Corredor São Mateus-Jabaquara inspira novo modelo de transporte sobre pneus

Sistema intermediário entre Metrô e ônibus trafega na superfície com capacidade para cerca de 200 mil passageiros por dia; corredor atende aos municípios de São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema

A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) escolheu o Corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara como uma das referências para os estudos que decidirão os rumos do Transporte Expresso Urbano (TEU), novo modelo de transporte sobre pneus que será desenvolvido inicialmente na Grande São Paulo. Os estudos serão patrocinados pela The William and Flora Hewlett Foundation, organização não-governamental dedicada às causas ambientais.

O protocolo de intenções para o desenvolvimento do TEU foi assinado pela ANTP, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e São Paulo Transporte (SPTrans), durante o 14º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado em Vitória (ES) no mês de outubro. A ideia é que o projeto resulte em um novo e avançado conceito de corredor de ônibus a ser desenvolvido na Região Metropolitana de São Paulo.

Joaquim Lopes, presidente da EMTU, conta que o TEU terá bilhetagem com cartões inteligentes (smart cards), controle operacional por satélite e computadores embarcados nos veículos. “Além da série de inovações tecnológicas que elevam sua capacidade de transporte para 25 mil passageiros por hora, outro aspecto importante é o custo de construção, pois o quilômetro da linha custa cinco vezes menos do que uma linha subterrânea de metrô”, explica.

Sem cicatrizes

Lopes explica que as linhas do TEU serão construídas de acordo com o projeto original de cada cidade. “A preocupação é integrar por completo o novo sistema à mancha urbana com tratamento paisagístico adequado no entorno do traçado e das estações”, explica. “Questões como poluição sonora e emissão de gases estão sendo consideradas”.

As necessidades dos portadores de deficiências estão também na pauta. “Fizemos testes no ano passado, com veículos dotados de um sistema de amortecedores que abaixa o veículo até o nível do solo nos pontos de paradas. Assim, idosos, gestantes e pessoas com crianças no colo não terão dificuldade para embarcar e desembarcar”, conclui. O TEU será integrado com outros modais como o Metrô e trens metropolitanos para favorecer os deslocamentos da população.

Fonte de inspiração

O Corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara, gerenciado pela EMTU, na capital, transporta diariamente 200 mil passageiros nos seus 33 quilômetros de extensão. Em pesquisa realizada em maio, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) obteve 90% de conceitos ótimo e bom entre os usuários dos ônibus.

Construído há 15 anos, esse tipo de transporte passou à iniciativa privada em 1997, quando o Consórcio Metra assumiu a operação e manutenção do sistema, mediante concessão de 20 anos. Ele é referência nacional e internacional para o desenvolvimento de projetos de racionalização da operação do transporte sobre pneus.

O Corredor atende aos municípios de São Paulo, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Opera 11 linhas de ônibus que transportam em média 5 milhões de usuários/mês. Dispõe de nove terminais que se integram com linhas municipais, sistemas metroviário e ferroviário. Esse sistema serve de laboratório para testes com novas tecnologias, principalmente aquelas que buscam a qualidade do meio ambiente como a operação experimental dos ônibus híbridos (diesel-elétricos) e o desenvolvimento do ônibus movido a Célula de Combustível a Hidrogênio.

O projeto da EMTU, desenvolvido em conjunto com o Ministério das Minas e Energia e outras empresas ligadas ao setor energético, é patrocinado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e coloca o Brasil em posição de destaque no cenário da evolução dessa tecnologia, por servir de referência em outros países como México, China, Índia e Egito.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/11/2003. (PDF)

Governo estuda opções para ligação ferroviária entre a capital e Campinas

Viagens serão realizadas em 50 minutos com parada em Jundiaí para embarque e desembarque de passageiros; trens farão o percurso completo em pouco menos de uma hora, com saídas a cada 15 ou 20 minutos

O governo espanhol doou para o Estado de São Paulo um estudo de viabilidade no valor de R$ 1 milhão para a instalação do trem que ligará as regiões metropolitanas da capital e de Campinas. O estudo analisa aspectos técnicos, econômicos e financeiros para a instalação do sistema ferroviário que transportará passageiros e pequenas cargas entre os aeroportos internacionais de Viracopos e de Guarulhos. Cinco empresas espanholas estão participando da licitação para a realização do estudo.

O novo trecho ferroviário terá entre 90 km e 100 km de extensão, com uma parada em Jundiaí para embarque e desembarque de passageiros. O tempo total da viagem será de 50 minutos e a velocidade média dos trens será entre 140 e 160 km/h. A previsão é que o intervalo entre as composições seja entre 15 e 20 minutos. Os vagões terão ar condicionado e serviço de bordo.

A ferrovia terá o traçado construído entre as Rodovias Anhanguera (SP-330) e Bandeirantes (SP-348). Será terrestre na sua maior parte, com trechos de embarque e desembarque aéreos ou subterrâneos. Cada vagão transportará 60 passageiros sentados.

O percurso se inicia em Campinas, em local ainda a ser definido, faz uma escala obrigatória em Jundiaí e termina na estação Barra Funda em São Paulo. Na capital, o usuário terá acesso ao sistema metroferroviário e ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, por meio do Expresso Aeroporto, cujo projeto está em andamento pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Segundo Jurandir Fernandes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, a ferrovia será explorada pela iniciativa privada, e a concessão segue o modelo das rodovias paulistas privatizadas. “Durante um período entre 25 e 40 anos, o parceiro privado irá explorar o trecho e vender as passagens. Quem apresentar a melhor proposta e onerar menos o Estado, ficará com a concessão”, explica.

Prazos

O projeto tem custo estimado entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões. A previsão de construção da linha é de seis a oito anos. “A intenção é interligar, no futuro, não apenas as regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista e Campinas, mas também as do Vale do Paraíba, Sorocaba e Jundiaí”, explica.

“Os fabricantes nacionais são capazes de construir os trens e a ferrovia no País. Com novos pedidos, as empresas serão capazes de reduzir custos, treinar pessoal e difundir ainda mais o transporte ferroviário no Brasil”, ressalta Fernandes.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/11/2003. (PDF)

Bolsa Eletrônica de Compras passa a atender os 645 municípios do Estado

Ao aderir ao sistema, prefeituras podem comprar pela internet 20 mil produtos de 46 mil fornecedores cadastrados

A administração estadual estendeu o serviço da Bolsa Eletrônica de Compras (BEC) para os 645 municípios paulistas. O sistema de informática da Secretaria de Estado da Fazenda informa os menores preços e permite a compra de 20 mil itens de até R$ 8 mil, que dispensam licitação. As transações são eletrônicas, realizadas via internet, e o Estado garante o pagamento, no prazo, aos fornecedores.

O sistema BEC tem 46 mil fornecedores cadastrados. O portal apresenta os itens de acordo com a especificação técnica e unidade de medida – caixa, peso e litro. Os produtos são gêneros alimentícios, material de escritório, higiene e limpeza, medicamentos, combustíveis, ferragens, informática e suprimentos agrícolas, entre outros. As compras são restritas a materiais, não sendo possível contratar serviços.

Para aderir ao BEC, o município deve assinar convênio com a Secretaria Estadual da Fazenda, aceitando as regras do sistema e firmando um acordo com a Nossa Caixa, agente financeiro das operações. Depois de cadastrada, a prefeitura recebe senha para iniciar aquisições.

Compras

O procedimento é simples. No site da Bolsa Eletrônica de Compras, o usuário escolhe o material que precisa adquirir e emite uma ordem de compra para o sistema. Ele determina o dia e a hora que a transação será realizada e informa pelo correio eletrônico aos fornecedores do produto sobre a abertura do ato público. Se estiver interessado, o distribuidor pode enviar pelo sistema suas ofertas para o leilão eletrônico de menor preço.

No dia estipulado, o sistema vai informando aos compradores sobre os menores preços ofertados. Encerrado o prazo, a BEC revela o valor mínimo oferecido. Na sequência, de acordo com o total de lances e participantes, é calculado o tempo adicional para os lances finais, e o sistema reabre comunicando aos fornecedores o prazo-limite para o envio de ofertas, agora definitivo. Terminado o processo, são divulgados o nome do ganhador e a lista de concorrentes que enviaram lances.

Roberto Agune, coordenador do Sistema Estratégico de Informações do Estado, explica que, enquanto a compra não é finalizada, ninguém sabe quem está ofertando, nem mesmo os administradores da BEC. Caso haja empate no valor dos lances, vence aquele que tiver sido o primeiro a enviar a oferta. Esse tipo de disputa não-presencial é denominado leilão reverso.

“Há um aumento na competição. No modelo anterior, eram tomadas três ofertas de preços, e o menor valor prevalecia. Agora, mais fornecedores têm acesso à competição. É uma oportunidade de negócio, onde quanto mais fornecedores participarem, melhores as condições para quem quer vender rápido e para a prefeitura que precisa dos materiais”, explica.

Prazo de entrega

O vencedor é obrigado a entregar o pedido em até cinco dias úteis no endereço especificado pela prefeitura, que deverá verificar se o material está de acordo com as especificações e informar para o sistema a data e as condições de recebimento. A BEC notifica então a Nossa Caixa, e em 30 dias o pagamento referente à venda será creditado na conta do fornecedor.

Se quiser receber o dinheiro antes dos 30 dias, o vendedor imprime um recibo, também pelo sistema, que pode ser descontado na Nossa Caixa. Nesse caso, deve pagar uma taxa de juros pela antecipação.

Condição suficiente: computador e internet

Pode fazer parte da BEC qualquer empresa paulista. A única exigência é estar em dia com suas obrigações com a Secretaria da Fazenda e ter conta aberta na Nossa Caixa. Estão excluídos devedores do INSS e FGTS. No processo de inclusão, é conferido o regimento da empresa na Junta Comercial do Estado (Jucesp).

“É desejável que, cada prefeitura ao se cadastrar sugira a seus fornecedores habituais que se associem à BEC. Quanto mais municípios e empresas participando, maior a competitividade e eficácia. A intenção é transformar o Estado e as prefeituras em bons parceiros de negócios para a iniciativa privada”, comenta.

Quem descumpre prazos ou regras da BEC é punido com suspensão. No ano passado, a Casa Civil comprou cartuchos de tinta para impressora no valor de R$ 2,6 mil. A vencedora foi uma papelaria de Ribeirão Preto que despachou por Sedex a encomenda, que pesava dois quilos. “Mesmo distante 300 km da capital, a empresa honrou o compromisso no prazo”, ressalta.

“Aproximadamente 500 cidades paulistas são de pequeno porte e não dispõem de recursos para montar um sistema sofisticado como a BEC, com internet, bancos de dados e suporte de informática. Assim, a única exigência para participar do leilão reverso é ter um computador com internet”, frisa.


Evolução das operações da BEC até 03-10-2003

Ano Oferta de compra negociada Valor Referência (Total A) Valor Negociado (Total B) (A-B) Porcentual
2000 168 450.000 361.000 89.000 19,78%
2001 5.291 16.718.950 13.134.302 3.584.648 21,44%
2002 10.361 50.589.859 40.741.350 9.848.509 19,47%
2003 13.081 91.358.687 65.876.762 25.481.925 27,89%
Total geral 28.901 159.117.495 120.113.414 39.004.082 24,51%

Serviço

Bolsa Eletrônica de Compras (BEC)
Telefone: (11) 3243-3400

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 06/11/2003. (PDF)