Secretaria da Agricultura busca novas parcerias com empresas

Em encontro realizado pela Apta no Instituto Agronômico de Campinas foram divulgadas pesquisas inovadoras produzidas nas instituições ligadas ao Estado e apresentados novos modelos de transferência de tecnologia

Com a proposta de estabelecer novas parcerias com a iniciativa privada e ampliar a segurança jurídica na relação entre institutos de pesquisa agropecuária vinculados ao Governo paulista e empresas, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) promoveu, na manhã de terça-feira, 28, no auditório do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o workshop Oportunidades de Novos Negócios para as Cadeias Agrícolas no Estado de São Paulo.

O evento abriu espaço para as instituições vinculadas à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SAA) divulgarem pesquisas inovadoras para alguns dos parceiros presentes, como, por exemplo, a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

O encontro teve o apoio da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola (Fundag), além da presença de equipes dos polos regionais da Apta e dos institutos Agronômico de Campinas (IAC), Biológico (IB), de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Economia Agrícola (IEA), de Pesca (IP) e de Zootecnia (IZ).

“O intuito é aproveitar diversas leis recentes direcionadas à transferência de tecnologia, parcerias público-privadas e obtenção de patentes”, explica o coordenador da Apta, Orlando Melo de Castro. Do conjunto de novas regras, ele destaca o Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei federal nº 13.243/2016), a Lei estadual de Inovação (nº 1.049/2008), a Resolução nº 12/2016, da SAA, e o estabelecimento, em setembro do ano passado, dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) nos institutos ligados à secretaria (ver serviço).

Exclusividade

Para Melo de Castro, o momento atual é de nova fase na relação entre as empresas e os institutos paulistas de pesquisa, uma época de apresentar os frutos dos cerca de R$ 100 milhões federais e estaduais investidos neles desde 2008 em infraestrutura e equipamentos. Ele ressalta a importância da inovação criada nos laboratórios vinculados à pasta da Agricultura nos últimos cem anos para aumentar a produção de alimentos, promover a sanidade animal e vegetal e aprimorar processos.

“As instituições, as empresas e a sociedade têm vantagens nesse processo”, explica. “Com as novas regras, o empreendedor aporta recursos e terá disponível todo o aparato oferecido pelo Estado, incluindo a mão de obra qualificada dos pesquisadores e servidores, além dos equipamentos, laboratórios e fazendas experimentais”, informa.

Além disso, observa o coordenador, ele passa a ter direito à propriedade intelectual e à exclusividade no uso da tecnologia desenvolvida durante o período de validade do contrato, assim como divide os lucros obtidos pelo trabalho conjunto com os institutos e pesquisadores participantes em cada um dos projetos.

Pioneirismo

Vem do IZ, em Nova Odessa, um dos primeiros exemplos de parceria propostos no workshop. Em outubro do ano passado, a HYG Systems, empresa de Campo Limpo Paulista, assinou contrato com o Instituto de Zootecnia para o desenvolvimento conjunto de um carrapaticida natural formulado com óleos essenciais. A meta é oferecer, no futuro, fórmula inédita e sustentável de combate às pragas somente com o uso de extratos de plantas.

“A ideia é combinar compostos aromáticos para prevenir carrapatos e mosca-dos-chifres, mosca-varejeira (a causadora do berne) e a mosca-dos-estábulos. Outra vantagem do repelente é não deixar resíduos no meio ambiente”, explica Luciana Katiki, veterinária do IZ. Ela divide a autoria da pesquisa, iniciada em 2006, com os cientistas Cecília Veríssimo e Leandro Rodrigues.

“Sabíamos, há dez anos, ter encontrado princípios ativos importantes, mas faltava um parceiro interessado em transformá-los em um produto”, revela. Segundo ela, o projeto recebeu aporte de R$ 200 mil da HYG Systems e atualmente o produto está em fase de adequação e de validação. A meta atual é concluir os testes com o repelente até o final desse semestre.

Mais negócios

Outro exemplo de parceria possível vem do próprio IAC. Desde 2005, o agrônomo Alisson Chiorato trabalha com o melhoramento genético de variedades (cultivares) de feijão para o mercado interno e de exportação. Segundo ele, as sementes produzidas em Campinas atendem agricultores e empacotadores do principal alimento dos brasileiros e os cultivares estão presentes atualmente em cerca de 20% de todos os feijoeiros nacionais.

Para quem planta, explica Chiorato, a meta é ter vegetais robustos, produtivos, tolerantes à colheita mecanizada e resistentes às pragas existentes no País inteiro causadas por fungos, como a antracnose e a murcha-de-fusarium. Para os empacotadores, os pontos mais valorizados nas sementes são características como tamanho, cor e tolerância ao escurecimento.

“Durante o ano, o IAC promove diversos dias de campo em todo o Brasil para apresentar os cultivares desenvolvidos. Nesses encontros, ouvimos as necessidades dos compradores e vendemos as sementes. Agora, com essas novas opções de transferência de tecnologia e de parceria com o setor produtivo, a meta é avançar ainda mais no melhoramento genético e no desenvolvimento da agricultura nacional”, comenta o agrônomo.

Serviço

Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação
Lei Paulista de Inovação
Resolução nº 12/2016

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/03/2017. (PDF)

Instituto de Zootecnia integra produção animal e florestamento

Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados (Propasi) apresenta ao produtor rural alternativa de renda sustentável, a partir da diversificação de atividades

Oferecer ao produtor rural alternativa de renda sustentável a partir da diversificação das atividades em sua propriedade. Essa é a proposta de pesquisa pioneira do Programa de Produção Animal em Sistemas Integrados (Propasi), do Instituto de Zootecnia (IZ), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA).

O trabalho consiste em avaliar arranjos de plantio de árvores de mogno africano em pastos de capim-marandu, de forma a identificar um modelo de manejo viável e lucrativo na produção animal e na atividade madeireira. Além disso, a pesquisa pretende contribuir com a longevidade desse sistema silvipastoril, nome que define a criação intencional e integrada de árvores, pastagem e gado na mesma área e ao mesmo tempo.

Coordenado pela zootecnista Alessandra Giacomini, o estudo prossegue no município de Nova Odessa, em área de 30 hectares, conhecida como “Maracanã”, da Estação Experimental Central do IZ. O projeto de alternativa ao monocultivo convencional foi iniciado em dezembro de 2015, com término previsto para dezembro do ano que vem. Recebeu financiamento de R$ 150 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com parceria com a empresa Mudas Nobres, que doou 7,5 mil mudas de mogno africano para o trabalho de campo.

Benefícios

“Independentemente do porte da propriedade, a proposta é oferecer alternativa de diversificação da renda para o pecuarista, de modo que a associação de pecuária e produção madeireira (silvicultura) fortaleça a produção agropecuária de forma sustentável”, explica Alessandra.

Segundo ela, quando completarem seu ciclo de desenvolvimento, as árvores fornecerão madeira de lei e também ajudarão a evitar a degradação das pastagens. “Além disso, sua presença no campo vai reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proporcionar conforto térmico aos animais, um fator de aumento de produtividade”, destaca.

Outros conceitos inclusos nesse sistema integrado são a prevenção do desmatamento e a abertura de novas fronteiras agrícolas no País, por permitirem ao pecuarista produzir mais e por mais tempo na mesma propriedade, sem precisar recorrer a áreas florestais e de preservação, problema existente na Região Norte e Região Centro-Oeste do País. “Na pesquisa, usamos gado leiteiro, porém, o projeto pode ser aplicado e obter os mesmos resultados na pecuária de corte e na ovinocultura”, ressalta a zootecnista.

Parcerias

O sistema silvipastoril em estudo em Nova Odessa tem a colaboração da agrônoma Luciana Gerdes, do zootecnista Enilson Ribeiro e de mais quatro pesquisadores do IZ. Além deles, também participam da pesquisa cientistas de outros centros vinculados à pasta estadual da Agricultura e Abastecimento: dois do Instituto Florestal (IF), um do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e dois do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

De acordo com Luciana, a escolha do mogno africano como espécie de florestamento foi pelo fato de ser exótica, isto é, não originária da flora nacional e ter baixo custo – cada muda custa, em média, R$ 5. Além disso, ela sublinha, essa variedade fornece madeira de alto valor agregado, cerca de R$ 2,5 mil o metro cúbico, valor dez vezes superior ao conseguido pelo eucalipto. “Em média, com 15 anos de vida, a árvore atinge tamanho comercial para ser cortada e fornecer a madeira”, informa.

Funcionamento

Na pesquisa, o gado permanece em piquetes de capim-marandu entre as linhas de árvores, plantadas a cada 15 metros, protegidas por cerca elétrica e com espaçamento de 5 metros entre as mudas. Durante dois anos, os animais não têm acesso às árvores, para evitar que comam ou danifiquem as plantas. Depois desse período, serão liberados para pastar no local e se beneficiar da sombra.

O produtor rural interessado em conhecer o projeto pode entrar em contato com o Instituto de Zootecnia ou, então, participar da próxima saída a campo, de demonstração, prevista para ocorrer em maio – data e horário serão divulgados no site do IZ (ver serviço).

De acordo com explicações dos pesquisadores, se as árvores forem cortadas após 15 anos de plantio e for considerado o valor atual do metro cúbico do mogno, a renda possível a ser obtida, plantando-se 240 mudas por hectare, será de aproximadamente R$ 420 mil por hectare em sistema silvipastoril.

Serviço

Instituto de Zootecnia (IZ)
E-mail giacomini@iz.sp.gov.br
Telefone (19) 3466-9410

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/01/2017. (PDF)

Produtor rural de pequeno porte tem assistência permanente do Estado

Retrospectiva 2016: texto publicado em 06-10-2016, página I, adaptado para esta edição.

Oferecer assistência técnica ao pequeno produtor rural ao longo de todo o processo produtivo. Essa é a proposta do Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), iniciativa da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) para melhorar a qualidade de vida dos agricultores e também dos alimentos produzidos no Estado. Desde sua criação, em 2009, o programa promoveu 63 capacitações em 32 municípios paulistas.

Executado por técnicos, agrônomos, veterinários e profissionais de diversas formações, o Prosaf transferiu conhecimento a mais de 3 mil produtores. Gratuito, o serviço do Instituto Biológico (IB) atende o produtor nas áreas de sanidade animal, vegetal e ambiental em um trabalho realizado em parceria com outros órgãos da SAA, como Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado (CDA) e Fundação Instituto de Terras do Estado (Itesp), entre outros.

Ilimitado

Responsável pela ação, a agrônoma Harumi Hojo, do IB, destaca a multiplicidade de temas abordados. Inclui controle biológico de pragas em hortifrútis (maracujá, lichia, tomate) e plantas ornamentais (orquídea, gérbera, rosa), manejo de infestações de carrapatos (em bovinos) e de ácaros e estratégias para aprimorar a qualidade do leite.

“Nenhuma solicitação fica sem resposta, inclusive as mais específicas”, garante Harumi. Com Antonio Batista Filho, diretor-geral do IB, ela ressalta a importância de o Estado apoiar, com tecnologia e assistência técnica, o pequeno produtor, para fortalecer e garantir a sustentabilidade desse elo “fundamental e estratégico” da cadeia produtiva.

Segundo dados divulgados no ano passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), 70% dos alimentos consumidos no País têm origem na agricultura familiar, assentamentos e cooperativas.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 31/12/2016. (PDF)