Delegação de Jundiaí participa do Projeto Rondon no Maranhão; ação voluntária promove saneamento básico, saúde e educação
Uma delegação de oito alunos e dois professores da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) Deputado Ary Fossen, de Jundiaí, retornou, neste mês, da cidade maranhense de Arari. O grupo integrou a Operação Jenipapo, parte do Projeto Rondon, iniciativa anual do Ministério da Defesa, que promove atividades voluntárias de estudantes em comunidades carentes no interior do País.
É a terceira vez que a comunidade acadêmica das Fatecs – escolas administradas pelo Centro Paula Souza – participa da iniciativa federal de cidadania. A primeira ocorreu há dois anos, quando um grupo de Jundiaí se deslocou para o município de Brejões, na Bahia. Em 2014, uma expedição de universitários da Fatec Jaú foi para a cidade alagoana de Joaquim Gomes.
De 16 de janeiro a 3 de fevereiro, alunos de quatro cursos da Fatec Jundiaí ministraram mais de 30 oficinas em Arari (MA) e 15 municípios da região. O trabalho foi desenvolvido em conjunto com outra delegação, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), de Santa Catarina.
Babaçu, pororoca
Distante 170 quilômetros da capital (São Luís), Arari tem 30 mil habitantes. A economia da cidade é baseada em lavouras de melancia e arroz, pesca artesanal e coleta de sementes de babaçu, palmeira nativa da região. A espécie pode atingir até 20 metros de altura e é usada na alimentação, construção civil e produção de biocombustíveis.
A maioria da população é carente e está inscrita em programas de assistência governamental. Os habitantes sofreram, também, com doenças como disenteria e intoxicações alimentares – comuns na região e decorrentes da falta de saneamento básico (água tratada e rede de esgotos).
Nas belezas naturais, o município é privilegiado com um espetáculo único: o encontro das águas do Rio Mearim com as oceânicas. O fenômeno, denominado pororoca, forma ondas de até quatro metros de altura e atrai fãs de surfe e de esportes náuticos em campeonatos com atletas de todo o mundo.
Levar conhecimento
O Projeto Rondon visa a acrescentar à formação universitária noções de responsabilidade social e coletiva em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais. As vagas são disputadas – e para concorrer na seleção os professores redigem sugestões de projetos de acordo com o diagnóstico das necessidades de cada uma das regiões que serão atendidas.
Neste ano, a missão principal dos universitários paulistas foi instruir a população local em questões ligadas ao meio ambiente e à saúde, como orientar a construção de fossas sépticas e na limpeza de cisternas. As capacitações abordaram também questões educacionais, de turismo, empreendedorismo, comunicação e inclusão digital. A proposta é orientar e fazer de cada participante um agente disseminador do conhecimento.
Na turma da Fatec Jundiaí, a coordenação do trabalho ficou a cargo das professoras Marilise Bertin e Yolanda Lopez. A delegação ficou completa com os alunos Cinthia Sartorato, Camila Vitorino e Ana Paula do Prado, do curso de Gestão Ambiental; Marco Aurélio Canciano e Haroldo de Pádua, de Logística; Rayanne da Silva, de Eventos; Cláudia Dovichi e Eliel Santos, de Gestão da Tecnologia da Informação.
Ensinar e aprender
Marilise leciona inglês, disciplina obrigatória para todas as formações tecnológicas do Centro Paula Souza. “Ensinamos e aprendemos muito com os maranhenses. Essa experiência solidária foi gratificante e maravilhosa. Surpreendi-me com a generosidade, humildade, carinho e gratidão do povo de Arari. Pretendo voltar”, diz.
O estudante Eliel tem opinião semelhante, ingressou na Fatec no início de 2013 e, na semana de recepção aos calouros, conheceu e se interessou pelo trabalho criado pelos veteranos na Bahia.
Disposto a aprimorar sua formação universitária com uma atividade extracurricular, por duas vezes Eliel submeteu propostas ao Projeto Rondon, trabalho desenvolvido em conjunto com professores da Fatec e colegas de curso. Ambas foram rejeitadas, porém não desistiu – a vontade de fazer novos contatos e trocar experiências com brasileiros de outras regiões superava tudo.
Persistente, no final do ano passado Eliel foi um dos selecionados para participar do projeto em Arari. Sua ideia consistia na montagem de uma oficina de noções básicas de informática. Com os colegas, passou a madrugada instalando em uma sala da escola cinco computadores, com a proposta de ensinar digitação, uso de sistema operacional, editores de desenhos e criar arquivos de textos, planilhas e apresentações, entre outras atividades.
Eram quatro horas-aula divididas entre a parte teórica e prática e turmas de 20 alunos cada uma. No final do trabalho, mais de 200 ararienses conseguiram obter o certificado de conclusão. “Nosso progresso foi maior do que o deles”, comemora Eliel, que pretende regressar ao Maranhão para visitar os amigos que fez por lá.
Serviço
Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 28/02/2015. (PDF)