Fapesp financia projetos de tecnologia e inovação

Recursos do Programa Pipe podem ser usados no desenvolvimento de produtos, processos e serviços em qualquer área de conhecimento; valores, a fundo perdido, podem chegar a até R$ 1,2 milhão

Termina dia 3 de agosto o prazo para empreendedores submeterem propostas para o terceiro ciclo de análises da edição de 2015 do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp). A iniciativa de financiamento, a fundo perdido (recursos não reembolsáveis), visa a apoiar o desenvolvimento de novos negócios na área de tecnologia e também os sediados nos 645 municípios paulistas.

O programa atende empresas com até 250 empregados e possibilita o desenvolvimento de produtos, processos e serviços em todas as áreas do conhecimento. Pode financiar uma ou duas das etapas de um projeto, sem exceder o teto de R$ 1,2 milhão, com a pesquisa aplicada devendo ser realizada diretamente nas instalações da empresa.

Na fase 1 (considerada a de maior risco para o sucesso do projeto), é exigido estudo de viabilidade e o valor solicitado pode chegar a R$ 200 mil, para ser usado em até 9 meses. Na fase 2, o teto é R$ 1 milhão, sendo exigido plano de negócio, e o período de execução se estende para 24 meses. Se quiser, o proponente pode pleitear diretamente a segunda etapa, justificando o motivo da dispensa da fase inicial.

Requisitos

A inscrição de projetos, regras, questões de propriedade intelectual e o cronograma estão disponíveis no site do Pipe – o canal on-line do programa da Fapesp divulgará, no dia 6 de novembro, os resultados da chamada do terceiro trimestre de 2015 (ver serviço).

Criado em 1997, o Pipe recebeu 400 pedidos em 2014 e apoiou 1,6 mil projetos de mil empresas solicitantes. Hoje, atende até mesmo negócio ainda não formalizado. Exige, porém, vínculo formal de um cientista empregado na empresa proponente ou, ainda, algum pesquisador associado. Esse profissional não precisa ter graduação completa, mas deverá comprovar conhecimento e competência técnica sobre o tema do projeto – e precisará dedicar no mínimo 24 horas semanais ao trabalho.

Avaliação

Depois de verificada a documentação, a coordenação da Fapesp avalia se há, de fato, um projeto. Em caso afirmativo, nomeia assessores científicos especialistas na área para a análise do pedido. Se for uma proposta de fase 1, dois pesquisadores farão esse trabalho individualmente, sem saber quem é seu par. Caso seja da fase 2, o número de assessores sobe para três, sendo mantida a confidencialidade.

Cada assessor analisa, entre outras questões, se a pesquisa é compatível com o empreendimento. Verifica também se o estudo é original e não foi realizado anteriormente e, ainda, se o solicitante consegue esclarecer o objetivo do trabalho científico e a proposta de metodologia.

Assessoria

No passo seguinte do julgamento, a coordenação reúne-se para examinar os pareceres dos assessores e, na presença deles, decidir coletivamente se aprovam, ou não, o financiamento. Quando divulga os resultados, a Fapesp envia ao proponente os pareceres técnicos dos avaliadores.

Caso a proposta seja aprovada, ocorre a liberação do dinheiro e são cobrados relatórios, acompanhamento, visitas técnicas, etc. Se o pedido tiver sido recusado, a documentação com informações técnicas e mercadológicas pode ser usada para aperfeiçoar o projeto original. Depois de reformulado, é possível reapresentá-lo à Fapesp no trimestre seguinte.

Encontro

Em evento realizado quarta-feira (1º), na sede da Fapesp, na capital, o pesquisador da coordenação do Pipe, Lúcio Angnes, informou a disponibilidade de R$ 15 milhões para o terceiro trimestre. A um auditório lotado de interessados, explicou os critérios de julgamento e as condições para aprovação das propostas.

“O solicitante não precisa apresentar contrapartida. Esse tipo de financiamento tem apelo social, visa ao surgimento de novas tecnologias e geração de mais renda e empregos no País”, esclareceu Angnes. “Ao avaliar projetos, a Fapesp considera viabilidade, potencial de retorno comercial e de aumento de competitividade e o estímulo à criação de uma cultura de inovação permanente nas organizações”, destacou.

Funcionalidade

A representante da Konsultex Informática, Rita Niccioli, quis saber mais sobre a possibilidade de financiar, por meio do Pipe, pesquisa para acrescentar novas funcionalidades aos serviços de suporte técnico da empresa na área de software livre.

Instalada no bairro Morumbi, zona sul da capital, a empresa atua nas áreas de gestão de documentos e processos, parametrização e personalização de serviços em código aberto, entre outros serviços. “O modelo de apoio do Pipe é interessante. Agora, vou redigir, com a equipe de trabalho, uma proposta bem estruturada, pois a avaliação da Fapesp é criteriosa”, ponderou.

Azeite paulista

O agrônomo Gabriel Bertozzi participou da chamada para deslanchar seu projeto de negócio, o Núcleo de Visão Empreendedora em Oliveira (Nave Oliva). Especialista em olivicultura, vislumbrou no financiamento Pipe um meio para estruturar estudo detalhado do solo e do clima de 12 locais do Estado de São Paulo, próximos da divisa com Minas Gerais.

O objetivo, explica Bertozzi, é identificar condições mais favoráveis para produzir azeite em escala industrial. “Conheço as técnicas de plantio e extração das olivas (desde a muda até a colheita), mas ainda falta especificar quais variedades são as mais recomendadas e produtivas em cada solo e região”, explica.


Menos dor

No segundo semestre de 2012, a Medecell, de Botucatu, apresentou à Fapesp proposta de projeto Pipe de fase 2. Aprovado em julho de 2013, o financiamento de R$ 447 mil visou ao desenvolvimento de dois produtos na área de saúde. Ambos têm por finalidade aliviar dores e são baseados em tecnologia de eletroestimulação nervosa transcutânea criada em 1992 na empresa, que possui dez funcionários.

Bem-sucedido, o projeto acabou originando um terceiro produto, também da mesma área. Os três seguem em fase de desenvolvimento e a expectativa do fundador da empresa, Moacyr Bighetti, é que sejam lançados nos próximos dois anos. Além do financiamento, ele explica que o contato com a Fapesp garantiu à empresa bolsas de pesquisa para técnicos de informática e de eletrônica.

Serviço

Programa Pipe Fapesp

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/07/2015. (PDF)