Salgadinho de pulmões bovinos criado na USP é saudável, gostoso e nutritivo

Com fonte de ferro e vitaminas, snack conseguiu reduzir de 60% para 11% a anemia de crianças subalimentadas

A equipe de pesquisadores da USP coordenada pelo farmacêutico e bioquímico José Alfredo Gomes Arêas desenvolveu e patenteou nova variedade de alimento, rica em ferro, vitaminas A e B12. O composto foi desenvolvido na Faculdade de Saúde Pública e apresentado sob a forma de salgadinho (snack) com aroma, cor, sabor e textura agradáveis. A sua formulação traz grão-de-bico e pulmões bovinos, produto pouco utilizado pelo consumidor.

A pesquisa com o alimento foi iniciada em 1995 e na época a proposta era combater o desperdício, utilizar o insumo na indústria alimentícia e propor soluções para combater a fome e a carência de ferro na população. Entre as vísceras bovinas descartadas, os pulmões têm vantagem sobre o fígado, por conterem mais nutrientes e baixo custo (em média, R$ 0,25 o quilo para o atacadista).

Durante a pesquisa, um dos desafios foi preservar as propriedades e nutrientes dos pulmões, sem alterar o gosto do alimento, e adaptá-lo à produção em escala industrial, assim como os fabricantes de alimentos fazem com a soja, que integra chocolates, bolos, sucos, sorvetes e produtos embutidos de carne, como salsicha e mortadela.

Outro obstáculo seria vencer a resistência humana em consumir o produto e assegurar que o tratamento sanitário adequado seja idêntico aos dos cortes nobres bovinos, já que os pulmões usualmente são misturados com descartes e têm outros usos não-alimentares.

Para dar mais sabor ao alimento e fixar o aroma, o estudo utilizou inicialmente a gordura saturada. O inconveniente é que essa adição aumenta o potencial calórico do snack. A gordura foi, então, substituída por óleo, porém, o salgadinho passava a ter vida útil menor. Assim, depois de sucessivos testes, a equipe do professor Arêas chegou à fórmula ideal, ao trocar o óleo por uma emulsão à base de água, segredo industrial que se transformou na patente da mistura e de seu processo de fabricação.

O projeto custou cerca de R$ 2 milhões de reais nos últimos 20 anos e recebeu investimentos por meio de bolsas e pesquisas patrocinadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Composição equilibrada

O salgadinho tem na sua fórmula componentes vegetais e foram estudadas opções como o milho, a soja e o amaranto (semente de origem andina com propriedades de redução de colesterol) e o escolhido foi o grão-de-bico. Embora seja importado e mais caro que os outros cereais, tem valor nutricional superior ao do milho, principal ingrediente dos salgadinhos convencionais.

O grão-de-bico tem apenas 2% de gordura e 20% de proteína. E depois da mistura dos componentes e extrusão (produção dos grãos), o snack apresenta composição equilibrada de proteínas (20%), lipídios (15%) e de carboidratos (60%). Os salgadinhos convencionais têm de 20% a 25% de gordura saturada e apenas 4% de proteína, de má qualidade biológica.

Redução da anemia

A carência de ferro no sangue (anemia) aflige em média 40% das crianças brasileiras. Prejudica o crescimento físico e intelectual, provoca baixo rendimento escolar e reduz a resistência imunológica. Assim, a primeira avaliação nutricional com o snack foi realizada em 2004, com duas creches municipais de Teresina (PI), cada uma com 130 crianças na faixa etária de 2 a 6 anos, com alta prevalência da doença.

O teste durou dois meses e em uma das instituições, o salgadinho substituiu a bolacha no cardápio da merenda escolar, produto calórico e de baixo valor nutritivo. O produto foi oferecido na dieta três vezes por semana, em porções de 30 gramas diárias. A ingestão do snack assegurou entre 30% e 40% das necessidades de ferro entre as crianças e, no final do teste, a anemia caiu de 60% para 11%. Na creche que não recebeu o salgadinho a incidência de anemia permaneceu inalterada entre as crianças.

Uso industrial

O snack da USP já foi apresentado para dez empresas do setor alimentício e atualmente os pesquisadores estudam soluções para iniciar sua produção em escala industrial. A base do alimento poderá ser utilizada na panificação, em bolos, biscoitos e salgadinhos, acrescentando novas propriedades, como o fato de ser livre de gorduras saturadas, reduzir o colesterol e prevenir o câncer de mama.

A aluna de mestrado Thais Cardenas está atualmente fazendo testes com uma nova variedade do produto, que contém 10% de pulmão, é enriquecido de proteínas e usa o milho, em vez do grão-de-bico como base do produto. O objetivo é baixar custos e apresentar à indústria um produto mais rentável comercialmente.

“O desejo da minha equipe é que o maior número possível de empreendedores substitua o salgadinho convencional pelo enriquecido e repasse à população os benefícios contidos no alimento. Embora comer snacks não seja um hábito alimentar saudável, se for distribuído na merenda escolar, poderá minimizar os problemas relacionados à ingestão de gorduras saturadas, como a obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares”, explicou o pesquisador.


Procuram-se voluntárias

O salgadinho é somente uma das novidades pesquisadas na USP. A aluna de doutorado Renée Simbalista desenvolveu, em conjunto com o sindicato da panificação do Estado, uma variedade especial de pão. Ela é produzida com farinha a partir de sementes de linhaça e tem a propriedade de atenuar nas mulheres as ondas de calor causadas pela baixa produção de estrogênio na menopausa.

Para obter resultados mais precisos sobre o novo pão, Renée procura 60 voluntárias em boas condições de saúde, que não estejam fazendo reposição hormonal e estejam dispostas a colaborar. As interessadas em participar devem ligar para o telefone (11) 3066-7765, no horário comercial, até o final do ano. O estudo terá duração de três meses e, durante esse período, cada voluntária vai comer duas fatias de 80g de pão e receberá acompanhamento médico com direito a todos os exames de saúde.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/09/2005. (PDF)

Instituto de Economia da Unicamp mapeará arranjos produtivos locais

No final do estudo, uma base de dados fornecerá aos gestores públicos uma radiografia dos sistemas, e possibilitará a adoção de ações coordenadas para o setor

A equipe de pesquisadores do Instituto de Economia da Unicamp, coordenada pelo professor Wilson Suzigan, está desenvolvendo metodologia capaz de mapear de modo estatístico e estrutural os chamados Arranjos Produtivos Locais (APLs). São modelos de organização territorial que concentram empresas ligadas à atividade produtiva numa cidade ou região, como o pólo calçadista de Franca, por exemplo. O trabalho tem caráter acadêmico e pretende auxiliar na orientação de políticas públicas direcionadas ao setor. Visa torná-las mais sólidas e evitar iniciativas dispersas, prevenindo desperdícios de tempo e dinheiro.

Em fase de desenvolvimento, a técnica consiste em elaborar indicadores de concentração geográfica, segundo a atividade econômica e de especialização local por microrregiões. Para isso, utiliza trabalho de campo, com visitas às empresas e instituições que integram os APLs, e também cálculos matemáticos e de dados extraídos da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), preparada pelo Ministério do Trabalho.

No final do estudo, surgirão informações aos aos gestores públicos, como uma espécie de radiografia dos sistemas e arranjos locais no País, possibilitando ações coordenadas para o setor.

Suzigan lembra que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior lançará, em breve, programa de incentivo aos APLs, medida prevista pela política industrial formulada pelo governo. Mais de 20 instituições e órgãos serão abrangidos nesse esforço. “Caso os gestores públicos não disponham de instrumento para a coordenação de ações simultâneas, há o risco de desarticulação”, adverte o pesquisador, que recebe apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Emprego e renda

Segundo o professor, sua equipe visitou cerca de 20 APLs em oito Estados brasileiros de diversos setores. Destaca que esse tipo de modelo de organização da produção tem alcançado sucesso, salvo algumas exceções. Ao se reunirem em determinado espaço geográfico, empresas da mesma atividade conseguem condições favoráveis de operação. A proximidade física dos parceiros e fornecedores facilita, por exemplo, o fluxo dos insumos e a disseminação de novos conhecimentos.

Suzigan relata que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) demonstraram interesse em conhecer e, possivelmente, aplicar a metodologia. “É muito comum empresas se unirem em consórcios para comprar matérias-primas e conseguir descontos significativos”, explica. A interação permite a promoção de cursos de capacitação técnica para funcionários, criação de consórcio de exportação e construção de centros tecnológicos.

Exemplo desta última ação vem de Votuporanga, município que congrega grande número de fábricas de móveis. Entre 1999 e 2001, empresas do setor se uniram e pleitearam do governo recursos para a construção de um centro tecnológico. A unidade custou R$ 3 milhões e hoje oferece cursos de formação profissional para mais de 400 jovens. Graças à iniciativa, as fábricas locais de móveis são as que mais detêm, no Brasil, certificados de qualidade.

“APLs beneficiam os atores ligados à produção e colaboram na elevação de indicadores econômicos e sociais. Reúnem toda uma cadeia produtiva – fabricantes, fornecedores de insumos e prestadores de serviços – e esses sistemas geram emprego, renda e atraem instituições voltadas ao ensino profissionalizante”, comenta.

Ganho social

Nos APLs é comum existirem associativismo e atuação conjunta por meio de empresas e sindicatos. Suzigan cita, como exemplo de ganho social recente estudo informando que das quatro cidades menos violentas do Estado, três abrigam sistemas ou arranjos produtivos locais.

A desvantagem das APLs, segundo ele, é que esses arranjos ficam sujeitos a riscos em cadeia, sobretudo quando uma crise atinge o setor de maneira pontual. Foi o que ocorreu, recentemente, com as indústrias têxteis de Americana, ante à concorrência dos produtos asiáticos. Fábricas faliram e outras foram incorporadas por grupos maiores. Só sobreviveram as que tiveram capacidade de se modernizar e estabelecer padrões eficientes de competitividade.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 28/08/2004. (PDF)

ParqTec comemora 20 anos com 70 empresas instaladas em São Carlos

Primeira e maior incubadora de empresas tecnológicas da América Latina fixa pesquisadores no Estado e gera emprego e renda

No 20º aniversário da Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos (ParqTec), a entidade comemora o sucesso de 70 empresas que passaram pela incubadora e hoje geram emprego e renda na região central do Estado. Fabricam produtos inovadores e prestam serviços diferenciados, todos desenvolvidos com novidades tecnológicas.

A ParqTec é a maior incubadora de empresas de base tecnológica da América Latina. Pioneira no País, é uma entidade de direito privado, não visa ao lucro e foi criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Recebe apoio da prefeitura local, governo federal e Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo.

Sylvio Rosa, professor da USP São Carlos e presidente da fundação, conta que a entidade tem diretoria executiva e conselhos consultivo e deliberativo. Seus representantes são professores de centros de pesquisa locais, como a USP e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e instituições como a Unesp, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), prefeitura e empresários do Centro das Indústrias do Estado (Ciesp).

O modelo de serviço prestado pelo ParqTec estimulou a criação de incubadoras em mais de 50 cidades paulistas, entre elas Marília, Presidente Prudente e Bebedouro. Também iniciou e orientou o empreendimento em cada uma dos municípios. “A ideia é aproveitar a vocação de cada local e prepará-lo para receber investimentos na área de tecnologia”, explica Sylvio.

Infraestrutura

A ParqTec oferece a infraestrutura necessária para o empreendedor começar e tocar seu negócio enquanto está incubado. Tem salas mobiliadas, de reunião, biblioteca, laboratórios de desenvolvimento de produtos, oficina mecânica, rede local de computadores, internet, telefone, serviço de limpeza, água e luz.

Sylvio conta que a incubadora não estipula período mínimo nem máximo de permanência, porém o valor mensal cobrado é reajustado progressivamente. A meta é que o empresário não fique mais do que três ou quatro anos incubado. A cobrança estimula-o a crescer, ceder o espaço e fixar-se em São Carlos.

O engenheiro Luis Antonio Pereira, gerente da ParqTec, conta que atualmente 14 empresas estão abrigadas no complexo, limite máximo. O centro está atualmente dividindo salas para abrir mais vagas e instalar outros negócios. “É grande a procura para se estabelecer no aqui, e, quando consegue, o empreendedor recebe acompanhamento em tempo integral de seu negócio”, explica.

A ParqTec aproveita a vasta produção acadêmica local, em especial de ciências exatas – engenharias (elétrica, mecânica, materiais e produção), física e ciência da computação. “O convívio diário entre empreendedores e gestores da incubadora é enriquecedor. E a maioria das histórias tem tido final feliz, com a consolidação de empresas sólidas e inovadoras, que geram emprego e renda na região”, relata Pereira.

A incubadora oferece também capacitação técnica e empresarial para interessados em abrir e gerir um negócio. A ParqTec ensina a criar plano completo de negócio, com análise de concorrência, definição do mercado a ser enfrentado, planejamento da produção, investimento em maquinário, treinamento de pessoal e fluxo de caixa. E tem biblioteca especializada em administração e marketing.

Science Park

O Science Park é o projeto mais ambicioso da ParqTec. É um distrito industrial que está sendo construído em terreno cedido pela prefeitura, ao lado da fábrica de motores da Volkswagen em São Carlos. Terá capacidade para 56 firmas e funcionará também como incubadora para formar e receber empresas. A obra está prevista para ser concluída em dezembro de 2005 e tem investimento de R$ 1,5 milhão.

Os atrativos são a logística favorável do complexo, próximo da Rodovia Washington Luiz, redes de informática capazes de receber tráfego de dados em alta quantidade e velocidade, automação, linhas de ônibus, redes de água, eletricidade e uma conexão com o Gasoduto Brasil-Bolívia, que passa pelo local.

“O objetivo é integrar toda a cadeia produtiva, como fazem as montadoras de veículos, que agrupam fornecedores em torno de sua linha de montagem. E também como fizeram os norte-americanos no Vale do Silício, base da indústria de informática local”, comenta Sylvio.

Projetos especiais

O ParqTec mantém sete atividades básicas em funcionamento: incubadora de empresas, escola de administração, núcleo de pesquisa, assessoria e consultoria, programas institucionais, eventos e promoções, São Carlos Science Park e centro de modernização empresarial.

Mantém ainda o núcleo de prototipagem rápida, capaz de projetar, modelar e construir peças e componentes com durabilidade e resistência. Sylvio conta o exemplo de um fabricante local de bebedouros que encomendou uma tampa especial higiênica para seu equipamento, produzido a base de um plástico. “Hoje o consumidor encontra nas lojas o bebedouro, que é de qualidade comprovada”, comenta.

O ParqTec tem também laboratórios que simulam a produção de um forno industrial – aquece, queima e esfria amostras. Faz todos os testes físicos de um produto cerâmico antes de ser fabricado. O forno de rolo determina qual é o melhor processo de queima e o forno a gradiente queima simultaneamente diversas amostras de argila em temperaturas e quantidades diferentes. O objetivo é oferecer parâmetros para produção em escala industrial. E a sequência de testes continua com uma panela de pressão especial, que testa amostras na água e revela como ocorre o processo de absorção de líquido na cerâmica.

Núcleo de design

Marcos Brefe é o chefe do grupo de pesquisa e desenvolvimento em design do ParqTec. O núcleo oferece soluções e projetos sob medida, é composto por oito designers e dois engenheiros de materiais. Atende há dez anos o polo cerâmico de Santa Gertrudes, maior produtor paulista e nacional de cerâmica, com 200 linhas fabris e catálogo de 800 tipos de produto.

O designer relata que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerâmica e exporta por US$ 2,50, o metro quadrado. A Itália, líder mundial do segmento, vende por US$ 10 e a Espanha, a segunda colocada por US$ 8. “O produto nacional já é, do ponto de vista técnico, comparável ao europeu, porém lhe falta marketing e funcionalidades. Este é o desafio para conseguir um maior preço de exportação”, conta.

Os profissionais do núcleo de design escrevem artigos técnico-científicos, participam de palestras e congressos estrangeiros como visitantes e mantêm intercâmbio com os EUA e Europa para se adaptar às novas tendências. “O Brasil tem excelente designers, arrematou 18 prêmios internacionais em 2004, porém lhe falta políticas de valorização e incentivo governamental ao design. O núcleo da ParqTec valoriza a cultura nacional e temos como inspiração uma biblioteca composta por livros de arquitetura, paisagens, cidades, pedras, madeiras, flora e fauna brasileiras”, conta.

Logística sob controle

O paulistano Fabrizio Passari, 28 anos, deixou a capital para estudar na USP em São Carlos e hoje, engenheiro mecatrônico formado com especialização na Alemanha, é sócio fundador da BR Express. Sua empresa é especializada em programas para áreas de logística e transporte de cargas.

Fabrizio tem o típico perfil do empreendedor incubado no ParqTec: jovem, na faixa etária de 30 anos. Seus sócios são um professor que o orientou nos anos de graduação e mais dois empresários locais. Sua empresa está incubada na ParqTec há três anos.

Um dos produtos que a BR Express vende é um sistema de roteirização de entregas para transportadoras. Flexível, se adapta às necessidades de cada cliente e traz mapas detalhados que indicam quarteirões, ruas com sentido obrigatório, contramão e locais para conversão à esquerda e à direita. “A vantagem é poder planejar e distribuir entregas com o máximo de eficiência para 300 caminhões e traçar a rota com o menor custo e tempo possíveis”, explica Fabrizio.

Hoje a BR Express tem 12 empregados e recebe financiamento da Fapesp. “A empresa desenvolve agora outro software, que permite acompanhar em tempo real pedidos on-line. É útil para quem tem loja virtual e para o comprador, pois oferece informação instantânea sobre o andamento da encomenda”, finaliza.

Sebrae, parceiro constante

O Sebrae é parceiro natural do ParqTec. Apoia e prepara microempreendedores interessados em abrir um negócio. Paola Goulart Rosa, 33 anos, gerente, relata que a entidade ministra com exclusividade no País o Empretec, capacitação desenvolvida pela ONU que não requer instrução mínima e reforça e faz aflorar características empreendedoras nos donos de negócios.

Paola explica que a ONU entrevistou empresários de diversas regiões do globo, na faixa etária de 50 anos. Todos tinham origem humilde, deixaram a pobreza para trás e progrediram. Em comum, tinham nove características bem definidas: persistência, capacidade de correr riscos calculados, exigência de qualidade e eficiência, comprometimento, busca de informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de contatos e independência e autoconfiança.

Os incubados da ParqTec são estimulados a cursar o Empretec, atividade de imersão. “No Brasil, um traço cultural predominante é o de só pedir auxílio quando o negócio está próximo de falir”, conta. O objetivo é aproveitar que na ParqTec o negócio ainda está no início e estimular os empresários a também participar dos cursos e consultoria nas áreas de marketing, financeira e jurídica. Os serviços prestados pelo Sebrae são todos gratuitos.

Robô educativo e de entretenimento

Antônio Valério Netto, especialista em computação é um dos 33 pesquisadores com título de doutor e mestre que estudaram em São Carlos e criaram a Cientistas Associados, cooperativa da área de tecnologia incubada na ParqTec. A empresa mantém projetos nas áreas de automação, robótica e produtos tecnológicos e desenvolve aplicações de realidade virtual. Entre seus projetos, o destaque é um robô para educação e entretenimento.

O autômato é movido a bateria e será controlado por joystick. Móvel, terá um sensor para identificar objetos e carregá-los por meio de uma garra mecânica. É programável e a ideia é utilizá-lo como recurso tecnológico capaz de motivar alunos do ensino médio. “É leve, evita quedas, colisões e tem visor para passar instruções”, conta Antônio, entusiasmado.

Informações

ParqTec
Rua Alfredo Lopes, 743-841 – Jardim Macarengo (ver no Google Maps)
CEP 13560-460 – São Carlos (SP)
Tel. (16) 3362-6262

Rogério Mascia Silveira (texto e fotos)
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/08/2004. (PDF)