Fapesp investe R$ 5 milhões para estudar a Morte Súbita dos Citros

Proposta envolve três linhas de pesquisa para conter praga que já causou prejuízos de US$ 20 milhões nos pomares do sul e sudeste

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) assinou, dia 14, acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura para realizar pesquisas nos laranjais afetados pela Morte Súbita dos Citros (MSC). O projeto prevê a destinação de R$ 5 milhões em recursos para ampliar os estudos sobre a doença que está atacando um milhão de árvores do sul mineiro e norte paulista e já causou prejuízos de US$ 20 milhões.

Carlos Vogt, presidente da Fapesp, reconhece a gravidade da situação. “Trabalhamos junto com os profissionais da Secretaria de Agricultura em outros programas na área da citricultura, como o sequenciamento da bactéria Xyllela fastidiosa, causadora da Doença do Amarelinho”, afirma. Para ele, o combate à MSC tem impactos de caráter econômico e social.

Duarte Nogueira, secretário da Agricultura, ressaltou a importância da citricultura para a economia paulista e brasileira. “A laranja responde por 400 mil empregos diretos e impulsiona uma cadeia produtiva de US$ 5 bilhões por ano. O objetivo é preservar a produtividade do pomar citrícola do Estado, o maior do mundo”, conclui.

Três linhas de pesquisa

A proposta da Fapesp envolve três linhas de pesquisa. A primeira é estudar a causa (etiologia) da doença e descobrir se é um vírus mutante da tristeza dos citros, doença que devastou os pomares durante a década de 40. A segunda iniciativa é observar a distribuição dos fenômenos de sanidade e doença (epidemiologia) para determinar o tamanho e a evolução dos focos da doença e, por fim, fazer o controle da infestação, incluindo os estudos com porta-enxertos alternativos e resistentes.

A morte súbita da laranja foi registrada pela primeira vez há dois anos no município de Comendador Gomes (MG), na região do Triângulo Mineiro. Desde então tem avançado sobre os pomares paulistas, principalmente na zona fronteiriça com o município de Barretos. A doença ganhou este nome pela rapidez com que mata a planta.

Força-tarefa nacional

A proposta apresentada à Fapesp integra uma das principais iniciativas estabelecidas pela força-tarefa criada em fevereiro. O trabalho conjunto reúne forças da administração paulista, governo federal e os estados citricultores de Minas Gerais e Paraná. “São Paulo tem 211 milhões de pés, do total de 225 milhões plantados nas três unidades da federação. O momento é de somar esforços e conter a praga”, explica Duarte.

Um dos maiores agravantes é que a doença ataca plantas enxertadas sobre o limão-cravo, responsável por 85% dos vegetais. “A competitividade brasileira no setor está no uso deste porta-enxerto, que dispensa irrigação. Para trocá-los, teríamos um aumento significativo nos custos de produção, pois os porta-enxertos tolerantes à morte súbita necessitam de irrigação. Assim, só a pesquisa será capaz de diagnosticar o vírus causador da praga e propor alternativas para os porta-enxertos”, finaliza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/08/2003. (PDF)

Unicamp coloca seu conteúdo acadêmico na rede da internet

A Biblioteca Central da Universidade de Campinas (Unicamp) inaugurou oficialmente, dia 15, o serviço da biblioteca digital. O projeto, iniciado há dois anos, já tem 1.900 teses na internet. O usuário pode consultar o maior conteúdo acadêmico brasileiro na rede por meio do Nou-Rau, programa criado na universidade, que acelera a pesquisa e apresenta a metodologia e aplicativos utilizados pela instituição.

A biblioteca digital contém mais de 300 mil páginas, 45 mil arquivos para copiar e já registra 70 mil visitas. “O sistema é atual, utiliza recursos de software livre e foi totalmente construído por profissionais da casa”, comemora Luiz Atílio Vicentini, diretor da Biblioteca Central.

O objetivo do serviço é difundir a produção científica, acadêmica e intelectual da universidade, para pesquisadores e estudantes em qualquer lugar do planeta. Um dos trabalhos pioneiros nesse sentido foi iniciado pelo Instituto de Física Gleb Wataghin, da universidade.

Recuperação de dados

O software Nou-Rau e a biblioteca digital funcionam em conjunto com o objetivo de integrar formatos de recuperação de informações, sem perder a característica principal do programa. O usuário da rede dispõe de mecanismo de busca para encontrar teses, artigos, fotografias, ilustrações, imagens, obras de arte e revistas.

De acordo com os registros da biblioteca digital da Unicamp, a dissertação de mestrado mais acessada nos últimos meses foi Tecnologia e Educação: Estudo da TV Escola no Amazonas, de autoria do pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor), Marcus Vinicius Ozores, doutorando da Faculdade de Educação. Em maio do ano passado, a dissertação teve 800 downloads e já era destaque. Hoje, os acessos aumentaram e registram 1.200 visitas.

Serviço

Biblioteca digital da Unicamp
Correio eletrônico: bibdig@unicamp.br

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/08/2003. (PDF)

Livro registra vida de imigrantes alemães na São Paulo do século 19

Co-edição da Imprensa Oficial e Arquivo do Estado analisa hábitos, cotidiano e relações entre germânicos e brasileiros

A Imprensa Oficial do Estado lança amanhã no Clube Transatlântico, na capital, o livro “Uma São Paulo Alemã: Vida Quotidiana dos Imigrantes Germânicos na Região da Capital (1827-1889)”. A obra é uma co-edição da Imprensa Oficial e Arquivo do Estado, produzida a partir da dissertação de mestrado da historiadora Sílvia Cristina Lambert Siriani.

A publicação apresenta estudo sobre a trajetória dos primeiros colonos alemães que se fixaram em São Paulo. São abordados os aspectos que favoreceram a imigração, as estratégias de sobrevivência, hábitos e o convívio dos germânicos com seus conterrâneos e a população local.

A autora utiliza elementos da história, antropologia, sociologia e psicanálise para traçar um perfil dos europeus. O modelo adotado foi a análise dos laços de sociabilidade que foram se constituindo entre a comunidade ao longo do tempo. Para isso, pesquisou durante quatro anos os registros documentais do Arquivo do Estado, Instituto Martius-Staden e centros de documentação da capital paulista.

Desenvolvimento da capital

Os imigrantes foram importantes para o desenvolvimento do comércio, indústria e urbanização de São Paulo. Da época, destacam-se os grandes empreendedores germânicos e engenheiros como Martinho Buchard, Frederico Glette, Victor Nothmann e Carlos Abrão Bresser, responsáveis pelo plano de urbanização de bairros paulistanos como Santa Cecília, Higienópolis, Campos Elíseos e Bresser.

Muitas das iniciativas de cunho sociocultural criadas pelos alemães permanecem vivas até hoje, como o Clube Pinheiros (que começou como Clube Germânia, em meados de 1870), a Sociedade Filarmônica Lira (tradicional instituição localizada no Campo Belo) e o Instituto Martius-Staden de Ciências, Letras e Intercâmbio Cultural Brasileiro-Alemão, com sede na região central da cidade.

A autora ressalta que, embora a imigração alemã não seja tão expressiva numericamente, como a de outros povos, tem a força qualitativa das contribuições deixadas para a cidade. “A história de São Paulo se funde com a de outros povos e culturas, compondo um mosaico que resultou na metrópole de hoje.”

Serviço

O livro tem 328 páginas, custa R$ 37 e está à venda nas principais livrarias do País e na Livraria Virtual, no site da Imprensa Oficial.
Correio eletrônico: livraria@imprensaoficial.com.br
Telefone 0800 0123 401

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/08/2003. (PDF)