Mister Sheik emprega 114 garotos da Febem com carteiras assinadas

Menores terão jornada diária de oito horas de trabalho, salário de R$ 480, vale-transporte, refeição e plano de carreira

A rede de lojas de alimentação Mister Sheik é a mais nova aliada do governo paulista na reintegração social de menores. A empresa decidiu contratar 114 adolescentes da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) para trabalhar na produção de esfihas nos 38 estabelecimentos comerciais que a rede de fast food mantém na capital.

No Mister Sheik, a primeira atividade dos novos profissionais será participar de um treinamento de 400 horas nas lojas da rede, onde receberão salário de R$ 240 e serão contratados pelo regime CLT. Ao término do período, serão efetivados com jornada diária de oito horas de trabalho e receberão vale-transporte, refeição, uniforme e plano de carreira. O salário será reajustado para R$ 480.

Os escolhidos para trabalhar no Mister Sheik serão indicados pela Febem. Os critérios de seleção foram ter idade acima de 16 anos, bom aproveitamento escolar e garantia de que a família acompanhará o desenvolvimento do garoto. Os selecionados irão trabalhar na capital, nas lojas do Shopping Guarulhos, Shopping Metrô Tatuapé, Shopping Metrô Santa Cruz, Terminal Rodoviário do Tietê e na zona norte, na loja do bairro de Santana.

O presidente da instituição, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, conta que são observadas as habilidades e aptidão que cada adolescente possui, e eles então são direcionados para os cursos profissionalizantes e oficinas culturais mantidas nas unidades, como a de panificação. “As opções são diversificadas e incluem atividades com artes visuais, cênicas, musicais, fotografia, danças e capoeira, explica.

João e Tiago, internos da Unidade do Brás, fizeram curso de informática patrocinado pela Fundação Bradesco. “Depois de nove meses, estamos prontos para readquirir nossa dignidade, conseguir um emprego e assumir uma vida nova, junto com nossas famílias”, contam.

Visita no Brás

Na quarta-feira, dia 19, a diretoria executiva do Mister Sheik conheceu as instalações e a oficina de panificação do Complexo da do Brás, que possui sete unidades da Febem e atende 1,5 mil reeducandos na capital.

A visita começou pela oficina de panificação, onde Renata Nogueira Gomes, diretora executiva do Mister Sheik conheceu e degustou esfihas, salgadinhos, pão-de-mel e doces. Ela conta que os funcionários da rede estão sendo preparados para o cotidiano com os meninos. “O objetivo é recebê-los sem nenhum preconceito, como colegas, e oferecer uma nova perspectiva de vida para eles”, conta emocionada.

Empresário Amigo da Febem

A parceria entre Estado e o Mister Sheik será assinada no dia 25 de novembro. O projeto assumido pela rede alimentícia inaugura uma série de novas parcerias que serão anunciadas à razão de uma por semana, a partir de agora. São várias empresas interessadas em colaborar com a reinserção social dos jovens da Febem. O programa está sendo chamado de Empresário Amigo da Febem.

Gabriel Chalita, secretário estadual da Educação, explica que a idéia é reunir empresas interessadas em colaborar com a recuperação e resgate da auto-estima dos garotos, principalmente pela via da empregabilidade. “É um grande passo na busca pela diminuição da violência, que elimina sua principal causa, a desigualdade social”, explica.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 26/11/2003. (PDF)

Corredor São Mateus-Jabaquara inspira novo modelo de transporte sobre pneus

Sistema intermediário entre Metrô e ônibus trafega na superfície com capacidade para cerca de 200 mil passageiros por dia; corredor atende aos municípios de São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema

A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) escolheu o Corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara como uma das referências para os estudos que decidirão os rumos do Transporte Expresso Urbano (TEU), novo modelo de transporte sobre pneus que será desenvolvido inicialmente na Grande São Paulo. Os estudos serão patrocinados pela The William and Flora Hewlett Foundation, organização não-governamental dedicada às causas ambientais.

O protocolo de intenções para o desenvolvimento do TEU foi assinado pela ANTP, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e São Paulo Transporte (SPTrans), durante o 14º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado em Vitória (ES) no mês de outubro. A ideia é que o projeto resulte em um novo e avançado conceito de corredor de ônibus a ser desenvolvido na Região Metropolitana de São Paulo.

Joaquim Lopes, presidente da EMTU, conta que o TEU terá bilhetagem com cartões inteligentes (smart cards), controle operacional por satélite e computadores embarcados nos veículos. “Além da série de inovações tecnológicas que elevam sua capacidade de transporte para 25 mil passageiros por hora, outro aspecto importante é o custo de construção, pois o quilômetro da linha custa cinco vezes menos do que uma linha subterrânea de metrô”, explica.

Sem cicatrizes

Lopes explica que as linhas do TEU serão construídas de acordo com o projeto original de cada cidade. “A preocupação é integrar por completo o novo sistema à mancha urbana com tratamento paisagístico adequado no entorno do traçado e das estações”, explica. “Questões como poluição sonora e emissão de gases estão sendo consideradas”.

As necessidades dos portadores de deficiências estão também na pauta. “Fizemos testes no ano passado, com veículos dotados de um sistema de amortecedores que abaixa o veículo até o nível do solo nos pontos de paradas. Assim, idosos, gestantes e pessoas com crianças no colo não terão dificuldade para embarcar e desembarcar”, conclui. O TEU será integrado com outros modais como o Metrô e trens metropolitanos para favorecer os deslocamentos da população.

Fonte de inspiração

O Corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara, gerenciado pela EMTU, na capital, transporta diariamente 200 mil passageiros nos seus 33 quilômetros de extensão. Em pesquisa realizada em maio, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) obteve 90% de conceitos ótimo e bom entre os usuários dos ônibus.

Construído há 15 anos, esse tipo de transporte passou à iniciativa privada em 1997, quando o Consórcio Metra assumiu a operação e manutenção do sistema, mediante concessão de 20 anos. Ele é referência nacional e internacional para o desenvolvimento de projetos de racionalização da operação do transporte sobre pneus.

O Corredor atende aos municípios de São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Opera 11 linhas de ônibus que transportam em média 5 milhões de usuários/mês. Dispõe de nove terminais que se integram com linhas municipais, sistemas metroviário e ferroviário. Esse sistema serve de laboratório para testes com novas tecnologias, principalmente aquelas que buscam a qualidade do meio ambiente como a operação experimental dos ônibus híbridos (diesel-elétricos) e o desenvolvimento do ônibus movido a Célula de Combustível a Hidrogênio.

O projeto da EMTU, desenvolvido em conjunto com o Ministério das Minas e Energia e outras empresas ligadas ao setor energético, é patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e coloca o Brasil em posição de destaque no cenário da evolução dessa tecnologia, por servir de referência em outros países como México, China, Índia e Egito.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/11/2003. (PDF)

Governo estuda opções para ligação ferroviária entre a capital e Campinas

Viagens serão realizadas em 50 minutos com parada em Jundiaí para embarque e desembarque de passageiros; trens farão o percurso completo em pouco menos de uma hora, com saídas a cada 15 ou 20 minutos

O governo espanhol doou para o Estado de São Paulo um estudo de viabilidade no valor de R$ 1 milhão para a instalação do trem que ligará as regiões metropolitanas da capital e de Campinas. O estudo analisa aspectos técnicos, econômicos e financeiros para a instalação do sistema ferroviário que transportará passageiros e pequenas cargas entre os aeroportos internacionais de Viracopos e de Guarulhos. Cinco empresas espanholas estão participando da licitação para a realização do estudo.

O novo trecho ferroviário terá entre 90 km e 100 km de extensão, com uma parada em Jundiaí para embarque e desembarque de passageiros. O tempo total da viagem será de 50 minutos e a velocidade média dos trens será entre 140 e 160 km/h. A previsão é que o intervalo entre as composições seja entre 15 e 20 minutos. Os vagões terão ar condicionado e serviço de bordo.

A ferrovia terá o traçado construído entre as Rodovias Anhanguera (SP-330) e Bandeirantes (SP-348). Será terrestre na sua maior parte, com trechos de embarque e desembarque aéreos ou subterrâneos. Cada vagão transportará 60 passageiros sentados.

O percurso se inicia em Campinas, em local ainda a ser definido, faz uma escala obrigatória em Jundiaí e termina na estação Barra Funda em São Paulo. Na capital, o usuário terá acesso ao sistema metroferroviário e ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, por meio do Expresso Aeroporto, cujo projeto está em andamento pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Segundo Jurandir Fernandes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, a ferrovia será explorada pela iniciativa privada, e a concessão segue o modelo das rodovias paulistas privatizadas. “Durante um período entre 25 e 40 anos, o parceiro privado irá explorar o trecho e vender as passagens. Quem apresentar a melhor proposta e onerar menos o Estado, ficará com a concessão”, explica.

Prazos

O projeto tem custo estimado entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões. A previsão de construção da linha é de seis a oito anos. “A intenção é interligar, no futuro, não apenas as regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista e Campinas, mas também as do Vale do Paraíba, Sorocaba e Jundiaí”, explica.

“Os fabricantes nacionais são capazes de construir os trens e a ferrovia no País. Com novos pedidos, as empresas serão capazes de reduzir custos, treinar pessoal e difundir ainda mais o transporte ferroviário no Brasil”, ressalta Fernandes.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/11/2003. (PDF)