Fatec São José dos Campos abriga 23ª Competição Baja SAE Brasil

Universidades paulistas lideram ranking de títulos da disputa nacional de engenharia de mobilidade; nas 22 edições do torneio, ficaram 16 vezes com o primeiro lugar do pódio

Entre os dias 9 e 12, dez equipes de estudantes de engenharia de universidades públicas estaduais disputaram a 23ª Competição Baja SAE Brasil. Dessas, três aparecem no ranking das 20 melhores do País. Considerada pelos organizadores como a maior e mais importante prova nacional do gênero de mobilidade, neste ano o torneio foi realizado nas imediações do câmpus da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Prof. Jessen Vidal, em São José dos Campos.

O torneio original surgiu nos Estados Unidos em 1973, realização da SAE International, a maior associação mundial de profissionais da indústria automotiva, com 138 mil associados. Na edição encerrada no domingo houve a participação de 88 equipes, o maior número já registrado no País desde a criação da etapa nacional, em 1995. Nesse período, dos 22 primeiros lugares na classificação geral, 16 foram conquistados por escolas paulistas de engenharia, sendo oito deles obtidos por instituições ligadas ao Estado de São Paulo.

Trabalho

A competição desafia times de até 20 universitários a pôr em prática conhecimentos adquiridos em sala de aula. Todo projeto exige orientação de um professor e propõe trabalho completo de construção de um baja, considerando todas as etapas, desde a concepção e os testes finais de campo com o veículo do tipo off road (fora de estrada).

Além da inovação, os juízes da SAE Brasil também avaliam questões técnicas, organizacionais, de segurança, trabalho em equipe e gestão econômica, entre outros aspectos. Todo projeto campeão regional disputa a etapa nacional; o vencedor da fase brasileira passa para a competição internacional, nos Estados Unidos. Neste ano, a competição será realizada em Pittsburgh (Kansas), de 25 a 28 de maio.

Patrocinada por empresas como Mercedes-Benz, NSK, Schaeffler, Bosch, Chevrolet, entre outras, a disputa entre as universidades de todas as regiões brasileiras “fortalece o preparo dos futuros engenheiros para o mercado de trabalho, por oferecer aos alunos um caso real de desenvolvimento de veículo, com todas as implicações e desafios”, explica o presidente da SAE Brasil, Mauro Correia.

Resultados

Na quinta-feira, 9, e na sexta-feira, 10, as equipes foram divididas em dois grupos para a primeira fase de apresentação de projetos com as provas de inspeção técnica, abastecimento, verificação de motor, conforto e freios. No sábado, 11, foram realizadas as avaliações dinâmicas, análise de capacidade de tração, aceleração e velocidade máxima, suspensão e tração e as repescagens de segurança, conforto, freios, apresentação final de projetos e briefing com pilotos. No domingo, o ápice do encontro, foi realizado o enduro de resistência, prova de maior pontuação.

Cerca de 3 mil pessoas acompanharam as disputas. Na pontuação geral, a campeã foi a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Seus dois carros obtiveram o primeiro e o terceiro lugar no pódio. Na segunda colocação ficou o protótipo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na quarta o baja do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI) e na quinta posição o da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Até o final dessa semana, a SAE Brasil divulgará em seu site o ranking com a classificação final e todas as menções honrosas (ver serviço).

Paulistas, presente!

Com dois carros inscritos na competição, a Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) teve como capitã da equipe a estudante de engenharia de materiais Suellen Alcântara, de 21 anos. “Para manter o retrospecto favorável, de seis títulos nacionais, viramos noites nas oficinas da USP para aprimorar sistemas de chassi, eletrônica, suspensão e freio desenvolvidos exclusivamente para a competição com orientação do professor Álvaro Costa”, contou a universitária ao lado de Rodrigo Logazzi, futuro engenheiro de produção e piloto dos bajas.

No boxe vizinho, a equipe da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) esmerava-se nos acertos finais do Teiú, nome dado ao protótipo nas cores preto e verde. “Desde 2002 buscamos esse título inédito e dedicamos o carnaval inteiro para acertar o carro, cujo orçamento total ficou em cerca de R$ 30 mil. Como novidades para esse ano, reprojetamos a direção e a suspensão, para ter mais leveza e desempenho superior”, revelou a universitária Mayumi Rodrigues, capitã do grupo.

Uma boa colocação na classificação nacional também era a meta da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de Ilha Solteira. No primeiro dia de provas, duas horas antes da inspeção de frenagem, o piloto Pedro Bonádio viu uma trinca de 1,5 centímetro na manga de eixo, um conector da suspensão dianteira cuja avaria colocaria em risco as manobras do Manthus. “A escolha desse nome foi para dar sorte. Em grego, ele simboliza o deus do azar”, revelou Leonardo Olbrick, o porta-voz da equipe.

“Não dava para trocar a peça, ela custou R$ 2 mil. Corremos do sítio em Caçapava, onde estávamos hospedados, para uma firma especializada sediada nas proximidades da Rodovia Dutra e especializada em solda do tipo TIG (de tungstênio), a única possível para esse tipo de conserto. Deu certo, o dono da Argo Tig, sensibilizado com o problema, pôs um funcionário à nossa disposição. Em 30 minutos o reparo estava concluído”, contou sorrindo.


As equipes campeãs desde 1995

Escola Ano
Cefet-MG 1999
EESC-USP* 1995, 1996, 1997, 2003, 2006, 2008
FEI** 2001, 2002, 2005, 2007, 2010, 2011, 2016
Instituto Mauá de Tecnologia** 2004
Poli-USP* 2009, 2012
UFMG 2015
UFPE 2013, 2014, 2017
UFRN 1998, 2000

* = escola superior de engenharia vinculada ao Estado de São Paulo
** = escola superior paulista de engenharia

Serviço

23ª Competição Baja SAE Brasil

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/03/2017. (PDF)

Universidades estaduais paulistas presentes na 10ª Campus Party

Até sábado, 4, é possível visitar a seção gratuita da feira de informática na capital; os 80 mil ingressos das áreas pagas estão esgotados

Até sábado, 4, é possível conhecer diversas atrações da 10ª Campus Party Brasil. Realizado das 10 às 20 horas no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital, o encontro de empreendedorismo, informática, inovação, ciência e games é considerado por seus organizadores o maior do gênero da América Latina.

As áreas pagas do evento estão com seus 80 mil ingressos esgotados, porém, no espaço Open Campus, de acesso gratuito, o visitante pode experimentar 14 simuladores, um deles de asa-delta com realidade virtual, assistir a batalhas de robôs, competições de drones e acessar a Campus Future – espaço exclusivo para apresentação de novos projetos e ideias e empresas de viés tecnológico (startups).

O protótipo de carro elétrico desenvolvido pela Ecocar, equipe de 15 alunos de graduação dos cursos de engenharia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é uma das atrações da Campus Future.

Funcional e impulsionado por bateria de lítio, o veículo em exposição contém, no seu motor, um sistema de controle, desenvolvido pelos estudantes, capaz de evitar perda de energia e faíscamentos e dispensar o uso de escovas, problemas comuns em motores elétricos convencionais. Além disso, provê alta eficiência energética, pois permite rodar um quilômetro ao custo de apenas dois milésimos de real.

Parceiros

“O veículo foi construído ao longo do segundo semestre do ano passado. Pesa 67 quilos e custou R$ 30 mil”, conta Raone Guedes, universitário do curso de engenharia física e coordenador da Ecocar. Segundo ele, além de gerar conhecimento, o projeto dos universitários oferece às empresas ou empreendedores iniciantes opção de tecnologia limpa, sustentável e inovadora.

“A inovação principal ainda não foi patenteada, eventuais interessados em aprimorá-la devem procurar a Unicamp”, informa Raone Guedes, destacando o fato de a pesquisa ter apoio dos docentes da universidade e patrocínio da Phi Innovations. A empresa ofereceu consultoria técnica e materiais para o motor, o qual foi montado na China.

“Para diminuir o peso, a estrutura do carro foi construída com fibra de carbono. Com vista a melhorar a aerodinâmica, usamos conceitos já presentes em aviões. Alguns componentes do carro, como o volante, também são leves e modelados em impressora 3D por nós. Quem quiser saber mais sobre o veículo deve consultar o site da Ecocar”, conta a universitária de engenharia elétrica Larissa Schraier, colega de Guedes na Unicamp (ver serviço).

Nas alturas

Na quadra vizinha da Campus Future, João Fernandes, de 8 anos, perguntou à mãe, Carmen Assis, de 34 anos, o que era um equipamento inusitado, em formato cilíndrico e com três antenas. Ela não sabia a resposta e disse ter ido à feira buscar entretenimento de qualidade, lazer com apelo científico e informação capaz de orientar no futuro a escolha profissional do garoto. “Acabei tendo uma aula sobre ciências da natureza, balões atmosféricos e as possibilidades de existir ou não vida em outros planetas”, relatou.

Carmen recebeu explicações de Marco Aurélio Bonaldo, aluno de engenharia elétrica da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP). Ele é um dos 25 integrantes do Grupo Zenith, equipe extracurricular de alunos da universidade com projeto selecionado pela organização da Campus Party para exposição e divulgação científica, à semelhança do veículo elétrico da Ecocar, da Unicamp.

Astrobiologia

O Grupo Zenith de alunos da EESC-USP atua na área aeroespacial, com projetos de construção e lançamento de balões atmosféricos, além da construção de circuitos e de sondas espaciais, o tal objeto antes ‘desconhecido’ por João e Carmen. Bonaldo destacou o fato de o balão atmosférico permitir içar uma sonda até 35 quilômetros de altura antes de estourar, o que possibilita diversas experiências.

As de maior interesse, atualmente, são coletar em tempo real dados atmosféricos e medir a ação da radiação em micro-organismos, necessidade da Missão Garatéa-L, cuja meta é lançar, em 2020, a primeira sonda lunar brasileira (ver serviço).

Originária do tupi-guarani, a palavra garatéa significa ‘busca-vidas’ e traduz um dos principais objetivos dessa expedição científica pioneira: investigar os efeitos do ambiente espacial sobre diferentes formas de vida existentes na Terra. A letra L, acrescentada no final do nome do projeto, faz menção à Lua, um ambiente onde as condições de sobrevivência são consideradas extremas, devido à radiação, às variações de temperatura e à inexistência de barreiras de proteção a vidas existentes na Terra.

Fatec, presente!

Em uma das mesas da arena, espaço dedicado aos chamados ‘campuseiros’, nome dado aos participantes que acampam em local reservado no Anhembi, uma dupla de alunos da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Sebrae se preparava para apresentar, à plateia de empreendedores e desenvolvedores, seus dois projetos de aplicativos (apps) para celulares com lançamentos previstos até o final de 2017 nas plataformas Android e iOS. O objetivo de ambos era idêntico: conseguir sócios ou parceiros para abrir empresas e deslanchar novos negócios.

Localizada no bairro dos Campos Elíseos, região central da capital, a Fatec Sebrae é um projeto conjunto do Centro Paula Souza com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Lá, os amigos Fernando Silva e Gabriel Domiciano, ambos do curso de Gestão de Negócios e Inovação, desenvolveram seus apps.

O primeiro deles criou o Hookapp, aplicativo de encontros casuais, nos moldes do Tinder, porém, com abordagem de segurança inovadora, ao criar um ranking de segurança para o usuário, que não corre o risco de encontrar alguém diferente do visualizado previamente. Enquanto Gabriel criou o Feiragora – serviço mobile para cadastrar feirantes e consumidores, com o objetivo de vender pelo celular hortifrútis na cidade de São Paulo (ver serviço).

Serviço

Campus Party Brasil (programação, horários, atrações)
Pavilhão de Exposições do Anhembi
Avenida Olavo Fontoura, 1.209 (próximo à Estação Tietê do Metrô) – São Paulo – SP
Ecocar
Grupo Zenith
Missão Garatéa-L
Hookapp
Feiragora

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 02/02/2017. (PDF)

Nova tecnologia permite obter leite mais saudável

Projeto de melhoramento genético desenvolvido no Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa, oferece ao pecuarista estratégia simples para aperfeiçoar a sanidade do rebanho e a qualidade da produção

Disponível para pecuaristas de todo o País, a Genética do Leite A2 é uma tecnologia de melhoramento genético desenvolvida no Instituto de Zootecnia (IZ) direcionada à produção de leite mais saudável e de maior valor comercial.

Pioneira no País, a metodologia propõe excluir da composição do alimento a proteína Beta Caseína A1, substância de risco potencial para alguns consumidores, e, ao mesmo tempo, preservar a Beta Caseína A2, segura para todas as pessoas.

“O produtor interessado em aprender a técnica gratuitamente ou que queira se informar a respeito deve contatar o instituto (ver serviço)”, orienta o médico veterinário Anibal Vercesi Filho, pesquisador do Centro de Bovinos de Leite da instituição, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento.

Responsável pelo projeto, o veterinário destaca o fato de a metodologia adotada ter como principal objetivo aumentar a prevalência do gene da proteína A2 nos animais, o que vai permitir fornecer um alimento mais seguro para o consumidor, e mais, a cada nova inseminação do rebanho, irá reforçar nos descendentes essas características.

Mastite

Realizado no gado holandês, o melhoramento genético do IZ propõe também prolongar a vida útil dos animais e ajudar na prevenção de doenças, como a mastite, o principal desafio da pecuária leiteira brasileira. Segundo o especialista, a detecção da moléstia pode ser feita diariamente pelo produtor na ordenha, por meio do Teste da Caneca.

Essa verificação simples, informa, deve ser complementada periodicamente com a Contagem de Células Somáticas (CCS), laboratorial. “Quanto maior o número de células de defesa encontradas nesse exame, maior é o indicativo de infecções no úbere (conjunto de tetas da vaca). Esse é outro dos objetivos do projeto”, explica.

O projeto do IZ considerou, em sua concepção, a literatura científica disponível sobre a digestão do leite pelo organismo humano e mais um estudo a respeito realizado pela Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) em parceria com a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV-Unesp), de Jaboticabal.

Riscos

As caseínas são as proteínas mais abundantes no leite bovino. Nos estudos acadêmicos avaliados não foram relatados problemas na digestão humana por causa da proteína A2.

Com relação à proteína A1, não foi detectada sua atuação no caso de intolerância à lactose, problema enfrentado por muitos pacientes. No entanto, ela foi reconhecida como fator de risco no organismo de algumas pessoas, por causas, como, por exemplo, hereditariedade.

Para esse perfil de paciente, o processo de digestão da proteína A1 origina um peptídeo chamado Beta Casomorfina 7. De acordo com a literatura médica, esse composto está associado a alergias, doenças cardíacas, diabetes tipo 1, arteriosclerose e inflamação de mucosas do sistema digestivo, entre outros problemas de saúde.

Segredo

Segundo Vercesi Filho, uma das estratégias a ser adotada pelo pecuarista é verificar os genes de touros e vacas antes das inseminações. Essa análise do DNA é simples, similar a um teste humano de paternidade, e custa cerca de R$ 60 por cabeça. Outra orientação é conferir nos catálogos dos criadores se os animais à venda têm as características A1 ou A2 como predominantes.

Até o fim do ano, o IZ pretende tornar disponível esse exame de DNA bovino (genotipagem) em Nova Odessa. Nesse sentido, o veterinário comenta: “Ter um rebanho formado 100% por animais do tipo A2 será um diferencial para o produtor, pois ele poderá vender um alimento com maior apelo comercial e nutricional”.

De acordo com ele, “hoje, boa parte do produto comercializado é uma mistura de A1 e A2, anulando assim a vantagem do segundo. Entretanto, no futuro, será possível vender um leite 100% tipo A2, uma realidade em países como Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido”.

Números

Em Nova Odessa, de 325 animais do IZ, o projeto de melhoramento iniciado em setembro de 2015 já originou 70 filhotes, com o uso de 150 fêmeas (vacas e novilhas) e cinco touros (três holandeses e dois da raça gir). Atualmente, a ordenha diária no instituto gera 2 mil litros de leite, volume que é vendido para uma empresa. Para os próximos cinco anos, a meta é oferecer aos pecuaristas embriões 100% A2 e matrizes e touros reprodutores.

O trabalho de melhoramento genético do IZ tem parceria da AG Brasil Inseminação Artificial. A multinacional, sediada em Ribeirão Preto, fornece doses de sêmen a preço de custo para o projeto, cuja viabilidade e apelo comercial despertaram o interesse de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Cientistas da autarquia paulista desejam firmar parceria com o instituto para realizar análises clínicas com o leite A2 produzido, a fim de saberem mais sobre suas propriedades e possibilidades.

Serviço

Instituto de Zootecnia
E-mail leite@iz.sp.gov.br
Telefone (19) 3466-9435

Associação Brasileira de Criadores de Gir Leiteiro
FCAV-Unesp

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/09/2016. (PDF)