Estudantes da rede pública de ensino destacam-se na Febrace

A 15ª edição da maior feira científica do País será realizada de 21 a 23 de março na Cidade Universitária, capital; dos 300 projetos finalistas, 11 são de escolas estaduais

Neste ano, 21 estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública estadual conseguiram classificar 11 projetos entre os 300 finalistas da 15ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace).

Os alunos irão expor seus trabalhos (ver quadro) à visitação pública entre os dias 21 e 23 de março, das 14 às 19 horas, em tenda a ser montada no estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) – Avenida Professor Luciano Gualberto, Travessa 3, Cidade Universitária, capital. A relação completa dos finalistas está disponível para consulta no site da Febrace (ver serviço).

Um dos trabalhos a ser apresentado é o medidor cardíaco desenvolvido por Nathália de Oliveira, de 17 anos, da EE Alexandre Von Humboldt, zona oeste da capital. Projetado para prevenir acidentes com síndrome de sonambulismo, o equipamento contém um módulo controlador e um sensor ‘vestível’ instalado no dedo do paciente, para acompanhar a frequência dos batimentos do coração e identificar eventuais situações de risco, como, por exemplo, quando ele não está acordado e pode se ferir.

Possibilidades

Até março, na mostra científica, Nathália pretende finalizar o desenvolvimento de um aplicativo de celular para receber os alertas emitidos pelo equipamento, hoje disponíveis para visualização apenas no computador.

“Quando a frequência cardíaca do paciente sair dos padrões, o sistema irá disparar alertas simultâneos. A lista inclui um leve choque elétrico no dedo do paciente e mais notificações na tela do smartphone, vibrações e sons – todas solicitando ao sonâmbulo para confirmar se está tudo bem”, explica.

Indecisa sobre prestar vestibular para medicina ou computação no final do ano, a estudante pretende patentear sua invenção. Antes disso, porém, irá acrescentar mais funcionalidades no equipamento, ainda sem nome definido.

“O mais difícil era programar o sistema, mas a base dele está estruturada. Agora, a ideia é aproveitá-lo para outros usos, como lembrar o paciente de horários de atividades, tomar medicações, diminuir o ritmo de atividades físicas, dentre outras muitas possibilidades”, revela.

Tecnologia

O tratamento do lixo produzido nas casas e condomínios é um dos maiores desafios ambientais da atualidade. Hoje, cerca de 170 milhões de brasileiros ainda não dispõem de coleta seletiva residencial. De olho nesse problema, os estudantes Wesley Santos e Bruno Gaspar, da EE Professora Adelaide Maria de Barros, de Mogi das Cruzes, criaram um aplicativo de celular para fazer o gerenciamento dos resíduos domésticos.

A proposta do app é indicar onde e como descartar materiais (óleo de cozinha, itens recicláveis e restos orgânicos), além de possibilitar às empresas coletar esses compostos. O trabalho tem orientação do professor Marcos Silva e co-orientação da professora Cleonice de Siqueira.

Um colete detector de objetos será outra novidade da Febrace. Criação das alunas Gabriela Garrido, Julia Rocha e Ludimila Moraes, da EE Professor José Claret Dionísio, de Hortolândia, o dispositivo de segurança ‘vestível’ foi projetado para a pessoa com deficiência visual não se chocar com obstáculos acima da altura dos ombros.

O sistema funciona com a emissão de ondas, capazes de identificar anteparos. A energia do equipamento vem de um painel fotovoltaico, acoplado nas costas do usuário, responsável por transformar a luz solar em eletricidade e carregar as baterias. Esse projeto tem orientação da professora Fabiani de Azevedo e co-orientação do professor Aparecido de Moraes.

Talentos

Promovida desde 2003 pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli-USP, a Febrace é o maior evento científico pré-universitário do País, com etapas classificatórias regionais realizadas em escolas públicas e privadas em todo o território nacional.

Seu cronograma de atividades ocorre ao longo do ano, com a mostra dos finalistas sendo realizada no mês de março. A disputa distribui medalhas e troféus para os projetos, divididos em sete categorias.

Segundo a professora Roseli de Deus Lopes, coordenadora da Febrace, a feira abre espaço para o surgimento de talentos para a ciência nacional; no ano passado, participaram 65 mil estudantes de 26 Estados.

Esses alunos campeões nacionais são, então, credenciados para disputar competições científicas internacionais, como a Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel Isef), realizada anualmente nos Estados Unidos com delegações de mais de 50 países.


Demais finalistas da rede estadual

  • Colocando à prova o briquete (carvão ecológico)
    EE Culto à Ciência (Campinas)
    Alunos: Adilson Soares, Guilherme Somazz e Rodrigo Myiao
    Orientadora: Claudia Caniati
    Co-orientadora: Aloísia Moretto
  • Introdução ao triturado de pet na produção de massa de construção
    EE Afonso Cafaro (Fernandópolis)
    Aluno: Guilherme Marcondes
    Orientador: Marcio Hernandes
  • O jovem infrator: Impacto do toque de acolher
    EE Afonso Cafaro (Fernandópolis)
    Alunas: Rebeca Carvalho e Mariana da Silva
    Orientador: Juliano Teodoro
    Co-orientadora: Fernanda Miranda
  • A banalização do vício em drogas: Um olhar preocupante
    EE Joaquim Vilela de Oliveira Marcondes (Guaratinguetá)
    Alunos: Vitória Miranda e Pedro Silva
    Orientador: Renan Marucci
    Co-orientadora: Thábata Franco
  • Detector de som através de vibrações para deficientes auditivos
    EE Prof. José Claret Dionísio (Hortolândia)
    Alunos: Luiz Rafael Cortez, Carlos Brito e João Barreto
    Orientadora: Fabiani de Azevedo
    Co-orientador: Aparecido de Moraes
  • Projeto mecânico e instalação de um sistema autossustentável de resfriamento de ambientes com reaproveitamento de águas pluviais
    EE Longino Vastbinder (Mogi-Guaçu)
    Alunos: Guilherme de Oliveira e Taynara Ribeiro
    Orientador: Daniel Sterzo
    Co-orientador: Eliandro da Silva
  • Fotossensibilizador natural para larvas do Aedes aegypti
    EE Lesbino de Souza Alkimin (Populina)
    Aluna: Raquel Mesquita Netto
    Orientador: Leandro Oliveira
  • Uso de sistema de informação geográfica (SIG) no estudo de escolas seguras na prevenção de perigo de inundação, no município de Ubatuba
    EE Professora Florentina Martins Sanchez (Ubatuba)
    Aluno: Maurício de Jesus
    Orientador: Cláudio Ferreira
    Co-orientador: Pedro Leal
    Vídeo do projeto no YouTube

Serviço

15ª Febrace (projetos, datas, informações)
Trabalhos finalistas da Região Sudeste

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/02/2017. (PDF)