Cinquentenário de criação da Cati teve festa em sua sede

Evento reuniu agricultores, servidores e comunidade no local onde funciona a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral; público pôde conhecer setores da instituição, comprar mudas e produtos agropecuários

Evento realizado na segunda-feira, 19, na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em Campinas, marcou o cinquentenário de criação do órgão de orientação e de financiamento ao produtor rural. Vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e presente em todo o território paulista com 594 Casas de Agricultura e 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), a Cati foi instituída a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133, de 20 de junho de 1967 (ver serviço), e completou, ontem, 20, seu jubileu de ouro.

Servidores, produtores rurais, autoridades e o público foram recepcionados com um café da manhã, animado com show do Sol Maior, quarteto formado por produtores de orgânicos da cidade de Socorro. O saxofonista Sidney Barrel, de 55 anos, produtor de morango, caqui e hortaliças, e seu filho Ramon, clarinetista, de 16 anos, se disseram orgulhosos em apresentar, na festa, um repertório de músicas sertaneja, italiana e MPB. “Nasci no sítio e cresci acompanhando meu pai em suas idas à Casa da Agricultura. Esse apoio ao pequeno produtor é sempre fundamental”, contou Sidney.

Descontos

A visita aos departamentos da Cati possibilitou ao público conhecer onde e como são prestados os serviços. O trajeto incluiu o Centro de Comunicação Rural, Cozinha Experimental, Centro de Treinamento, Laboratório Central de Sementes, Horto de Plantas Medicinais e as Hortas Educativas do Programa Fazendinha Feliz, iniciativa de educação ambiental para crianças da rede pública estadual. No final do itinerário, cada grupo de visitantes plantou mudas da flora brasileira, como peroba, pau-d’alho, chuva-de-ouro, entre outras.

O dia festivo também permitiu ao visitante pagar 50% menos pelas mudas produzidas no Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da Cati. Responsável pela venda de cerca de cem variedades frutíferas, florestais e de paisagismo, o auxiliar Anderson Ferraz informa que essa comercialização é realizada toda sexta-feira, das 9 horas ao meio-dia, e das 13 às 16 horas. “Os preços variam de R$ 3,50 a R$ 20.” Ele acrescenta que a exceção são algumas jabuticabeiras aptas a produzir em breve, que custam a partir de R$ 100. Mais informações sobre esse serviço podem ser obtidas pelo telefone (19) 3743-3832.

Receitas

Servidora da Cati há 31 anos, a nutricionista Beatriz Pazinato é responsável pela Cozinha Experimental e de Treinamento, a única da Cati no Estado. No evento, ela e equipe serviram receitas já aprovadas, como o minipicles de pepino e também apresentaram outras ainda em testes. O cardápio incluiu o refrescante suco de cambuci – fruta nativa da mata atlântica rica em vitamina C.

De acordo com Beatriz, a Cozinha Experimental foi projetada há 50 anos pela especialista em economia doméstica Elena Klatlova e segue preservando suas propostas originais, como desenvolver e aprimorar receitas que utilizam ingredientes da agricultura paulista, além de capacitar técnicos e produtores rurais para prepará-las e replicá-las. “Quem quiser conhecer receitas e publicações da Cozinha Experimental deve consultar a seção de Produtos do site da Cati”, informa Beatriz (ver serviço).

Ecológico

O casal de Campinas Verônica Alcântara e Francisco Vieira, participante do programa Fazendinha Feliz, aproveitou o evento para comprar hortifrútis nas dezenas de barraquinhas de agricultores, atendidos pela Cati, instaladas no entorno do prédio do Centro de Treinamento. Logo na chegada, os dois se encantaram com as opções de pupunha disponíveis na banca de Orestes e Lucimara Kotona, da Cooperativa de Produtores Agrícolas de Registro e Região (Cooparr) – e compraram duas embalagens do produto: uma própria para salada e outra com o ‘espaguete’ de fios ralados de palmito.

No Vale do Ribeira, os primeiros cultivos surgiram por volta do ano 2000. “Plantamos desde 2009, foi uma alternativa à tradicional cultura da banana no sul do Estado”, comenta Orestes, destacando o apoio da Cati com orientação técnica, auxílio para comercialização em feiras, criação de receitas como o ‘espaguete’ e financiamentos direcionados ao pequeno produtor, como os do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado.

“Nos três alqueires da minha propriedade, substituí 5 mil pés de banana por 30 mil de pupunha. Na região, essa cultura permite três colheitas anuais; e depois de 20 meses do plantio tirei a primeira safra”, conta, satisfeito.

Serviço

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati
Decreto estadual nº 48.133/1967
Mais informações na reportagem “Cati celebra 50 anos de apoio ao produtor rural paulista”, publicada nas páginas II e III da edição de 19-05-2017 do Diário Oficial do Estado de São Paulo.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/06/2017. (PDF)

SP celebra 10 anos da norma técnica de qualidade do café

Pioneira no País, legislação do Estado serviu de referência para toda a cadeia produtiva nacional; consumidor e exportações foram os principais beneficiados

Bebida consumida em 98% dos lares brasileiros e riqueza agrícola responsável pela industrialização do País no século passado, o café brasileiro teve um salto de qualidade nos últimos anos. Uma das explicações para esse avanço, percebida atualmente pelo consumidor que tem disponível grande variedade de marcas e opções do produto nas gôndolas dos supermercados, foi a deliberação redigida há uma década por diversos órgãos da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SAA).

A Resolução SAA nº 28, publicada na edição do Diário Oficial do Estado de 5 de junho de 2007, foi a primeira legislação do País a estabelecer uma norma técnica para definir a identidade e a qualidade do café torrado em grão e do café torrado e moído comercializados no território paulista (ver serviço).

Métricas

O texto legal teve parceria do Sindicato da Indústria de Café do Estado (Sindicafé), representante de toda a cadeia produtiva do fruto, em sua elaboração. Um de seus autores, o engenheiro agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), aponta a atribuição de zero a 10 pontos, embasada por critérios técnicos, para avaliar a qualidade de cada lote do produto.

“Na época, a proposta era definir um padrão de referência para orientar as aquisições de café de órgãos estaduais na Bolsa Eletrônica de Compras (BEC)”, comenta Vegro, atual diretor do IEA. O ponto de partida, recorda, foi um conjunto de métricas de qualidade desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) para outras culturas, como o milho. O texto final incluiu as colaborações da Câmara Setorial do Café e da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro).

Qualidade

A norma técnica paulista define a chamada Qualidade Global da Bebida do Café como a percepção conjunta dos aromas e dos sabores característicos do grão; do equilíbrio entre a doçura e o amargor; da harmonia da bebida e do corpo. Tudo isso resulta em uma sensação agradável durante e após a degustação. De acordo com a regra, para vender nos pregões eletrônicos da BEC, cada fornecedor precisa conseguir nível mínimo de 4,5 pontos em seus lotes.

No intervalo entre 4,5 pontos e 6 pontos, o café recebe a classificação tradicional. Nessa faixa estão os cafés mais baratos e consumidos no dia a dia. O grupo seguinte, entre 6 e 7,3 pontos, tem a designação superior, reconhecimento de produto diferenciado. A última categoria, a gourmet, situada entre os 7,3 e 10 pontos, destaca itens notadamente mais raros, especiais e exclusivos.

Teste cego

Formada por equipes de quatro ou cinco especialistas, cada comissão julgadora da SAA prova as amostras em ‘teste cego’, isto é, avalia sem saber qual produto de qual lote está consumindo. Como referência para comparação, usa uma amostra prévia de café de qualidade conhecida. A avaliação consiste da chamada prova de xícara: aspirar, degustar e descartar.

No preparo, é usada infusão com filtro de papel para um litro da bebida com 10 gramas de pó, a partir das amostras dos fornecedores recebidas, analisadas e codificadas em laboratórios credenciados pela Codeagro. Se o produto em questão for café ‘expresso’, a preparação é feita conforme a máquina indicada.

Certificação

Também agrônomo e participante da redação da norma técnica, Alberto Amorim, secretário-executivo das 31 Câmaras Setoriais da SAA, destaca outros desdobramentos, como a integração do café ao Sistema de Qualidade de Produtos Agrícolas, Pecuários e Agroindustriais da Codeagro. De adesão voluntária, essa certificação inclui o Selo de Qualidade Produto de São Paulo, uma prova da aproximação entre a gestão pública e privada em prol do consumidor.

“Além de coibir fraudes, a norma técnica ajudou a conscientizar todos os elos da cadeia do café paulista sobre a importância de diferenciar o produto”, comenta Amorim. Segundo ele, esta foi uma estratégia adequada para criar marcas fortes, valorizar uma das principais bebidas nacionais e ampliar a percepção de qualidade do consumidor.

“Hoje, há muitas opções de café de qualidade variada à venda nos supermercados, e são todas nacionais”, diz, orgulhoso, destacando a adaptação da lei por outros Estados produtores (como Minas Gerais e Espírito Santo) às suas necessidades. Em 2010, o conteúdo da norma foi atualizado, por meio da Resolução SAA nº 19, de 5 de abril (ver serviço).

Líder

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, a norma técnica foi fundamental para ampliar a qualidade do café nacional e auxiliar o País a seguir na liderança da produção e exportação mundial de grãos e de café solúvel.

“Com investimento contínuo em tecnologia, derrubamos nas duas últimas décadas o mito do grão colombiano ter qualidade superior ao nosso. No ano passado, as exportações nacionais somaram US$ 5,8 bilhões”, revela o dirigente. Em média, informa, cada brasileiro bebe 84 litros de café por ano e o consumo segue em crescimento.

“Aliar volume de produção com qualidade e sustentabilidade é o diferencial do café nacional”, ressalta. “Outros passos importantes são o monitoramento e os processos de certificação realizados pela Abic com mais de 180 marcas de café gourmet”, conclui.


Exportações brasileiras de café

Ano Total (*)
2007 28.186.762
2008 29.512.692
2009 30.375.159
2010 30.375.159
2011 33.806.173
2012 28.549.817
2013 28.549.817
2014 36.422.437
2015 36.890.470

(*) Volume em sacas de 60 quilos de café cru, solúvel e torrado

Fonte: https://goo.gl/xuTwiM


Os maiores produtores mundiais de café (*)

Posição País 2015 2014 2013 2012 2011 2010
1 Brasil 43.200 45.346 49.152 50.826 43.484 48.095
2 Vietnã 27.500 27.500 27.500 25.000 26.500 20.000
3 Colômbia 13.500 12.500 12.124 9.927 7.652 8.523
4 Indonésia 11.000 9.000 11.667 13.048 7.288 9.129
5 Etiópia 6.400 6.625 6.527 6.233 6.798 7.500

(*) Volume em mil sacas de 60 quilos

Fonte: https://goo.gl/3xUHkb

Serviço

Resoluções SAA:
nº 28, de 05/06/2007
nº 19, de 5/4/2010

BEC
Selo Produto de São Paulo Codeagro

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/06/2017. (PDF)

12º Sabor da Colheita celebra o Dia Nacional do Café

Aberto à população e com representantes de toda a cadeia produtiva, evento realizado no Instituto Biológico, na capital, marca o início da safra 2017

O Instituto Biológico (IB), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), recebeu a população na manhã de ontem, em sua sede, na Vila Mariana, zona sul da capital, para o 12º Sabor da Colheita.

O evento simbólico comemorou o Dia Nacional do Café (24 de maio) e marcou o início da colheita do grão no Estado de São Paulo, uma das principais riquezas agrícolas paulistas. Além do público, compareceram representantes de órgãos estaduais, municipais e de empresas da cadeia produtiva e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A maioria dos presentes, moradores da metrópole, teve a oportunidade de degustar broa de milho e canjica e vivenciar um pouco do dia a dia das fazendas do interior. As pessoas puderam conhecer e colher grãos maduros no cafezal do IB, um dos maiores cultivados em área urbana do País.

A safra orgânica do IB tem origem nos 2 mil pés de café arábica das variedades Mundo Novo e Catuaí, também presentes em 90% do parque cafeeiro brasileiro e desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC-Apta), órgão também vinculado à SAA.

Colaboração

De acordo com a pesquisadora do IB, Harumi Hojo, essa plantação teve início na década de 1950 e destinava-se a oferecer material para o estudo do controle de pragas. “Hoje, tem função educacional, histórica e cultural e serve como exemplo de demonstração de princípios das boas práticas agrícolas”, explica.

“Em média, cada safra rende uma tonelada, parte desse total é encaminhado ao Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp), para ser doado a entidades assistenciais. No ano passado, repassamos 82 quilos de café arábica”, lembra.

No evento, o agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), também da SAA, foi homenageado com uma placa, em reconhecimento ao sucesso obtido com o plantio de 500 mudas em um terreno montanhoso do cafezal do IB, cujos primeiros grãos foram colhidos ontem. “Comprovamos, na prática, essa possibilidade”, disse Vegro.

Segundo ele, hoje, 35% do consumo nacional de café ocorre no Estado e 85% das exportações nacionais são escoadas pelo Porto de Santos. São Paulo tem 200 mil hectares cultivados para produção comercial em 16 mil propriedades – 80% delas têm perfil familiar. O Estado é o segundo maior produtor nacional, com 4,5 a 6 milhões de sacas anuais.

Resgate

No cafezal do IB, um dos grupos mais entusiasmados era formado por 24 aposentadas do Centro de Convivência da Melhor Idade (CCMI), de Diadema. Quase todas ex-agricultoras e moradoras do Jardim Eldorado, elas participam pela quarta vez do Sabor da Colheita.

Uma das líderes do grupo, a mineira da cidade de São Geraldo, Cecília de Pauli, 77 anos, conta que a maioria delas trabalhou no campo antes de emigrar para São Paulo. “Até os 17 anos, fui boia-fria em lavouras de arroz e café. Era um tempo gostoso, de fartura. Dá muita saudade, todo ano espero esse evento”, revela Cecília.

Crescimento

A poucos metros dali, o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, plantava mais um pé no histórico cafezal do IB. Entusiasmado com a repercussão do evento, destacava dados recentes, como o fato de o Brasil ser o maior produtor mundial e exportador de grãos e de café solúvel. No período 2017/2018, estima-se safra de 47 milhões de sacas, seguido pelo Vietnã, com 27 milhões de sacas.

“Com investimento contínuo em tecnologia, derrubamos nas duas últimas décadas o mito do grão colombiano ter qualidade superior ao nosso. No ano passado, as exportações nacionais somaram US$ 5,8 bilhões”, revela o dirigente.

Segundo ele, no mercado interno o café está presente na despensa de 98% dos lares brasileiros e seu consumo supera o de bebidas com maior apelo comercial e publicitário, como cerveja, cachaça e refrigerante. Em média, cada brasileiro bebe 84 litros de café por ano e o consumo segue em crescimento.

“Aliar volume de produção com qualidade e sustentabilidade é o diferencial do café brasileiro”, ressalta. “Outros passos importantes são o monitoramento e os processos de certificação realizados pela Abic com mais de 180 marcas de café gourmet”, conclui.

90 anos

Segundo o diretor-geral do IB, Antônio Batista Filho, esta edição do Sabor da Colheita integra as festividades dos 90 anos de criação do instituto – o aniversário será celebrado no dia 7 de novembro.

Entre outras atividades, ele destaca os serviços do IB como referência nacional em pesquisa e prestação de serviços em sanidade animal e vegetal, com acreditação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) na norma ISO 17025, relacionada à qualidade. Seus laboratórios processam mais de 200 mil pedidos de diagnósticos anuais de pragas e doenças vindos de todo o País.

“A próxima celebração será domingo, 28, com a instalação do chamado corredor verde para polinizadores, isto é, o plantio de 18 árvores e arbustos com orientação de especialistas e participação da comunidade”, informa. Agendada para as 9 horas, essa atividade ocupará aproximadamente 530 metros lineares, nos arredores do IB. Sua meta é criar um espaço seguro e adequado para agentes polinizadores, como, por exemplo, as abelhas melíferas, essenciais à produção de alimentos.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2017. (PDF)