Unicamp inova na produção de alimentos com probióticos

Tecnologia desenvolvida abre novas possibilidades para a indústria alimentícia; quando consumidos regularmente, micro-organismos trazem benefícios à saúde

Com pedido de patente já encaminhado, uma pesquisa com probióticos do Laboratório de Microbiologia Quantitativa de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abriu novas perspectivas para a sua utilização na indústria alimentícia. De acordo com o professor Anderson de Souza Sant’Ana, responsável pelo projeto acadêmico, esses micro-organismos já são incluídos vivos na composição de alimentos como iogurtes, leites fermentados, queijos e produtos lácteos, entre outros, e quando consumidos regularmente, trazem benefícios à saúde.

Atualmente, explica Sant’Ana, docente do Departamento de Ciência de Alimentos, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA-Unicamp), um dos principais desafios do grupo de cientistas é encontrar meios para aumentar a sobrevivência dos probióticos em algumas etapas do processamento industrial dos alimentos. Isto é, como fazê-los resistir as altas temperaturas empregadas, ou, ainda, como resistir a uma mistura ácida comum, como, por exemplo, o suco de laranja.

Macarrão e almôndega

No Laboratório de Microbiologia Quantitativa de Alimentos, Anderson coordena equipe formada por quatro pós-doutorandos e 20 alunos de iniciação científica (graduação), mestrado e doutorado. Em 2017, o grupo apresentou três teses de doutorado. A primeira delas, de autoria da pesquisadora Mariana Batista Soares, teve bolsa concedida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) e consistiu em adicionar probióticos esporulados ao requeijão, ou seja, adotou como estratégia a incorporação deles ao alimento em uma fase de desenvolvimento anterior à adulta.

As outras duas tecnologias são de autoria das gêmeas Caroline e Carine Nunes de Almada. Com bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as irmãs produziram trabalhos acadêmicos com resultados promissores para a indústria alimentícia. “Tão logo foi identificado o potencial delas para a indústria, buscamos apoio e orientação da Agência de Inovação Inova Unicamp para proteger a descoberta com pedidos de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi)”, informa Sant’Ana.

De acordo com a literatura científica, quanto mais íntegro for o probiótico na sua ingestão, maiores serão os benefícios à saúde. Entretanto, destaca o professor Anderson, mesmo estando mortos, esses micro-organismos mantêm efeitos benéficos à saúde. Tomando por base esse princípio, Caroline desenvolveu uma versão inativa das bactérias probióticas para ser agregada ao macarrão. Chamada de paraprobiótica, pode ser adicionada a alimentos submetidos a alta temperatura em seu processo de produção.

Carine, avaliou o uso de oito tipos de probióticos esporulados com diversos alimentos, como leite, suco de laranja, almôndega, pão, pimenta em pó e iogurte – todos capazes de suportar processos como pasteurização, cozimento, forneamento e irradiação, comuns na indústria. Entre as variedade testadas, a de resultados mais satisfatórios foi averiguada com pão, suco de laranja e iogurte em simulações com roedores e em laboratório. O objetivo era estudar os efeitos benéficos à saúde quando as bactérias esporuladas eram veiculadas por diferentes alimentos.

“Os animais que consumiram o iogurte tiveram redução de glicose de 10% e de 34% de triglicerídeos, e também mostraram indicativos de efeitos benéficos sobre a microbiota intestinal”, relata o professor Sant’Ana. Assim, há agora novas possibilidades para a indústria, “pelo fato de os probióticos tradicionais não suportarem muitos dos processos testados agora com sucesso na Unicamp”, comenta. “Os próximos passos são aprimorar ainda mais a pesquisa e aguardar o contato de empresas interessadas nas inovações do Laboratório”, finaliza.

Serviço

Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA-Unicamp)
Tel. (19) 3521-2155

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 01/03/2018. (PDF)

Unicamp abre inscrições para casos de sucesso

Prêmio de Empreendedor do Ano celebra iniciativas dos negócios tecnológicos surgidos no âmbito da Universidade Estadual de Campinas; inscrições on-line seguem até o dia 24

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mantém abertas, até o dia 24, as inscrições de casos de sucesso (cases) para suas empresas-filhas que concorrerem ao título de Empreendedor do Ano. Podem participar da competição negócios ligados ao ecossistema de inovação da Unicamp de todos os segmentos econômicos, portes e com diferentes tempos de criação.

Neste ano, participam da disputa do prêmio três categorias de cases: inovação, impacto social e maior crescimento (scale-up), podendo uma empresa se inscrever em mais de uma categoria e ser premiada em mais de uma modalidade. O melhor caso de sucesso será proclamado Empreendedor do Ano, considerando quesitos quanto ao papel de liderança, criatividade, agilidade e capacidade de resolução de problemas. A consulta ao regulamento e a inscrição gratuita estão disponíveis no site do Unicamp Ventures (ver serviço).

Surgido no ano de 2006, no 1º Encontro de Empreendedores da Unicamp, evento organizado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, o Unicamp Ventures é uma rede de relacionamentos e de colaboração formada por empreendedores ligados à universidade, incluindo alunos, ex-alunos, docentes, funcionários, incubados e graduados da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp). Sua proposta é fomentar o surgimento de novos negócios inspirados no conhecimento científico e tecnológico produzidos no âmbito da universidade.

Inovação

De acordo com o professor Newton Frateschi, diretor-executivo da Inova Unicamp, as chamadas empresas-filhas, público-alvo do concurso, são aquelas criadas por alunos, ex-estudantes ou profissionais com vínculo empregatício com a Unicamp. “O universo delas abrange também as incubadas ou graduadas pela Incamp e mais os negócios cuja atividade principal incluam tecnologias licenciadas pela Unicamp”, informa Frateschi.

Segundo o professor, as empresas-filhas são um elo fundamental no ecossistema de inovação e de empreendedorismo formado ao redor da Unicamp. “Além de fortalecerem a pesquisa e o desenvolvimento do setor industrial, as empresas de base tecnológica (startups) são hoje destino de muitos recursos humanos qualificados formados pela universidade”, destaca. Na avaliação do professor, a atuação delas promove a transferência do conhecimento proveniente do meio acadêmico para a sociedade e geram empregos e renda.

Comissão julgadora

Os cases serão avaliados pelo Comitê de Organização do Encontro Unicamp Ventures, grupo composto por conselheiros do Unicamp Ventures e membros da Inova Unicamp. No dia 9 de outubro, os representantes das empresas-filhas pré-classificadas para o prêmio serão informados da participação na etapa final do concurso e deverão preparar apresentações (pitches) de seus casos de sucesso.

Os pitches finalistas serão apresentados no Unicamp Ventures. Neste ano, o evento será realizado durante o 4º InovaCampinas, o maior encontro anual de tecnologia da Região Metropolitana de Campinas (RMC), que será no dia 25 de outubro no Expo D. Pedro, em Campinas. Nele será anunciado o nome do Empreendedor do Ano vinculado à Unicamp. “Toda empresa-filha da universidade deve participar do Unicamp Ventures”, ressalta Frateschi, que também é docente do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW-Unicamp).

Segundo ele, ao inscrever o case, o empreendedor tem chance de apresentar seu negócio em evento de porte nacional, de obter Unicamp abre inscrições para casos de sucesso reconhecimento no ecossistema da RMC, ampliar sua rede de contatos e fechar parcerias e contratos. Se a empresa-filha ainda não estiver associada ao Unicamp Ventures, basta entrar no site do grupo e se inscrever” (ver serviço).

Empreendedores

A Inova Unicamp tem hoje cadastradas 514 empresas-filhas da Unicamp. Dessas, 434 estão ativas no mercado, empregam 22 mil funcionários e faturam, juntas, mais de R$ 3 bilhões anuais, total equivalente a uma vez e meia o orçamento anual da Unicamp. Cerca de 91% delas estão sediadas no território paulista. Campinas concentra 57% das empresas-filhas da Unicamp, seguida pela capital (17%) e demais cidades da RMC (7%).

Dados do ano passado da Inova Unicamp revelam que 43% das empresas-filhas da Unicamp receberam algum tipo de investimento. Entre os fomentadores, o Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp) responde por 28,3%; a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por 19,2%; e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por 13,9%. Investidores privados nacionais colaboraram com 13,9%; investidores-anjos, com 10,1%; e aportadores internacionais, com 4,2%.

Serviço

Unicamp Ventures (regulamento e inscrição de cases)
Agência de Inovação Inova Unicamp
Cadastro de empresas-filhas da Unicamp
4º Inova Campinas

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 19/09/2017. (PDF)

Universidade Estadual de Campinas avança na área de nanomedicina

Testada em laboratório e patenteada, nova tecnologia criada por equipe do Instituto de Química permite liberação controlada de fármacos em áreas específicas do organismo de paciente com câncer

Uma equipe do Departamento de Química Inorgânica do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ-Unicamp) desenvolveu uma nanopartícula capaz de transportar e liberar fármacos com ação lenta e controlada em locais específicos do corpo humano.

Assinado pelo doutorando Leandro Carneiro Fonseca e por seu orientador, o professor doutor Oswaldo Luiz Alves, ambos pesquisadores do Laboratório de Química do Estado Sólido (LQES), o estudo foi aprovado em teste laboratorial e a inovação tem aplicações possíveis nos segmentos farmacêutico, médico e biológico.

O trabalho acadêmico para a obtenção da nanopartícula de sílica carreadora de fármacos teve início em 2012 no IQ-Unicamp, a partir da dissertação de mestrado de Fonseca. Além dele, também participaram do projeto na área de nanomedicina os pós-doutorandos Amauri de Paula, da área de química, e Diego Martinez, de biologia.

A tecnologia originou pedido de patente de seus autores realizado por meio da Agência de Inovação Inova Unicamp no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), em dezembro de 2014, e, inclusive, foi descrita em artigo científico publicado na revista New Journal of Chemistry em julho do ano passado (ver serviço).

Além do apoio do IQ-Unicamp, o projeto da nova nanopartícula recebeu reforço federal com a cessão de bolsas de estudo e compra de materiais. Os financiamentos foram realizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligado ao Ministério da Educação (MEC), e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Materiais Complexos Funcionais (INCT – Inomat), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Diferenciais

De acordo com Fonseca, as vantagens do nanocarreador são a capacidade de ele transportar fármaco encapsulado e permitir a liberação do medicamento, por meio de sua superfície porosa, na área do tumor, no momento mais adequado do tratamento. “A expectativa futura é possibilitar aos médicos ministrarem dosagens menores de remédios e mais adaptadas às necessidades de cada paciente, em especial os de câncer, entre outros usos”, explica.

“Um dos benefícios esperados é diminuir os efeitos colaterais adversos de tratamentos como a quimioterapia: queda de cabelo, vômitos, entre outros”, observa. Outra inovação, aponta Fonseca, é a capacidade de a nanopartícula deslocar-se na corrente sanguínea para a área próxima do carcinoma. “Esse é um dos segredos industriais da pesquisa”, revela.

Outra estratégia incorporada é o fato de a nanopartícula ser ‘peguilada’, isto é, revestida por polímero sintético à base de polietilenoglicol, conhecido pelos centros de pesquisa pela sigla PEG (formado a partir do etilenoglicol). “Essa característica permite ao nanocarreador passar ‘despercebido’ dos glóbulos brancos (células de defesa responsáveis por atacar invasores) que, muitas vezes, são incapazes de diferenciar medicamentos de tecidos tumorais”, explica o doutorando.

Licenciamento

Eventuais empresas interessadas em adquirir o direito de explorar comercialmente a tecnologia (licenciamento) devem entrar em contato com a Agência de Inovação Inova Unicamp (ver serviço). “O comprador também ficará responsável pela realização de testes com animais e seres humanos antes de lançar no mercado medicamentos com essa tecnologia de transporte incorporada”, informa Fonseca.

O Instituto Nacional do Câncer – Inca assinala a ocorrência de 600 mil novos casos de câncer apenas neste ano, no Brasil, de acordo com o último estudo divulgado. Entre os tumores mais comuns no sexo masculino estão os de próstata, traqueia, brônquio, pulmão, cólon e reto. Nas mulheres, os tumores malignos de maior incidência são os de mama, cólon, reto e colo do útero.

Serviço

Agência de Inovação Inova Unicamp
Telefone (19) 3521-2624
E-mail para licenciamento: parcerias@inova.unicamp.br

Artigo científico publicado na New Journal of Chemistry
Capes
INCT – Inomat

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/07/2017. (PDF)