Estudantes da USP São Carlos vencem etapa internacional de aeromodelismo

Competição exigia projeto e construção de um avião radiocontrolado capaz de transportar carga de 20 quilos

Um grupo de 12 alunos de graduação da Escola de Engenharia da USP São Carlos (EESC) venceu na categoria aberta o SAE Aerodesign East Competition, torneio internacional de aeromodelismo disputado entre os dias 4 e 6 de maio, em Forth Worth, no estado do Texas (EUA). Participaram do campeonato estudantes dos Estados Unidos, Canadá, México, Polônia, Venezuela e Porto Rico.

A equipe brasileira obteve o primeiro lugar na classificação geral da competição e recebeu também menção honrosa por ter criado o projeto mais inovador. Trouxe ainda na bagagem o terceiro título da EESC no torneio, cujo objetivo era a construção de um avião radiocontrolado com no máximo cinco quilos de peso e capaz de carregar carga de 20 quilos.

O credenciamento para a disputa da etapa internacional foi obtido após a vitória do grupo na oitava edição do concurso anual SAE Brasil Aerodesign, realizado em setembro de 2006 no Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, em São José dos Campos. Do grupo de 12 alunos, oito viajaram para os EUA para representar o Brasil na etapa internacional da competição.

Cecília Pereira Machado é a única mulher da equipe. Ela conta que o projeto e a construção do modelo campeão começaram numa prancheta, exigiu seis meses de trabalho e conhecimentos e habilidades de todo o grupo, formado por universitários das demais áreas de engenharia.

“Para não prejudicar as atividades acadêmicas, que são extensas, nos reuníamos na oficina todas as noites, finais de semana e feriados. Em média, cada aluno dispendeu duas horas por dia para esta atividade. No início, fizemos uma divisão do trabalho que separou as tarefas em seis áreas: aerodinâmica; propulsão; estabilidade e controle; estruturas; desenho e desempenho”, lembra.

Pedro Castro Souza Villela, aluno de engenharia aeronáutica, ficou responsável pela propulsão do monoplano. Projetou conceitos inovadores para o avião, como a cauda no formato H e uma adaptação nos sistemas do trem de pouso e de freio, de modo a amortecer o impacto na decolagem e na aterrissagem.

“Fizemos um grande trabalho de pesquisa, que necessitou de muitas discussões e aprimoramentos. A intenção era utilizar os materiais mais leves na construção e se aproximar ao máximo dos princípios fundamentais da aeronáutica”, recorda.

Pedro explica que o regulamento da competição exigia um voo inicial completo sem a carga. Na sequência, era preciso fazer nova viagem, com a aeronave carregando o peso. “Uma das maiores dificuldades foi fazer o monoplano decolar numa distância de somente 30 metros, a metade da permitida na etapa realizada na competição do ano passado”, observa. Depois de vencidos todos os desafios, considera importante destacar o apoio recebido pelos patrocinadores da equipe: Opto Eletrônica e a NSK Rolamentos, que financiaram a compra dos materiais para a construção do protótipo.

Asas à imaginação

O regulamento da competição proibia a participação de construtores profissionais para auxiliar os alunos, porém lhes permitia receber orientação dos professores. Na EESC, o engenheiro Paulo Celso Greco é o responsável pela competição e divide a função com mais dez colegas do Departamento de Materiais e Engenharia Aeronáutica.

“Além da troca de idéias, incentivamos os estudantes a participar deste tipo de desafio. Um dos méritos do torneio é estimular a criatividade e permitir a realização de testes e simulações que seriam impossíveis em grandes empresas construtoras de aviões, cujo custo dos projetos alcançam a casa dos milhões de dólares”, explica.

O professor ressalta que muitas destas empresas observam o desempenho dos estudantes neste tipo de competição e acabam contratando-os depois do término da graduação.

“Esta área profissional alterna períodos de pouca e grande demanda por pessoal qualificado. Contudo, há mais de uma década no Brasil o mercado está aquecido e faltam quadros qualificados. Grandes fabricantes, a exemplo da Embraer, precisam contratar estrangeiros e também oferecer cursos internos de formação para engenheiros de outras áreas para adaptá-los às necessidades da indústria aeronáutica”, analisou.


Difusão e intercâmbio

A Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil) é responsável pela organização da etapa nacional do concurso. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos fundada em 1991. Reúne engenheiros, técnicos e executivos unidos pela missão de disseminar técnicas e conhecimentos relativos à tecnologia da mobilidade nas áreas terrestre, marítima e aeroespacial. Congrega 3,7 mil associados, distribuídos em 11 seções regionais e pretende integrar os profissionais do País no processo de globalização.

A SAE International foi fundada em 1905, nos EUA, por notórios empresários: Henry Ford, Thomas Edison e outros representantes da indústria automotiva e aeronáutica. No mundo, está presente em 93 países, tem 90 mil sócios e já especificou mais de cinco mil normas e padrões para os setores automotivo e aeroespacial.

André van de Schepop, responsável da SAE Brasil pela competição, explica que o principal objetivo da disputa é propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos aeronáuticos entre estudantes e futuros profissionais e contribuir para a formação de mão-de-obra qualificada no País.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 30/05/2007. (PDF)

Esquema de segurança de Bento XVI foi equivalente ao do presidente Bush

Mobilização na capital e interior teve esquemas especiais de órgãos ligados a três secretarias de Estado

A Polícia Militar destacou 20 mil homens para fazer a segurança do Papa Bento XVI nos cinco dias da visita do chefe de estado do Vaticano no Brasil. O volume cedido correspondeu a 27% dos 93 mil policiais militares existentes no Estado e o serviço foi reforçado pelo Exército brasileiro e Polícia Federal, responsáveis diretos pela segurança do líder religioso.

O esquema montado para receber o Papa foi semelhante ao criado para a visita do presidente norte-americano, George W. Bush, que esteve na capital em março. A diferença, segundo o Comando do Exército em São Paulo, é que a presença de Bento XVI despertou o interesse das pessoas nas ruas e em eventos públicos, o que exigiu reforço na segurança. Bush teve apenas encontros fechados.

A comitiva teve à disposição destacamentos de elite da PM paulista como o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e as Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). As equipes foram responsáveis pelo apoio à segurança nos deslocamentos do móvel e na orientação ao público nos eventos.

A estratégia de proteção foi elaborada há três meses pelas equipes do Centro de Operações de Segurança Integrada (Cosi), que integram a cúpula de forças de segurança do País. Ficou estabelecido que somente homens da Guarda Suíça, encarregada da segurança pessoal do pontífice, e policiais federais poderiam ficar próximos do líder religioso. No segundo anel de isolamento, foram mobilizados soldados do Exército.

“A PM foi responsável pela segurança dos fiéis e triagem dos espaços por onde o Papa passou”, esclarece Róbson Cabanas Duque, tenente do setor de operações do Comando de Policiamento da Capital.

Além do efetivo, ele comenta que foram utilizados mais 1,5 mil viaturas, 200 cavalos do Regimento Nove de Julho e 12 aeronaves do governo paulista. Um helicóptero Águia ficou a disposição e na cidade de Aparecida foram destacados 3,5 mil militares e mais 500 veículos, entre motos, caminhões, ônibus e automóveis.

Róbson lembra que uma das funções do helicóptero foi auxiliar policiais em terra em caso de manifestações e acidentes de trânsito. Segundo a PM, outra precaução adotada pela segurança foi fechar o espaço aéreo nas proximidades dos locais visitados por Bento XVI.

“Foi um plano detalhado para mais uma de nossas operações tidas como especiais e felizmente, tudo correu conforme o esperado”, finaliza o tenente Róbson.


Transportes tiveram esquema especial

Durante a visita de Bento XVI, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) alterou o itinerário de 80 linhas e deste total, 60 tinham como destino o Terminal Armênia, na capital.

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) operou ininterruptamente, na madrugada dos dias 10 e 11, com o objetivo de atender os interessados em assistir à missa celebrada na manhã de sexta-feira, no Campo de Marte, zona norte.

A segurança nos trens e estações da CPTM também recebeu reforço, as folgas dos funcionários da área foram canceladas. Mobilizou-se um contingente 20% maior que o habitual, totalizando 260 agentes. A Companhia previu acréscimo de 200 mil usuários adicionais à média diária de 1,5 milhões de passageiros transportados nas seis linhas do sistema, que atendem 22 municípios na Região Metropolitana.

O Metrô teve também esquema especial entre os dias 9 e 11 de maio, durante a estada do Papa. Houve reforço de pessoal nas estações e oferta máxima de trens nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha nos horários que antecederam e sucederam os dois eventos de maior participação popular: o encontro com os jovens, no estádio do Pacaembu, na tarde do dia 10, e a missa no Campo de Marte, realizada na manhã do dia 11. Para melhor atender o público, o Metrô manteve operação ininterrupta entre os dias 10 e 11 nas linhas 1, 2 e 3.


Postos médicos, ambulâncias e hospitais de prontidão

O médico Wladimir Taborda foi designado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) para coordenar os esquemas de recepção e de emergência na capital e interior para atender à comitiva e ao público presente em todos os eventos da programação, que receberam público estimado de quatro milhões de pessoas.

Bento XVI, que tem 80 anos, contou com assistência 24 horas por dia, desde a sua chegada até a partida, incluindo uma ambulância de suporte avançado (UTI móvel) e a reserva do andar da terapia intensiva do Hospital Santa Catarina, que cedeu a ambulância.

“Os atendimentos ficaram dentro do previsto e nenhum dos eventos registrou ocorrências graves. Foram solicitações corriqueiras, de quadros leves, como desmaio, cansaço, hipoglicemia, tontura e queda de pressão”, observou.

Wladimir explica que todos os pronto-socorros foram mobilizados e foram mantidas equipes de médicos, enfermeiros, motoristas, ambulâncias e de helicópteros, além de quatro hospitais: três da capital (Santa Catarina, São José e Incor) e do interior, (Hospital Regional do Vale do Paraíba, de Taubaté).

“O esquema na área da saúde foi cuidadosamente elaborado. A infraestrutura montada permitia ao médico pessoal do Papa entrar em contato comigo via radiocomunicador e ser atendido em menos de cinco minutos. O público também teve cuidado semelhante, inclusive com hospitais de campanha e helicópteros para atender a quaisquer emergências”, finalizou.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 15/05/2007. (PDF)

Escola do Futuro da USP faz pesquisa sobre formação superior em informática

Segunda edição brasileira do Campus Computing Report, evento de âmbito internacional, avalia o ensino de tecnologia da informação

A Escola do Futuro da USP está convocando faculdades e universidades brasileiras para a segunda edição do Campus Computing Report. É o estudo que detalha a situação do ensino superior de computação e tecnologia da informação (TI) no Brasil. Objetiva propor soluções para que as instituições acadêmicas potencializem o ensino, o conhecimento, a administração e as operações de aprendizado nos campus.

O Campus Computing Report é uma iniciativa de âmbito internacional criado há 16 anos nos Estados Unidos e abrange países como China, Japão e Cingapura. Integra projeto contínuo e direcionado às políticas, ao planejamento e às práticas de TI.

As respostas dadas pelas faculdades e universidades a um questionário sobre o tema contribuirão para melhor entendimento sobre as soluções que essas instituições estão planejando e como utilizam os recursos tecnológicos. A primeira edição brasileira foi realizada em 2004 e teve a participação de 150 escolas de todo o País.

O coordenador do evento no Brasil, professor Fredric Litto, explica que, por meio desse estudo, as empresas poderão obter indicadores das referências e dos planos para a aquisição de produtos e serviços. A partir dessas informações, terão a possibilidade de fortalecer o planejamento de suas ações estratégicas. “As respostas fornecidas serão tratadas de modo confidencial. Nenhum dado será utilizado para além das análises da pesquisa”, ressalta.

O professor Litto comenta que as informações obtidas em 2004 foram surpreendentes e serviram como parâmetro para muitos interessados em investir no Brasil e para a definição de políticas governamentais.

“A nossa tecnologia não está tão atrasada, na comparação com os Estados Unidos. Estamos até mais avançados no uso e desenvolvimento de software de código livre e na criação e manutenção dos portais das universidades brasileiras na internet, que reúnem grande conteúdo acadêmico e de pesquisa. Porém, estamos defasados em temas como redes sem fio (wireless) e em educação e formação móvel, na oferta de serviços por meio da telefonia celular”, comenta.

Direito autoral

A pesquisadora Daisy Grisolia, da Escola do Futuro, conta que o estudo de 2004 revelou, por exemplo, que nas instituições investigadas há preocupação com a definição de políticas de respeito ao direito autoral e de combate à pirataria.

“Mais da metade dos centros de formação tem código de conduta em questões relacionadas ao software de uso livre e segurança na rede. Nas instituições privadas, os números são mais elevados que nas públicas”, afirma.

No que se refere a métodos operacionais, o destaque no Brasil é o Linux (servidor), seguido do Windows XP e Linux (cliente). Quanto aos sistemas de rede e internet, foram considerados prioritários segurança na rede, controle de mensagens de correio eletrônico enviadas sem autorização (spam) e licenciamento de aplicativos.

A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo é um laboratório que desde 1989 atua em pesquisa e desenvolvimento nas áreas de TI e aprendizagem, inclusão digital, educação a distância e capacitação de educadores no uso apropriado das novas tecnologias de comunicação.

Serviço

Instituição interessada em participar do Campus Computing Report deve preencher on-line o formulário, disponível no site do projeto. O prazo para as respostas é o dia 10 deste mês. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3091-6325 ou no site da Escola do Futuro.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 07/12/2005. (PDF)