Última chance – Hoje é o último dia para visitar a Feteps

Com entrada franca, feira na capital apresenta 288 projetos científicos e de inovação tecnológica de destaque produzidos nas Etecs e Fatecs

Ainda dá tempo de conhecer as novidades da 6ª Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps). Iniciado dia 23, o evento com entrada franca termina hoje, às 16 horas, na Expo Barra Funda, na Rua Tagipuru 1.001, próximo da Estação Barra Funda do Metrô, na capital. Em 2012, a Fetesp reúne 288 projetos científicos, culturais, de serviços e mais experiências realizadas pelos alunos das Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) mantidas pelo Centro Paula Souza.

A Feteps também funciona como ponto de integração das instituições de educação profissional pública entre diversos Estados do País e de parceiros na América Latina. Serve também como vitrine para o meio científico e tecnológico atrair novos talentos para o meio acadêmico, considerando que a maioria do público é formada por estudantes.

No total, o visitante conhece 196 criações de Etecs e 52 de Fatecs. E mais oito destaques nas áreas de indústria, serviços, saúde, agroindústria, ciências, meio ambiente, informática, iniciativas sociais e arte. Os projetos mais promissores serão premiados hoje com tablets, iPods e troféus, como resultado de concurso interno promovido pelo Centro Paula Souza.

Uma novidade desta edição é a presença, no mesmo espaço, de 44 trabalhos da Feira Ibero-Americano de Ciência, Tecnologia e Inovação (Empírika). Realizado pela primeira vez em 2010, na Espanha, o evento, bienal e itinerante, foi criado como parte das comemorações do 8º centenário da Universidade de Salamanca.

Mobilidade e inclusão social

O veículo elétrico dedicado à locomoção de pessoas especiais, da Fatec de Mogi Mirim, é um dos destaques da Feteps. Criado no primeiro semestre do ano, o protótipo envolveu o trabalho de 15 alunos do curso de Projetos Mecânicos e de dois docentes. Um deles, o professor Marcelo Caetano, ex-aluno da faculdade, orientou e acompanhou o uso de materiais nos laboratórios, em etapas como pintura e produção dos componentes da estrutura do carro.

Bancado com recursos próprios dos alunos, o veículo foi projetado para ser usado por paraplégicos, tetraplégicos e amputados dos membros inferiores. Funciona por comando de voz ou alavanca de comando (joystick) e foi programado para atingir velocidade máxima de 20 quilômetros por hora.

Ricardo Fujihira, um dos alunos no estande, observou que a proposta principal é favorecer o traslado do portador de deficiência. Segundo ele, se alguma empresa se interessar, a produção do veículo é viável, com ajustes de ergonomia e estrutura. “Os principais desafios foram superados – incluíram programar o software de comando e mais projetar, construir e fazer o veículo rodar com segurança”, observou.

Telhado verde

Guilherme Pinto é ex-aluno da Etec João Belarmino, de Amparo. Formado em julho de 2012, aplicou grande parte do que aprendeu no curso de Edificações em seu projeto pessoal: a construção de sua casa com telhado verde. Na 6ª Feteps, o público pode aprender com ele sobre sua experiência e também conferir um vídeo que mostra todas as etapas da construção da residência dele – desde a elaboração do projeto passando pela preparação da base de sustentação da estrutura.

Trocar a telha de barro por um gramado evita a emissão de gás carbônico para queimar o material e pode reduzir em até 40% o custo da cobertura da casa. Guilherme conta que o teto verde pode ser adotado em construção de todos os portes e se mostra bastante viável em moradia popular.

Além da economia de energia e do conforto térmico proporcionado, há ainda mais vantagens, como a resistência à umidade, à exposição solar e ao clima seco, além do baixo custo de manutenção, que deve ser semestral e feita pelo próprio morador.

Guilherme conta que o segredo do telhado verde é considerar todas as questões envolvidas ainda na fase do projeto. A ideia é contemplar aspectos como a escolha da melhor espécie de vegetal para ser usado no “jardim” do teto, passando por cuidados de impermeabilização da base e da construção do sistema de drenagem para evitar infiltrações e funcionamento correto das calhas. “Depois de pronto, o principal trabalho é arrancar as espécies invasoras do canteiro”, diz sorrindo para o público.

Ciência em notícia

Na Empírika 2012, evento paralelo à Feteps, um dos destaques brasileiros é o estande do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp. A dupla de pesquisadoras Ana Paula Morales e Germana Barata, responsáveis pelo espaço, explica que a proposta é apresentar para o público, de modo resumido, o trabalho do Labjor.

Assim, estimular o visitante a refletir sobre a divulgação da ciência e da tecnologia de maneira diferente e multidimensional, muito além do apresentado pela mídia. Quem quiser, pode aprender no estande a produzir notícia científica em uma oficina exclusiva. Nesse processo, a ideia é aprender a estruturar uma notícia de modo que o debate de um tema contemple muitas das áreas do conhecimento envolvidas.


Mais energias, menos impurezas

Disposta a tornar mais econômico o processo industrial de usinas, a equipe de alunos comandada pelo professor Marcelo Armoa, do curso de Biocombustíveis da Fatec Jaboticabal, criou um filtro de material cerâmico para retirar impurezas do caldo de cana após a moagem. De baixo custo, o dispositivo aumenta o potencial energético do composto e dispensa o uso de produtos químicos para clareá-lo.

O protótipo do filtro foi desenvolvido para atuar na primeira etapa do processo industrial, mas também favorece as posteriores. O conceito de “qualificar” o caldo permite usar menos água na fase seguinte do processo. E ainda torna mais eficiente o trabalho da caldeira permitindo gerar excedentes maiores de energia elétrica no processo global da usina.

O professor Marcelo informa que recebeu contatos de empresas para usar o produto e que pretende patenteá-lo em breve. A novidade atraiu a atenção da estudante Carolina Fátima, da Etec Santos Dumont, do Guarujá. Cursando o 3º ano do ensino médio, conta ter apresentado trabalho na área de biocombustíveis na Feteps 2011. E informa que pretende trabalhar na área petroquímica depois de formada. “A meta é aproveitar uma das muitas oportunidades de emprego que surgirão a partir da exploração das jazidas de petróleo e pré-sal na Baixada Santista”, revelou.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/10/2012. (PDF)

São Paulo dobra oferta de vagas no ensino médio e técnico desde 2006

Oferta paulista de vagas supera a de todos outros Estados brasileiros; orçamento do setor ultrapassou R$ 1 bilhão em 2009

Nos últimos três anos cresceu em mais de 100% a oferta de vagas para o ensino médio e técnico profissionalizante oferecida em todo o Estado pelo Centro Paula Souza, da Secretaria Estadual do Desenvolvimento. Desde 2007, o governo paulista triplicou os recursos investidos no setor – em 2009, o orçamento ultrapassou R$ 1 bilhão – e a quantidade de vagas saltou de 25,5 mil no segundo semestre de 2006 para 82,3 mil no mesmo período de 2010.

O número de matriculados nas Etecs (Escola Técnica Estadual) também cresceu. Saltou de 96,4 mil no segundo semestre de 2006 para 154,6 mil no segundo semestre de 2009. Hoje, as 179 unidades estão distribuídas em 132 dos 645 municípios paulistas e oferecem 86 opções de cursos em todas as áreas do conhecimento. A lista completa está disponível no site do Centro Paula Souza e a duração de cada curso varia entre um ano e meio e dois anos. Todas as disciplinas são semestrais.

As Etecs ministram ensino médio e técnico, que pode ser feito simultaneamente a partir do segundo ano do ensino médio ou após a conclusão deste ciclo. Para estudar em escola técnica, o interessado precisa ter ensino fundamental completo e passar no Vestibulinho – processo seletivo realizado todos os semestres. A maioria dos cursos é oferecida no período noturno, para permitir aos alunos trabalhar.

De olho no mercado

De acordo com o professor Almério Araújo, coordenador de ensino médio e técnico do Centro Paula Souza, a oferta paulista de cursos técnicos supera a de todos outros Estados brasileiros. A principal função deles é formar rápido profissionais para atender à economia do Estado, de perfil dinâmico e diversificado.

Muitos cursos são vinculados aos Arranjos Produtivos Locais (APLs), como por exemplo, em Franca, cidade ligada à produção de sapatos e seu curso correspondente para formar técnicos em calçados.

O professor Almério Araújo prevê que, num futuro próximo, São Paulo poderá universalizar o ensino técnico em todas as suas regiões. Para atingir esta meta, será preciso dobrar o atual volume de 300 mil matrículas e perfazer 30% do total de todas as vagas oferecidas para o ensino médio na rede pública e privada.

Mais emprego

Uma das estratégias adotadas pelo Centro Paula Souza é recapacitar professores, ao término de cada semestre, com diversas atividades. Outra é revisar constantemente os currículos dos cursos técnicos para sempre mantê-los próximos das necessidades do mercado de trabalho. De acordo com o Sistema de Avaliação Institucional (SAI) de 2008 e 2009, 77% dos ex-alunos conseguem inserção profissional um ano após tirar o diploma.

“Na prática, o diploma do curso técnico acaba sendo um antídoto contra o desemprego, em especial para a população na faixa etária de 16 a 25 anos, a mais exposta ao problema no Brasil e de quem é cobrada experiência profissional”, explica o professor Almério. “Outro fator a ser considerado é a maior demanda do mercado de trabalho por técnicos do que por profissionais de nível superior”, analisa.

Escola da vida

“Problemas de indisciplina são raros nas Etecs. A maioria dos alunos tem origem humilde, estudou em escola pública e vêm de família cuja renda não ultrapassa cinco salários mínimos. São, porém, jovens exigentes, necessitados de trabalhar desde a adolescência. E o curso técnico acaba por abrir portas na carreira profissional”, avalia o professor Almério.

Por preparar o estudante para trabalhar em qualquer atividade econômica, o curso de Administração é oferecido em todas as Etecs. De perfil generalista, o currículo inclui noções de Marketing, Direito, Gestão Empresarial, Economia, Inglês e Informática, e capacita o aluno a trabalhar em qualquer área, até mesmo em pequenos municípios com poucas opções de emprego.

A formação contempla ocupações tradicionais como comércio, hotelaria e bancos, e também empresas de pequeno, médio e grande portes, como usinas de cana e fabricantes de carros e aviões.


Antes cadeia, hoje Etec

A Escola Técnica (Etec) Parque da Juventude foi criada em março de 2007, após a implosão do presídio do Carandiru. Localizada na zona norte da capital, próxima à estação do Metrô e vizinha do Parque público de mesmo nome, a unidade oferece 1,5 mil vagas: 600 para o ensino médio e 900 distribuídas em cinco cursos técnicos e três de educação a distância (Telecurso TEC).

A professora Márcia Loduca é diretora da Etec Parque da Juventude desde a fundação. A escola dispõe de serviços especiais, como um posto do programa Acessa São Paulo, de internet gratuita para a população, instalado nas suas dependências. E ainda dois ambientes conhecidos como Estação do Conhecimento.

Tratam-se de laboratórios multimídia doados pela Fundação Volkswagen que servem como extensão da sala da aula e também ponto de encontro dos estudantes na hora do intervalo. O espaço possui área de estudos com mesas e cadeiras e acomodações de lazer – sofá, pufes e coleções de livros, DVDs, revistas e equipamentos para pesquisa.

A diretora Márcia não poupa elogios aos alunos e sublinha a dedicação de funcionários e corpo docente como diferencial das Etecs. Ela lembra que professores são contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas, além disso, para integrar o quadro da instituição, o candidato passa por concurso público com prova oral e escrita. E para ser efetivado, precisa também ser aprovado pelos futuros colegas.

“O ensino técnico teve início na década de 1930 e surgiu com a proposta inicial de atender aos filhos de trabalhadores. Era uma opção secundária de instrução, para quem não fosse proveniente da elite. Hoje, transformou-se em sinônimo de qualidade e dá chance para alunos e professores explorarem todas suas potencialidades”, afirma Márcia.

Dedicação integral

O aluno Janarelli Cunha, 17 anos, mora na Vila Madalena, zona oeste da capital, e há três anos passa a maior parte de seu tempo na Etec Parque da Juventude. De manhã, das 8 às 12h30, cursa o ensino médio, e à tarde, das 13 horas às 17h30, faz curso de Técnico em Administração. É aluno da primeira turma nos dois cursos em que está matriculado e no final do ano prestará vestibular para a faculdade de Administração.

Embora resida em local próximo de duas outras Etecs, Janarelli diz não trocar a Parque da Juventude por nenhuma instituição de ensino particular ou pública. Valoriza, segundo ele, a qualidade do ensino e a solidariedade existente entre professores e estudantes de diferentes séries. Lembra também que pratica esportes no Parque vizinho desde a sua criação e hoje tem a satisfação de estudar na escola com muitos ex-colegas de cursinho.

Sonho realizado

Sara de Oliveira, 32 anos, é caloura do curso de Enfermagem e mãe de dois filhos, de 12 e 13 anos. Quando engravidou do primeiro, só havia concluído o ensino fundamental e abandonou o estudo para trabalhar com produção de moda, na área de crochê. Ela nasceu e sempre morou no Laranjeiras, bairro da zona leste da capital.

Apoiada pelos filhos, há dois anos terminou o supletivo e estudou com afinco para o vestibulinho da Etec. O esforço compensou e ela conseguiu ser aprovada já na primeira tentativa. “Esta é minha primeira semana de aula e já consegui realizar parte do meu sonho de infância. O próximo passo agora é terminar o técnico e prestar novo concurso. Desejo trabalhar no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no resgate de vítimas”, diz orgulhosa.


Matrículas nas Etecs
2º Semestre de 2006 72.831
1º Semestre de 2007 77.360
2º Semestre de 2007 77.991
1º Semestre de 2008 87.918
2º Semestre de 2008 92.787
1º Semestre de 2009 103.212
2º Semestre de 2009 115.529

Fonte: Grupo de Comunicação do Centro Paula Souza


Evolução das unidades
Ano Etec
2006 126
2007 138
2008 151
2009 179
2010 (previsão) 203

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/03/2010. (PDF)

Centro Paula Souza e Funap oferecem cursos profissionalizantes para 2,6 mil presos

O Centro Paula Souza e a Fundação Estadual de Amparo ao Preso (Funap) estão ministrando cursos profissionalizantes para 2,6 mil presos de 32 penitenciárias estaduais. As atividades, realizadas em 23 cidades paulistas, abrangem as áreas de construção civil, imagem pessoal, informática, saúde, gestão e desenvolvimento de habilidades básicas.

Os cursos começaram no início deste mês e se encerram no dia 17 de dezembro. “A ideia é garantir emprego e renda para egressos do sistema prisional. O curso forma assentador de tijolos, azulejista, pedreiro, barbeiro e outras profissões. Além disso, evita a reincidência, problema que atinge 70% dos ex-prisioneiros”, explica Adílson Fernandes e Souza, diretor-adjunto de atendimento e promoção humana da Funap e um dos responsáveis pelo programa.

Na seleção dos detentos para participar das atividades, foram privilegiados os que estão cumprindo pena em regime semi-aberto (12 horas de liberdade e 12 horas de encarceramento diárias). Além disso, foi também favorecido o preso que está próximo de finalizar o cumprimento de sua punição (no máximo com 18 meses ainda a cumprir).

Parceria

A parceria entre o Centro Paula Souza e a Funap foi firmada em dezembro de 2003, quando começaram estudos para a criação do programa de qualificação profissional de presidiários.

Segundo Antônio Augusto Covello, do setor de convênios do Centro Paula Souza, foram realizados diversos contatos e consultas com as Escolas Técnicas Estaduais (ETEs) para definir as datas, locais e equipamentos necessários para a instalação dos cursos. A organização curricular e a elaboração do material didático ficaram a cargo da Coordenadoria de Ensino Profissional Básico do Centro Paula Souza.

“Escolhemos o Centro Paula Souza para esta parceria por dois motivos básicos: o renome da instituição e a presença das escolas técnicas em todas as regiões do Estado”, diz Souza.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/11/2004. (PDF)