Instalação inusitada na CPTM

Projeto Verão do Sesc oferece atividades lúdicas e gratuitas em três estações até 24 de fevereiro; objetivo é promover qualidade de vida aos usuários

Até o dia 24 de fevereiro, o Sesc-SP e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) promovem atividades esportivas, de lazer e culturais gratuitas nas estações Osasco (linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda), Palmeiras-Barra Funda e Brás (linhas 10-Turquesa, 11-Coral e 12-Safira).

O Projeto Sesc Verão tem por proposta incentivar, de modo lúdico, a prática de exercícios físicos e ampliar a qualidade de vida dos usuários do transporte metropolitano. Não há limite de idade para participar e também não é preciso levar equipamentos ou vestir roupas ou calçados especiais.

Nas três estações da CPTM, todas as atividades são supervisionadas por monitores do Sesc. A parceria entre as instituições promove oficinas de basquete, ginástica multifuncional, minigolfe, tênis e dança de salão, entre outras atividades. A relação completa de eventos está disponível on-line no site do Sesc.

Escada piano

Em Osasco, o usuário é estimulado a fugir do conforto da escada rolante e a transitar pelos degraus da fixa, tradicionalmente muito menos utilizada. Na instalação especial, quem sobe rumo às catracas ou desce no sentido do centro da cidade pisa em um “teclado piano”, com sensores colocados em 18 dos 42 degraus que “tocam” com a passagem das pessoas sobre placas especiais colocadas no chão.

Como em um piano verdadeiro, os sons seguem a escala musical e vão dos agudos a graves, incluindo notas e sustenidos. A interatividade do público com o mecanismo acaba por criar, de forma inusitada, sequências sonoras cômicas e espontâneas. Em cada degrau, um eletrodo colocado sobre duas placas de plástico sobrepostas capta os passos dos transeuntes. Quando duas ou mais “teclas” são acionadas simultaneamente, sons diferentes são produzidos, até mesmo quando acionadas no mesmo degrau.

A instalação e seu software de controle foram criados sob medida pela empresa paulistana Zoomb. O projeto tem inspiração sueca e segue modelo de estação do metrô de Estocolmo. O apelo ao entretenimento e à prática esportiva de modo lúdico são sucessos na internet, em vídeos postados no YouTube. Muitas destas intervenções urbanas são divulgadas pelo site estrangeiro The Fun Theory.

“Mais importante que a instalação é o conceito do Projeto Verão, de mostrar que o exercício físico está disponível em qualquer lugar e horário na rotina das pessoas. É só usar a imaginação”, destacou Marcelo Paulino, monitor do Sesc-Osasco responsável no local.

Carro em casa

Na quarta-feira (8), a publicitária Leia Camponucci deixou o carro na garagem e foi trabalhar de trem. Moradora de Osasco, optou pelo transporte público metropolitano após um telefonema na véspera, do irmão violinista, para Giulia, sua filha, comentando sobre a instalação inusitada na estação da CPTM. Tirando fotos do local, conta que sua herdeira não sossegou até conhecer a “espetacular” escadaria piano.

Avaliação parecida teve a dupla osasquense André Trevisan e Wendel Vieira. Os estudantes de 20 anos aprovaram a ideia de queimar calorias brincando. Fãs de rap, conheceram a instalação na estreia, dia 7, e repetiram, dançando, o caminho musical no dia seguinte. Segundo eles, é possível criar músicas e samples no local, com saltos e sapateados nos degraus.


Ginástica multifuncional

Na estação Palmeiras-Barra Funda há um programa completo de exercícios de ginástica multifuncional, com tatames e equipamentos. Tudo é usado de acordo com o interesse de cada passageiro. São oferecidas atividades de lazer, coordenação motora, equilíbrio e condicionamento físico, entre outras.

Na instalação, além das práticas esportivas, são também disputados jogos de pingue- pongue, futebol de botão e minigolfe. Uma vez por semana, são realizados testes de saúde, com medição de Índice de Massa Corporal (IMC), avaliação postural e teste da pisada, entre outros.

Lúcia de Oliveira, auxiliar de serviços gerais, e o estudante Igor Oliveira, seu filho, retornavam de consultas em consultório de dentista, na estação Deodoro do Metrô, quando viram a instalação do Sesc. Surpreendido, o menino saiu correndo e fez o circuito físico completo, começando na bicicleta ergométrica, passando por exercícios com bolas e tiras para flexão de braços e pernas, sob a supervisão da monitora Érika Coelho. Moradores de Carapicuíba aprovaram a iniciativa. Para eles, o projeto deveria virar “atração permanente” na estação.

Os maquinistas da CPTM Rodrigo Azevedo e Sergio de Jesus aproveitaram a folga no serviço para disputar partida de futebol de botão. O jogo terminou com goleada do primeiro sobre o colega, que marcou revanche para a próxima semana. Com o mesmo espírito casual, a aposentada e terapeuta de Reiki, Maria José Braga Costela, de 67 anos disse que ama praticar exercícios porque se sente mais disposta.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/01/2013. (PDF)

Virada Cultural leva diversidade artística a 30 municípios do interior paulista

Organizadores calculam que 1,6 milhão de pessoas participaram dos eventos culturais que pela quarta vez chegaram ao interior

Depois da capital, foi a vez do interior, neste último fim de semana, ter a sua Virada Cultural. O evento promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, em sua quarta edição, atraiu público estimado de cerca de 1,6 milhão de pessoas e teve a participação de 30 municípios, incluindo a Baixada Santista.

A festa levou para os palcos dessas cidades mais de 1.070 atrações gratuitas, algumas internacionais como Manu Chao, Cat Power e Mudhoney. Entre os artistas nacionais, destaques para Lenine, Mônica Salmaso, Paralamas do Sucesso, Toquinho e Zeca Baleiro.

Em São João da Boa Vista, por exemplo, a ópera Carmen de Bizet (em versão compacta) abriu a programação oficial. Cleber Papa, diretor do espetáculo, explicou que o objetivo era iniciar o público em ópera. Apesar do formato mais enxuto, disse que se tratava de uma apresentação com artistas de qualidade. “É a primeira vez que se tem um espetáculo desse tipo na Virada. A ópera é uma conquista futura”, salientou.

Consuelo Barbosa Aliende, de 68 anos, nunca tinha assistido a uma ópera ou algo similar. “Ao vivo nunca vi. Minha avó italiana gostava muito e passou isso para a gente. A Virada está me dando essa possibilidade”, disse. A empregada doméstica Marilídia Inácio, de 50 anos, apesar de ter pisado o palco do Teatro Municipal, onde faz teatro afro, também nunca tinha visto. “A primeira oportunidade que estou tendo é essa”, garantiu. Americano de passagem pela cidade, Chris Teague viu e achou a montagem bem planejada: “Gostei”.

Várias atrações

Além da obra Carmen, a Virada levou para São João atrações musicais como os grupos Canastra, Os Opalas e Westboys, entre outros. O público teve acesso também a espetáculos teatrais (como Marias de Deus), de dança (como a performance Kamaleoas, do Núcleo Brasílica) e circo (com a dupla do Circo Delírio). Integraram ainda a programação aula aberta de teatro e feira de artes e artesanato.

As apresentações se concentraram, principalmente, no Teatro Municipal, palco externo da Estação Ferroviária e Fonteatro. Fora da área central, a Concha Acústica do bairro Jardim Nova República foi a única a receber o evento.

Em sua terceira edição na localidade, a Virada Cultural Paulista alcançou público estimado de 85 mil pessoas. A estudante Mariana Ponce, de Poços de Caldas, considerou o evento um incentivo cultural para a região inteira. A babá Rose Helena da Silva, de 36 anos, achou a iniciativa o máximo. “Aqui quase não tem nada e, quando tem, é caro. Então, se é gratuito, é muito bacana”, disse, lembrando que costuma ir algumas vezes ao teatro e raramente ao cinema.

Um dos destaques do primeiro dia, além da ópera, foi a Banda de Pífanos de Caruaru. Outro ponto alto foi o grupo Blitz que, com Evandro Mesquita à frente, apresentou sucessos como Você não Soube me Amar. A faxineira Josinete Freitas, de 46 anos, que estava na plateia, comentou que São João precisava de uma iniciativa como a Virada. Sugeriu apenas a realização do show num lugar mais amplo.

Paulo Henrique Andrade
Da Agência Imprensa Oficial


Evento vai à periferia

Pela primeira vez, um bairro de São João da Boa Vista foi incluído na programação. O público do Jardim Nova República e imediações pôde conferir shows musicais e apresentações circenses, de dança e teatro.

Moradora da região, a manicure Márcia Cristina Rodrigues da Silva comemorou a iniciativa porque as pessoas da localidade não dispõem de opções de lazer. Além disso, “muita gente tem vergonha de ir a um cinema, teatro no centro, porque acha que esses lugares são para os ricos”.

Nem por isso a dona de casa Crislaine Gomes Félix Silva, que assistia às apresentações no bairro, deixou de fazer sua crítica: “Deveria ter mais música. Achei que está muito parado. Esse negócio de circo não vira”, comentou.


Músico atrai fãs até do Acre

A manhã do segundo dia teve, por exemplo, performances circenses e a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana na Fonteatro. Luís Antônio Carneiro de Carvalho e a esposa compareceram ao primeiro espetáculo, por causa do filho mais velho, que adora circo. As atenções do dia se dividiram, porém, entre os shows de Yann Tiersen e Elba Ramalho.

O músico e compositor arrastou uma legião de fãs de outros Estados, como Vanderlei Cidral Júnior, do Acre. A funcionária pública Clarinda Doria Roqueto, de São João da Boa Vista, decidiu-se pelo show por conhecer as trilhas sonoras dos filmes Adeus, Lênin! e O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, compostas pelo músico francês.

O show de Elba, como o da Blitz, atraiu grande público. “Não imaginava que fosse tão bom”, comentou a estudante Márcia Massoni, de 24 anos. Para a cantora paraibana a iniciativa é interessante “porque mobiliza a cidade e incentiva a cultura”.

Para o torneiro mecânico Marcilio Tadeu Martins, de 54 anos, eventos como a Virada são positivos porque atraem um público com menor poder aquisitivo.


Araraquara atraiu 86 mil pessoas aos espetáculos

Araraquara foi uma das 30 sedes da quarta Virada Cultural Paulista 2010. E registrou público da ordem de 86 mil espectadores, de acordo com estimativa da Secretaria da Cultura.

A maratona de 24 horas de atrações, realizada nos dias 23 e 24, ofereceu mais de 70 opções nas áreas de música, teatro, circo, cinema, capoeira, artes plásticas, artes visuais, dança e folclore.

Quem abriu a festa foi a Cia. Contemporânea de Dança, com o espetáculo Baseado em Fatos Reais, no Teatro Municipal, às 18 horas do sábado. O encerramento e ápice da festa foi com o show do cantor franco-espanhol Mano Chao, no domingo, com público de 13 mil espectadores na Praça Pedro de Toledo, no centro da cidade, palco dos principais shows musicais.

Revelações da MPB

Os araraquarenses e visitantes curtiram nomes consagrados da MPB, como o cantor pernambucano Lenine. E também revelações como a poetisa e compositora paraibana Socorro Lira e o grupo Seu Chico, cujo repertório é baseado em versões cover de canções de Chico Buarque.

Os apreciadores da música clássica se deliciaram com os acordes do Coro da Osesp na Igreja Santa Cruz. Na Casa da Cultura, o público pôde conferir trabalhos de mais de 100 artistas de diversos Estados brasileiros na exposição VIII Território das Artes.

Barbatuques

No Teatro Municipal, a apresentação mais concorrida foi a dos Barbatuques. Em poucos minutos, os 460 ingressos já estavam na mãos dos felizardos que chegaram com mais de duas horas de antecedência. Quem entrou, não se arrependeu. Foram quase duas horas de ritmos e melodias a partir de sons feitos com o corpo humano.

O repertório incluiu palmas, estalos, assobios e sapateados. No final foram aplaudidos de pé e, na hora do bis, grande parte da plateia foi convidada a participar de uma performance com os artistas. O tema foi um batuque para conscientizar o público da importância da coleta seletiva e da reciclagem de materiais.

Lendas amazônicas

A Biblioteca Mário de Andrade recebeu diversas atrações para as crianças. O principal destaque para o público infantil foram os contadores de estórias da Cia. do Mapinguary, que encantam os pequeninos com lendas amazônicas e contos do folclores nacional.

O público do Teatro Wallace Leal pôde aprender na prática como são feitas muitas mágicas executadas por ilusionistas no picadeiro circense. Quem revelou estes segredos foi o Grupo Oculto do Aparente.

O palco do Sesc abrigou performistas de diversos estilos de danças urbanas, ao som de DJs nas picapes, com apresentações do Chemical Funk, Nossa Crew e Discípulos do Ritmo.


Festa no interior

As cidades que receberam eventos da Virada Cultural Paulista: Araçatuba, Araraquara, Assis, Bauru, Caraguatatuba, Franca, Indaiatuba, Jundiaí, Marília, Mogi das Cruzes, Mogi Guaçu, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santa Bárbara D’Oeste, São Bernardo do Campo, São Carlos, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e a Região Metropolitana da Baixada Santista, Santos, Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande e São Vicente.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2010. (PDF)