Cati inova com semente de milho orgânica 100% certificada

Mais barata, ecológica e sustentável, a terra diatomácea tem aplicação única no controle de insetos e pragas; e sua validade é indeterminada

Aprimorado pelo Núcleo de Produção de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Paraguaçu Paulista, um método de tratamento de sementes de milho abriu novas frentes para a produção orgânica no Estado.

Desenvolvida pelo agrônomo Márcio Luiz Mondini, a técnica da instituição vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) consiste em aplicar terra diatomácea no local onde as sementes ficam armazenadas. Uma opção mais barata, ecológica e sustentável de controle de insetos e pragas em comparação com o trato tradicional, a partir da aplicação de inseticidas e fungicidas.

De acordo com Mondini, tudo começou em 2014, quando o Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM) da Cati lançou sua primeira semente de milho orgânico: a variedade AL Avaré. No entanto, na época, uma das exigências do Instituto de Biodinâmica (IBD), empresa certificadora de Botucatu, para aprovar o produto como orgânico era incorporar procedimentos naturais em todas as etapas de sua produção.

“Faltava uma solução para combater as gerações cada vez mais resistentes de carunchos, gorgulhos, besouros e traças nos silos e locais de armazenamento. Ao mesmo tempo, a saída não poderia interferir na capacidade germinativa da semente e deveria ser inofensiva para seres humanos, animais e o meio ambiente em todas as etapas de vida da planta e depois de seu desenvolvimento”, recorda o engenheiro agrônomo.

Origem

Pesquisando na literatura científica nacional, Mondini encontrou diversas recomendações de uso da terra diatomácea para tratar grãos e sementes armazenadas, em especial as da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), direcionadas a produtores rurais e técnicos agrícolas. Assim, depois de diversos testes no Núcleo da Cati em Paraguaçu Paulista, o agrônomo aprimorou seu uso para as sementes e as instalações do complexo armazenamento de acordo com as exigências do órgão certificador.

A origem dessa matéria-prima é o diatomito, tipo de rocha constituída por algas mortas depositadas no fundo dos oceanos e rios há milhões de anos. Rica em silício, um dos minerais mais abundantes no planeta e com diversas aplicações, a terra diatomácea é usada por mineradoras como isolante térmico em caldeiras. Áspera e abrasiva, ela limpa metais e azulejos; nos cremes dentais, auxilia a retirada de restos de alimentos dos dentes; e na indústria cervejeira e de vinhos é usada para filtrar as sobras da fermentação alcoólica.

Características

Atóxica, branca e sem cheiro, a terra diatomácea é um pó inerte à base de sílica, que, ao ser aplicada às sementes armazenadas, adere aos insetos e pragas e os mata por desidratação. “Para cada tonelada de semente, eram gastos R$ 28 a cada trimestre em produtos químicos. Com a troca, o custo caiu para R$ 8 por tonelada em aplicação única e com prazo indeterminado de validade”, comenta Mondini.

“Além disso, com a crescente procura dos consumidores por produtos orgânicos, saudáveis e seguros, aumentou a visibilidade desse trabalho”, analisa. Produtor interessado em usar terra diatomácea na estocagem de feijão, trigo, milho, sorgo, triticale (cereal híbrido de trigo e centeio), soja ou lentilha pode contatar a Cati (ver serviço).

Benefícios

De acordo com o diretor-geral do DSMM, Ricardo Lorenzini Bastos, todas as sacas de milho da safra 2016/2017 comercializadas nas 594 Casas da Agricultura (CAs) da Cati no Estado foram tratadas com a terra diatomácea. Atualmente, o DSMM testa esse tipo de tratamento com as sementes de feijão e trigo e prevê lançar variedades delas até o final do ano que vem.

“O público-alvo primordial das Casas da Agricultura é o pequeno produtor rural”, destaca Bastos. Segundo ele, além do milho, são também oferecidas sementes de aveia-branca, aveia-preta, feijão, girassol, sorgo, trigo e triticale. Todas têm garantia de qualidade genética, fisiológica e sanitária e são produzidas em unidades da Cati instaladas nas cidades de Avaré, Fernandópolis, Itapetininga, Manduri, Paraguaçu Paulista e Santo Anastácio.

“Outro benefício da terra diatomácea é dispensar o uso de corantes nas sementes de milho, exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para diferenciá-las dos grãos – por serem estéreis, servem apenas para alimentação humana e animal e não para plantio”, observa. “A saca de milho da variedade comercializada pela Cati custa R$ 90 ante R$ 400 cobrados em média pelos híbridos, fornecidos pelos produtores comerciais”, informa o diretor do DSMM, destacando que os endereços das Casas da Agricultura estão disponíveis para consulta no site da Cati. (ver serviço).

Aprovado

Agricultora familiar da cidade de Tarumã, no oeste paulista, Maria Helena Ricca, de 75 anos de idade, desde 2007 é cliente da Cati. No início deste ano, comprou as sementes de milho tratadas com terra diatomácea e irá colher as primeiras espigas em agosto. “O milharal está viçoso, bonito. A expectativa é de ótima safra”, comenta, destacando o fato de somente trabalhar com agricultura orgânica e certificada em sua propriedade de 72 alqueires, onde também planta soja, feijão, aveia-branca e agora testa o cultivo de grão-de-bico, a partir de sementes fornecidas pela Embrapa.

Serviço

Cati – Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM)
Telefone (19) 3743-3820
E-mail dsmm@cati.sp.gov.br

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 29/06/2017. (PDF)

Cinquentenário de criação da Cati teve festa em sua sede

Evento reuniu agricultores, servidores e comunidade no local onde funciona a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral; público pôde conhecer setores da instituição, comprar mudas e produtos agropecuários

Evento realizado na segunda-feira, 19, na sede da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em Campinas, marcou o cinquentenário de criação do órgão de orientação e de financiamento ao produtor rural. Vinculada à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA) e presente em todo o território paulista com 594 Casas de Agricultura e 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDRs), a Cati foi instituída a partir da promulgação do Decreto estadual nº 48.133, de 20 de junho de 1967 (ver serviço), e completou, ontem, 20, seu jubileu de ouro.

Servidores, produtores rurais, autoridades e o público foram recepcionados com um café da manhã, animado com show do Sol Maior, quarteto formado por produtores de orgânicos da cidade de Socorro. O saxofonista Sidney Barrel, de 55 anos, produtor de morango, caqui e hortaliças, e seu filho Ramon, clarinetista, de 16 anos, se disseram orgulhosos em apresentar, na festa, um repertório de músicas sertaneja, italiana e MPB. “Nasci no sítio e cresci acompanhando meu pai em suas idas à Casa da Agricultura. Esse apoio ao pequeno produtor é sempre fundamental”, contou Sidney.

Descontos

A visita aos departamentos da Cati possibilitou ao público conhecer onde e como são prestados os serviços. O trajeto incluiu o Centro de Comunicação Rural, Cozinha Experimental, Centro de Treinamento, Laboratório Central de Sementes, Horto de Plantas Medicinais e as Hortas Educativas do Programa Fazendinha Feliz, iniciativa de educação ambiental para crianças da rede pública estadual. No final do itinerário, cada grupo de visitantes plantou mudas da flora brasileira, como peroba, pau-d’alho, chuva-de-ouro, entre outras.

O dia festivo também permitiu ao visitante pagar 50% menos pelas mudas produzidas no Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da Cati. Responsável pela venda de cerca de cem variedades frutíferas, florestais e de paisagismo, o auxiliar Anderson Ferraz informa que essa comercialização é realizada toda sexta-feira, das 9 horas ao meio-dia, e das 13 às 16 horas. “Os preços variam de R$ 3,50 a R$ 20.” Ele acrescenta que a exceção são algumas jabuticabeiras aptas a produzir em breve, que custam a partir de R$ 100. Mais informações sobre esse serviço podem ser obtidas pelo telefone (19) 3743-3832.

Receitas

Servidora da Cati há 31 anos, a nutricionista Beatriz Pazinato é responsável pela Cozinha Experimental e de Treinamento, a única da Cati no Estado. No evento, ela e equipe serviram receitas já aprovadas, como o minipicles de pepino e também apresentaram outras ainda em testes. O cardápio incluiu o refrescante suco de cambuci – fruta nativa da mata atlântica rica em vitamina C.

De acordo com Beatriz, a Cozinha Experimental foi projetada há 50 anos pela especialista em economia doméstica Elena Klatlova e segue preservando suas propostas originais, como desenvolver e aprimorar receitas que utilizam ingredientes da agricultura paulista, além de capacitar técnicos e produtores rurais para prepará-las e replicá-las. “Quem quiser conhecer receitas e publicações da Cozinha Experimental deve consultar a seção de Produtos do site da Cati”, informa Beatriz (ver serviço).

Ecológico

O casal de Campinas Verônica Alcântara e Francisco Vieira, participante do programa Fazendinha Feliz, aproveitou o evento para comprar hortifrútis nas dezenas de barraquinhas de agricultores, atendidos pela Cati, instaladas no entorno do prédio do Centro de Treinamento. Logo na chegada, os dois se encantaram com as opções de pupunha disponíveis na banca de Orestes e Lucimara Kotona, da Cooperativa de Produtores Agrícolas de Registro e Região (Cooparr) – e compraram duas embalagens do produto: uma própria para salada e outra com o ‘espaguete’ de fios ralados de palmito.

No Vale do Ribeira, os primeiros cultivos surgiram por volta do ano 2000. “Plantamos desde 2009, foi uma alternativa à tradicional cultura da banana no sul do Estado”, comenta Orestes, destacando o apoio da Cati com orientação técnica, auxílio para comercialização em feiras, criação de receitas como o ‘espaguete’ e financiamentos direcionados ao pequeno produtor, como os do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado.

“Nos três alqueires da minha propriedade, substituí 5 mil pés de banana por 30 mil de pupunha. Na região, essa cultura permite três colheitas anuais; e depois de 20 meses do plantio tirei a primeira safra”, conta, satisfeito.

Serviço

Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – Cati
Decreto estadual nº 48.133/1967
Mais informações na reportagem “Cati celebra 50 anos de apoio ao produtor rural paulista”, publicada nas páginas II e III da edição de 19-05-2017 do Diário Oficial do Estado de São Paulo.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/06/2017. (PDF)

SP celebra 10 anos da norma técnica de qualidade do café

Pioneira no País, legislação do Estado serviu de referência para toda a cadeia produtiva nacional; consumidor e exportações foram os principais beneficiados

Bebida consumida em 98% dos lares brasileiros e riqueza agrícola responsável pela industrialização do País no século passado, o café brasileiro teve um salto de qualidade nos últimos anos. Uma das explicações para esse avanço, percebida atualmente pelo consumidor que tem disponível grande variedade de marcas e opções do produto nas gôndolas dos supermercados, foi a deliberação redigida há uma década por diversos órgãos da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (SAA).

A Resolução SAA nº 28, publicada na edição do Diário Oficial do Estado de 5 de junho de 2007, foi a primeira legislação do País a estabelecer uma norma técnica para definir a identidade e a qualidade do café torrado em grão e do café torrado e moído comercializados no território paulista (ver serviço).

Métricas

O texto legal teve parceria do Sindicato da Indústria de Café do Estado (Sindicafé), representante de toda a cadeia produtiva do fruto, em sua elaboração. Um de seus autores, o engenheiro agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), aponta a atribuição de zero a 10 pontos, embasada por critérios técnicos, para avaliar a qualidade de cada lote do produto.

“Na época, a proposta era definir um padrão de referência para orientar as aquisições de café de órgãos estaduais na Bolsa Eletrônica de Compras (BEC)”, comenta Vegro, atual diretor do IEA. O ponto de partida, recorda, foi um conjunto de métricas de qualidade desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) para outras culturas, como o milho. O texto final incluiu as colaborações da Câmara Setorial do Café e da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro).

Qualidade

A norma técnica paulista define a chamada Qualidade Global da Bebida do Café como a percepção conjunta dos aromas e dos sabores característicos do grão; do equilíbrio entre a doçura e o amargor; da harmonia da bebida e do corpo. Tudo isso resulta em uma sensação agradável durante e após a degustação. De acordo com a regra, para vender nos pregões eletrônicos da BEC, cada fornecedor precisa conseguir nível mínimo de 4,5 pontos em seus lotes.

No intervalo entre 4,5 pontos e 6 pontos, o café recebe a classificação tradicional. Nessa faixa estão os cafés mais baratos e consumidos no dia a dia. O grupo seguinte, entre 6 e 7,3 pontos, tem a designação superior, reconhecimento de produto diferenciado. A última categoria, a gourmet, situada entre os 7,3 e 10 pontos, destaca itens notadamente mais raros, especiais e exclusivos.

Teste cego

Formada por equipes de quatro ou cinco especialistas, cada comissão julgadora da SAA prova as amostras em ‘teste cego’, isto é, avalia sem saber qual produto de qual lote está consumindo. Como referência para comparação, usa uma amostra prévia de café de qualidade conhecida. A avaliação consiste da chamada prova de xícara: aspirar, degustar e descartar.

No preparo, é usada infusão com filtro de papel para um litro da bebida com 10 gramas de pó, a partir das amostras dos fornecedores recebidas, analisadas e codificadas em laboratórios credenciados pela Codeagro. Se o produto em questão for café ‘expresso’, a preparação é feita conforme a máquina indicada.

Certificação

Também agrônomo e participante da redação da norma técnica, Alberto Amorim, secretário-executivo das 31 Câmaras Setoriais da SAA, destaca outros desdobramentos, como a integração do café ao Sistema de Qualidade de Produtos Agrícolas, Pecuários e Agroindustriais da Codeagro. De adesão voluntária, essa certificação inclui o Selo de Qualidade Produto de São Paulo, uma prova da aproximação entre a gestão pública e privada em prol do consumidor.

“Além de coibir fraudes, a norma técnica ajudou a conscientizar todos os elos da cadeia do café paulista sobre a importância de diferenciar o produto”, comenta Amorim. Segundo ele, esta foi uma estratégia adequada para criar marcas fortes, valorizar uma das principais bebidas nacionais e ampliar a percepção de qualidade do consumidor.

“Hoje, há muitas opções de café de qualidade variada à venda nos supermercados, e são todas nacionais”, diz, orgulhoso, destacando a adaptação da lei por outros Estados produtores (como Minas Gerais e Espírito Santo) às suas necessidades. Em 2010, o conteúdo da norma foi atualizado, por meio da Resolução SAA nº 19, de 5 de abril (ver serviço).

Líder

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, a norma técnica foi fundamental para ampliar a qualidade do café nacional e auxiliar o País a seguir na liderança da produção e exportação mundial de grãos e de café solúvel.

“Com investimento contínuo em tecnologia, derrubamos nas duas últimas décadas o mito do grão colombiano ter qualidade superior ao nosso. No ano passado, as exportações nacionais somaram US$ 5,8 bilhões”, revela o dirigente. Em média, informa, cada brasileiro bebe 84 litros de café por ano e o consumo segue em crescimento.

“Aliar volume de produção com qualidade e sustentabilidade é o diferencial do café nacional”, ressalta. “Outros passos importantes são o monitoramento e os processos de certificação realizados pela Abic com mais de 180 marcas de café gourmet”, conclui.


Exportações brasileiras de café

Ano Total (*)
2007 28.186.762
2008 29.512.692
2009 30.375.159
2010 30.375.159
2011 33.806.173
2012 28.549.817
2013 28.549.817
2014 36.422.437
2015 36.890.470

(*) Volume em sacas de 60 quilos de café cru, solúvel e torrado

Fonte: https://goo.gl/xuTwiM


Os maiores produtores mundiais de café (*)

Posição País 2015 2014 2013 2012 2011 2010
1 Brasil 43.200 45.346 49.152 50.826 43.484 48.095
2 Vietnã 27.500 27.500 27.500 25.000 26.500 20.000
3 Colômbia 13.500 12.500 12.124 9.927 7.652 8.523
4 Indonésia 11.000 9.000 11.667 13.048 7.288 9.129
5 Etiópia 6.400 6.625 6.527 6.233 6.798 7.500

(*) Volume em mil sacas de 60 quilos

Fonte: https://goo.gl/3xUHkb

Serviço

Resoluções SAA:
nº 28, de 05/06/2007
nº 19, de 5/4/2010

BEC
Selo Produto de São Paulo Codeagro

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 13/06/2017. (PDF)