Governo recupera Rio Tietê e quer fazer ligação Penha-Lapa por barco

Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos pesquisa alternativas para começar navegação num trecho de 35 km, em 2004

O governo paulista vai finalizar em julho de 2004 o processo de ampliação da calha do leito do Rio Tietê na região metropolitana da capital. Até o término das obras, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos terá decidido qual sistema de transporte de passageiros e de cargas irá adotar na nascente hidrovia.

O ponto inicial será a Barragem da Penha, na zona leste, e o ponto final será na Barragem Móvel do Cebolão, próximo ao município de Osasco, na região oeste. Os barcos percorrerão o trajeto de 35 km nos dois sentidos. Com a ampliação, a distância entre as margens do Tietê passará de 20 a 25 m em média, para 41 a 46 m. A profundidade média também será aumentada em 2,5m na extensão navegável do Tietê.

Um dos objetivos da hidrovia é melhorar o transporte na região metropolitana. A utilização do leito do rio permite a transferência do tráfego de cargas e passageiros para um sistema mais eficiente e barato. A navegação fluvial economiza gastos com tempo, combustível e reduz a emissão de poluentes na atmosfera.

Estudo das opções

A empresa Básico Engenharia e Construção elaborou para a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos estudo de viabilidade da hidrovia. A análise mostra alternativas para questões de fiscalização do sistema, concessão de linhas e criação de terminais multimodais. Prevê também determinar qual sistema de transporte fluvial é mais adequado, de acordo com a dimensão dos barcos e estrutura das pontes.

Segundo Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, o estudo chamou a atenção de empresas interessadas em explorar o transporte fluvial. “Podemos optar entre barcos de menor velocidade capazes de transportar tripulações de até 600 passageiros ou embarcações menores e mais rápidas, como as voadeiras, que atingem velocidades de até 40km/h,” explica o secretário.

A exploração e construção da hidrovia serão realizadas por meio de parceria entre a administração estadual e iniciativa privada. Uma das questões pendentes é definir o porcentual de recursos a serem aplicados pelos empresários e quanto o governo paulista necessitará captar em órgãos como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco Mundial.

Demandas da sociedade

“Serão analisadas ao longo do trajeto as necessidades de transporte da população paulistana. Desde 1967, o Metrô-SP pesquisa os trajetos de origem e destino da comunidade da região metropolitana para se deslocar de suas residências. A partir destes dados, serão projetados os terminais de embarque de carga e passageiros, passarelas de pedestres e viadutos.”

O secretário ressalta que a construção será realizada de acordo com o dinheiro disponível. “Vamos aproveitar os recursos de engenharia disponíveis. Na Europa existem pontes que servem para o trânsito de pedestres e que também são utilizadas como embarcadouro. A meta é repassar à Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) o gerenciamento desses terminais.”

Um desafio futuro, segundo Fernandes, será manter a navegação fluvial atraente para a iniciativa privada e ao mesmo tempo cobrar pelo serviço tarifa que a sociedade possa pagar. A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos pretende atrair a atenção das pessoas da região metropolitana por meio de passeios turísticos com roteiros culturais nos finais de semana. “A população vai perceber que o rio não é mais depósito de lixo e de pneus e não oferece riscos à saúde das pessoas. Os barcos novos contêm filtros para não despejar óleo e fumaça na atmosfera.”

As embarcações também vão contribuir para ressuscitar a vida no Tietê. O movimento das hélices revolve o fundo do rio e auxilia a oxigenação da água. A aeração melhora o ciclo de vida e reprodução de peixes e fauna fluvial. A água não será potável, porém limpa.

Fim das enchentes

A finalização das obras de rebaixamento da calha do rio, em julho de 2004, vai solucionar para os próximos cem anos os problemas causados pelas enchentes na Marginal Tietê. “A ampliação da calha não é uma simples retirada de terra das margens. O Projeto Pomar do governo do Estado está investindo na plantação de árvores nas margens do rio para evitar o assoreamento e enxurradas. Além disso, a prevenção contra os alagamentos será garantida com a construção de muros de concreto construídos em diagonal (taludes) nas duas margens.”

Não há perigo de recontaminação do Tietê depois de limpo. O conjunto de obras inclui a canalização paralela dos afluentes que deságuam no Tietê. O sistema de drenagem de esgotos será direcionado para tubulação própria, sendo encaminhado para tratamento.

“O aspecto ruim da paisagem vem sendo modificado. A idéia é transportar os dejetos existentes por meio de barcaças. Se terminada a obra, o Tietê for novamente esquecido em termos de utilização, perde o sentido a iniciativa. O objetivo é transformar o rio que banha a região metropolitana num pedaço da existência dela”, finaliza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 05/06/2003. (PDF)

Hidrovia Tietê-Paraná oferece mais opções com o canal de Promissão

Obra que criou o corredor aquático amplia capacidade de navegação de barcaças, que podem carregar até 12 mil toneladas

A Secretaria de Estado dos Transportes inaugurou sábado um canal de navegação artificial no Rio Tietê, na cidade de Promissão. O novo corredor aquático tem 1,14 mil metros de extensão, 48,4m de largura e 3m de profundidade. Foi construído na margem esquerda do rio e amplia a capacidade de transporte de cargas: soja, ferro e madeira na Hidrovia Tietê-Paraná.

O canal integra um conjunto de obras de engenharia que soluciona antigos problemas de navegabilidade da região. Antes, por causa do traçado original do rio, os barcos empurradores, que transportam comboios de barcaças eram obrigados a desviar do local. Faziam uma curva em “S”, que atrasava a navegação e trazia riscos de acidentes na passagem próxima às margens do Tietê.

O antigo traçado do rio também impedia a navegação de grandes comboios de carga debaixo da ponte. O limite era de quatro barcaças por empurrador. Para facilitar a passagem, a Secretaria de Estado dos Transportes alargou a ponte em 102 metros na BR-153, permitindo que grupos de seis ou oito barcaças atravessem o trecho.

A estrutura da ponte, localizada na interseção da eclusa de Promissão com a rodovia, foi também readaptada. Novo vão foi construído entre as pilastras de sustentação em cima do canal artificial com traçado em linha reta.

O conjunto das obras faz parte do Programa de Ampliação de Capacidade Operacional e de Segurança de Navegação da Secretaria. Consumiu R$ 6 milhões, de um total de R$ 70 milhões previstos para operações do mesmo tipo em outras dez pontes que cruzam a hidrovia.

Aumento da capacidade

Antes da construção do canal, havia o risco de encalhe das barcaças por causa do peso das embarcações e da pouca profundidade do trecho. Estas estruturas de navegação são capazes de transportar até 3 mil toneladas de carga, volume equivalente a 120 caminhões carregados. Em termos de volume, um caminhão carregado por completo é capaz de transportar até 25 toneladas.

O canal artificial é 10 cm mais profundo que o original, de 2,90 m. Hoje a distância entre o fundo das embarcações e o leito do rio é de 40 cm. A maior distância entre o leito do rio e a superfície da água permite às embarcações transportarem 250 toneladas a mais por comboio.

Transporte intermodal

A construção do novo canal faz parte do Plano Diretor de Desenvolvimento de Transportes (PDDT) da secretaria, que privilegia a intermodalidade. Trata-se da capacidade de integrar os mais diferentes tipos possíveis de transporte: ferroviário, rodoviário, hidroviário, dutoviário e aéreo.

Hoje, a movimentação global de cargas no Estado está assim distribuída: meio rodoviário – 93,2%, ferroviário – 5,3%. Os modos aeroviário, hidroviário e dutoviário – 2,5%. Segundo o engenheiro aeronáutico Dario Reis Lopes, secretário de Estado dos Transportes, “a intermodalidade é uma tendência do mundo moderno de, no médio e longo prazo, minimizar estas distorções e aproveitar as vantagens competitivas de cada sistema”.

“Para o Estado conseguir captar mais investimentos é preciso facilitar os processos logísticos da produção. Uma infra-estrutura acessível à cadeia produtiva é um atrativo para novos investimentos, por ser capaz de melhorar sistemas de distribuição, armazenagem e produção. Na ponta final do processo, o objetivo é o crescimento econômico de São Paulo e a geração de novos empregos”, explica.

O secretário ressalta também que as hidrovias e ferrovias são ideais para o transporte de produtos de baixo valor agregado: grãos, minérios e madeira. “Além de serem mais econômicas, carregam grandes quantidades. Os produtos que nelas transitam têm baixo valor agregado e as perdas no carregamento e estocagem não são representativas.”

Como funciona a Secretaria de Estado dos Transportes

A Secretaria de Estado dos Transportes foi criada em 1963, época em que cresciam as exigências por novas rodovias em São Paulo. Sua função principal é coordenar os meios de transportes sob a responsabilidade do Estado.

Promove também operações e o reaparelhamento de órgãos ou sistemas de transportes estatais; analisa, propõe e fiscaliza as alterações tarifárias dos vários meios de transportes; aprova, controla e executa planos técnico-econômicos, financeiros e administrativos correspondentes aos diversos sistemas de transportes.

Estão vinculados à Secretaria de Estado dos Transportes os seguintes órgãos:

– Departamento de Estradas de Rodagem (DER)
– Departamento Aeroviário do Estado (Daesp)
– Departamento Hidroviário (DH)
– Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa)
– Agência Reguladora de Transporte no Estado de São Paulo (Artesp)

Serviço
Secretaria de Estado dos Transportes
Correio eletrônico – transportes@ouvidoria.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/05/2003. (PDF)