Monteiro Lobato finaliza proposta de plano diretor

Município do Vale do Paraíba recebeu o plano elaborado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) recentemente; projeto auxilia cidades no desenvolvimento de política local de uso e ocupação do solo rural e urbano

Monteiro Lobato, município localizado no Vale do Paraíba, na divisa com Minas Gerais, é o mais recente contemplado com uma proposta de Plano Diretor Municipal (PDM) elaborada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). De acordo com o artigo 181 da Constituição do Estado, todo município paulista deve ter esse regramento legal cuja finalidade é conferir à prefeitura base técnica, jurídica e social para planejar a ocupação rural e urbana de seu território, isto é, autorizar ou proibir construções em terrenos públicos e privados.

Em Monteiro Lobato, esse trabalho foi executado nos oito primeiros meses deste ano por 25 pesquisadores, técnicos e bolsistas do IPT. A iniciativa foi custeada e orientada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de seu Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem), realizado em conjunto com o IPT.

A proposta de plano diretor em Monteiro Lobato foi a 12ª elaborada pelo instituto. Desde 1996, foram produzidas, também sob medida, para as prefeituras de Barão de Antonina, Cananeia, Cesário Lange, Coronel Macedo, Gavião Peixoto, Ibiúna, Itaberá, Itaporanga, Itanhaém, Riversul e Taquarituba. Em todas, o intuito é o mesmo: disciplinar o crescimento urbano para viabilizar a proteção do meio ambiente e a preservação da qualidade de vida, a partir da delimitação de áreas exclusivas para moradias, negócios, agricultura, comércio, zonas de uso misto, etc.

Etapas

Responsável pelo projeto, o geólogo Carlos Geraldo de Freitas, do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (Labgeo), do IPT, diz que os munícipes são os principais agentes sociais em um plano diretor. Eles foram ouvidos em diversas etapas do levantamento, com o auxílio de questionários aplicados em escolas e postos de saúde.

O objetivo dos pesquisadores do IPT era identificar o perfil demográfico da população e abordar temas de seu interesse, como regularização fundiária de lotes, aberturas de ruas, saneamento básico, geração de empregos, transporte público, turismo e telecomunicações, entre outros assuntos. “O desemprego foi apontado pela maioria dos moradores como o principal obstáculo ao crescimento da região”, observa Freitas.

“As informações geotécnicas disponíveis sobre Monteiro Lobato eram escassas”, informa o geólogo. Assim, as equipes do IPT tiveram de produzir e apurar dados físicos (solo, hidrologia, divisão de áreas), socioeconômicos (condições sociais e econômicas da população) e bióticos (referentes às áreas verdes). No texto final foram incluídas medidas de prevenção em caráter permanente contra desabamentos e deslizamentos de terra por causa de áreas de risco existentes no território da cidade, cercado por montanhas e vales da Serra da Mantiqueira.

Uma das conclusões da proposta é apostar no turismo como uma das opções para o crescimento. A cidade de Monteiro Lobato é predominantemente rural, tem 4,5 mil habitantes e área de 330 quilômetros quadrados. Repleta de áreas verdes, riachos, montes e cascatas, a localidade abriga em seu território a antiga Fazenda Buquira, local onde o escritor (José Bento) Monteiro Lobato, cujo nome batiza a cidade, criou o Sítio do Picapau Amarelo e seus inesquecíveis personagens da literatura infantil, como a boneca Emília e o Visconde de Sabugosa.

Desdobramentos

Em Monteiro Lobato, a expectativa é que, até o final do ano, a Câmara de Vereadores faça uma ou mais audiências públicas para debater com a população a proposta apresentada pelo IPT, para permitir alterações e sugestões no texto. Depois dessa etapa, o plano diretor entrará em vigência e vai orientar, por exemplo, o Código de Edificações e Obras e, finalmente, no futuro, deverá originar a Lei Orgânica do Município – principal regramento legal de qualquer cidade.

O plano diretor indicará ainda solução padronizada para problemas encontrados em alguns bairros, como o parcelamento irregular de lotes rurais, ou seja, quando um terreno é dividido pelo proprietário em áreas abaixo do limite estabelecido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Também sinalizará resolução para questões como moradias construídas em áreas sujeitas a enchentes, próximas a encostas ou que invadem a pista de estradas vicinais.

Nascido em Monteiro Lobato, o caseiro Luis Chagas tem 29 anos e sempre residiu na cidade. Ao saber do processo de discussão do plano diretor pelo Facebook, participou ativamente dos debates. “Sugeri reservar áreas na cidade para a instalação de antenas de telefonia. O sinal de internet é muito ruim em muitos locais”, revela. “Pela proposta elaborada, vi que o pedido foi considerado. O plano diretor é uma conquista para todos”, finaliza.

Serviço

Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Programa de Apoio Tecnológico aos Municípios (Patem)
Constituição do Estado de SP (artigo nº 181)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/09/2016. (PDF)

Bosque das Aves do Zoo ganha espaços revitalizados

A Fundação Parque Zoológico de São Paulo apresentou recentemente aos visitantes os dois novos recintos do Bosque das Aves Africanas. Em processo de revitalização desde o início do ano, os espaços foram concluídos e entregues. O primeiro foi destinado a um exemplar macho de calau-rinoceronte (Buceros rhinoceros), e o outro para um casal de calaus-grandes (Bucorvus abyssinicus).

A reforma dos espaços incluiu a troca de estruturas metálicas, substituição e pintura de telas, reconstrução do tanque e dos abrigos, colocação de poleiros de diferentes formatos para aumentar o conforto das aves, além do acréscimo de ninhos e vegetação variada.

Mudanças

A bióloga Fernanda Guida, do Zoo de São Paulo, explica que agora o público pode conferir um cenário mais rico e próximo ao hábitat desses animais. “As mudanças e adaptações efetuadas visam a atender necessidades biológicas e comportamentais especiais dessas espécies”, informa. “Assim, os calaus podem interagir de diferentes formas com o ambiente”, completa.

As duas espécies são raras em zoológicos no Brasil. A maioria deles pode pesar até quatro quilos e viver mais de 50 anos em cativeiro. São aves onívoras, que incluem em seu cardápio frutas e sementes, além de insetos e pequenos vertebrados.

Proveniente do Sudeste Asiático, o exemplar de calau-rinoceronte está no Zoo desde 1995. Seus vizinhos, os calaus-grandes, originários do continente africano, chegaram em 1972 e sempre estiveram juntos. O casal possui histórico de reprodução, porém o último filhote nasceu em 1987. Com a reforma, a expectativa é que o recinto favoreça e estimule comportamentos reprodutivos dessas aves.

Maior do País

O Zoológico de São Paulo é um centro de pesquisa, preservação animal, educação ambiental e de lazer. Vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, abriga mais de 3 mil exemplares em uma área verde de 800 mil metros quadrados formada por trechos remanescentes da mata atlântica. Fundado em 1958 e instalado na zona sul da capital, próximo às nascentes do histórico Riacho do Ipiranga, o Zoo é o maior do Brasil em extensão e número de espécies. Tem 400 funcionários (incluindo os terceirizados) e abriga variedades nativas e exóticas, muitas ameaçadas de extinção.

Serviço

Zoológico de São Paulo
Av. Miguel Estéfano, 4.241 Água Funda – São Paulo –SP
Telefone (11) 5073-0811
Aberto diariamente das 9 às 17 horas (as bilheterias fecham às 16h30)

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/06/2016. (PDF)

Núcleo Itutinga-Pilões é opção de passeio gratuito no litoral

Roteiros pelo Parque Estadual da Serra do Mar fortalecem a educação ambiental com dezenas de trilhas e observação de espécies nativas em trechos preservados de mata atlântica

Sediado em Cubatão, o Itutinga-Pilões é um dos dez núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) administrados pela Fundação Florestal, vinculada à Secretaria Estadual do Meio Ambiente. A área verde preservada é um dos maiores trechos remanescentes de mata atlântica, um dos cinco biomas mais ameaçados no mundo e também um corredor biológico fundamental para a preservação da biodiversidade local, composta por 1,4 mil espécies de animais e 20 mil de vegetais.

O PESM parte da faixa litorânea do Estado do Rio de Janeiro, adentra o território de 25 municípios paulistas e vai até o Paraná. Tem 332 mil hectares de extensão e, desses, 43,8 mil integram o Núcleo Itutinga-Pilões. Os demais trechos, cada um com características próprias de interação social e preservação da flora e da fauna, dividem-se entre os núcleos Bertioga, Caraguatatuba, Cunha, Curucutu, Itariru, Padre Dória, Picinguaba, Santa Virgínia e São Sebastião.

Água de beber

Com origem no tupi-guarani, a palavra Itutinga-Pilões significa portal da água branca rumorejante, referência às diversas cascatas, piscinas naturais e aos rios Passareúva, Pilões e Cubatão presentes no ecossistema. Essas fontes hídricas fornecem 80% da água consumida na Baixada Santista e abastecem também mananciais da Represa Billings, localizada no entorno da capital.

Além de Cubatão, o Núcleo Itutinga-Pilões se estende pelos municípios de Mogi das Cruzes, Praia Grande, Santos, Santo André, São Bernardo do Campo, São Paulo e São Vicente. O complexo abriga, na encosta da Serra do Mar, a Usina Hidrelétrica Henry Borden e o trecho inicial da Rodovia Caminhos do Mar (SP-148).

De traçado sinuoso, a via foi a primeira interligação do litoral com a capital. Ao longo de seus 9,2 quilômetros, a rodovia mantém preservados diversos monumentos históricos, como o Pouso Paranapiacaba, o Belvedere Circular, o Rancho da Maioridade e a Calçada do Lorena.

Grátis e agendado

A advogada Patrícia Rodrigues, gestora do Núcleo Itutinga-Pilões, explica que a ida ao parque é gratuita e realizada mediante agendamento prévio por telefone ou e-mail, com no mínimo uma semana de antecedência (ver serviço).

Distante 60 quilômetros da capital, a visita pode ser feita de terça a sexta-feira, das 9 às 17 horas e, aos sábados, das 9 ao meio-dia. São aceitos grupos com até 40 pessoas e o público mais frequente são excursões de professores e alunos de escolas da rede pública e particular. “Muitos passeios terminam com as crianças plantando mudas de espécies nativas”, revela Patrícia.

Durante toda a estadia no núcleo, a equipe de monitores ambientais da Fundação Florestal acompanha os turistas. “Esses profissionais contam a história do local e atuam como educadores ambientais, destacando a importância da conservação dos recursos naturais e culturais brasileiros”, explica Patrícia.

Atrações ilimitadas

Em todos os roteiros do Núcleo Itutinga-Pilões, o visitante deve passar protetor solar e repelente contra insetos. São recomendadas também roupas leves, boné e calçados fechados para fazer caminhadas. A câmera fotográfica é fundamental para registrar as belezas infinitas do PESM, cujo visual mistura floresta com ar puro de montanha e atrai muitos observadores de aves e praticantes de esportes radicais (rafting, mountain bike, rapel), entre outros tipos de turistas.

Na sede, o público pode conhecer o Centro de Visitantes e a Oca do Curumim, atração infantil. Na sequência, visitar as ruínas da Vila Itutinga (hospital, cadeia velha, fábrica de doces e o casarão da vila), antiga morada de trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Itutinga. O próximo passeio são as trilhas do Rio Pilões (1,2 km, dificuldade baixa), da Usina (9 km, dificuldade alta), do Rio Passareúva (3 km, dificuldade média), do Lambari (1,7 km, dificuldade baixa), da Ferradura (1,5 km, dificuldade baixa) e do Laranjal (2 km, dificuldade média).

Na região da Vila de Paranapiacaba, ramal ferroviário construído pelo ingleses no alto da serra, próxima do município de Santo André, todas as trilhas têm dificuldade de nível médio: Vale do Rio Mogi (13 km), Cachoeira Escondida (4 km), Cachoeira da Fumaça (6 km) e Poço Formoso (4 km).


Desenvolvimento sustentável

O tecnólogo ambiental Nilton Peres divide as tarefas do Núcleo Itutinga-Pilões com Patrícia. Morador de Peruíbe e há oito anos no núcleo, ele é responsável pelo atendimento a cientistas interessados em pesquisar as milhares de espécies do PESM, cuja lista inclui várias ameaçadas de extinção, incluindo orquídeas raras e mamíferos como a onça-pintada e macacos mono-carvoeiro e bugio, entre outras.

“O maior felino das Américas tem hábitos noturnos e costuma evitar o contato com os humanos”, revela. “Entretanto, tive o privilégio de avistá-la pessoalmente muitas vezes, sem dizer os registros fotográficos feitos com as ‘traps cameras’ – máquinas fotográficas camufladas escondidas na mata para estudar a vida animal”, informa.

Nilton aposta na educação ambiental e no uso sustentável como caminhos para a preservação do PESM. Como exemplo, cita o trabalho constante de vigilância para combater a caça e a pesca ilegais, que dizimam as espécies polinizadoras e dispersoras de sementes, fundamentais para a perpetuação da vida no parque.

Apaixonado pelo parque, ele sugere no PESM a extração racional dos recursos da floresta nos mesmos moldes do extrativismo realizado na região norte com o açaí. “Diferentemente do corte da palmeira juçara para retirada do palmito, que mata a árvore, a coleta de seus frutos pode ser feita ao longo de toda a vida da espécie”, explicou. “Evita-se, assim, o desmatamento; e essa matéria-prima da floresta é ótima para produzir biscoitos, pão e farinhas”, ensina.

Serviço

Fundação Florestal
Parque Estadual da Serra do Mar (PESM)
Núcleo Itutinga-Pilões (agendamento de visitas)
Estrada Elias Zarzur, km 8, s/nº – Água Fria – Cubatão (SP)
E-mail pesm.itutinga@fflorestal.sp.gov.br
Telefone (13) 3361-8250

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/02/2016. (PDF)