Vacinação obrigatória em bovídeos contra a aftosa vai até quinta-feira

Produtor deve adquirir as doses em loja cadastrada no Sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal; prazo para o envio da Declaração de Imunização termina no dia 7

A Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), informa: até quinta-feira, 30, deverão ser vacinados contra a febre aftosa os 11 milhões de bovídeos (bovinos e bubalinos) do rebanho paulista. De acordo com o médico veterinário da CDA, Luiz Henrique Barrochelo, devem ser vacinados os animais imunizados em maio, à época com até 24 meses de idade.

A vacina somente pode ser adquirida em casa agropecuária cadastrada no Sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave) da CDA. Comercializada em embalagens com 10 doses e 50 doses, tem preço médio de aplicação por animal de R$ 1,40. Em cada compra de frascos, a quantidade repassada para o criador fica vinculada no Gedave à sua propriedade. Para não perder a eficácia, o produto nunca pode ser congelado, devendo ser mantido entre 2ºC e 8ºC e transportado em caixa de isopor, com, no mínimo, 66% do seu volume em gelo.

Registro

Não pode ser usada vacina fora da validade nem sobras de campanhas anteriores. No procedimento, deve ser priorizado o horário de temperatura mais amena do dia e, para evitar acidentes, é preciso separar os animais por idade e sexo. Cada dose contém 5ml, quantidade recomendada para cada rês, e o local indicado para aplicação é o terço médio (‘tábua’) do pescoço. É vedado o uso de produtos químicos, como álcool e cloro, e somente podem ser usadas seringas e agulhas novas e higienizadas, material que deve ser substituído a cada dez animais vacinados, para evitar infecções. Outro cuidado é manter os frascos resfriados durante o procedimento.

O produtor tem prazo até o dia 7 para encaminhar, pelo próprio Gedave, ou entregar em qualquer unidade da CDA no Estado, a Declaração de Vacinação. Além desse documento, ele precisa também informar a relação de outras espécies existentes em sua propriedade, como equídeos (equinos, asininos e muares), suídeos (suínos, javalis e javaporco), ovinos, caprinos e aves (granjas de aves domésticas, criatórios de avestruzes) (ver serviço).

A imunização contra a aftosa é obrigatória nos bovídeos, porém proibida em quaisquer outras espécies da propriedade. Deixar de vacinar bois ou búfalos ou de comunicar essa operação sujeita o criador a sanções definidas em Unidade Fiscal do Estado do Estado de São Paulo (Ufesp), valor atual de R$ 25,07. A não vacinação implica multa de 5 Ufesps (R$ 125,35) por cabeça; e a não declaração, por sua vez, pode ter multa de 3 Ufesps (R$ 75,21) por animal.

Calendário invertido

No ano que vem, São Paulo adotará o calendário anual de vacinação definido pelo Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) (ver serviço) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Essa mudança vai uniformizar o calendário de proteção do rebanho bovídeo paulista com o das demais unidades da Federação. Assim, as duas etapas atuais de imunização serão invertidas.

Em maio, o procedimento será obrigatório para todo o plantel paulista, independentemente da faixa etária; em novembro, a segunda dose deverá ser aplicada somente nos animais com até 24 meses de idade. “À exceção de Santa Catarina, haverá vacinação no País inteiro”, informa Barrochelo, também diretor do escritório de defesa agropecuária de Araçatuba, um dos 40 da CDA distribuídos pelo território paulista.

Segundo ele, a meta da coordenadoria é retirar, gradativamente, se possível, toda a vacinação no Estado em 2021, adotando para isso medidas preventivas auxiliares como a vigilância sanitária no transporte animal.

Erradicação

Altamente contagiosa e causada por um aphtovirus, a febre aftosa obriga o criador a sacrificar toda rês infectada. No Brasil, o último caso registrado foi em 2005; no Estado de São Paulo, em 1996. A transmissão se dá pela saliva, secreções, leite e fezes dos animais doentes e a moléstia acomete bovídeos e biungulados, isto é, quadrúpedes com casco bipartido. O contágio em humanos é raríssimo, contudo, qualquer objeto ou pessoa em contato com as fontes de contaminação pode levar o vírus para outros plantéis.

Serviço

Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA)
Manual de Declaração de Vacinação contra a Febre Aftosa
Resolução SAA nº 55/2017
Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA/Mapa)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/11/2017. (PDF)

Fapesp investe R$ 5 milhões para estudar a Morte Súbita dos Citros

Proposta envolve três linhas de pesquisa para conter praga que já causou prejuízos de US$ 20 milhões nos pomares do sul e sudeste

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) assinou, dia 14, acordo com a Secretaria Estadual de Agricultura para realizar pesquisas nos laranjais afetados pela Morte Súbita dos Citros (MSC). O projeto prevê a destinação de R$ 5 milhões em recursos para ampliar os estudos sobre a doença que está atacando um milhão de árvores do sul mineiro e norte paulista e já causou prejuízos de US$ 20 milhões.

Carlos Vogt, presidente da Fapesp, reconhece a gravidade da situação. “Trabalhamos junto com os profissionais da Secretaria de Agricultura em outros programas na área da citricultura, como o sequenciamento da bactéria Xyllela fastidiosa, causadora da Doença do Amarelinho”, afirma. Para ele, o combate à MSC tem impactos de caráter econômico e social.

Duarte Nogueira, secretário da Agricultura, ressaltou a importância da citricultura para a economia paulista e brasileira. “A laranja responde por 400 mil empregos diretos e impulsiona uma cadeia produtiva de US$ 5 bilhões por ano. O objetivo é preservar a produtividade do pomar citrícola do Estado, o maior do mundo”, conclui.

Três linhas de pesquisa

A proposta da Fapesp envolve três linhas de pesquisa. A primeira é estudar a causa (etiologia) da doença e descobrir se é um vírus mutante da tristeza dos citros, doença que devastou os pomares durante a década de 40. A segunda iniciativa é observar a distribuição dos fenômenos de sanidade e doença (epidemiologia) para determinar o tamanho e a evolução dos focos da doença e, por fim, fazer o controle da infestação, incluindo os estudos com porta-enxertos alternativos e resistentes.

A morte súbita da laranja foi registrada pela primeira vez há dois anos no município de Comendador Gomes (MG), na região do Triângulo Mineiro. Desde então tem avançado sobre os pomares paulistas, principalmente na zona fronteiriça com o município de Barretos. A doença ganhou este nome pela rapidez com que mata a planta.

Força-tarefa nacional

A proposta apresentada à Fapesp integra uma das principais iniciativas estabelecidas pela força-tarefa criada em fevereiro. O trabalho conjunto reúne forças da administração paulista, governo federal e os estados citricultores de Minas Gerais e Paraná. “São Paulo tem 211 milhões de pés, do total de 225 milhões plantados nas três unidades da federação. O momento é de somar esforços e conter a praga”, explica Duarte.

Um dos maiores agravantes é que a doença ataca plantas enxertadas sobre o limão-cravo, responsável por 85% dos vegetais. “A competitividade brasileira no setor está no uso deste porta-enxerto, que dispensa irrigação. Para trocá-los, teríamos um aumento significativo nos custos de produção, pois os porta-enxertos tolerantes à morte súbita necessitam de irrigação. Assim, só a pesquisa será capaz de diagnosticar o vírus causador da praga e propor alternativas para os porta-enxertos”, finaliza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/08/2003. (PDF)