Certificar malas contra água e poeira é inovação do IPT

Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas auxilia fabricante paulistano a ampliar qualidade de produtos para conquistar mercados

Disposta a conferir proteção contra líquidos e partículas sólidas em suas malas e cases, a Maligan, fabricante paulistana, teve no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) o parceiro ideal para agregar esse diferencial em suas linhas de produtos, comercializadas no mercado interno e de exportação.

“Além de garantir a integridade dos materiais transportados, queríamos inovar e oferecer produtos herméticos, com graus de resistência IP67, semelhantes a alguns modelos comercializados no exterior”, revela Marcelo Sartore, diretor comercial da empresa, fundada em 1978 por seu pai e seu tio.

Atendida ao longo do segundo semestre de 2017, a Maligan foi a primeira das 400 empresas da Associação Latino-Americana de Materiais Compósitos (Almaco) a se beneficiar do termo de cooperação assinado em 13 de junho do ano passado com o Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa (NT-MPE) do IPT, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Esse acordo, explica Mari Katayama, diretora do NT-MPE, atende a micro, pequenos e médios negócios cujas linhas de produtos usem compósitos, uma mistura de materiais de naturezas distintas com o objetivo de se obter novas propriedades, como, por exemplo, alta resistência. Também possibilita, segundo Gilmar Lima, presidente da Almaco, “colocar em prática diversas ideias, conceitos e projetos” com estes materiais, cujas características e diferenciais de flexibilidade e de design estão presentes em diversos segmentos da indústria.

Portfólio

Sediada em Americanópolis, bairro da zona sul da capital, a Maligan fabrica malas e cases de plástico reforçado e de fibra de vidro (fiberglass) sob medida para quaisquer profissionais com necessidade de transportar em segurança equipamentos e ferramentas. Sua lista de clientes inclui os segmentos médico, militar e de automação industrial. Entre os compradores figuram o Exército brasileiro, a Superintendência da Polícia Técnico-Científica, a Polícia Militar e empresas como Petrobras, Embraer, Schneider Electric e Festo, entre outras.

“Levei para os técnicos do IPT o folheto de um fabricante norte-americano de malas já possuidoras dos graus de proteção IP67. O corpo de especialistas então estudou o pedido, com relação às dimensões e necessidades, projetou e executou os ensaios”, conta Sartore. Segundo ele, depois de seis meses, a certificação foi concluída e estendida a todos os modelos da empresa e, “com essa inovação, o plano de exportar mais, iniciado no ano passado, ganhou novo impulso”, comemora o diretor.

Campo de provas

Na denominação IP67, o dígito 6 refere-se à proteção contra a entrada de poeira e o 7 significa vedação temporária em água. Para obter essa certificação no IPT, as malas foram avaliadas pela equipe da Seção de Ensaios de Graus de Proteção e Materiais Elétricos, que se baseou na norma NBR IEC 60529 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Esse texto técnico estabelece parâmetros para a avaliação de invólucros de equipamentos elétricos a fim de verificar a proteção contra a entrada de objetos sólidos e de líquidos e também contra o acesso a partes perigosas.

Responsável pelos ensaios técnicos, o engenheiro eletricista Luiz Eduardo Joaquim destaca a realização de dois testes no Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos. O primeiro deles foi realizado em uma câmara de poeira fechada durante oito horas para verificar a resistência contra a penetração de partículas. O segundo aferiu a vedação contra a água dos conjuntos do corpo e da tampa e foi feito em tanque de provas de um metro de profundidade durante uma hora.

“Para nós, pesquisadores do IPT, é uma alegria auxiliar a indústria nacional e os empreendedores a ampliarem mercados e gerarem mais desenvolvimento para o País”, comentou Joaquim.


Múltiplas possibilidades

Empregar experiência fabril e conhecimento técnico para impulsionar o desenvolvimento do setor produtivo paulista. Essa é a proposta do Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa (NT-MPE), desde 1999. “Esses atendimentos do IPT são direcionados a negócios com faturamento anual de até R$ 90 milhões e podem ter até 90% de seus custos subsidiados. Assim, o empreendedor desembolsa, no mínimo, os 10% restantes, de acordo com cada caso”, informa Mari Katayama, diretora do NT-MPE.

Atualmente, o Núcleo dispõe de cinco programas com diversas opções para as empresas. O Projeto Prumo, o primeiro deles, visa a melhorar processos e produtos com laboratório móvel. O segundo, dedicado à exportação, investe na adequação de produtos paulistas para atender às exigências específicas de compradores externos. O terceiro programa destina-se à qualificação técnica para aprimoramento de produtos para o mercado; o quarto, de gestão da produção, propõe identificar e solucionar gargalos em prazo de entrega, custos, produtividade, balanceamento da produção e fluxograma industrial; o quinto dedica-se à produção mais limpa.

Serviço

NT-MPE
E-mail katayama@ipt.br
Telefone (11) 3767-4204

Almaco
Maligan

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 16/05/2018. (PDF)

Seminário no IPT orienta empresas paulistas a exportar

Encontro sobre qualificação de micro e pequenos empreendedores propõe expandir e internacionalizar negócios, além de apresentar diversos serviços oferecidos pelo Estado

Na manhã de ontem, 26, um público composto por empreendedores lotou o Auditório do Núcleo de Bionanomanufatura do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para participar do Seminário Prepare sua Empresa para Atender Novos Mercados. Promovido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (SDECTI), IPT e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o encontro realizado na capital orientou empresas sobre como qualificar tecnicamente produtos de acordo com exigências legais e divulgou meios para exportá-los.

Logo na entrada do auditório, os visitantes puderam conferir showroom com diversos produtos fabricados no Estado por empresas atendidas pelo Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do IPT (NT-MPE), entre eles, chuveiros, jaqueta para motoboy com airbag, decks para piscinas feitos com fraldas não utilizadas pela indústria, entre outros. Responsável pelo NT-MPE, a pesquisadora Mari Katayama destacou em sua exposição todas as opções desse serviço de apoio ao empreendedor, criado em 1999 e com mais de 5 mil atendimentos no portfólio.

À disposição

O serviço recordista de chamados no NT-MPE são as Unidades Móveis (Prumo), cujo atendimento consiste na ida de uma equipe formada por técnico e engenheiro à empresa solicitante para solucionar gargalos na produção. O Prumo atende às áreas de polímeros (plásticos e borrachas), cerâmica, couro e calçados e tratamento de superfícies. Além dele, há a Qualificação de Produtos para o Mercado Interno (Qualimint), a Gestão da Produção (Gespro), a Produção Mais Limpa (Prolimp) e o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação (Progex).

“Quem não inova em produtos e processos fica para trás. A proposta do IPT é sempre ser aliado do empreendedor”, informou Mari Katayama. Segundo ela, podem solicitar esses atendimentos negócios com faturamento anual de até R$ 90 milhões – e ter até 90% de seus custos subsidiados pela SDECTI. Assim, a empresa paga, no mínimo, os 10% restantes, de acordo com cada caso.

Internacionalização

Representando a Fiesp, Marco Antonio dos Reis, diretor-adjunto do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria, e Vladimir Guilhamat, diretor do departamento de relações internacionais e de comércio exterior, destacaram a importância das empresas não se voltarem às exportações somente nos momentos de crise econômica e de retração no mercado doméstico. Segundo eles, a internacionalização precisa ser uniforme e não deve ser descontinuada.

Também abordando a expansão das empresas brasileiras, Paulo Brusqui, gerente de exportação da Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe São Paulo), ressaltou o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex). Realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o programa foi iniciado em 2015, tem parceria com a Investe São Paulo e atraiu mais de 2,5 mil empreendedores.

Mercosul

“Muitos deles nos procuram nos eventos SP Export, outra ação permanente da Investe São Paulo, com diversos parceiros direcionados para a internacionalização de marcas e produtos brasileiros”, esclareceu Brusqui. Uma dessas interessadas foi Luane Moliterno. Representando a Block Insetos, microempresa de sua família sediada no Ipiranga, zona sul da capital, ela foi ao seminário para iniciar o processo de internacionalização de sua tela mosquiteira fixada por ímãs, cujo principal diferencial, explica, “é poder ser instalada em qualquer tipo de janela”.

“Criamos a startup em outubro do ano passado e lançamos o produto em abril. Hoje, sua versão mais barata, a de R$ 69, está disponível no site da empresa (ver serviço) e em 200 pontos de venda do País”, informa a empreendedora. Por meio do Peiex, Luane projeta vender as telas, fabricadas com fibras de vidro, para países do Mercosul, iniciando pelo Uruguai nos próximos meses. “Eu desconhecia a existência de apoios governamentais à exportação das pequenas empresas. Iniciativas como esse seminário são excelentes”, argumentou.

Embora tenha produzido versões em espanhol dos manuais e embalagens do produto, para Luane, o apoio e a experiência da Apex-Brasil e da Investe São Paulo serão fundamentais na internacionalização. Ela pretende destacar nos textos o fato de as telas não se ressecarem ao sol, não propagarem chamas e serem recomendadas para distribuição em pet shops, pelo fato de “gatos não conseguirem desfiar os fios”, outro diferencial.

Parceria antiga

O engenheiro Carlos Cella, diretor industrial da Cardal Eletro Metalúrgica, contou a história da bem-sucedida parceria da empresa com o IPT. No final da década de 1980, ele procurou espontaneamente o Laboratório de Instalações Prediais para desenvolver normas técnicas para o mercado interno de duchas e aquecedores – dois produtos fabricados pela empresa paulistana sediada no Bom Retiro, região central da capital.

“Queríamos ter um conjunto de normas e padronizações, para nossos produtos também serem validados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro)”, revelou. No IPT, Carlos Cella foi atendido pelos engenheiros Jacques Toutain e Adílson Lourenço. Satisfeito com o primeiro trabalho, solicitou outro, também voluntário, para aferir a qualidade e a eficiência energética de seus produtos, de modo a aprimorá-los.

De volta ao IPT, Carlos Cella passou a ser atendido pelo engenheiro elétrico Douglas Messina, também do Laboratório de Instalações Prediais, mas, dessa vez, apresentou uma exigência técnica. Atualmente a empresa exporta para Paraguai, Bolívia, México, Colômbia, Equador e Costa Rica. Desde março, o Equador passou a exigir adequação à norma técnica IEC. “Fizemos o diagnóstico preliminar, sugerimos adequações nos aquecedores e depois dos ensaios com o produto, em 90 dias ele estava novamente apto para exportar”, informou Messina.

Serviço

Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do IPT
E-mail ntmpe@ipt.br
Telefone (11) 3767-4204

Investe São Paulo
Apex-Brasil
Fiesp
Block Insetos
Cardal Aquecedores

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 27/09/2017. (PDF)

Município de Guarulhos recebe a quinta edição do SP Export

Evento promovido pela Investe São Paulo, em parceria com a prefeitura e a Apex-Brasil, capacita empreendedores de todos os portes a captar clientes no exterior

O Teatro Adamastor, localizado no centro da cidade de Guarulhos, recebeu a 5ª edição do SP Export, evento de promoção das exportações paulistas. Realizado na quinta-feira, 30, das 9 às 17 horas, o encontro, direcionado a empreendedores de todos os portes, foi promovido pela Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competitividade (Investe São Paulo), em parceria com a prefeitura do município e com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e ofereceu duas ações gratuitas aos participantes.

A primeira delas, o Seminário de Capacitação, consistiu em um ciclo de palestras de 30 minutos cada uma no teatro. As orientações versaram sobre como conquistar mercados em outros continentes, formação de preços, recebimento de pagamentos vindos do exterior, adequação de produtos à legislação estrangeira, elaboração de plano de negócios para exportação e utilização de inteligência comercial em negócios internacionais, entre outros temas.

No salão vizinho, foi organizado o Poupatempo do Exportador, a segunda frente do SP Export. Itinerante, essa iniciativa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação reúne, no mesmo espaço, diversos serviços para quem deseja internacionalizar marcas, produtos e serviços. No local, os empreendedores tiveram à disposição atendimento pessoal dos organizadores e parceiros do SP Export.

Parcerias

Entre os parceiros do SP Export, vários são ligados diretamente ao Governo estadual, como, por exemplo, a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP). Outros, são vinculados a secretarias de Estado, como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), órgão da pasta do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag), instituições vinculadas à Agricultura e Abastecimento.

Também são parceiros os Correios, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (CECIEx) e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Corredor

Segundo o diretor de Relações Institucionais da Investe São Paulo, Sérgio Costa, um dos motivos da escolha de Guarulhos para sediar o primeiro SP Export deste ano é a sua infraestrutura e potencial logístico. Antes, o evento, lançado em dezembro de 2015, foi realizado em Campinas, Sorocaba, Franca e Ribeirão Preto.

Vizinha da capital, Guarulhos é a segunda cidade mais populosa do Estado, com 1,3 milhão de habitantes (dados do ano passado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). O município abriga o Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior da América Latina, e é cortado pelas rodovias Presidente Dutra, Ayrton Senna e Fernão Dias.

Nos dois primeiros meses do ano passado, a prefeitura identificou aproximadamente 50 mil empresas registradas em Guarulhos. Desse total, 5 mil são indústrias, sendo mil com potencial para exportar. Atualmente, 400 já exportam, e a meta dos gestores municipais é chegar em 2020 com mais 600 comercializando seus produtos e serviços com clientes de outros países.

“São Paulo detém 42% das exportações brasileiras, mas pode crescer muito mais”, analisa Costa, ao comentar esforços do Executivo paulista para promovê-las. Ele cita como exemplo as missões empresariais realizadas no ano passado rumo ao Peru, Colômbia e Argentina. Segundo ele, na comparação entre os anos de 2015 e 2016, o número de empresas paulistas que exportou pela primeira vez saltou de 889 para 2.010.

Adequação

O casal de consultores aduaneiros Mara Yadoya e Marcelo Camargo foi buscar informações no espaço do IPT sobre como orientar seus clientes para exportar. Moradores de Guarulhos, eles ficaram sabendo do SP Export em uma palestra no Sebrae-SP. “Muitos clientes nos pedem auxílio e foi uma grata surpresa descobrir todas as modalidades oferecidas pelo Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa (NT-MPE) do IPT”, revelou Mara.

O microempresário Getúlio Zambuzi, de Guarulhos, contou ter visto informações sobre o SP Export no Facebook e foi esclarecer dúvidas com os profissionais do Ital e da Fundepag. Fabricante de 80 itens para cabelos, como xampu, condicionador e pó descolorante, ele recebeu proposta de um fornecedor para representar sua marca na Inglaterra. Assim, precisa saber como adaptar a formulação dos produtos e embalagens à legislação britânica. “Além de gratuito, o atendimento é personalizado e excelente”, comentou, satisfeito.

Em busca de capital de giro, Marcelo Piovani foi ao balcão da Desenvolve SP saber mais sobre as linhas de financiamento disponíveis – todas com crédito mais barato do que o oferecido pelos bancos convencionais. O objetivo é impulsionar a produção de sua empresa alimentícia. Fornecedor de uma rede atacadista, recebeu pedido para desenvolver uma embalagem maior do salgadinho que comercializa, para venda nos Estados Unidos. “Agora, falta somente conseguir o dinheiro”, disse ele, esperançoso.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 01/04/2017. (PDF)