianos, marroquinos, chilenos, espanhóis, canadenses e sérvios. Do alto de uma escadinha, cada grupo de crianças se organizou, discutiu estratégias e utilizou materiais determinados pelo regulamento: quatro folhas de papel branco, 25 canudinhos de plástico, 25 palitos de sorvete, 150 cm de barbante, 150 cm de fita adesiva, cinco elásticos, uma tesoura, um cronômetro e um ovo cru.

Vencedores

Cada time projetou um pára-quedas para retardar a descida, revestiu o ovo com papel e fez um cestinho para a aterrissagem.

No término das apresentações, a comissão julgadora considerou a equipe do Marrocos como a que melhor executou o projeto; a ideia mais original foi a da Sérvia; o melhor tempo de resposta ficou com a Colômbia; o melhor caderno de experiências para a França e a equipe mais precisa, a brasileira. Cada grupo vencedor recebeu um certificado de participação assinado pelo físico francês George Charpak, vencedor do Prêmio Nobel e um dos responsáveis pelo concurso.

A participação do Brasil foi intermediada pelo Projeto ABC na Educação Científica – Mão na Massa. Beatriz de Castro Athayde é funcionária da Estação Ciência e uma das profissionais envolvidas com o programa.

“Através de experiências com materiais de baixo custo, estimulamos a expressão oral e escrita das crianças no estudo de ciências. Além disso, o professor é beneficiado, já que muitas vezes não tem formação específica na matéria. Os pais também participam do processo e acompanham os filhos quando eles reproduzem, em casa, as experiências realizadas na escola”, conta.

Grupo de alunos

Caíque Leite, 10 anos, e mais nove colegas foram os selecionados – pelos professores – entre 300 estudantes. Jéfferson da Silva, também do grupo, conta que na primeira reunião da equipe houve uma divisão de tarefas. “Decidimos, juntos, que cada um ficaria com a parte do trabalho que tivesse mais facilidade para desempenhar.

Beatriz Silva, que tem caligrafia bonita, foi escolhida para redigir o relatório de experiências. A maior dificuldade foi utilizar somente as quantidades de fita adesiva e barbante previstas no regulamento”, explicou Jéfferson. “Além disso, a professora Noemi Alves nos deu uma dica fundamental: revelou que se o ovo caísse com o fundo reto certamente racharia”.

Caio Pimentel acrescentou que a mestra também passou informações importantes sobre como vencer a resistência do ar e qual a melhor posição para o lançamento do ovo – alguns centímetros a mais do que o grupo estava fazendo.

A equipe de professores-orientadores da escola foi organizada por José Carlos Lima. E foi completada com os docentes Edna Sabino da Silva, Noemi Alves e Wanderleya Nogueira. Para o coordenador, o saldo final do trabalho foi positivo. “Conseguimos, num mês, orientar os estudantes. Além do que a competição integrou os alunos à escola e todos puderam aprender mais”, ressalta José Carlos.


Programa foi idealizado por vencedores do Prêmio Nobel

O Projeto ABC na Educação Científica – Mão-na-massa é uma iniciativa complementar de ensino de ciências para crianças entre cinco e doze anos. O intuito é aproximar a alfabetização à educação científica. Foi criado em 1996, a partir de uma ideia de dois físicos vencedores do Prêmio Nobel: o norte-americano Leon Ledderman e o francês George Charpak.

No Brasil, contatos entre educadores franceses e brasileiros possibilitaram, em julho de 2001, a instalação do programa com a direção-geral do professor aposentado da USP, Ernst Hamburguer. Na região metropolitana da capital participam 13 escolas da rede estadual; além delas o Mão-na-massa atende 115 estabelecimentos de ensino municipal na cidade de São Paulo, e também escolas de São Carlos e Ribeirão Preto.

Progressão da aprendizagem

O Mão-na-massa estimula as crianças a observarem um objeto ou fenômeno científico do mundo real, próximo e perceptível, e aprender com ele. Durante a investigação, a garotada argumenta, raciocina, discute idéias e, ao mesmo tempo, adquire conhecimento. As atividades propostas são sequenciais e permitem a progressão da aprendizagem.

Um tema único é desenvolvido por pelo menos duas horas semanais. Cada criança anota suas experiências e tira dúvidas em grupo. O objetivo principal é a apropriação progressiva de conceitos científicos e de aptidões pelos alunos, além da consolidação da expressão escrita e oral.

Os parceiros científicos nas universidades acompanham o trabalho escolar e colocam sua competência à disposição. O professor-orientador encontra na internet módulos a executar, idéias para atividades e respostas às suas perguntas.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/11/2004. (PDF)