Insetos gigantes na cidade

Gratuita, exposição permanente na capital informa o público e destaca a importância destes animais para o equilíbrio da vida no planeta

Desde o início de março, a população pode conhecer na capital a exposição gratuita “Planeta Inseto”, coleção dos maiores insetos do mundo no Museu do Instituto Biológico (IB) e recentemente incorporada ao acervo permanente da instituição. A mostra aborda, de modo lúdico e interativo, diversos aspectos sobre os animais, sensibilizando o público para sua importância para o equilíbrio ambiental, produção de alimentos e saúde pública.

Um dos destaques é o viveiro com um exemplar e uma larva viva de dez centímetros de comprimento do besouro-de-chifre (Megasoma janus), que pode atingir 12 centímetros na fase adulta. Em risco de extinção, o animal habita as regiões de cerrado e Mata Atlântica.

Quem vê o viveiro de bichos-pau não imagina que dezenas de exemplares o habitam. Parecidos com gravetos, estes animais ficam imóveis a maior parte do tempo e as fêmeas podem ter até 26 centímetros de comprimento. Pertencentes à fauna nacional, se camuflam na natureza em meio às árvores, onde se alimentam de folhas de goiabeira e pitangueira, sem, contudo, causar danos à lavouras.

Já o viveiro com baratas de Madagáscar (Gromphadorhina portentosa) é uma atração “estrangeira”. Com tons avermelhados, pode medir até dez centímetros de comprimento, três vezes mais do que as variedades comuns. Esta espécie produz um ruído característico, parecido com um assobio, e é criada como “pet” em alguns países. Entretanto, no Museu, recebe vigilância especial dos organizadores, por trazer risco de desequilíbrio ecológico caso fujam e se reproduzam no meio ambiente.

O acervo permanente possui um área com lagartas (bicho-da-seda) tecendo fios. A sala ao lado é dedicada aos insetos sociais, como formigas, cupins, abelhas e vespas, agentes importantes da reciclagem de material orgânico na natureza. Nesse ambiente, um formigueiro artificial revela a organização desses insetos dentro do grupo e a divisão do trabalho no interior de sua habitação.

No restante das instalações, cartazes e material de divulgação apresentam o controle biológico, tecnologia que emprega insetos para deter pragas nas lavouras. Por fim, há um “baratódromo”, onde são disputadas inusitadas corridas de baratas e uma seção dedicada aos insetos considerados pragas urbanas.

Educação ambiental

Harumi Hojo, pesquisadora responsável pelo museu, conta que a principal função do centro de divulgação é a educação ambiental. Segundo ela, muitos visitantes mostram repulsa pelos insetos, exatamente por não terem informações corretas sobre eles. “A proposta é desmistificar o senso comum e revelar a importância dos insetos para a vida humana e o equilíbrio do planeta”, esclarece Harumi.

Na mesma linha, Antonio Batista Filho, diretor-geral do Instituto Biológico, informa que existem um milhão de espécies conhecidas e acredita-se que há mais outras sete milhões para serem descobertas. “Esses animais são muito importantes para a produção de alimentos para os seres humanos. O trabalho das abelhas para produzir mel, cera e própolis, e o das mamangavas, na polinização do maracujá, são exemplos”, observa.

Antonio também sublinha outros usos importantes, como o médico, com o emprego de larvas de mosca para comer tecidos mortos em feridas, e a chamada entomologia forense, estudo da biologia de insetos e de outros artrópodes em processos criminais. A presença deles em um cadáver dá indicativos importantes sobre o horário da morte e o local de uma cena de crime.

Vitrine permanente

Centro de divulgação científica e cultural permanente, o Instituto Biológico é vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento e o museu é uma vitrine de alguns dos serviços prestados à sociedade. Considerado o único do gênero jardim zoológico no Brasil, funciona com autorização especial do Ibama e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

A visitação tem entrada gratuita, de terça a domingo, das 9 às 16 horas. Aceita agendar visitas de grupos escolares de até 40 pessoas. O passeio dura duas horas.

O atendimento ao público é feito por oito alunos monitores, universitários do curso de Biologia e estagiários do museu. O grupo é mantido a partir de uma parceria entre o Instituto Biológico com o Catavento Cultural e Educacional, entidade ligada à Secretaria Estadual da Cultura.

Dennis Seroy Correa é um dos monitores. Ele conta que uma das perguntas mais comuns é por qual motivo aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos não integram o acervo do Museu. Ele explica que se tratam de aracnídeos. Diferente dos insetos, não possuem antenas e têm quatro pares de patas em vez de três dos insetos. Mas ambos, aracnídeos e insetos, são invertebrados e integram o grupo dos artrópodes.

Outra ideia muito difundida é que cigarras morrem de tanto cantar. Na verdade, o alto ruído emitido pelos machos é uma estratégia para atrair fêmeas. E ao longo da vida trocam de exoesqueleto algumas vezes. Quando abandona um deles, fica uma casca vazada no ambiente, dando a impressão de o corpo ter sido furado.


Cardápio enriquecido

Comer larvas, grilos, libélulas, mariposas, marias-fedidas, formigas, gafanhotos e besouros é um hábito alimentar milenar, descrito por historiadores e citado em muitas passagens bíblicas. Atualmente os insetos integram a dieta humana em 120 países do globo, mas no futuro deverão reforçar o cardápio humano em todos os continentes, devido ao crescimento da população, diminuição das áreas agriculturáveis e escassez dos recursos naturais.

A explicação é que o corpo dos insetos contém as mesmas substâncias presentes nas carnes de outros vertebrados, como boi, peixe, frango e porco. A principal diferença está na quantidade de proteínas. Por exemplo, a “carne” da formiga Atta cephalotes possui 42,59% de proteínas contra 23% das disponíveis na carne de frango e 20% na bovina.

Outra vantagem da proteína dos insetos é a menor necessidade de água e de espaço  para produzi-los, em comparação com as criações extensivas, que necessitam de pasto e condições climáticas especiais.

Serviço

Museu do Instituto Biológico
Rua Amâncio de Carvalho, 546 – Vila Mariana – São Paulo (SP)
De terça a domingo, das 9 às 16h
Tel. (11) 2613-9500
Contato: planetainseto@biologico.sp.gov.br
Entrada franca

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 09/03/2012. (PDF)

Os melhores do Clica SP: Turismo premia vencedores do concurso fotográfico

Imagens das belezas naturais e de eventos de apelo turístico garantiram viagens aos três primeiros colocados

Na semana passada, a Secretaria Estadual do Turismo entregou os prêmios dos três primeiros colocados do Clica SP, na sede da pasta, na capital. A proposta do concurso fotográfico foi estimular qualquer pessoa, profissional ou não, a fotografar belezas naturais, paisagens, eventos, pontos turísticos e quaisquer atrações dos 645 municípios paulistas. A iniciativa foi realizada em parceria com a agência de viagens CVC e as prefeituras de Cananeia e Socorro.

O designer gráfico Marcelo Guedes Cornachini, de Praia Grande, foi o vencedor. Ele fez uma composição no Deck do Pescador em Santos, com um grupo ao pôr do sol, no local. A imagem vitoriosa foi a que mais se alinhou ao tema Retratar as belezas e os atrativos dos municípios do Estado de São Paulo, sob qualquer ângulo ou visão. O trabalho lhe rendeu um tablet 3G, com 16 GB de memória e mais um minicruzeiro de três noites, em cabine dupla, no navio Imperatriz, no sistema All Inclusive.

O advogado Luiz Otávio de Almeida Lima e Silva, de Santos, conquistou o segundo prêmio destacando o turismo de aventura. Em Ilha Comprida, retratou o stand up paddle, antiga forma de praticar surfe. Na cena, uma mulher se posiciona sobre a prancha e se prepara para remar nas águas marinhas azuladas. A imagem deu direito a passar um fim de semana com acompanhante na Estância Hidromineral de Socorro, com hospedagem por duas noites e três atividades de turismo de aventura.

O vendedor aposentado Samuel Kassapian Júnior, da capital, privilegiou o turismo de viés religioso, no Vale do Paraíba. Do alto da Basílica de Aparecida, registrou uma chuva de papel picado, com a igreja repleta de fiéis. A foto valeu o terceiro lugar no concurso e lhe conferiu um fim de semana para duas pessoas em Cananeia, com hospedagem e passeios de escuna para observação de golfinhos.

Comissão julgadora

A Secretaria Estadual do Turismo recebeu mil imagens, no período do concurso, que foi de 23 de novembro de 2011 a 31 de janeiro de 2012. A avaliação do material recebido foi feita pelo trio Miguel Netto (jornalista), Vanílson Fickert (turismólogo) e Orlando de Souza (publicitário) e teve apoio de todo o corpo funcional da pasta.

Os responsáveis pelo Clica SP avaliaram como positiva a interação feita com o público por meio do concurso. E pretendem promover em breve ações semelhantes e novos concursos temáticos. O conceito é que estas iniciativas incentivam a atividade econômica na alta e também na baixa temporada, além de serem uma vitrine permanente, com divulgação nos sites do governo e redes sociais.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/03/2012. (PDF)

O mundo promissor da bionanotecnologia

Laboratório de bionanotecnologia do IPT a ser inaugurado em julho coloca São Paulo na linha de frente da pesquisa tecnológica

Já chegaram os primeiros equipamentos do Laboratório de Bionanotecnologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), pioneiro do gênero no Brasil. As obras dos quatro edifícios do novo centro foram iniciadas em 2009 e concluídas no final de 2011. Localizado no complexo principal do IPT, na Cidade Universitária, na capital, o novo centro tem 8 mil metros quadrados de extensão e inauguração prevista para julho.

Com investimento de R$ 50 milhões, financiados pelo Governo paulista, a bionanotecnologia é uma aposta do IPT para atender a diversos ramos industriais. Metade da verba foi consumida em gastos com a obra e o restante em equipamentos, capacitação de recursos humanos e concurso público realizado em 2011 para admitir 75 novos profissionais, entre pesquisadores e técnicos.

Fundado em 1899 e vinculado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT), o IPT atua como elo multidisciplinar entre universidades e centros de pesquisas com diversos setores produtivos brasileiros.

Potencial trilionário

O serviço do IPT inclui desenvolver soluções tecnológicas e melhorar processos para pequenos e médios empresários, de modo que fortaleça o empreendedorismo no País. Neste sentido, a bionanotecnologia é campo fértil para a inovação em muitas áreas, em especial medicina, petróleo e gás, medicamentos, têxtil, cosméticos, química, cerâmicas, siderurgia, papel e celulose, combustíveis e construção civil.

Levantamento da empresa internacional de pesquisas Lux Research, especializada em novos negócios e tecnologias para empresas e governos, avalia entre US$ 2 trilhões e US$ 3 trilhões anuais o potencial da área de bionanotecnologia para gerar receitas globais. A expectativa do IPT é ser parceiro de empresas brasileiras para a conquista de uma fatia desse mercado.

A bionanotecnologia é uma área científica recente e multidisciplinar. Surge das fronteiras do conhecimento de ramos tradicionais, como química, física, biologia, engenharia, entre muitas outras. De modo geral, propõe técnicas, processos e métodos para mudar as propriedades dos compostos e materiais muito pequenos, chegando até o nível molecular.

De origem grega, a palavra nano significa anão e representa valores na escala milionésima. Em alguns casos, as medidas chegam a nanômetros, unidades equivalentes à bilionésima parte de um metro – algo cerca de cem mil vezes mais fino que um fio de cabelo. As bionanopartículas somente são visíveis em microscópios de alta definição e resolução, com capacidade de aumento superior a 800 mil vezes.

Aplicações ilimitadas

Uma técnica a ser desenvolvida no laboratório é a de microencapsular partículas para a área farmacêutica. O objetivo é produzir um medicamento que, antes de ser inoculado no organismo, tenha seu princípio ativo programado para atuar só em um órgão ou tecido celular específico. E também sempre ser liberado no tempo, local e dosagem correta.

As vantagens são diminuir efeitos colaterais e permitir formulações, respeitando características individuais do paciente, como sexo, peso, altura e idade para aprimorar um patch (curativo) para tratamento de tumores na pele, com nanofibras e ação localizada.

Outra pesquisa prevista é desenvolver um lubrificante especial para motores, com propriedades anticorrosivas, a ser liberado quando uma temperatura específica é atingida. Princípio semelhante terá um revestimento interno para dutos usados pela  na retirada de petróleo em plataformas submarinas. O óleo cru sai do subsolo com a temperatura média de 200ºC e tem em sua composição bactérias que provocam corrosão. E este é um desafio para a manutenção do equipamento, muitas vezes instalado em águas profundas.

Fábrica de protótipos

“Nessa nova corrida tecnológica mundial, o Brasil terá condição de ser competidor de primeira linha”, garante João Fernando Gomes de Oliveira, diretor-presidente do IPT.

“Vamos aproveitar o conhecimento multidisciplinar do instituto para desenvolver protótipos bionanotecnológicos. Esses compostos, por sua vez, nortearão as empresas sobre como produzir os materiais em escala industrial”, explica.

O Laboratório de Bionanotecnologia será inaugurado com clientes públicos, como a Petrobras. E também pretende atender a empresas privadas. “São muitos clientes potenciais. As pesquisas serão realizadas sempre com três fontes de recursos igualmente divididos. O custeio será rateado entre a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a empresa privada interessada e subvenção governamental”, informa João.


Instalações especiais

O projeto arquitetônico do laboratório do IPT incluiu sistemas antivibratórios no subsolo do edifício principal e o maior conjunto de “salas limpas” do Brasil. Este tipo de ambiente com filtros especiais é usado para testes e manufatura de produtos. Previne a contaminação do ar por partículas capazes de interferir no trabalho.

A fachada lateral envidraçada foi projetada para o sul, de modo que garanta que a incidência de energia solar não atrapalhe o conforto térmico dos laboratórios. Outra característica é a possibilidade de reconfigurar rapidamente ambientes internos para abrigar novas pesquisas e equipamentos.

Assim, o projeto dos edifícios contemplou o fornecimento de gases e outras substâncias para as pesquisas, a partir de tubulações internas nas colunas. Desse modo, os pesquisadores têm à disposição hélio, hidrogênio, nitrogênio, gás natural, oxigênio e acetileno para alimentar os equipamentos. E também água desmineralizada, quente, vapor e ar comprimido, entre outras opções.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/02/2012. (PDF)