A hora de ouvir o cidadão

Abertas à participação de todos, as audiências públicas são canal do Estado para consultar a sociedade e decidir sobre o orçamento

O auditório da Fatec São José dos Campos foi palco da 11ª audiência pública do total de 19 que encaminharão sugestões para a redação da Proposta para a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014. Promovidos pela Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional, esses encontros são realizados anualmente e contemplam todas as regiões administrativas do Estado.

A audiência pública é um canal aberto à sociedade para reivindicar, de modo geral, recursos ou ações governamentais para solução de problemas localizados ou regionais. É medida prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal e aberta à participação de todo cidadão. Visa a garantir transparência e participação popular na elaboração do orçamento do Estado.

Caso alguém queira oferecer propostas e não possa comparecer, basta enviar a sugestão pela internet, preenchendo formulário no site da Secretaria do Planejamento. (ver link abaixo).

O Governo paulista tem três instrumentos integrados de planejamento financeiro: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). A meta conjunta deles é aperfeiçoar a gestão pública. E definir, com relação às despesas, onde, como, quanto e quando gastar.

Nas audiências, os debates com a população têm o áudio gravado e os pedidos são encaminhados às secretarias de Estado responsáveis. O atendimento das solicitações está condicionado à disponibilidade de recursos e à definição de prioridades pelo Governo estadual.

Depois de encerrado o calendário anual de audiências (fase de consulta pública), a proposta de orçamento (LOA) segue para debate e aprovação pelos deputados estaduais na Assembleia Legislativa. A etapa final é a sanção do governador.

Projetando 2014

No calendário 2013, as duas últimas audiências que definirão o orçamento de 2014 serão realizadas em Mairiporã, hoje (3); e em Santo André, no dia 10; ambas com início às 10 horas. A primeira será no Auditório da Secretaria da Educação em Mairiporã, na Avenida Tabelião Passarela, 850. E a última, no Auditório do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, na Avenida Ramiro Colleoni, 5.

Maurício Hoffmann, assessor técnico do Planejamento, comanda os encontros. “Minha função é identificar demandas e também levar todas as solicitações para o Palácio dos Bandeirantes”.

Em cada encontro, Hoffmann abre os trabalhos com uma análise do Governo paulista sobre o Estado e a região administrativa sede do evento. Na exposição, destaca carências e potencialidades econômicas, com indicadores demográficos (longevidade, escolaridade da população), perfil e potencial econômico (distribuição da renda em serviços, indústria, agropecuária), etc.

Na sequência, revela previsão de gastos com temas diversos, de acordo com o perfil de cada região, considerando, porém, as ações de todos os órgãos e secretarias de Estado nos municípios.

Depois da exposição, o microfone é aberto. E os presentes têm chance de reivindicar. A plateia congrega, na maioria das vezes, além de cidadãos comuns, também prefeitos, vereadores, representantes de hospitais, santas casas, reitores, líderes de associações de bairro, de ONGs e representantes de diversas categorias profissionais.

O Vale do Paraíba

Em São José dos Campos, a audiência da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte reuniu 20 representantes da cidade e de municípios próximos – Jambeiro, Tremembé, Ubatuba, Taubaté e Santo Antônio do Pinhal, entre outros. A região abriga 2,3 milhões de pessoas, aproximadamente 5% da população paulista, que é de 42 milhões de habitantes.

A lista de pedidos genéricos foi variada. Incluiu pedidos ligados a saneamento, transportes, preservação do patrimônio ambiental e cultural, expansão e melhora da rede física escolar e administrativa, reformas e ampliações da malha rodoviária, estímulo e desenvolvimento de estâncias e programas de formação profissional e tecnológica, entre outros assuntos.

Já os pedidos localizados incluíram solicitações de instalação e reforma de posto policial, corpo de bombeiro, hospital e leitos, contratação de médicos, professores, criação de rotatórias, recapeamento de estradas vicinais, programas de empreendedorismo e instalação de postos Poupatempo, Banco do Povo, Acessa SP, escolas, Fatec, Etec, etc.


Orçamento 2013 (em R$ bilhões)

Despesas valor
Pessoal e encargos 61,574
Custeio 37,208
Transferência a municípios 35,933
Investimentos 18,965
Serviços da dívida 13,676
Gastos previdenciários 3,778
Sentenças e acordos judiciais 2,304
Reserva de contingência 10
Total 173,448
Receitas valor
Receitas próprias 116,223
ICMS cota-parte do Estado 85,368
Transferência a municípios 35,993
Outras receitas 25,457
Receitas vinculadas 11,796
Operações de crédito 5,718
Receitas de autarquias, fundações e empresas dependentes 5,398
Receita previdenciária 3,778
Total 289,671

 

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 03/07/2013. (PDF)

Soluções sustentáveis para problemas complexos

Design Thinking foi o tema do InovaDay de junho, encontro promovido na capital pela Rede Paulista de Inovação

O auditório do mezanino do Edifício Cidade I, no centro da capital, foi palco no último dia 29 de mais um InovaDay. Promovido desde 2009 pela Secretaria Estadual de Gestão Pública, o evento mensal traz especialistas para repensar, de forma criativa, governo e sociedade. A iniciativa segue as diretrizes do Decreto nº 53.963 e tem como meta estimular e fortalecer a cultura de inovação na administração pública estadual.

Os encontros e debates do InovaDay têm entrada franca e são transmitidos ao vivo pela internet, nos sites do programa e da Rede Paulista de Inovação em Governo (iGovSP). Depois de cinco dias úteis, os vídeos são editados e ficam disponíveis para consulta on-line a qualquer tempo.

Roberto Agune, coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação da Secretaria de Gestão Pública, abriu os trabalhos do InovaDay. Comentou sobre o desafio de preparar a geração atual de servidores para um presente complexo, com múltiplas dimensões, capaz de motivar uma mudança cultural e lançar as bases do governo do futuro. E também de encontrar caminhos para que os funcionários mais antigos compartilhem na rede seu saber acumulado e que ampliem a troca de experiências com os mais novos.

Na sequência, convidou a plateia a refletir sobre o desafio e em suas palavras e fazer com que o povo coloque ‘a mão na massa’ para estimular a criatividade. Segundo Agune, os encontros mensais do InovaDay estimulam as iniciativas setoriais na cultura da inovação, com objetividade e conteúdo focado em novas formas de melhorar e prestar serviços, de rever processos de trabalho e de contribuir para uma nova mentalidade governamental.

Design Thinking

Neste encontro, o palestrante foi Ricardo Ruffo, professor da unidade paulistana da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e diretor da empresa Design Echos.

O tema da palestra foi Inovação Social e Design Thinking, metodologia que se propõe a vislumbrar soluções empáticas e sustentáveis para problemas complexos. Segundo o palestrante, esta abordagem propõe fazer uso do conhecimento compartilhado, colaborativo e produzido pela internet e redes de interações entre os indivíduos para colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto. A partir da experimentação de novas possibilidades, despertar a cultura da inovação e criar novas estratégias sociais, produtos, serviços e negócios.

“Uma empresa busca inovar processos primordialmente para lucrar mais. Já a sociedade e os governos devem fazer o mesmo, porém voltados para o social. Neste processo, há uma convergência saudável entre ganhar dinheiro e fazer o bem – e surgem novas formas de pensar e agir”, explicou Ruffo.

Poupatempo 2.0

Depois da exposição de Ruffo, uma equipe multidisciplinar de universitários orientada por ele expôs um exemplo prático da aplicação do Design Thinking em um serviço público. O grupo produziu estudo de caso chamado Poupatempo 2.0 – Gerar soluções para a vida das pessoas”. E o trabalho foi apresentado no InovaDay pelas alunas Renata Tonezi, Amnah Asad e Maria Andreia Trujillo.

As estudantes sugeriram propostas simples para aprimorar o Poupatempo, programa mantido pela Secretaria de Gestão Pública, cujo conceito é concentrar diversos serviços públicos em um mesmo local. Em 2010, o atendimento foi avaliado como ótimo e bom por 97% dos usuários do Poupatempo, segundo pesquisa do Ibope. Entretanto, na avaliação delas, é possível aprimorar ainda mais o serviço e favorecer a aproximação entre governo, cidadão e servidores.

Durante uma semana, os estudantes da ESPM-SP se dividiram em turmas para avaliar o atendimento prestado no Poupatempo Sé, posto com mais procura entre os 31 fixos existentes no território paulista. Na agência, ouviram funcionários, público e analisaram instalações, procedimentos, interações e serviços.

O grupo avalia que o tempo e a disponibilidade no atendimento são dois pontos críticos a ser melhorados. Sugeriram opções para reavaliar o tempo gasto por todos os envolvidos no atendimento. A principal conclusão é que todas as esferas de governo precisarão ouvir cada vez mais os cidadãos. E também deverão modernizar processos, mudar atitudes, diminuir redundâncias e unificar bases de dados. Outra sugestão é criar uma moeda social, para valorizar funcionários, identificar problemas com os usuários e valorizar os voluntários que ajudam no funcionamento.


Transparência e acessibilidade

Depois da apresentação, o grupo de Design Thinking debateu com a plateia. Participaram da conversa Edward Gerth e Álvaro Gregório, assessores em inovação vinculados à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional, e Hudson Augusto Lima, funcionário da Secretaria da Administração Penitenciária. Para Álvaro, as palavras colaboração e tecnologia nunca estiveram tão em voga. E devem ser aliadas para permitir ao governo estreitar laços com a sociedade.

Para Hudson, é primordial para o poder público rever processos. Morador de Sorocaba e pós-graduando em tecnologia, trabalha com inclusão digital. Ele analisou de 21 de agosto a 21 de setembro de 2011 os sites das 645 prefeituras paulistas. Neste trabalho, descobriu que 54 municípios ainda não estão na internet. Deste universo, 159 não publicam suas contas e entre as que divulgam, 364 o fazem em formatos não acessíveis, dificultando a compreensão dos conteúdos.

Ele também observou a presença nas redes sociais, se oferecem conexão gratuita com a internet e acessibilidade das páginas das prefeituras. Este cuidado garante que qualquer pessoa, deficiente ou não, seja capaz de usar um site. No momento, somente a prefeitura de Dourado tomou esta precaução. O resultado completo da pesquisa de Hudson está disponível para consulta on-line em documento compartilhado no endereço http://va.mu/HmNm.

Serviço

InovaDay
Rede Paulista de Inovação em Governo (iGovSP)

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/07/2012. (PDF)

Cai desemprego em São Paulo

Pesquisa Seade/Dieese indica redução de 11,2% em abril para 10,7% em maio de 2011; é o menor valor apurado desde 1990

Entre abril e maio, o desemprego na região metropolitana de São Paulo (RMSP) recuou de 11,2% para 10,7%, revelaram ontem a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Este é o menor valor obtido no quinto mês do ano desde 1990.

Caiu também o desemprego aberto de 8,8% para 8,5%. Este indicador sinaliza a relação entre o número de desocupados (procurando trabalho) com o total de pessoas economicamente ativas em um determinado período de referência.

O desemprego oculto seguiu a tendência – reduziu de 2,4% para 2,2%. Este índice inclui os que realizaram algum trabalho remunerado ocasional ou não; e também os que não possuem emprego e nem o procuraram nos últimos 30 dias anteriores ao da entrevista, porém o procuraram de modo efetivo nos últimos 12 meses. A pesquisa completa está disponível para consulta no site da Seade.

Menos braços cruzados

No quinto mês de 2011, o contingente de desempregados foi estimado em 1.152 mil, 45 mil a menos do que no mês anterior. Projeta-se a criação de 124 mil ocupações, número superior ao de pessoas que ingressaram na força de trabalho da região (79 mil).

No mês em análise, o nível de ocupação cresceu 1,3% e o contingente de ocupados passou a ser estimado em 9.611 mil pessoas. Esse desempenho deveu-se ao aumento do número de ocupados no agregado Outros setores (5,9%, ou geração de 75 mil postos de trabalho) e no comércio (4,0%, ou 57 mil), uma vez que permaneceram relativamente estáveis os níveis de ocupação nos serviços (-0,2%, ou 11 mil a menos) e na indústria (0,2%, ou 3 mil).

Salários mais baixos

Entre março e abril de 2011, pelo sexto mês consecutivo, diminuíram os rendimentos médios reais de ocupados (1,5%) e assalariados (1,7%), que passaram a equivaler a R$ 1.480 e R$ 1.498, respectivamente.

Para o conjunto das sete regiões onde a pesquisa é realizada (Distrito Federal e regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo), o total de desempregados, em maio, foi estimado em 2.410 mil pessoas, 40 mil a menos do que no mês anterior.

A taxa de desemprego total permaneceu em relativa estabilidade, pelo segundo mês consecutivo, ao passar de 11,1%, em abril, para os atuais 10,9%. Segundo suas componentes, esse resultado decorreu de comportamento semelhante da taxa de desemprego aberto, que passou de 8,4% para 8,3%, e da taxa de desemprego oculto, de 2,8% para 2,6%.

A taxa de desemprego total manteve-se relativamente estável na maioria das regiões, diminuiu em São Paulo e no Distrito Federal e cresceu ligeiramente em Porto Alegre.

Sobre a pesquisa

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é realizada desde janeiro de 1985 pela Fundação Seade e Dieese. O levantamento é uma consulta que, a cada mês, investiga uma amostra de aproximadamente três mil domicílios da RMSP.

Suas informações são apresentadas agregadas em trimestres móveis. Por exemplo, a taxa de desemprego de janeiro corresponde ao trimestre móvel novembro, dezembro e janeiro. A qualidade de seus indicadores e as inovações metodológicas introduzidas fazem da PED uma das principais fontes de referência sobre a conjuntura do mercado de trabalho metropolitano.

Por estas razões, outros Estados passaram a realizar a pesquisa nas suas regiões metropolitanas. A lista inclui Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e o Distrito Federal.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/06/2011. (PDF)