Design Thinking foi o tema do InovaDay de junho, encontro promovido na capital pela Rede Paulista de Inovação
O auditório do mezanino do Edifício Cidade I, no centro da capital, foi palco no último dia 29 de mais um InovaDay. Promovido desde 2009 pela Secretaria Estadual de Gestão Pública, o evento mensal traz especialistas para repensar, de forma criativa, governo e sociedade. A iniciativa segue as diretrizes do Decreto nº 53.963 e tem como meta estimular e fortalecer a cultura de inovação na administração pública estadual.
Os encontros e debates do InovaDay têm entrada franca e são transmitidos ao vivo pela internet, nos sites do programa e da Rede Paulista de Inovação em Governo (iGovSP). Depois de cinco dias úteis, os vídeos são editados e ficam disponíveis para consulta on-line a qualquer tempo.
Roberto Agune, coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação da Secretaria de Gestão Pública, abriu os trabalhos do InovaDay. Comentou sobre o desafio de preparar a geração atual de servidores para um presente complexo, com múltiplas dimensões, capaz de motivar uma mudança cultural e lançar as bases do governo do futuro. E também de encontrar caminhos para que os funcionários mais antigos compartilhem na rede seu saber acumulado e que ampliem a troca de experiências com os mais novos.
Na sequência, convidou a plateia a refletir sobre o desafio e em suas palavras e fazer com que o povo coloque ‘a mão na massa’ para estimular a criatividade. Segundo Agune, os encontros mensais do InovaDay estimulam as iniciativas setoriais na cultura da inovação, com objetividade e conteúdo focado em novas formas de melhorar e prestar serviços, de rever processos de trabalho e de contribuir para uma nova mentalidade governamental.
Design Thinking
Neste encontro, o palestrante foi Ricardo Ruffo, professor da unidade paulistana da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e diretor da empresa Design Echos.
O tema da palestra foi Inovação Social e Design Thinking, metodologia que se propõe a vislumbrar soluções empáticas e sustentáveis para problemas complexos. Segundo o palestrante, esta abordagem propõe fazer uso do conhecimento compartilhado, colaborativo e produzido pela internet e redes de interações entre os indivíduos para colocar as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto. A partir da experimentação de novas possibilidades, despertar a cultura da inovação e criar novas estratégias sociais, produtos, serviços e negócios.
“Uma empresa busca inovar processos primordialmente para lucrar mais. Já a sociedade e os governos devem fazer o mesmo, porém voltados para o social. Neste processo, há uma convergência saudável entre ganhar dinheiro e fazer o bem – e surgem novas formas de pensar e agir”, explicou Ruffo.
Poupatempo 2.0
Depois da exposição de Ruffo, uma equipe multidisciplinar de universitários orientada por ele expôs um exemplo prático da aplicação do Design Thinking em um serviço público. O grupo produziu estudo de caso chamado Poupatempo 2.0 – Gerar soluções para a vida das pessoas”. E o trabalho foi apresentado no InovaDay pelas alunas Renata Tonezi, Amnah Asad e Maria Andreia Trujillo.
As estudantes sugeriram propostas simples para aprimorar o Poupatempo, programa mantido pela Secretaria de Gestão Pública, cujo conceito é concentrar diversos serviços públicos em um mesmo local. Em 2010, o atendimento foi avaliado como ótimo e bom por 97% dos usuários do Poupatempo, segundo pesquisa do Ibope. Entretanto, na avaliação delas, é possível aprimorar ainda mais o serviço e favorecer a aproximação entre governo, cidadão e servidores.
Durante uma semana, os estudantes da ESPM-SP se dividiram em turmas para avaliar o atendimento prestado no Poupatempo Sé, posto com mais procura entre os 31 fixos existentes no território paulista. Na agência, ouviram funcionários, público e analisaram instalações, procedimentos, interações e serviços.
O grupo avalia que o tempo e a disponibilidade no atendimento são dois pontos críticos a ser melhorados. Sugeriram opções para reavaliar o tempo gasto por todos os envolvidos no atendimento. A principal conclusão é que todas as esferas de governo precisarão ouvir cada vez mais os cidadãos. E também deverão modernizar processos, mudar atitudes, diminuir redundâncias e unificar bases de dados. Outra sugestão é criar uma moeda social, para valorizar funcionários, identificar problemas com os usuários e valorizar os voluntários que ajudam no funcionamento.
Transparência e acessibilidade
Depois da apresentação, o grupo de Design Thinking debateu com a plateia. Participaram da conversa Edward Gerth e Álvaro Gregório, assessores em inovação vinculados à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional, e Hudson Augusto Lima, funcionário da Secretaria da Administração Penitenciária. Para Álvaro, as palavras colaboração e tecnologia nunca estiveram tão em voga. E devem ser aliadas para permitir ao governo estreitar laços com a sociedade.
Para Hudson, é primordial para o poder público rever processos. Morador de Sorocaba e pós-graduando em tecnologia, trabalha com inclusão digital. Ele analisou de 21 de agosto a 21 de setembro de 2011 os sites das 645 prefeituras paulistas. Neste trabalho, descobriu que 54 municípios ainda não estão na internet. Deste universo, 159 não publicam suas contas e entre as que divulgam, 364 o fazem em formatos não acessíveis, dificultando a compreensão dos conteúdos.
Ele também observou a presença nas redes sociais, se oferecem conexão gratuita com a internet e acessibilidade das páginas das prefeituras. Este cuidado garante que qualquer pessoa, deficiente ou não, seja capaz de usar um site. No momento, somente a prefeitura de Dourado tomou esta precaução. O resultado completo da pesquisa de Hudson está disponível para consulta on-line em documento compartilhado no endereço http://va.mu/HmNm.
Serviço
InovaDay
Rede Paulista de Inovação em Governo (iGovSP)
Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial
Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 04/07/2012. (PDF)