Casa Guilherme de Almeida reúne poesia, arte e cultura

Conhecer a antiga morada e o acervo do escritor e tradutor paulista é opção gratuita para comemorar o 464º aniversário de São Paulo; visita é das 10 às 18 horas

Amanhã, 25, uma opção gratuita para aproveitar o feriado na capital é conhecer o Museu Casa-literária Guilherme de Almeida. Localizada na Rua Macapá, 187, no bairro Perdizes, zona oeste, próximo da Estação Sumaré do metrô, a antiga morada do poeta, tradutor, jornalista e advogado paulista foi transformada, em 2010, em centro histórico – seu conjunto preserva a obra e os objetos pessoais de um dos mentores do modernismo brasileiro.

Vinculada à Secretaria Estadual da Cultura, a Casa é um espaço repleto de antiguidades e de obras de arte, incluindo pinturas e esculturas assinadas por expoentes do modernismo, como Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret – todos contemporâneos do escritor. De acordo com Alexandra Rocha, coordenadora do núcleo educativo, a programação inclui oficinas, palestras, cursos para professores, com a divulgação das atividades no site da entidade (ver serviço).

Guilherme residia com Belkiss (Baby), sua esposa, na residência conhecida como a Casa da Colina, em local próximo ao estádio do Pacaembu. Atualmente, as instalações comportam cerca de 40 pessoas e o acesso aos ambientes internos é sempre acompanhado por educadores. A visita nos aposentos dura em média uma hora e meia e pode ser realizada por grupos com até 8 pessoas, de terça-feira a domingo, inclusive feriados, das 10 às 18 horas. Turmas com mais de cinco integrantes precisam agendar data e horário pelo telefone (11) 3672-1391.

Acessibilidade

Com exceção do terceiro andar, a mansarda, aonde o elevador não chega devido às características do imóvel, todos os demais aposentos da Casa dispõem de recursos para atender pessoas com deficiência, mobilidade reduzida ou dificuldade de locomoção. Além dos banheiros adaptados e do piso com sinalização tátil, os educadores responsáveis por acompanhar o público têm noções básicas de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e de inglês.

Para ampliar o acesso dos deficientes visuais às obras, são oferecidas réplicas em alto-relevo de algumas obras significativas. Entre elas, a escultura A Sóror Dolorosa (1920), de Victor Brecheret, inspirada no Livro de Horas de Sóror Dolorosa, de Guilherme de Almeida, peça exposta também na Semana de Arte Moderna de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Outra reprodução de interesse é o brasão da capital, criado em 1917, em parceria com José Wasth Rodrigues, com o lema em latim Non Ducor Duco, cujo significado é ‘não sou conduzido, conduzo’.

Desde março de 2014 a Casa possui um bloco adicional na Rua Cardoso de Almeida, 1.943, no quarteirão vizinho. Conhecida como Anexo, essa área abriga parte da administração, reserva técnica, acervo arquivístico, laboratório de restauro de livros, sala de aula para cursos e a Sala Cinematographos. Antes uma garagem, esse espaço foi transformado em uma sala de vídeo com capacidade para 40 pessoas. Seu nome homenageia a antiga coluna criada e mantida por Guilherme no jornal O Estado de S. Paulo, entre as décadas de 1920 e 1940, pioneira do gênero no País.


O Príncipe dos Poetas

Nascido em Campinas, Guilherme de Almeida (1890-1969) assinou peças teatrais junto a Oswald de Andrade em 1916 e, no ano seguinte, estreou seu primeiro livro de poemas, Nós. Em 1922, com Mário de Andrade e Menotti del Picchia, colaborou para organizar a Semana de Arte Moderna, tendo fundado a revista Klaxon, porta-voz do movimento. Em 1928, foi eleito para a Academia Paulista de Letras e, dois anos depois, para a Academia Brasileira de Letras.

Em 1932, alistou-se como soldado raso na Revolução Constitucionalista e ficou um mês na cidade de Cunha, de onde retornou para comandar o Jornal das Trincheiras. Depois, durante décadas, foi o mais popular poeta paulista, com dezenas de trabalhos de prosa, ensaio, poesia e tradução, entre outros. Em 1959, foi eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros em concurso do jornal Correio da Manhã. Guilherme morreu em 1969 e foi enterrado no Obelisco do Ibirapuera, mausoléu erguido em homenagem aos combatentes paulistas de 1932.

Serviço

Casa Guilherme de Almeida
Telefone: (11) 3673-1883
E-mail casaguilhermedealmeida@gmail.com

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 24/01/2018. (PDF)