Programa Time do Emprego, que prepara trabalhador para conseguir colocação profissional, já atendeu 23 mil pessoas
Preparar o cidadão para conseguir um emprego, abordando todas as questões ligadas ao universo do mercado de trabalho e aos processos de seleção de pessoal. Esta é a proposta do Time do Emprego, programa da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho (Sert). Criado em 2001, inspirado em uma metodologia canadense de colocação e valorização profissional, o serviço já atendeu 23 mil pessoas. Dessas, 12 mil conseguiram novos registros na carteira profissional.
O Time do Emprego é um serviço gratuito, baseado em 12 encontros semanais de três horas cada um, com grupos de até 30 participantes. Oferece atendimento acolhedor e personalizado nas atividades presenciais, com material didático gratuito. O programa está presente em 111 dos 645 municípios paulistas. Até o final de 2014, a Sert pretende triplicar o número de cidades contempladas.
Em média, cada treinamento dura três meses e, para participar, a única exigência é ter 16 anos completos. Em 2013, até o final de agosto, a Sert teve 6,3 mil participantes em 235 turmas, com treinamentos organizados em 124 municípios. Entre os atendidos, 2 mil conseguiram emprego.
Compartilhar e crescer
O perfil dos frequentadores é variado, mas a grande parte é desempregada, de diversas faixas etárias e jovens em busca do primeiro registro profissional. Internamente, as turmas são chamadas de Times do Emprego e, desde o primeiro encontro, são estimulados à solidariedade e para o apoio mútuo em todos os grupos.
Nos encontros é estimulada a troca de experiências entre participantes e “facilitadores”, nome dado aos instrutores da Sert. A maioria deles são profissionais ligados à área de recursos humanos – psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e sociólogos, entre outros.
A observação de si próprio e do universo do mercado profissional é outro pilar estrutural. Este mote se faz presente no material didático, que inclui as dez apostilas do Manual do Participante (podem ser copiadas no site do programa) e também nos vídeos de apoio e jogos interativos usados no treinamento.
Layla Lopes, “facilitadora” e responsável pela comunicação do Time do Emprego, observa que muitas vezes os participantes mais jovens costumam ter mais familiaridade com a informática, por terem nascido em uma época com mais recursos tecnológicos. Os mais velhos costumam enriquecer a convivência com experiências de vida profissionais e pessoais. “Na verdade, todo mundo tem algo a ensinar para o grupo”, comenta.
Em busca de vagas
Françoise Antunes, coordenadora do programa, explica que o Time do Emprego não é um curso, mas sim um treinamento para aumentar a empregabilidade. Segundo ela, a proposta é favorecer, por meio de técnicas e metodologias específicas, a inserção do profissional no mercado de trabalho, do modo mais assertivo possível.
As estratégias incluem ampliar a autoestima, aperfeiçoar e valorizar as aptidões de cada aspirante a um emprego e também contextualizá-lo no mercado de trabalho atual, considerando a vocação e a formação do candidato. As dicas incluem ensinar e redigir currículos, atitude e comportamento a ser adotados em entrevistas com empregadores (incluindo vestuário, preparação, pontualidade, interesse) e, ainda, como participar de dinâmicas de grupo, onde, como e com quem procurar emprego, etc.
Fazendo a “ponte” com quem precisa de mão de obra, a equipe de 37 profissionais comandada por Carlos Bortolotti, supervisor de captação da Sert, diariamente contata empresas de todos os portes, públicas e privadas, em busca de vagas. No processo, a equipe confere e valida dados dos anúncios – salário oferecido, região, requisitos, benefícios, entre outras informações.
A captação da Sert é integrada ao Sistema Nacional de Emprego (Sine), do Governo federal, que também coleta ofertas de emprego e cruza informações com a dos perfis de interessados potenciais em preenchê-las. Todas as ofertas aprovadas são repassadas para os participantes dos Times do Emprego, que são estimulados em todos os encontros a entrarem em contato com os empregadores.
Como participar
Para participar, o interessado deve consultar no site do programa (subdividido por regiões administrativas do Estado) se o serviço é oferecido em sua cidade. Em caso afirmativo, com mais um clique, é possível obter telefone, e-mail e endereço do Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) local para o interessado fazer contato e manifestar interesse.
Caso contrário, basta solicitar a inscrição para o treinamento em algum município vizinho, ou ainda sugerir à prefeitura local que se comunique com a Coordenação de Políticas de Emprego e Renda (CPER) da Sert (responsável pelo programa), para se integrar ao Time do Emprego.
Os municípios são parceiros preferenciais. Para a organização das turmas, cedem espaço físico, infraestrutura, pessoal e divulgam o serviço localmente. O Estado fornece capacitação dos facilitadores, material escolar e suporte técnico. O critério adotado pela Sert para montar cursos são as necessidades municipais e regionais contemplando geração de renda e de empregos.
Em busca de um caminho
Aos 49 anos, Neide de Vita cursa o ensino fundamental e sonha em fazer Faculdade de Serviço Social para trabalhar na área. Ela conta que descobriu o programa estadual ao ler o jornal paulistano O Amarelinho, especializado em empregos. Depois de inscrita, aguardou dois meses e foi chamada pela Sert.
No segundo encontro do curso, ministrado na capital, Neide relatou aos colegas do Time do Emprego que teve diversas ocupações. “Fui recepcionista, telefonista, auxiliar escolar e cuidadora de idoso. Mas me encontrei profissionalmente como agente comunitária de saúde, atendendo às pessoas em situação de rua. Há três meses procuro emprego. E tenho certeza que vou conseguir. Não desisto nunca!”, acredita.
Ao seu lado, no intervalo das atividades, o universitário de Análise de Sistemas, Murilo Beserra, de 20 anos, conferia as ofertas de vagas apresentadas em todos os encontros para os participantes. Trocando experiências com Neide, ele conta que já foi aprendiz na área administrativa e também trabalhou como suporte técnico de software por telefone. Diz ter procurado o Time por indicação do irmão, que fez o treinamento e aprovou.
“Quero descobrir quais são minhas competências profissionais e aprimorá-las. Penso em trocar a área de informática por design ou audiovisual. Mas para tomar essa decisão, preferi me informar melhor antes mesmo de estagiar na futura profissão”, revelou.
Serviço
Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial
Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 09/10/2013. (PDF)