Motorola e IPT são novos parceiros na informatização da Polícia Científica

Novos laboratórios digitais irão auxiliar peritos a identificar, guardar e comparar on-line provas e indícios de crimes

A Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Motorola firmaram convênio para cooperação técnica na área da segurança pública. De acordo com os termos da parceria, a empresa vai transferir tecnologia, doar equipamentos e treinar profissionais para implementação de tecnologias avançadas nesse setor. O ato foi assinado na sede da Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC).

A Motorola destinou R$ 1,4 milhão para a iniciativa, que não trará custos para o Estado. O recurso será direcionado para a implantação no IPT do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Avançadas em Segurança Pública (LDTA) e, na sede da Polícia Científica, será construída a Unidade Avançada, que ficará interligada online ao LDTA.

Papel dos parceiros

A SPTC é o maior centro brasileiro na produção de perícias forenses e indicará as necessidades de desenvolvimento dos laboratórios. Segundo Celso Perioli, coordenador da SPTC, a aliança de dois órgãos de cunho técnico e científico com uma grande empresa multinacional vai contribuir muito para o aprimoramento das perícias realizadas no Estado.

“A nova parceria estende o acordo firmado em 2003 entre a SPTC e o IPT. E tem por objetivo continuar colocando a ciência e o conhecimento a serviço da justiça e da sociedade”, ressalta. E explica que a proposta é desenvolver na Unidade Avançada um sistema informatizado de provas com identificação individual por radiofrequência, ou por outros meios tecnológicos ainda em estudo.

“Trata-se de oferecer uma nova abordagem para a guarda de materiais, substâncias, instrumentos e objetos que já foram periciados, estão com perícia em andamento, ou ainda, serão objeto de perícia. Vamos assim nos equiparar aos sistemas equivalentes existentes nos países de primeiro mundo”, avalia.

“Em abril, será colocado em execução um novo sistema de gestão da produção de laudos. Além disso, foram adquiridos novos computadores e será realizada a expansão da rede interna (intranet) da SSP. E outro destaque, será a distribuição de 250 maletas especiais para serem utilizadas pelos peritos em cenas de crimes”, finaliza Perioli.

Integração

Segundo Guilherme Ary Plonski, diretor-superintendente do IPT, a parceria proporcionará um salto de qualidade nos serviços de investigação em todas as regiões do Estado. “Os pesquisadores do IPT trabalharão na construção e manutenção de programas de bancos de dados (softwares). Serão sistemas inteligentes capazes de identificar, guardar e comparar provas e indícios – fundamentais para esclarecer dúvidas como o dia e a hora de um crime”.

As informações selecionadas para os bancos de dados serão enviadas por ondas de rádio. Os dados transmitidos em tempo real podem ser imagens, sons, vídeos ou qualquer outro tipo de arquivo. E ficam guardados e disponíveis para consulta online em qualquer horário pelos policiais.

“Quando estiver em funcionamento, o sistema será uma poderosa ferramenta de apoio para os policiais. Com a vantagem de ser de fácil integração com outros sistemas de gestão e com indicadores de desempenho”, explica Plonski.

Parceiro privado

Líder mundial no fornecimento de tecnologias e infraestrutura para telecomunicações, a Motorola inaugurou, em 1999, seu campus industrial em Jaguariúna, base de manufatura e exportação de produtos para o País e para o Mercosul.

“Acreditamos que o investimento no tripé segurança, educação e desenvolvimento ambiental contribuirá para o desenvolvimento sustentado do País. Vamos construir junto com o IPT o mais moderno centro de tecnologias avançadas do País. E estamos prontos para atender a qualquer necessidade na área de segurança pública, principalmente no que diz respeito a manufatura de equipamentos em território nacional”, disse Luiz Carlos Cornetta, diretor-geral da empresa.

Tendência irreversível

O secretário estadual da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, disse que o primeiro objetivo da parceria é melhorar o atendimento ao cidadão. E lembrou que há grande potencial de contribuição com as novas tecnologias, já que os processos judiciais são baseados em provas.

“A informatização da SSP é uma tendência irreversível. Em breve, os novos laboratórios estarão interligados ao centro de inteligência da polícia para tornar mais efetivo o fluxo de informações no Estado”, informou. O secretário também comentou a experiência do programa Centro de Operações da Polícia Militar Digital (Copom) implantado em São José dos Campos.

“Nesse sistema, a tela do computador informa a localização de cada viatura policial e o tempo de atendimento de uma ocorrência. Se um policial demora mais de quatro minutos, um alerta é emitido para o Centro de Operações, que verifica se há algum problema”, explicou.

A experiência realizada no Vale do Paraíba é pioneira no País e tem como vantagem não permitir escuta ilegal das comunicações da polícia, já que as mensagens são codificadas. “O Copom Digital também permite que outros órgãos acessem as imagens e informações, o que permite maior integração entre o Estado, prefeituras e governo federal”, finalizou.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/03/2005. (PDF)

Tecnologia é a arma do Instituto de Criminalística

A ciência é a grande aliada da Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP) para combater o crime no Estado. Os laudos periciais expedidos pela Polícia Técnico-Científica complementam o trabalho do Poder Judiciário e demais órgãos policiais. O serviço realizado pelos Institutos de Criminalística e Médico-Legal é fundamental na elucidação de crimes e conclusão de inquéritos.

O desafio é produzir a chamada prova técnica, a partir da análise científica de vestígios deixados nos delitos e cenas de crimes. A abrangência do trabalho inclui análises de balística, acidentes de trânsito, contabilidade, química, física, toxicologia, informática, entre outras especialidades.

Segundo José Domingos Moreira das Eiras, diretor do Instituto de Criminalística (IC), “o laudo pericial, quando realizado nas condições ideais, é conclusivo – determina a ocorrência de um crime, como foi praticado, identifica vítima, criminoso e terceiros. É indispensável até mesmo em investigações com réus confessos”, explica.

Investimento em tecnologia

O IC investiu R$ 1,2 milhão em equipamentos no ano passado, incorporando ao seu acervo dez cromatógrafos, um analisador de última geração para testes de DNA e um HPLC, equipamento que compara produtos como remédio adulterado, venenos e agrotóxicos.

Segundo o perito Osvaldo Negrini Neto, diretor técnico do Centro de Exames, Análises e Pesquisas do IC, os novos cromatógrafos são capazes de separar substâncias e oferecer a composição química em dez minutos. “Antes deles, os exames exigiam no mínimo um dia inteiro de espera. A precisão é tamanha, que, por meio da composição da droga, conseguimos oferecer pistas adicionais e identificar, por exemplo, em que Estado da Federação a maconha foi plantada”, explica.

Na cena do crime

A produção do laudo pericial depende da preservação da cena do crime. A recomendação da Polícia Técnica para os policiais militares é isolar a área, impedir o acesso de qualquer pessoa, mesmo familiares da vítima, e permanecer no local. O procedimento indicado para as autoridades de segurança vale também para a população. Não se deve tocar em nada que componha a cena do crime, como telefone, bolsos, pertences, janelas, mobiliário e não comer, fumar, beber ou utilizar sanitário ou lavatório.

Segundo Celso Perioli, superintendente da Polícia Técnica no Estado, “nas cenas de crime, assim como nos acidentes automobilísticos, a indicação é manter tudo como está e acionar a autoridade policial habilitada para o serviço. O procedimento correto no local do crime contribui para o sucesso da investigação e minimiza a angústia das partes envolvidas”, esclarece.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/07/2003. (PDF)